MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
26)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Se Ildeu não amava
Marcela, por que a
desposou?
Nossa afetividade
terrestre, quando na
primavera dos primeiros
sonhos da experiência
física, pode ser um
conjunto de estados
mentais,
consubstanciando
simplesmente os nossos
desejos, mas nossos
desejos se alteram todos
os dias. Nas uniões
matrimoniais o que
ocorre muitas vezes é o
imperativo da
recapitulação. Em
determinada idade
física, o homem e a
mulher, com a supervisão
da Lei que nos governa
os destinos, encontram
as pessoas e as
situações de que
necessitam para
superarem as provas do
caminho, provas
indispensáveis ao
burilamento espiritual
de que não prescindem
para a justa ascensão às
Esferas Mais Altas.
Assim é que somos
atraídos por
determinadas almas e por
determinadas questões,
nem sempre porque as
estimemos em sentido
profundo, mas sim porque
o passado a elas nos
reúne, a fim de que por
elas e com elas venhamos
a adquirir a experiência
necessária à assimilação
do verdadeiro amor e da
verdadeira sabedoria. É
por isso que a maioria
dos consórcios humanos,
por enquanto, constituem
ligações de aprendizado
e sacrifício, em que,
muitas vezes, as
criaturas se querem
mutuamente e mutuamente
sofrem pavorosos
conflitos na convivência
umas das outras. Nesses
embates, alinham-se os
recursos da redenção.
(Ação e Reação, cap. 14,
pp. 197 e 198.)
B. Quando a vítima
evolui e nada reclama do
seu algoz, a quem este
deverá pagar a dívida
contraída?
Embora estejamos todos,
uns diante dos outros,
em processo reparador,
em verdade, antes de
tudo, somos devedores da
Lei em nossas
consciências. "Fazendo
mal aos outros,
praticamos o mal contra
nós mesmos", explicou
Silas. "A cada um
segundo as suas obras",
ensinou Jesus. Ninguém
no Universo conseguirá
fugir à Lei.
(Obra citada, cap. 14,
pp. 199 e 200.)
C. Como entender e
definir o sexo?
Segundo Silas, o sexo
representa, não uma
energia fixa da
Natureza, trabalhando a
alma, e sim uma energia
variável da alma, com
que ela trabalha a
Natureza em que evolve,
aprimorando a si mesma.
Apreciemos essa energia
como sendo uma força do
Criador na criatura,
destinada a expandir-se
em obras de amor e luz
que enriqueçam a vida,
igualmente condicionada
à lei de
responsabilidade, que
nos rege os destinos.
Sexo é força de amor nas
bases da vida. É
preciso, pois, dilatar
sua conceituação, para
arredá-lo do campo
erótico em que foi
circunscrito. Pela
energia criadora do amor
que assegura a
estabilidade de todo o
Universo, a alma, em se
aperfeiçoando, busca
sempre os prazeres mais
nobres, e não apenas os
prazeres eróticos. Há
almas que se amam
profundamente, sem
jamais se tocarem umas
nas outras do ponto de
vista fisiológico,
embora permutem os raios
quintessenciados do amor
para a edificação das
obras a que se afeiçoam.
(Obra citada, cap. 15,
pp. 202 a 204.)
Texto para leitura
95. A
razão dos matrimônios
difíceis
- Hilário indagou: por
que Ildeu desposara
Marcela outra vez, se
não a amava? a
afetividade juvenil não
constitui sinal de
confiança e ternura?
"Sim – respondeu Silas
–, é preciso considerar
que nos achamos ainda
longe de adquirir o
verdadeiro amor, puro e
sublime. Nosso amor é,
por enquanto, uma
aspiração de eternidade
encravada no egoísmo e
na ilusão, na fome de
prazer e na egolatria
sistemática, que
fantasiamos como sendo a
celeste virtude. Por
isso mesmo, a nossa
afetividade terrestre,
quando na primavera dos
primeiros sonhos da
experiência física, pode
ser um conjunto de
estados mentais,
consubstanciando
simplesmente os nossos
desejos. E nossos
desejos se alteram todos
os dias... Em razão
disso, recordemos o
imperativo da
recapitulação. Nessa ou
naquela idade física, o
homem e a mulher, com a
supervisão da Lei que
nos governa os destinos,
encontram as pessoas e
as situações de que
necessitam para
superarem as provas do
caminho, provas
indispensáveis ao
burilamento espiritual
de que não prescindem
para a justa ascensão às
Esferas Mais Altas.
