ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil)
Os impulsos da lei do progresso
A renovação é
condição
fundamental para
o progresso
contínuo
No prefácio do
livro Afinal,
quem somos?,
de Pedro Granja
– Editora
Brasiliense Ltda.
(SP) – 5ª.
Edição, 1951,
Monteiro Lobato
observa: “...
AFINAL, QUEM
SOMOS? É o
título da obra,
e já aí eu sofro
o primeiro
esbarro. Eu
poria, AFINAL,
QUE SOMOS? O
‘quem’ da
primeira
pergunta indica
que somos gente
– mas seremos
gente, Pedro
Granja? Os
horrores de
Dachau e
Buchenwald me
deixam incerto.
Talvez sejamos
apenas coisas
vivas. E nesse
caso a pergunta
seria: ‘Que
coisa, na ordem
universal, é
esse bichinho
que ora se
revela como S.
Francisco de
Assis, a pregar
amor aos peixes
ao invés de
pescá-los, ora
como aquela Irmã
Griese que num
campo de
concentração
nazista amarrava
as pernas das
prisioneiras
grávidas, para
que morressem
nas dores de um
parto impossível?
Que coisa é esse
estranho
bichinho que
aprimora a
inteligência até
ao ponto de
desintegrar o
invisível átomo,
e depois vai com
a bomba atômica
destruir cidades
habitadas por
dezenas de
milhares de
irmãos inocentes
de qualquer
crime?’”
Mais adiante,
Lobato observa
que “o
transformismo
define esse
vertebrado como
um pouco de
protoplasma que
foi evoluindo em
certo sentido,
está hoje no
estágio do Homo
sapiens e
continuará
evoluindo
enquanto houver
no planeta
condições para a
vida orgânica”.
O escritor cita
ainda a
afirmação da
bailarina
indiana
Sundartará:
“Deves ver-te
como de fato és:
um Espírito em
roupagem terrena.
A verdadeira
pessoa, o ‘eu’
que és, não é
esse teu corpo,
como eu não sou
este meu corpo –
coisas frágeis e
sofredoras.
SOMOS ESPÍRITOS
IMORTAIS E
DIVINOS. Fortes
e inalteráveis.
Sempre tendentes
a melhorar, a
aperfeiçoar, a
apurar as nossas
qualidades.
Estamos neste
momento em
missão aqui na
Terra, que não
sabemos qual
seja, mas que
fatalmente será
para o nosso bem.”
Nas primeiras
encarnações, o
homem usa a
inteligência
para procurar o
alimento; para
buscar os meios
de se preservar
dos efeitos do
mau tempo; para
se defender dos
inimigos.
Praticamente, é
o domínio do
instinto.
Mais avançado, o
homem tem
instinto e
sensações. Mais
avançado ainda,
tem instinto,
sensações e
sentimentos,
cujo ponto
delicado é o
amor. Mais que o
animal, Deus lhe
deu o desejo
incessante do
melhor, que o
impulsiona à
procura dos
meios para
melhorar-se; e
dos meios que o
levam às
descobertas, às
invenções e ao
aperfeiçoamento
da Ciência. As
necessidades do
Espírito, que se
sucedem às
necessidades do
corpo e a
procura do
alimento
espiritual,
fazem com que o
homem passe da
selvageria à
civilização.
Como o progresso
humano é lento e
cada um progride
de acordo com o
seu
desenvolvimento
espiritual e
moral, muitos
ficam no meio do
caminho. Eis por
que em um
planeta de
provas e
expiações
encontramos as
discrepâncias
apontadas por
Monteiro Lobato.
E por que, no
nosso século,
ainda encontram-se
encarnados, na
Terra, Espíritos
espiritualmente
e moralmente
atrasados.
Deus estabeleceu
leis que são
inteiramente
justas e boas. O
homem seria
perfeitamente
feliz se as
observasse
escrupulosamente,
mas a menor
infração a essas
leis causa uma
perturbação cujo
contragolpe
experimenta.
Daí, todas as
suas
vicissitudes. É,
pois, ele
próprio a causa
do mal por sua
desobediência às
leis de Deus.
Deus criou o
homem livre para
escolher o seu
caminho. O que
tomou o mau
caminho o fez
por sua vontade
e não pode
acusar senão a
si próprio pelas
consequências
para si
decorrentes.
A violência se
extinguirá, na
medida do nosso
progresso. Tudo
ocorre na
Natureza em
função da
evolução, sendo
que a renovação
é condição
fundamental para
o progresso
contínuo. Esta é
a Lei básica do
Universo. Há uma
lei geral que
rege os seres da
criação,
animados e
inanimados. É a
lei do progresso.
Os Espíritos são
submetidos a
ela pela força
das coisas, sem
o que a exceção
teria perturbado
a harmonia geral.
Mas o mal não
existe na ordem
das coisas, pois
não é devido
senão a
Espíritos
prevaricadores.
Observa Carlos
T. Rizzini, no
livro
Fronteiras do
Espiritismo e da
Ciência
(LAKE, SP):
“Tanto a matéria
quanto os seres
mudaram ao longo
do tempo;
vegetais e
animais surgiram,
viveram e se
transformaram e
se extinguiram,
em movimento
crescente de
complexibilidade
e adiantamento.
A evolução é um
atributo
superior do
Ser”.
O Espírito
precisa
progredir sempre.
Em 1859, no
livro A
origem das
espécies,
Charles Darwin
prevê,
formalmente, o
aperfeiçoamento
dos seres vivos,
mediante a
seleção natural.
Em 1868, na obra
A Gênese,
Allan Kardec
fala das
primeiras noções
da evolução
orgânica,
referente ao
corpo animal e
humano e do
Espírito humano,
explicando que
“tem o homem que
se resignar a
não ver em seu
corpo material
mais do que o
último anel da
animalidade na
Terra”. Alguns
anos depois,
Alfred Russel
Wallace, coautor
da teoria da
evolução,
divergindo de
Darwin, defendia
a existência de
forças
espirituais
regendo a
evolução humana.