A. Numa comunicação
mediúnica, o nome
com que o Espírito a
assina é importante? |
Não. Os ditados
espíritas variam de
elevação moral
conforme o ser que
os produz. O nome
com que um Espírito
os assina é de
importância
secundária; o que
importa considerar
são as ideias
emitidas. Se o
ensino é grandioso,
se prega o amor de
nossos semelhantes,
se nos faz
compreender as leis
da moral, ele emana
de um Espírito
elevado; se a
comunicação encerra
ideias vulgares,
enunciadas em termos
impróprios, o
Espírito é pouco
adiantado.
(O Espiritismo
perante a Ciência,
Terceira Parte, Cap.
III - As objeções.)
B. Qual o objetivo
principal da ciência
espírita?
Seu principal
objetivo é
demonstrar a
existência da alma
depois da morte.
Alcançasse ela
somente esse
resultado, e as
consequências daí
decorrentes, sob o
ponto de vista moral
e social, seriam já
consideráveis. Mas
não se limitam a
isso seus
benefícios. Ela nos
fornece informações
seguras sobre a
outra vida,
permite-nos
compreender a
bondade e a justiça
de Deus, dá-nos a
explicação de nossa
existência na Terra;
numa palavra, é a
ciência da alma e de
seu destino.
(Obra citada,
Terceira Parte, Cap.
III - As objeções.)
C. Que diz Delanne a
respeito da
reencarnação?
|
Segundo Delanne, a
reencarnação é uma
lei sem a qual não
se poderia
compreender a
justiça de Deus. Ela
é confirmada por
milhares de seres,
que denotam, no
raciocínio e no
estilo, adiantamento
espiritual. Os
Espíritos que não
partilham essas
ideias são almas
atrasadas, que
chegarão mais tarde
à verdade.
(Obra citada,
Terceira Parte, Cap.
III - As objeções.)
Texto para leitura
459. Entre as
objeções, que nunca
deixam de ser
dirigidas aos
espiritistas,
acha-se a seguinte:
– Por que, se os
fenômenos que
produzis são reais,
não podeis obtê-los
à vontade perante os
incrédulos?
460. A resposta é
fácil. Verificou-se,
pela experiência,
que para ter
comunicações dos
Espíritos são
necessárias várias
condições: 1º – é
preciso um médium;
2º – é necessário
que sua faculdade
corresponda ao
gênero de
manifestação que se
pede. Assim, o
médium da evocação
pela mesa não será o
mesmo que o da
escrita, como pode
suceder que o médium
vidente não seja
auditivo.
461. Há pessoas
privilegiadas, que
reúnem muitas
faculdades em alto
grau, como Home e
Slade, mas entre
esses favoritos, a
mediunidade não é
constante; vê-se
submetida a
flutuações e mesmo a
suspensões que lhes
tiram todo o poder.
De sorte que, para
convencer um
incrédulo, não basta
sempre ter um
médium; é preciso
saber se ele estará
em boas condições
para servir de
intermediário aos
Espíritos.
Ignoram-se, ainda,
quais são as leis
que dirigem essa
espécie de fluxo e
refluxo da
mediunidade, mas
cremos que é
possível atribuí-las
a duas causas: ou à
saúde física do
médium, ou aos
Espíritos, que não
podem ou não querem
manifestar-se.
462. Pôde-se notar
em médiuns
poderosos, como
Florence Cook, Home
e Slade, depois das
sessões espíritas de
manifestações, um
tal desperdício de
forças que produzia
mal-estar,
desfalecimentos, e
que não lhes
permitia, por muito
tempo, dar outras
sessões. Esse estado
de prostração pode
ser assemelhado às
intermitências que
se notam na vidência
dos sonâmbulos.
463. É preciso,
ainda, considerar
que os Espíritos são
seres como nós,
submetidos a leis
que não lhes é
possível frustrar à
sua vontade, e que
têm, além disso, seu
livre-arbítrio, em
virtude do qual não
são nunca obrigados
a responder à nossa
chamada.
464. Uma queixa que
vemos, muitas vezes,
formular é
precisamente o
absurdo que há no
acreditar que
filósofos como
Sócrates, físicos
como Newton, poetas
como Corneille,
sejam forçados a vir
palestrar com meia
dúzia de basbaques,
em torno de uma
mesa. Seria ridículo
de fato. A Doutrina
Espírita ensina,
pelo contrário, que
os Espíritos podem
responder às nossas
evocações, mas que
só o fazem quando
julgam necessário.
