Questões para debate
A. É exclusivamente moral a afeição que os Espíritos votam às pessoas?
B. Dentre os males que nos atingem, quais são os que mais afligem os Espíritos protetores?
C. Há Espíritos que se ligam a um indivíduo, em particular, para o proteger? Qual é a sua missão e como eles se denominam?
D. O protetor espiritual pode abandonar o protegido, se este se mostra rebelde às suas advertências?
E. Podemos dizer que, segundo o Espiritismo, Espírito familiar, Anjo da guarda e Espírito simpático significam a mesma coisa?
Texto para leitura
263. Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem; os Espíritos inferiores, com os homens viciosos ou que podem viciar-se. Daí o seu apego, resultante da semelhança de sensações. (L.E., 484)
264. A afeição verdadeira nada tem de carnal; mas quando um Espírito se apega a uma pessoa, nem sempre o faz por afeição, podendo existir no caso uma lembrança e paixões humanas. (L.E., 485)
265. Os bons Espíritos fazem todo o bem que podem e se sentem felizes com as nossas alegrias. Eles se afligem com os nossos males, quando não os suportamos com resignação, porque então esses males não produzirão resultados. É como o doente que rejeita o remédio amargo destinado a curá-lo. (L.E., 486)
266. O egoísmo e a dureza do coração, de que tudo se deriva, constituem a espécie de mal que mais faz os Espíritos se afligirem por nós. Eles riem de todos esses males imaginários que nascem do orgulho e da ambição, e se rejubilam com os que têm por fim abreviar o nosso tempo de prova. (L.E., 487)
267. Sabendo que a vida corporal é transitória, e que as atribulações que a acompanham são meios de conduzir a um estado melhor, os Espíritos se afligem mais pelas causas morais que podem distanciar-nos desse estado, do que pelos males físicos, que são apenas passageiros. O Espírito que vê nas aflições da vida um meio de adiantamento para nós considera-as como a crise momentânea que deve salvar o doente. Compadece-se dos nossos sofrimentos como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo, mas, vendo as coisas de um ponto mais justo, aprecia-os de maneira diversa e, enquanto os bons reerguem a nossa coragem, no interesse do nosso futuro, os outros nos incitam ao desespero, procurando comprometer-nos. (L.E., 487, comentário de Kardec)
268. Nossos parentes e amigos que desencarnaram antes de nós têm mais simpatia por nós dos que os Espíritos que nos são estranhos e, frequentemente, nos protegem como Espírito, de acordo com o seu poder. Além disso, são muito sensíveis à afeição que lhes conservamos, esquecendo, porém, aqueles que os esquecem. (L.E., 488)
269. O Espírito protetor é obrigado a velar por nós, porque aceitou essa tarefa, mas ele pode escolher os seres que lhe são simpáticos. Para uns, isso é um prazer; para outros, uma missão ou um dever. Claro que, ligando-se a uma pessoa, ele não renuncia a proteger outros indivíduos, mas o faz de maneira mais geral. (L.E., 493 e 493-A)
270. Acontece frequentemente que certos Espíritos deixam sua posição para cumprir diversas missões, mas nesse caso são substituídos. (L.E., 494)
271. Aos que pensassem que é impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, diremos que eles influenciam nossas almas embora estando a milhões de léguas de distância: para eles, o espaço não existe, e mesmo vivendo em outro mundo, eles conservam sua ligação conosco. (...) Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho, sente-se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados. (L.E., 495)
272. Os bons Espíritos jamais fazem o mal; deixam que o façam os que lhe tomam o lugar, e então acusamos a sorte pelas desgraças que nos oprimem, enquanto a falta é nossa. (L.E., 496)
273. Existe a união dos maus Espíritos, para neutralizar a ação dos bons, mas, se o protegido quiser, dará toda força ao seu bom Espírito. (L.E., 497)
274. Não é senão a fraqueza, o desleixo ou o orgulho do homem que dão força aos maus Espíritos. (L.E., 498)
275. O Espírito protetor não está constantemente com seu protegido, pois há circunstâncias em que a sua presença não é necessária. (L.E., 499)
276. Quando o Espírito pode guiar-se por si mesmo, ele não tem mais necessidade do anjo da guarda; mas isso não acontece na Terra. (L.E., 500)
277. A ação dos Espíritos que nos querem bem é sempre regulada de maneira a nos deixar o livre-arbítrio, porque, se não tivéssemos responsabilidade, não nos adiantaríamos na senda que deve conduzir-nos a Deus. (L.E., 501)
278. O Espírito protetor se sente feliz quando vê os seus cuidados coroados de sucesso; é para ele um triunfo, como um preceptor triunfa com os sucessos do seu discípulo. (L.E., 502)
