Carta
do além
Antenor Amorim
Minha irmã,
Estou feliz,
quanto é
possível, em
minha situação
de trabalhador
que não
aproveitou o
dia.
Lastimo que o
egoísmo de homem
não me tivesse
permitido
receber as
graças do Céu,
que me coroavam
o caminho.
Que fazer agora,
senão
ajoelhar-me de
mãos postas e
suplicar as
bênçãos de Deus?
Estou aprendendo
que não
possuímos bem
algum sem
preparação,
assim como o
lavrador nada
colhe sem
dedicação à
sementeira.
Por que razão é
preciso morrer
para ver?
Hoje reconheço
que era um cego.
Estou ligado a
imensas
responsabilidades,
mas espero
desobrigar-me
delas com seu
amoroso amparo.
Continue
brilhando na sua
fé, porque seu
devotamento para
mim, hoje, é uma
estrela a
guiar-me na
viagem.
Como é rápida a
experiência
humana! Ontem,
projetos a se
expandirem para
o futuro, com a
falsa convicção
de que o corpo
de carne
superaria todos
os obstáculos,
hoje, porém, a
ausência dele,
com problemas
enormes no
espírito.
Tanto quanto
pode estar feliz
um aluno
atrasado no
curso
repentinamente
tocado pela boa
vontade, vejo-me
reconfortado
para seguir
adiante.
Graças a Deus
refugio-me na fé
quando a
tormenta de
recordações me
fustiga a alma,
e, desse modo,
vou
reconquistando
as próprias
forças para
lutar na vida
verdadeira.
Ah! Se eu
pudesse recuar
no tempo, como
seria diferente
a minha conduta!
Somente aqui
conseguimos
aquilatar o
tempo perdido na
procura de
fantasias
brilhantes e,
com lágrimas
tardias,
reconhecemos que
muito poderíamos
ter feito, no
erguimento de
nossa própria
felicidade nas
sendas eternas.
Feliz quem sabe
renunciar e não
espera a morte
do corpo para
confiar-se à
própria
renovação!
A
verdadeira
fortuna é
justamente essa
– a da alma que
se consagra ao
Senhor,
buscando-lhe os
divinos
desígnios.
Continuemos
beneficiando a
todos.
Quando as nossas
obrigações para
com os nossos se
acham cumpridas,
a nossa casa é o
mundo inteiro e
a nossa família
é a Humanidade.
Hoje entendo que
a vitória maior
é sempre a
daqueles que
sabem confiar,
amar, perdoar,
ajudar e
esperar.
Sem o espírito
de amor e
perdão, que
Jesus nos legou,
a caminhada para
o Alto é
difícil, quando
não
verdadeiramente
impraticável.
Trabalhemos na
plantação do
bem. Nossos
corações agora
se dirigem para
o novo lar sem a
dor e sem a
sombra, que
invadem na Terra
o santuário da
afeição mais
sublime.
E
que o Senhor nos
proteja sempre
em nossos novos
propósitos de
renovação para a
eternidade.
Do livro
Cartas do
Coração,
ditado por
Espíritos
Diversos por
intermédio do
médium Francisco
Cândido Xavier.