MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF
(Brasil)
Frutas de
semáforo
Aqui em
Brasília, na
capital federal,
sempre sabemos a
fruta da época
sem visitar as
plantações. Às
vezes é o caqui,
em outras épocas
é a tangerina (ou
mexerica para
alguns). O
morango também
comparece, em
suas bandejas
recheadas... Em
cada época, os
semáforos enchem-se
de pessoas
defendendo um
trocado,
vendendo
suculentas
frutas da
estação aos
motoristas
naquele pequeno
e infinito
intervalo, no
período em que o
sinal fica
vermelho.
Essa situação de
economia
informal típica
de algumas
cidades nos faz
refletir que a
nossa vida tem
épocas também.
Mas, por vezes,
precisamos parar
no semáforo e
perceber que uma
nova época
chegou, com seu
gosto próprio.
Passamos audazes
e velozes, sem
olhar as árvores
nas margens da
rodovia.
Seguimos lépidos,
dia após dia,
sem dar conta
das grandezas de
cada época da
vida. A força da
juventude, a
alegria da
infância, a
visão da
madureza e a
experiência da
melhor idade,
colhendo frutos
e lembranças.
Cada época tem
seu sabor, suas
grandezas e
possibilidades,
florescendo nos
pomares, em
árvores
frondosas, mas
que passam, por
vezes,
despercebidas.
Uma doença, uma
decepção, um
fato imprevisto
e desastroso...,
mudanças de rota
que nos fazem
perceber, no
infinito dos 30
segundos do
semáforo rubro,
a grandeza de
cada fase e de
como não
utilizamos a
sabedoria para
aproveitar, da
melhor maneira,
esses momentos.
Aos que nos
abordam nos
semáforos da
vida, com suas
bandejas de
frutas da época,
devemos render
nosso
agradecimento,
por nos
lembrarem dos
tesouros dos
pomares vizinhos,
e das sementes
que plantamos,
imperceptíveis
em nossa avidez
de comer as
frutas, e que
por vezes virão
a florescer
apenas em outra
encarnação.