465. Se os
experimentadores só
buscam nas práticas
espíritas um
divertimento pueril,
poderão ficar certos
de que serão vítimas
de Espíritos
farsistas, os quais
lhes virão contar
todos os disparates
possíveis, e isto
sob a capa dos mais
ilustres nomes.
466.Em geral,
ignora-se que o
mundo dos Espíritos
é composto dos mais
diversos elementos.
Assim como na Terra
encontramos
inteligências em
todos os graus de
desenvolvimento,
também no mundo
espiritual, que é o
nosso com o corpo de
menos, há
individualidades de
escol ao lado dos
mais atrasados
Espíritos. Podemos,
pois, obter ditados
espíritas, que
variam de elevação
moral conforme o ser
que os produz. O
nome com que um
Espírito se assina é
de importância
secundária; o que
importa considerar
são as ideias
emitidas. Se o
ensino é grandioso,
se prega o amor de
nossos semelhantes,
se nos faz
compreender as leis
da moral, ele emana
de um Espírito
elevado; se a
comunicação encerra
ideias vulgares,
enunciadas em termos
impróprios, o
Espírito é pouco
adiantado.
467. Todas essas
observações foram
feitas muitas vezes
por Allan Kardec,
nos seus livros e na
revista que dirigia,
mas os nossos
contraditores nunca
se deram ao trabalho
de as ler, de sorte
que somos obrigados
a recapitulá-las.
468. Os observadores
sérios, desejosos de
saber o que há de
verdade no
Espiritismo,
submeteram-se a
todas as condições
indispensáveis para
o bom êxito da
experiência. Longe
de exigirem, desde a
primeira sessão,
provas convincentes,
lenta, metodicamente
é que se
familiarizaram com
todas as fases do
fenômeno. Barkas
esteve em
expectativa 10 anos.
Crookes 6, Oxon 8.
Foi pelo estudo
atento dos fatos,
quando se habituaram
às singularidades
aparentes das
manifestações, que
procuraram as causas
capazes de
produzi-los; depois
de reunirem grande
quantidade de
observações, em
diferentes meios,
fizeram-lhes a
síntese e concluíram
finalmente pela
existência e
intervenção dos
Espíritos.
469. Continuemos o
exame das críticas
ao Espiritismo.
Tem-se feito a
seguinte pergunta: –
Supondo que o
Espiritismo seja uma
verdade, por que os
Espíritos, para se
manifestarem, têm
necessidade de uma
mesa e de um médium?
470. Seria absurdo
supor que um
Espírito seja
obrigado, para
dar-nos instruções
ou conselhos, a vir
alojar-se num pé de
mesa, ou de cadeira,
ou de guéridon,
porque se veria
privado de
comunicações quem
não possuísse esses
móveis; demais, não
são eles de uma
virtude especial que
possa legitimar um
tal poder.
471. É preciso
familiarizar-nos com
a vida dos Espíritos
e seu modo de
operar, para
compreender o que se
passa na tiptologia.
Os Espíritos sempre
existiram, pois são
eles que, pela
encarnação, povoam a
Terra; também sempre
exerceram influência
no mundo visível,
por manifestações
físicas e
inspirações dadas
aos homens. Os
pensamentos soprados
no cérebro do
encarnado não deixam
traços, mas, se os
invisíveis querem
mostrar sua presença
de maneira
ostensiva, servem-se
de um médium, que
lhes empresta o
fluido necessário, e
põem em movimento o
primeiro objeto que
se lhes depara, mesa
ou cadeira, de
maneira a assinalar
sua presença. A mesa
não é condição
indispensável do
fenômeno, mas dela
se servem os
Espíritos, e eis
tudo. Ele, o médium,
é necessário, porque
sem a sua ação nada
pode produzir-se;
mas ele é simples
intermediário,
muitas vezes
inconsciente, e não
tem outro mérito que
o da docilidade.
472. Uma causa de
espanto para os que
conhecem pouco os
princípios da
Doutrina Espírita é
que os Espíritos não
respondem sempre
quando os interrogam
sobre o futuro ou
quando lhes
apresentam questões
relativas à solução
de certos problemas
científicos. As
perguntas que se
ouvem a cada
instante provam uma
ignorância completa
da missão dos
Espíritos e do fim
de suas
manifestações. Todo
pedido de interesse
puramente pessoal,
de sentimento
egoístico, não
recebe resposta e,
se alguma aparece,
provém de Espíritos
farsistas, que
procuram
enganar-nos. Não é
preciso esconder que
os Espíritos sérios
e adiantados são
exceção, porque se
assim não fosse o
nosso mundo seria
mais perfeito.