Assim é que somos
atraídos por
determinadas almas e por
determinadas questões,
nem sempre porque as
estimemos em sentido
profundo, mas sim porque
o passado a elas nos
reúne, a fim de que por
elas e com elas venhamos
a adquirir a experiência
necessária à assimilação
do verdadeiro amor e da
verdadeira sabedoria. É
por isso que a maioria
dos consórcios humanos,
por enquanto, constituem
ligações de aprendizado
e sacrifício, em que,
muitas vezes, as
criaturas se querem
mutuamente e mutuamente
sofrem pavorosos
conflitos na convivência
umas das outras. Nesses
embates, alinham-se os
recursos da redenção.
Quem for mais claro e
mais exato no
cumprimento da Lei que
ordena seja mantido o
bem de todos, acima de
tudo, mais ampla
liberdade encontra para
a vida eterna. Quanto
mais sacrifício com
serviço incessante pela
felicidade dos corações
que o Senhor nos confia,
mais elevada ascensão à
glória do Amor Divino."
André concluiu, assim,
que Ildeu estava
interrompendo o
pagamento da dívida em
que se empenhou. E
Marcela? garantiria
ela, sozinha, a
sustentação do lar? "É o
que esperamos –
asseverou Silas – e
tudo faremos para
auxiliá-la, já que o
esposo, mais uma vez,
faliu nos contratos
assumidos." (Capítulo
14, pp. 197 e 198)
96. As
dificuldades de quem se
retarda - Marcela
era, assim, chamada a
encargos duplos.
"Desejamos sinceramente
que ela seja forte e se
sobreponha às
vicissitudes da
existência – asseverou
Silas –, mas se resvalar
para delituosos
desequilíbrios, que lhe
comprometam a
estabilidade doméstica,
na qual os filhos devem
crescer para o bem, mais
complicado e mais
extenso se fará o débito
de Ildeu, porquanto as
falhas que ela venha a
cometer serão atenuadas
pelo injustificável
abandono em que a
lançou o marido. Quem se
faz responsável por
nossas quedas,
experimenta em si mesmo
a ampliação dos próprios
crimes." Hilário meditou
bastante e disse, em
seguida: "Imaginemos,
porém, que Marcela e os
filhinhos consigam
vencer a crise,
esmagando com o tempo as
necessidades de que são
agora vítimas...
Figuremo-los terminando
a atual reencarnação,
com plena vitória moral
em confronto com Ildeu,
retardado, impenitente,
devedor... Se a esposa e
os filhos, então
definitivamente
guindados à luz,
dispensarem qualquer
contacto com a sombra,
em franca ascensão às
linhas superiores da
vida, a quem pagará
Ildeu o montante das
dívidas em que se
agrava?" Silas informou
que, embora estejamos
todos, uns diante dos
outros, em processo
reparador, em verdade,
antes de tudo, somos
devedores da Lei em
nossas consciências.
"Fazendo mal aos outros,
praticamos o mal contra
nós mesmos",
acrescentou. Se Ildeu,
mais tarde, desejar
reunir-se a Marcela e
aos filhos, na hipótese
de que estes estejam
redimidos nas Esferas
Superiores, deverá
possuir uma consciência
tão dignificada e
sublime quanto a deles,
de modo a não se
envergonhar de si mesmo.
As dificuldades seriam,
pois, imensas, mas quem
se retarda por gosto não
pode queixar-se de quem
avança. "A cada um
segundo as suas obras",
ensinou Jesus, e ninguém
no Universo conseguirá
fugir à Lei. (Cap. 14,
pp. 199 e 200)
97. O complexo de
Édipo e a reencarnação
- A afeição de Roberto a
Marcela, sua mãe,
lembrava muito a teoria
exposta por Freud acerca
do chamado complexo de
Édipo, que a psicanálise
freudiana pretende
encontrar na psicologia
infantil. A essa
observação de Hilário,
Silas comentou: "O
grande médico austríaco
poderia ter atingido
respeitáveis
culminâncias do
espírito, se houvesse
descerrado uma porta aos
estudos da lei de
reencarnação.
