CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Se for para o
bem
"Se for para o
bem,
acontecerá..."
Ouvi de minha
cunhada esta
frase algumas
vezes, e nunca a
esqueci, porque
contém, em
poucas palavras,
muita sabedoria.
Hoje, voltando
do trabalho,
após um período
longo de
agitação,
reparei que o
céu já escurece
mais tarde.
É sempre assim,
pontualmente, na
segunda quinzena
de agosto. A
Terra prossegue
no seu rodopio
solene. A
estação,
devagarzinho,
vai mudando, e
nos aproximamos
um pouco mais da
primavera.
Aparecem os
cupins voando em
volta das luzes
noturnas dos
postes.
Dá uma sensação
boa, isto.
Sensação de
renovação, de
novo fôlego,
após o longo
intervalo que
vai do outono ao
inverno, no qual
as árvores
enregelam,
perdem as suas
folhas, e os
jardins ficam
sem flores. E
nós, de certa
forma
enregelamos
junto. Deixamos
cair, também,
algumas de
nossas
"folhas"...
Planos que não
vingaram.
Acontecimentos
difíceis,
ríspidos, que
desejamos
esquecer.
E desafios que,
não sei por que,
para um bom
observador,
costumam nos
colher em cheio
sempre e justo
nesta mesma
época do ano.
Casacos, frentes
frias, zelos com
a saúde contra
as intempéries e
as rajadas
geladas
impiedosas que
investem, vindas
do sul.
Tiritamos junto
com as árvores e
com a natureza,
e não apenas por
sentir frio. De
um certo ponto
de vista, há um
contexto mais
árduo para
muitos, neste
período do ano
em que o calor
do sol barganha
com a
dispensação dos
seus raios
sedativos!
Não deve ser
por um acaso.
Sempre que vai
se encerrando um
inverno,
ensejam-se
reflexões
preciosas sobre
a capacidade de
restauração
inerente à vida
que se agita em
tudo, como em
todos nós. Os
primeiros
calores da
proximidade da
primavera podem
encher de novo
alento os mais
sensíveis, que
pressentem,
nisso, o poder
de transcendência
constante
inerente à
natureza e a nós
mesmos,
regenerando e
revitalizando
todas as coisas,
acima das cinzas
do que se foi.
Dias mais
longos. Luz!
Ânimo renovado,
após os dias
mais escuros!
Ressurreição de
nós mesmos,
sobre os embates
e os desafios.
Nesta época,
tudo parece se
revestir de nova
luz! Pois
prosseguimos,
apesar e além
dos meses de
frio, com os
nossos dilemas e
canseiras. E,
não obstante, de
dentro da
sempiterna
continuidade
investindo sem
parar novos
fatos e
acontecimentos,
nos descobrimos
ainda aqui!
Conscientes! Inteiros!
Sim; somos nós,
aqui e sempre!
Com outras
roupas e ideias.
Com outro ânimo,
e certamente
mudados, quanto
a uma série de
quesitos e
ao que éramos no
primeiro
semestre. Ainda
com dúvidas e
perguntas sem
respostas.
É da Vida!
Mas
prosseguimos,
agora! Aqui!
Não há como nos
iludirmos quanto
a esta verdade:
a busca, as
perguntas, os
desafios
continuarão,
sempre. Porque o
aprendizado é
eterno. Todavia,
aprendemos
também que
qualquer
ansiedade a mais
quanto a isto
será inevitável
fator gerador de
angústia. A
renovação dos
ares primaveris,
com suas novas
luzes e cores,
e com o
aconchego de
dias mais
quentes nos
colherá,
inevitavelmente,
com outras
questões.
Atingirei meus
objetivos? Fiz
tudo como devia?
Ou não deveria
ter falado ou
agido daquela
forma? Deveria
mudar de
pareceres ou de
atitudes quanto
àquele pormenor?
E agora, como me
posicionar
diante destas
mudanças que não
estavam
programadas?
Esquecer ou não
esquecer uma
ofensa? Revidar?
Ignorar?...
O que, afinal,
na continuidade
pura e simples
das horas, será
mais conveniente
ao bom andamento
dos nossos
interesses mais
ou menos
imediatos, à
nossa
convivência com
os que nos
acompanham no
contexto de vida
cotidiano?
Alcancei e
alcançarei os
meus intentos?
E o raiar dos
dias e de cada
primavera nos
envolve com a
renovação
constante da
vida latejando
em nós e em tudo
o que nos cerca.
Assim como cada
começo de
estação, com
suas nuances e
humores, nos
propõe situações
sempre inéditas!
Assim como, após
o inverno de
cada fugaz
existência
material,
despertaremos
num amanhã
perene; na
mesma continuidade
pura e simples,
cheia de
atividades e
surpresas, na
qual tudo será
exato!
Tudo será
oportuno ao
nosso
aprendizado.
O Criador,
perfeito e
equânime na
regência do
equilíbrio
estupendo do
vasto Universo
acima de nós,
não erraria na
mão, justo na
administração
essencial de
nossas pequenas
vidas! Então,
apesar e a
despeito das
dúvidas, dos
temores,
daquelas nossas
ansiedades mais
ocultas..., não
há por que não
confiar, não
esperar!
Há que se
cultivar a fé
- mas não
somente por
crença cega e
pueril. E sim
porque fatos
concretos nos
demonstram, a
cada dia, a
maestria do
renascimento
eterno de todos
e de tudo, acima
de todos os
acontecimentos,
sejam os
melhores, sejam
aqueles (de
nossa ótica
limitada para
perceber o
benefício
prático de tudo)
piores!
O que for... O
que vier! A Vida
não erra a mão,
meus caros
leitores!
Se for para o
bem,
acontecerá!...