A. É verdade que nos
anais da Igreja
Católica há
registros de casos
de bicorporeidade?
Sim. Afonso de
Liguori foi
canonizado, antes do
tempo, por se haver
mostrado em dois
lugares diferentes,
o que foi
considerado um
milagre. Santo
Antônio de Pádua
pregava na Espanha,
no momento em que
seu pai, residente
em Pádua, na Itália,
era conduzido ao
suplício, sob a
acusação de
homicídio. Nessa
ocasião, ele aí
apareceu, demonstrou
a inocência de seu
pai e apontou o
verdadeiro culpado,
que foi castigado
mais tarde. Dassier
cita o caso de S.
Francisco Xavier,
que se achava, ao
mesmo tempo, em duas
embarcações, durante
uma tempestade, e
encorajava os
companheiros, em
perigo.
(O Espiritismo
perante a Ciência,
Quarta Parte, Cap.
II - Provas da
existência do
perispírito – Sua
utilidade – Seu
papel.)
B. Durante o
fenômeno da
bicorporeidade pode
o corpo real morrer?
Segundo Delanne,
não; o corpo real
não poderia morrer,
enquanto o corpo
aparente se
mostrasse visível,
pois que a
aproximação da morte
atrairia o Espírito
para o corpo, ainda
que por um instante.
Disso resulta
igualmente que o
corpo aparente não
poderia ser morto,
pois que não é
formado, assim como
o corpo material, de
carne e ossos.
(Obra citada, Quarta
Parte, Cap. II -
Provas da existência
do perispírito – Sua
utilidade – Seu
papel.)
C. Quando
desprendido do
corpo, o Espírito
tem percepções para
nós desconhecidas?
Sim. Desprendido do
corpo, o Espírito
tem outras
percepções de que
não podemos fazer
ideia, visto que o
invólucro
perispiritual lhe
permite perceber
vibrações que nos
são desconhecidas e
que lhe proporcionam
outros conhecimentos
e em maior número
que nos homens.
(Obra citada, Quarta
Parte, Cap. II -
Provas da existência
do perispírito – Sua
utilidade – Seu
papel.)
Texto
para leitura
579. Perguntar-se
como é que a alma
atua de maneira
assaz eficaz sobre o
perispírito, para
determinar
movimentos do corpo
que revelam, por
vezes, uma grande
força mecânica, que
a alma seria
impotente para
produzir. Não é
espantoso verificar
que o Espírito, pela
vontade, pode fazer
o corpo executar os
mais rudes
trabalhos, que um
Hércules levante com
o braço retesado os
mais pesados pesos?
580. A
alma é a mão do
mecânico, a força é
a energia vital ou
fluido nervoso
contido nos
diferentes aparelhos
do cérebro, da
medula espinal e dos
nervos.
581. A
experiência nos
mostra que existe no
homem um órgão
fluídico, que é o
esboço sobre o qual
se modela o corpo.
Em certas
circunstâncias, o
perispírito pode
desprender-se do
invólucro, ao qual
está ligado durante
a vida, e se
materializar a ponto
de tornar-se visível
e agir à distância.
582. Tais fenômenos
não eram
desconhecidos dos
antigos. Lemos, com
efeito, nas
histórias de Tácito:
“Durante os meses
que Vespasiano
passou em
Alexandria,
esperando a volta
periódica dos ventos
do estio e a estação
em que o mar é
calmo, houve muitos
prodígios pelos
quais se manifestou
o favor do céu e o
interesse que
tomavam os deuses
por esse príncipe.
Os prodígios
redobraram o desejo
de Vespasiano de
visitar a morada
sagrada dos deuses,
a fim de os
consultar a respeito
do Império. Ordena
que fechem o templo
para todos. Entra
sozinho e muito
atento ao que ia
dizer o oráculo,
quando percebe atrás
dele um dos
principais egípcios,
de nome Basilide,
que ele sabia estar
retido doente,
distante muitos dias
de Alexandria.
Informa-se dos
sacerdotes se
Basilide veio nesse
dia ao templo, e dos
transeuntes se o
viram na cidade;
manda, enfim, homens
a cavalo e se
certifica de que,
naquele momento, ele
estava a 800 milhas
de distância. Não
duvidou mais da
realidade da visão e
o nome de Basilide
lhe serviu de
oráculo”.