473. Há, no espaço,
seres que cercam,
que se interessam
por nossa vida e
procuram,
frequentemente,
divertir-se à nossa
custa, quando
percebem que a
cupidez e outras
vistas são os únicos
móveis de um
consulente. Empregam
mil facécias, de que
o imprudente é a
vítima. Vemos com
pena aqueles que no
Espiritismo só
buscam objetos
perdidos, pedem
conselhos sobre sua
posição material ou
procuram descobrir
tesouros ocultos.
474. A ciência
espírita tem um fim
mais nobre, mais
grandioso; seu
principal objetivo é
demonstrar a
existência da alma
depois da morte;
alcançasse somente
esse resultado, e as
consequências daí
decorrentes, sob o
ponto de vista moral
e social, seriam já
consideráveis. Mas
não se limitam a
isso seus
benefícios. Ela nos
fornece informações
seguras sobre a
outra vida,
permite-nos
compreender a
bondade e a justiça
de Deus, dá-nos a
explicação de nossa
existência na Terra;
numa palavra, é a
ciência da alma e de
seu destino.
475. Isto nos leva a
falar das instruções
que recebemos dos
Espíritos
Superiores, a quem
chamamos guias. Eles
já desvelaram a
nossos olhos uma
grande parte dos
mistérios que
encobriam o futuro
além da morte,
iniciando-nos nos
esplendores da vida
espiritual e
fazendo-nos entrever
as grandes leis que
dirigem a evolução
das coisas e dos
seres a destinos
mais elevados. Mas
não nos podem dizer
tudo, porque, então,
nenhum mérito
haveria de nossa
parte, e como nossas
aquisições
espirituais devem
ser o resultado de
nossos esforços, não
lhes é permitido
revelar-nos tudo o
que sabem.
476. Por outro lado,
é evidente a
necessidade de
proporcionarem o
ensino conforme o
adiantamento dos
homens. Que se diria
de um professor que
quisesse ensinar
cálculo integral a
uma criança de dez
anos? Da mesma
maneira, os
Espíritos só nos
podem revelar
progressivamente as
verdades que eles
conhecem, à medida
que nos tornamos
mais aptos a
compreendê-las.
477. Deram eles,
entretanto, por
comunicações, as
mais altas ideias a
que chegaram as
deduções modernas.
Allan Kardec pregava
a unidade da força e
da matéria, em uma
época em que essas
noções estavam longe
de ser admitidas
pela ciência
oficial. Nossos
guias prometem-nos
para o futuro
revelações ainda
mais grandiosas; é
por isso que,
encorajados pelo que
eles já nos
anunciaram,
esperamos, com
paciência, novos
descobrimentos no
futuro.
478. Julgam um
argumento decisivo
contra os espíritas
não terem os
Espíritos de
diferentes países a
mesma opinião sobre
grande número de
pontos: uns admitem
a reencarnação,
enquanto outros a
rejeitam; uns são
católicos, outros
sustentam o
protestantismo.
Parte-se daí para
afirmar que as
comunicações podem
bem ser o reflexo do
espírito dos
médiuns, segundo a
equação pessoal de
cada um, como diz
Dassier.
479. Já combatemos
essa maneira de ver
e mostramos que,
quando a influência
espiritual se
exerce, são
inteligências
estranhas ao médium
que produzem o
fenômeno; demais,
dizem elas ter
vivido na Terra, não
uma vez, mas muitas
vezes. Não há razão
para duvidar dessa
afirmativa, tanto
mais que ela
corrobora um sistema
filosófico da mais
severa lógica. A
pluralidade das
existências da alma
concilia todas as
dificuldades que as
religiões atuais não
podem resolver, eis
por que adotamos
esta maneira de ver.
480. A reencarnação
é uma lei sem a qual
não se poderia
compreender a
justiça de Deus. Ela
é confirmada por
milhares de seres,
que denotam, no
raciocínio e no
estilo, adiantamento
espiritual. Devemos,
pois, concluir, que
os Espíritos que não
partilham essas
ideias são almas
atrasadas, que
chegarão mais tarde
à verdade. Na Terra,
mesmo em país
civilizado, como o
nosso, poucos homens
conhecem os ensinos
da ciência. Se nos
colocarmos na via
pública, detivermos
vinte transeuntes e
nos pusermos a
examinar-lhes os
conhecimentos,
dezoito, pelo menos
– poderíamos apostar
– seriam incapazes
de dar
esclarecimentos
exatos sobre as
diferentes funções
da digestão. E
haverá fenômeno mais
habitual e mais
frequente que este?
