Autoflagelação
Dias da Cruz
Meus amigos:
Embora não nos
seja possível,
por enquanto,
apreciar
convosco a
fisiologia da
alma, como seria
desejável, de
modo a imprimir
ampla clareza ao
nosso estudo,
para breve
comentário, em
torno da
flagelação que
muitas vezes
impomos,
inadvertidamente,
a nós mesmos,
imaginemos o
corpo terrestre
como sendo a
máquina da vida
humana, através
da qual a mente
se manifesta,
valendo-se de
três dínamos
geradores, com
funções
específicas, não
obstante
extremamente
ligados entre si
por fios e
condutos, de
variada
natureza.
O
ventre é o
dínamo inferior.
O tórax é o
dínamo
intermediário. O
cerebelo é o
dínamo superior.
O
primeiro recolhe
os elementos que
lhe são
fornecidos pelo
meio externo,
expresso na
alimentação
usual, e fabrica
uma pasta
aquosa, adequada
à sustentação do
organismo. O
segundo recebe
esse material e,
combinando-o com
os recursos
nutritivos do ar
atmosférico,
transmuta-o em
líquido
dinâmico. O
terceiro
apropria-se
desse líquido,
gerando
correntes de
energia
incessante.
No
dínamo-ventre,
detemos a
produção do
quilo. No
dínamo-tórax,
presenciamos a
metamorfose do
quilo em glóbulo
sanguíneo. No
dínamo-cerebelo,
reparamos a
transubstanciação
do glóbulo
sanguíneo em
fluido nervoso.
Na parte
superior da
região cerebral,
temos o córtex
encefálico,
representando a
sede do
Espírito, algo
semelhante a uma
cabine de
controle, ou a
uma secretária
simbólica, em
que o “eu”
coordena as suas
decisões e
produz a energia
mental com que
governa os
dínamos
geradores a que
nos reportamos.
O
ser humano,
desse modo, em
sua expressão
fisiológica,
considerado
superficialmente,
pode ser
comparado a uma
usina
inteligente,
operando no
campo da vida,
em câmbio de
emissão e
recepção.
Concentramos,
assim, força
mental em ação
contínua e
despendemo-la
nos mínimos atos
da existência,
através dos
múltiplos
fenômenos da
atenção com que
assimilamos as
nossas
experiências
diuturnas,
atuando sobre as
criaturas e
coisas que nos
cercam e sendo
por elas
constantemente
influenciados.
Toda vez,
contudo, em que
nos tresmalhamos
na cólera ou na
crueldade,
contrariando os
dispositivos da
Lei de Deus, que
é amor,
exteriorizamos
correntes de
enfermidade e de
morte, que,
atingindo ou não
o alvo de nossa
intemperança, se
voltam
fatalmente
contra nós, pelo
princípio
inelutável da
atração que
podemos observar
no ímã comum.
Em nossas crises
de revolta e
desesperação, de
maledicência e
leviandade,
provocamos sobre
nós verdadeira
tempestade
magnética que
nos desorganiza
o veículo de
manifestação,
seja nos
círculos
espirituais em
que nos
encontramos, ou
na Terra,
enquanto
envergamos o
envoltório de
matéria densa,
sobre a qual os
efeitos de
nossas agressões
mentais, verbais
ou físicas,
assumem o
caráter de
variadas
moléstias,
segundo o ponto
vulnerável de
nossa usina
orgânica, mas
particularmente
sobre o mundo
cerebral em que
as vibrações
desvairadas de
nossa
impulsividade
mal dirigida
criam doenças
neuropsíquicas,
de diagnose
complexa, desde
a cefalagia à
meningite e
desde a
melancolia
corriqueira à
loucura
inabordável.
Toda violência
praticada por
nós, contra os
outros,
significa
dilaceração em
nós mesmos.
Guardemo-nos,
assim, na
humildade e na
tolerância,
cumprindo nossos
deveres para com
o próximo e para
com as nossas
próprias almas,
porque o
julgamento
essencial
daqueles que nos
cercam, em
verdade, não nos
pertence.
Desempenhando
pacificamente as
nossas
obrigações,
evitaremos as
deploráveis
ocorrências da
autoflagelação,
em que quase
sempre nos
submergimos nas
trevas do
suicídio
indireto, com
graves
compromissos.
Preservando-nos,
pois, contra
semelhante
calamidade, não
nos esqueçamos
da advertência
de nosso Divino
Mestre no
versículo 41, do
capítulo 26, das
anotações do
apóstolo Mateus:
- “Orai e
vigiai, para não
entrardes em
tentação.”
Mensagem
transmitida na
noite de
29/9/1955 por
intermédio de
Francisco
Cândido Xavier,
constante do
livro Vozes
do Grande Além,
ditado por
Diversos
Espíritos.