583. Os anais da
Igreja Católica
narram muitos fatos
de desdobramento,
que se produziram em
pessoas piedosas.
Afonso de Liguori
foi canonizado,
antes do tempo
requerido, por se
haver mostrado em
dois lugares
diferentes, o que
passou por um
milagre. É verdade
que, pelos mesmos
fatos, pobres
mulheres, tidas por
feiticeiras, foram
queimadas pelo Santo
Ofício.
584. Santo Antônio
de Pádua pregava na
Espanha, no momento
em que seu pai,
residente em Pádua,
na Itália, era
conduzido ao
suplício, sob a
acusação de
homicídio. Nessa
ocasião, aparece
Santo Antônio,
demonstra a
inocência de seu pai
e aponta o
verdadeiro culpado,
que foi castigado
mais tarde. Antônio,
nesse mesmo
instante, pregava em
Espanha.
585. Dassier cita o
caso de S. Francisco
Xavier, que se
achava, ao mesmo
tempo, em duas
embarcações, durante
uma tempestade, e
encorajava os
companheiros, em
perigo. Eis como
seus biógrafos
referem o prodígio:
“Ia S. Francisco
Xavier, em novembro
de 1571, do Japão
para a China,
quando, sete dias
depois da partida,
assaltou o navio que
o levava violenta
tempestade. Temendo
que uma chalupa
fosse arrastada
pelas vagas, o
piloto ordenou a
quinze homens da
tripulação que a
amarrassem ao navio.
Caíra a noite,
enquanto se
trabalhava nessa
faina, e os
marinheiros se viram
surpreendidos por
uma vaga e
desapareceram com a
chalupa. O santo
ficou em preces,
desde o começo da
tempestade, que
redobrava sempre de
furor. Os que
ficaram, entretanto,
no navio,
lembravam-se dos
companheiros da
chalupa e os
julgaram perdidos.
Passado o perigo,
Xavier exortou-os a
que tivessem
coragem, assegurando
que os encontrariam
dentro de três dias.
No dia seguinte, fez
alguém subir ao
mastro, sem que nada
se descobrisse. O
santo entrou, então,
em seu camarote, e
pôs-se a orar.
Depois de ter
passado, assim,
grande parte do dia,
subiu ao tombadilho,
cheio de confiança,
e anunciou que a
chalupa estava
salva. Entretanto,
como nada ainda se
visse, no dia
seguinte, a
tripulação,
sentindo-se sempre
em perigo, recusou
esperar por mais
tempo companheiros
que considerava como
perdidos. Mas Xavier
lhes reanimou a
coragem,
concitando-os, pela
morte do Cristo, a
um pouco mais de
paciência. Reentrou
depois em seu
camarote e redobrou
de fervor na prece.
Enfim, após três
longas horas de
espera, vê-se
aparecer a chalupa
e, em breve, os
quinze marinheiros,
que se supunham
perdidos, alcançaram
o navio. Segundo o
testemunho de Mendes
Pinto, produziu-se,
então, um fato dos
mais singulares.
Quando os homens da
chalupa subiram ao
convés e o piloto
quis largá-la, eles
gritaram, dizendo
que era preciso
deixar, primeiro,
sair Xavier, que
estava com eles. Em
vão procuram
persuadi-los de que
ninguém ficara na
chalupa, mas os
marinheiros
afirmavam que Xavier
os acompanhara
durante a
tempestade,
reanimando-lhes a
coragem, e que
conduzira a
embarcação ao navio.
Diante de tal
prodígio, todos se
convenceram de que
às preces de Xavier
é que deveram o ter
escapado à
tempestade. É mais
racional atribuir a
salvação do navio às
manobras e aos
esforços da
equipagem. Tudo,
porém, faz presumir
que a chalupa não
teria podido
alcançar o navio se
ela não tivesse por
piloto o próprio
santo, ou antes, o
seu duplo”.
586. É no
perispírito que se
grava a lembrança, é
nele que os
conhecimentos se
incorporam, e porque
é imutável
conservamos, apesar
das incessantes
transformações de
que o corpo é
objeto, a recordação
do que se passou em
tempo longínquo.