279. O Espírito protetor sofre com os erros de seu protegido, e os lamenta, mas essa aflição nada tem das angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que há remédio para o mal, e que o que hoje não se fez, amanhã se fará. (L.E., 503)
280. Quando estivermos na vida espírita, reconheceremos nosso Espírito protetor, porque frequentemente o conhecíamos antes da presente existência. (L.E., 506)
281. Cada homem, mesmo o selvagem, tem um Espírito que vela por ele, mas as missões são relativas ao seu objeto. Não dareis a uma criança que aprende a ler um professor de filosofia. O progresso do Espírito familiar segue o do Espírito protegido. (L.E., 509)
282. É verdade que os maus Espíritos procuram desviar o homem do bom caminho, quando encontram ocasião, mas quando um deles se liga a um indivíduo, o faz por si mesmo, porque espera ser escutado; então haverá luta entre o bom e o mau, e vencerá aquele a cujo domínio o homem se entregar. (L.E., 511)
283. Cada homem tem sempre Espíritos simpáticos, mais ou menos elevados, que lhe dedicam afeição e se interessam por ele, como há também os que o assistem no mal. (L.E., 512)
284. Algumas pessoas exercem um efeito sobre outras, uma espécie de fascinação que parece irresistível. Quando isso acontece para o mal, são maus Espíritos, de que se servem outros maus Espíritos, para melhor subjugarem suas vítimas. Deus pode permiti-lo, para nos experimentar. (L.E., 515)
285. Alguns Espíritos se ligam aos membros de uma mesma família, que vivem juntos e são unidos por afeição, mas não acreditemos em Espíritos protetores do orgulho das raças. (L.E., 517)
286. Os Espíritos vão de preferência aonde estão os seus semelhantes, pois nesses lugares podem estar à vontade e mais seguros de serem ouvidos. O homem atrai os Espíritos em razão de suas tendências, quer esteja só ou constitua um todo coletivo, como uma sociedade, uma cidade ou um povo. Há, pois, sociedades, cidades e povos que são assistidos por Espíritos mais ou menos elevados, segundo o seu caráter e as paixões que os dominam. (L.E., 518)
287. Os Espíritos imperfeitos se afastam dos que os repelem, e disso resulta que o aperfeiçoamento moral de um todo coletivo, como o dos indivíduos, tende a afastar os maus Espíritos e a atrair os bons, que despertam e mantêm o sentimento do bem nas massas, da mesma maneira por que outros podem nelas insuflar as más paixões. (L.E., 518)
288. As sociedades, as cidades e as nações têm Espíritos protetores especiais, porque marcham para um objetivo comum e têm necessidade de uma direção superior. (L.E., 519)
Respostas às questões propostas
A. É exclusivamente moral a afeição que os Espíritos votam às pessoas?
Não. A verdadeira afeição nada tem de carnal; mas, quando um Espírito se apega a uma pessoa, nem sempre o faz só por afeição. À estima que essa pessoa lhe inspira pode agregar-se uma reminiscência das paixões humanas. (O Livro dos Espíritos, questões 484 e 485.)
B. Dentre os males que nos atingem, quais são os que mais afligem os Espíritos protetores?
Os bons Espíritos fazem todo o bem que lhes é possível e se sentem ditosos com as nossas alegrias. Afligem-se com os nossos males quando não os suportamos com resignação, porque nenhum benefício então tiramos deles, assemelhando-nos, em tais casos, ao doente que rejeita a beberagem amarga que o há de curar. Os males que mais os afligem são o nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações, do que decorre tudo o mais, mas riem-se de todos esses males imaginários que nascem do orgulho e da ambição e rejubilam com os que redundam na abreviação do tempo das nossas provas. (Obra citada, questões 486 e 487.)
C. Há Espíritos que se ligam a um indivíduo, em particular, para o proteger? Qual é a sua missão e como eles se denominam?
Sim. Trata-se do irmão espiritual, a que chamamos o bom Espírito ou o bom gênio, cuja missão é como a de um pai com relação aos filhos: guiar seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida. (Obra citada, questões 489, 491, 492 e 493.)
D. O protetor espiritual pode abandonar o protegido, se este se mostra rebelde às suas advertências?
Ele se afasta quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame. (Obra citada, questões 495, 497, 498, 499, 500, 501 e 503.)
E. Podemos dizer que, segundo o Espiritismo, Espírito familiar, Anjo da guarda e Espírito simpático significam a mesma coisa?
Não. O Espírito familiar é antes o amigo da casa. O Espírito protetor, anjo de guarda ou bom gênio é o que tem por missão acompanhar o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior, com relação ao protegido. Os Espíritos simpáticos são os que se sentem atraídos para o nosso lado por afeições particulares e ainda por uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto para o bem como para o mal. (Obra citada, questões 514, 490, 507 e 520.)