Infelizmente, porém,
atento à pragmática
científica, não teve
bastante coragem para
ultrapassar a observação
do campo fisiológico,
rigidamente considerado,
imobilizando-se, por
isso, nas zonas obscuras
da inconsciência, em que
o eu
enclausura as
experiências que
realiza, automatizando
os próprios impulsos.
Marcela e Roberto não
poderiam trair, na
condição de mãe e filho,
as simpatias carreadas
do pretérito ao
presente, tanto quanto
Ildeu, Sônia e Márcia
não conseguiriam fugir à
predileção que os ligava
desde o passado. O
problema é de afinidade
em sua estrutura
essencial. Afinidade com
dívidas, exigindo
resgate". Como André
Luiz se reportou, em
seguida, ao tema
"amnésia infantil", a
que Freud empresta a
maior importância para
explicar as operações do
inconsciente, Silas
aduziu: "Bastaria
compreender na
encarnação terrestre um
Espírito usando um corpo
para entender que as
amnésias decorrem
naturalmente da
inadaptação temporária
entre a alma e o
instrumento de que se
utiliza. Na infância, o
ego, em
processo de
materialização,
externará reminiscências
e opiniões, simpatias e
desafetos, através de
manifestações
instintivas, a lhe
entremostrarem o
passado, do qual mal se
lembrará no futuro
próximo, uma vez que
estará movimentando a
máquina cerebral em
desenvolvimento, máquina
essa que deverá
servi-lo, tão-só por
algum tempo e para
determinados fins,
ocorrendo idêntica
situação na idade
provecta, quando as
palavras como que se
desprendem dos quadros
da memória, traduzindo
alterações do órgão do
pensamento, modificado
por desgaste". (Cap. 15,
pp. 201 e 202)
98. Sexo é uma
energia da alma - A
mesma restrição pode ser
feita a Freud no tocante
à tese da libido.
(N.R.: Libido é o mesmo
que instinto ou desejo
sexual; em Psicanálise,
significa energia motriz
dos instintos de vida,
ou seja, de toda a
conduta ativa e criadora
do homem.) Silas
asseverou que Freud "não
pode ser rigorosamente
aprovado, quando
pretendeu, de certo
modo, explicar o campo
emotivo das criaturas
pela medida absoluta das
sensações eróticas". E
acrescentou: "Criação,
vida e sexo são temas
que se identificam
essencialmente entre
si, perdendo-se em suas
origens no seio da
Sabedoria Divina. Por
isso, estamos longe de
padronizá-los em
definições técnicas,
inamovíveis. Não
podemos, dessa forma,
limitar às loucuras
humanas a função do
sexo..." O Assistente
informou, então, que o
sexo, como força atuante
da vida, palpita em
tudo, desde a comunhão
dos princípios
subatômicos à atração
dos astros e aos ajustes
dos elementos, no plano
químico. Desse modo, o
sexo não poderia
ausentar-se do reino
espiritual, por ser de
substância mental,
determinando mentalmente
as formas em que se
expressa. "Representa,
desse modo – afirmou
Silas –, não uma energia
fixa da Natureza,
trabalhando a alma, e
sim uma energia variável
da alma, com que ela
trabalha a Natureza em
que evolve, aprimorando
a si mesma.
Apreciemo-la, assim,
como sendo uma força do
Criador na criatura,
destinada a expandir-se
em obras de amor e luz
que enriqueçam a vida,
igualmente condicionada
à lei de
responsabilidade, que
nos rege os destinos."
Silas passava de forma
clara a ideia de que
sexo é força de amor nas
bases da vida,
totalizando a glória da
Criação. É preciso,
pois, dilatar sua
conceituação, para
arredá-la do campo
erótico em que foi
circunscrita. "Pela
energia criadora do amor
que assegura a
estabilidade de todo o
Universo, a alma, em se
aperfeiçoando, busca
sempre os prazeres mais
nobres", e não apenas os
prazeres eróticos,
explicou ele. "Temos,
assim, o prazer de
ajudar, de descobrir,
de purificar, de
redimir, de iluminar, de
estudar, de aprender,
de elevar, de construir
e toda uma infinidade de
prazeres, condizentes
com os mais
santificantes estágios
do Espírito." Há almas
que se amam
profundamente, sem
jamais se tocarem umas
nas outras, do ponto de
vista fisiológico,
embora permutem os raios
quintessenciados do amor
para a edificação das
obras a que se afeiçoam.
(Cap. 15, pp. 202 a 204)
(Continua no próximo
número.)