587. É ele que
constitui a
identidade do ser, é
com ele que se vive,
que se pensa, que se
ama, que se ora. É,
enfim, com ele que
nos encontramos
depois da morte,
desprendidos somente
da matéria terrena,
mas conservando
nossos hábitos,
nossos gostos, nossa
maneira de ver;
idênticos, enfim,
com exceção do corpo
que tínhamos na
Terra.
588. Isso prova que
o mundo dos
Espíritos é tal como
o nosso, que contém
seres em todos os
graus da escala
intelectual, desde
os selvagens
ignorantes até os
homens versados no
estudo das ciências.
Explicamos, também,
pela imortalidade
desse invólucro os
surtos do progresso.
589. É evidente que,
quanto mais depurado
é o perispírito,
tanto mais vivas são
as sensações. A alma
atua no envoltório
fluídico pela
vontade, que é uma
força muito
poderosa, como
verificamos com
Claude Bernard. O
cérebro humano,
reprodução material
dessa parte do
fluido
perispiritual, é, de
alguma sorte, um
instrumento sobre o
qual o Espírito
atua; quanto mais
perfeito é o
aparelho, mais belo
é o resultado
obtido, do mesmo
modo que um artista
que possui um bom
violino mais
agradáveis melodias
fará ouvir.
590. Pela instrução
desenvolvemos certos
compartimentos do
cérebro, nos quais
se vêm registrar as
aquisições
intelectuais; ora,
essas modificações
são reproduzidas
pelo perispírito.
Segue-se que levamos
para a morte nossa
bagagem científica e
moral, e, quando
voltamos a
reencarnar, temos em
gérmen no cérebro
tudo que havíamos
fixado
anteriormente. Eis
por que as crianças,
às vezes, nos
maravilham com a
precocidade de sua
inteligência e pela
aptidão com que
assimilam todas as
ciências. Nesse
caso, para essa
criança, aprender é
recordar, como dizia
Platão.
591. Assim como
trazemos para a
Terra as qualidades
precedentemente
conquistadas, temos
também os vícios que
não nos deixam e
contra os quais
precisamos lutar
energicamente para
deixá-los. É esse
conjunto de virtudes
e de paixões que
constitui a
individualidade de
cada homem.
592. A
alma desde a
concepção forma o
seu invólucro, não
talvez de maneira
consciente, mas
efetiva. É durante a
gestação que o
Espírito, aos
poucos, incorpora os
elementos que lhe
devem formar o corpo
humano, e que o
cérebro material se
modela pelo cérebro
do perispírito.
593. Os defeitos
físicos de uma
encarnação anterior
podem, por vezes,
influenciar o duplo
fluídico de tal
forma que as
modificações
orgânicas se
reproduzem, ainda,
na encarnação
seguinte. Daí as
crianças enfermas,
disformes, apesar de
boa saúde e
excelente
constituição dos
pais.
594. Um dos mais
curiosos fenômenos
da biologia é o
atavismo, isto é, a
reprodução em um
grupo étnico de
certos caracteres
pertencentes aos
antepassados, mas
desaparecidos em
seus descendentes.
Darwin cita notáveis
casos e confessa não
poder explicar essa
singularidade. Se
estendermos aos
animais as mesmas
teorias, se os
supusermos com um
princípio
inteligente, também
revestidos de um
duplo fluídico, que
lhes reproduz
exatamente a forma
do corpo,
compreenderemos
facilmente que o
animal, reencarnado
ao fim de certo
tempo, pode trazer
os caracteres
físicos que tivera
durante sua passagem
anterior na Terra.
595. Os homens
apresentam, no ponto
de vista moral e
mesmo físico, casos
semelhantes. Os
Espíritos rotineiros
e atrasados, sempre
opostos a qualquer
ideia de progresso,
são almas que não se
adiantaram
suficientemente e
que dão exemplos de
atavismo
intelectual.
596. Em suma,
diremos, com Allan
Kardec, que o
indivíduo que se
mostra,
simultaneamente, em
dois lugares
diferentes, tem dois
corpos, mas, desses
dois corpos, um só é
permanente, o outro
é apenas temporário.
Pode-se dizer que o
primeiro tem a vida
orgânica e o segundo
a da alma. Ao
despertar, os dois
corpos se reúnem e a
vida da alma
reaparece no corpo
material.
