ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
Algumas reflexões sobre
a transição planetária
À medida que nos
aproximamos do ano
2012 tornam-se
crescentes as
especulações a respeito
do que, de fato,
ocorrerá com o nosso
mundo, sobretudo por
conta do calendário Maia
que encerra a sua
contagem exatamente aí.
Com efeito, há
considerável quantidade
de material publicado
sobre o tema,
apresentando as mais
variadas e
desconcertantes
previsões. Além disso,
canais de TV a cabo,
como History Channel
e o National
Geographic, têm
exibido documentários em
suas grades explorando o
lado profético e o
científico do tema. Vale
ressaltar ainda o filme
2012, produzido e
dirigido por Roland Emmerich, que constitui,
sem dúvida, um ícone do
chamado “cinema
catástrofe”. Numa
perspectiva mais ampla,
esclarecedoras obras
espíritas enfocando a
questão da transformação
do planeta têm sido
trazidas a lume, tais
como Herdeiros do
Novo Mundo, do
Espírito Lucius
(psicografia de André
Luiz Ruiz), e
Transição Planetária,
do Espírito
Manoel Philomeno de
Miranda (médium Divaldo
Pereira Franco), entre
outras.
De modo geral, o que se
observa é muita dúvida,
elucubração e nenhuma
certeza. Não há consenso
algum em relação ao que
poderá ocorrer em 21 de
dezembro do próximo ano.
Pelo menos é o que se
deduz dos comentários
feitos por cientistas e
estudiosos do tema. Os
mais otimistas,
entretanto, deixam
entrever o início de um
período de mudanças. Na
verdade, ao observador
mais atento não faltará
razões para acreditar
que as transformações já
se encontram em curso.
Afinal de contas,
chegamos num patamar
aparentemente crítico da
nossa civilização e que
requer intervenções
profundas. Recordemos
alguns fatos presentes
sugestivos de tal
percepção. Líderes
políticos estão sendo
sistematicamente apeados
do poder por levantes
populares no mundo
árabe. Homens que
governavam as suas
nações com mãos de ferro
estão caindo um a um. No
entanto, ainda é cedo
para se saber se o que
virá – pelo menos num
primeiro momento – será
alvissareiro.
A admirável nação da
América do Norte, a seu
turno, se viu numa luta
renhida entre os seus
partidos políticos mais
proeminentes, que
culminou no abandono de
importantes reformas
sociais que iriam
beneficiar os mais
vulneráveis socialmente.
Os membros do partido
mais conservador
negaram-se
peremptoriamente a
aceitar a proposta de
aumento de impostos aos
mais ricos. Em
consequência, a
plataforma reformista do
governo atual foi
praticamente
inviabilizada, gerando
fissuras nas relações
partidárias e sociais
que poderão levar muito
tempo para cicatrizar.
Na Europa o quadro é
igualmente sombrio, dado
que muitas nações estão
com as suas finanças
altamente debilitadas e
os programas de
recuperação, como sói
acontecer nestas
circunstâncias, são
demasiadamente amargos.
Em decorrência, pode-se
observar elevadas taxas
de desemprego gerando
desespero e pesar nas
populações atingidas.
Além disso, jovens vão
frequentemente às ruas
para extravasar o seu
inconformismo por meio
de protestos violentos.
Em nossa pátria, por
outro lado, somos
diuturnamente
bombardeados por uma
pletora de notícias
negativas e chocantes.
Como subproduto desse
cenário lúgubre,
assistimos atônitos ao
crescente número de
casos de corrupção
envolvendo autoridades
públicas. E o descalabro
é tão chocante que a
mais importante revista
de interesse geral, há
poucos dias atrás,
indagava: onde está a
indignação? Não bastasse
isto, a violência
campeia de tal forma
que, em grandes cidades
como São Paulo, as
pessoas temem uma
prosaica saída à noite
para saborear uma
tradicional pizza ou ir
a um restaurante em
função dos constantes
arrastões. Crianças
viciadas em drogas, por
sua vez, fazem arruaças
e destroem o patrimônio
público – como se viu
recentemente pela TV – e
o poder público nada
pode fazer, pois o
sistema jurídico-penal
produziu tamanhas
aberrações que agora
está engessado. Por fim,
pessoas vivem cada vez
mais escondidas atrás de
muros altos, cercas e
sistemas de vigilância,
como verdadeiras
prisioneiras, mas que –
paradoxalmente – não
lhes garante segurança
completa.
Fatos como os citados e
muitos outros eventos
observáveis na
atualidade demonstram, a
nosso ver, que a
transição planetária é,
antes de qualquer outra
consideração, um
imperativo. Diante de
tantas incertezas, o
mais sensato é entender
a transição como um
amplo e multifacetado
processo constituído
de muitas fases, como as
obras espíritas citadas
estão, aliás, sugerindo.
Não faz sentido imaginar
que haverá um dia e hora
específica para que
determinados eventos
apocalípticos aconteçam.
Nesse sentido, previa-se
que o ano de 1999 seria
palco de desgraças
terríveis e
inimagináveis que
sacudiriam o planeta. No
entanto, felizmente, não
foi o que se viu.
Considerando as
tragédias que vêm
ocorrendo em
praticamente todas as
latitudes do globo – e
que não dão pistas de
que vão cessar – pode-se
inferir a favor da tese
acima explicitada.
Portanto, precisamos nos
acostumar a conviver com
catástrofes rotineiras
que poderão nos atingir
direta ou indiretamente.
Desse modo, ainda, o
melhor a fazer é:
continuarmos a seguir as
nossas vidas fazendo
o bem onde
estivermos; nos
esforçarmos para ser
cada vez mais seres
íntegros e virtuosos; e
exemplificar através das
nossas atitudes o
aprendizado obtido.
A nossa hora vai chegar
mais dia ou menos dia,
como tem sido, aliás, ao
longo de nossa
trajetória milenar.
Assim sendo, o fato é
que vamos desencarnar
por uma razão ou por
outra. A questão capital
é que estamos vivendo as
experiências necessárias
ao nosso progresso
espiritual e, desta vez,
a transição planetária é
o pano de fundo. A
maioria de nós –
Espíritos altamente
endividados perante as
leis divinas – está
tendo a chance de
mostrar o quanto
aprendeu, de testemunhar
a sua fé e confiança em
Deus. Para muitos de nós
atualmente vivendo no
mundo corpóreo, aliás, a
oportunidade é
derradeira, pois, se não
formos bem, deveremos
retomar as lições em
condições nada
favoráveis,
provavelmente em um
mundo ainda mais
atrasado do que a Terra.
Mas se ao longo do
caminho formos vitimados
por tragédias coletivas
é porque assim deveria
ser. Seja como for,
preparemo-nos para
aceitar a vontade do
Criador, porque Ele sabe
o que é melhor para
nós.