Ora, se a multidão é
tão pouco instruída
sobre o que mais lhe
importaria saber,
com mais forte razão
descuidará dos
complicados
problemas de que
depende a vida
espiritual.
481. O mundo dos
Espíritos é
absolutamente igual
ao nosso e por isso
não nos devemos
espantar das
divergências nas
comunicações. Longe
de aceitar todas as
ideias que nos
chegam pelo canal
dos médiuns, convém
passar pelo crivo da
razão as teorias que
nos apresentam, e
rejeitar, sem
hesitação, as que
não estão em
perfeito acordo com
a lógica.
482. Deus colocou em
nós este archote
divino, que nada
deve extinguir, e é
um sagrado direito
crer tão-só naquilo
que compreendemos
nitidamente. Eis por
que o Espiritismo,
tão bem resumido nas
obras de Kardec,
responde às
aspirações de nossa
época, e daí sua
rápida propagação no
mundo.
483. Um escritor
positivista, Dassier,
teve a pretensão de
libertar o homem do
que ele chama “as
enervantes
alucinações do
Espiritismo”. Depois
de tanta promessa,
esperávamos uma
refutação em regra
de todos os
argumentos
espíritas, mas nos
achamos em face de
uma reedição
disfarçada de velhos
agravos:
charlatanismo,
superstição, etc.
Dassier, entretanto,
dá um passo à
frente: consente em
crer que é uma
realidade o que
chamamos
perispírito;
denomina-o duplo
fluídico,
personalidade
póstuma ou
mesmeriana, e lhe
atribui os mais
extensos poderes.
484. Esse autor
reuniu documentos
notáveis que provam
que o homem é duplo
e que, em certas
circunstâncias, se
pode produzir uma
separação entre os
dois princípios que
o compõem.
Voltaremos mais
particularmente a
este estudo nos
capítulos seguintes.
Assinalemos somente,
aqui, o processo de
Dassier que,
combatendo nossas
doutrinas,
reconhece,
entretanto, a
exatidão dos fatos
afirmados por Allan
Kardec e a boa-fé
dos médiuns. Ele crê
explicar tudo pela
hipótese da
transmissão do
pensamento e da
sobrevivência
temporária da
individualidade.
Segundo ele, no
momento da morte, a
força vital não fica
aniquilada; o que
formava o duplo
fluídico pode viver
ainda algum tempo,
mas se vai dividindo
e desagregando à
medida que os
elementos que o
constituem vão
juntar-se aos seus
similares na
Natureza.
485. Para refutar
esta doutrina, basta
dizer que temos
milhares de
comunicações que nos
afirmam o contrário.
Aliás, o autor se
limita a expor sua
maneira de ver, sem
dar-se ao incômodo
de fornecer provas.
Lançou mão, apenas,
em seu proveito, de
parte das teorias
teosóficas, que
admitem, também, que
os homens não têm
todos, no mesmo
grau, a
possibilidade de
atingir a
imortalidade.
486. Todos esses
sistemas provam o
progresso em relação
ao materialismo
puro, mas não podem
satisfazer àqueles
que não se limitam a
noções vagas e que
exigem dados
positivos onde
assentem suas
convicções.
Procuraram
assemelhar o médium
escrevente a um
sonâmbulo lúcido.
Sabe-se, com efeito,
que o magnetizador
pode, em certos
casos, fazer com que
o paciente execute
os movimentos nos
quais ele pensa, sem
ser obrigado a
enunciar, oralmente,
sua vontade. Não se
pode estabelecer
qualquer analogia
entre esse fato e a
mediunidade.
487. Nas
experiências
espíritas o médium
não dorme e o
evocador é, muitas
vezes, ignorante das
práticas magnéticas.
O pensamento do
consultante não
poderia, pois,
produzir os efeitos
verdadeiramente
notáveis que se
observam. Além
disso, o médium
mecânico pode
sustentar uma
conversa, enquanto
sua mão escreve
automaticamente,
estando ele
intelectualmente em
estado normal. Não é
possível comparar
esse estado com o
sonambulismo natural
ou provocado.
(Continua no próximo
número.)