597. Deduz-se,
ainda, desses
fenômenos que o
corpo real não
poderia morrer,
enquanto o corpo
aparente se
mostrasse visível,
pois que a
aproximação da morte
atrairia o Espírito
para o corpo, ainda
que por um instante.
Resulta disso
igualmente que o
corpo aparente não
poderia ser morto,
pois que não é
formado, assim como
o corpo material, de
carne e ossos.
598. Charles Bonnet,
discípulo de
Leibnitz, tinha já
entrevisto a
existência do
perispírito e sua
necessidade. Eis o
que ele escreveu em
diferentes livros
que publicou:
“Estudando-se,
com algum cuidado,
as faculdades do
homem,
observando-se-lhes a
mútua dependência,
ou a subordinação de
umas para com as
outras, e a ação de
suas finalidades,
descobriremos,
facilmente, quais os
meios naturais por
que se desenvolvem e
aperfeiçoam.
Podemos, pois,
conceber meios
análogos e mais
eficazes que
levariam essas
faculdades a mais
alto grau de
perfeição. O grau de
perfeição a que o
homem pode atingir
na Terra está em
relação direta com
os meios que lhe são
dados e com o mundo
que ele habita. Um
estado mais
adiantado das
faculdades humanas
não poderia estar em
relação com o mundo
em que o homem deve
passar os primeiros
momentos de sua
existência. Essas
faculdades são
infinitamente
perceptíveis e
percebemos que
alguns dos processos
naturais que as
aperfeiçoarão um dia
podem existir desde
já no homem. Sendo o
homem chamado a
habitar,
sucessivamente, dois
mundos diferentes,
sua constituição
original deve
encerrar coisas
relativas a esses
dois mundos. Dois
meios principais
poderão aperfeiçoar,
no mundo futuro,
todas as faculdades
do homem: sentidos
mais apurados e
sentidos novos. Os
sentidos são a
primeira fonte de
nossos
conhecimentos. As
nossas mais
abstratas ideias
derivam sempre das
ideias sensíveis. O
espírito não cria
nada, mas opera,
quase sem cessar,
sobre a multidão de
sensações diversas
que adquire pelos
sentidos. Dessas
operações do
espírito, que são
sempre comparações,
combinações,
abstrações, nascem,
por uma geração
natural, as ciências
e as artes. Os
sentidos destinados
a transmitir ao
espírito as
impressões dos
objetos estão em
relação com esses
objetos. O olho está
em relação com a
luz, o ouvido com o
som. Quanto mais
perfeitas, numerosas
e diversas são as
relações entre os
sentidos e seus
objetos, tanto mais
eles manifestam ao
espírito as
qualidades desses
objetos, e quanto
mais claras, vivas e
completas as
percepções dessas
qualidades, mais o
espírito formará
delas uma ideia
distinta. Vemos que
nossos sentidos
atuais são
suscetíveis de um
grau de
aperfeiçoamento
muito superior ao
que lhe conhecemos e
que nos espantam em
certos indivíduos.
Podemos, mesmo,
fazer ideia nítida
desse acréscimo de
perfeição, pelos
efeitos prodigiosos
dos instrumentos de
ótica e de acústica.
Imagine Aristóteles
observando uma larva
com os nossos
microscópios ou
contemplando com os
nossos telescópios
Júpiter e suas luas.
Quais não seriam sua
surpresa e seu
enlevo! Quais não
serão também os
nossos, quando,
revestidos do corpo
espiritual, tiverem
nossos sentidos
adquirido toda a
perfeição que podiam
receber do benfazejo
Autor do nosso ser!”
599. Essas deduções
são tanto mais
justificadas quanto
iremos ver que o
Espírito,
desprendido do
corpo, tem
percepções de que
não podemos fazer
ideia. O invólucro
perispiritual lhe
permite perceber
vibrações que nos
são desconhecidas e
que lhe proporcionam
outros conhecimentos
e em maior número
que nos homens.
600. Está claro que
falamos sempre dos
Espíritos
adiantados, já
libertos das peias
grosseiras do
perispírito
material. Quanto aos
outros, eles são,
como veremos,
ignorantes do que se
passa em torno de si
e conhecem menos
sobre o Universo e
suas leis que muitos
sábios do nosso
mundo.
(Continua no próximo
número.)