MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Ação e Reação
André Luiz
(Parte
32)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo da obra
Ação e Reação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1957 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Quando é que, após
experimentar o processo
expiatório, um Espírito
se encontra efetivamente
quitado do débito do
passado?
Silas respondeu a esta
questão mencionando o
caso de Leo, que
atravessou o mesmo
suplício que infligiu a
seu irmão na existência
anterior, mas em um
leito de hospital,
conformado, resignado e
sem escândalos
destrutivos. "Quando a
nossa dor não gera novas
dores e nossa aflição
não cria aflições
naqueles que nos
rodeiam, nossa dívida
está em processo de
encerramento”, explicou
Silas. “Muitas vezes, o
leito de angústia entre
os homens é o altar
bendito em que
conseguimos extinguir
compromissos ominosos,
pagando nossas contas,
sem que o nosso resgate
a ninguém mais
prejudique. Quando o
enfermo sabe acatar os
Celestes Desígnios,
entre a conformação e a
humildade, traz consigo
o sinal da dívida
expirante..."
(Ação e Reação, cap. 17,
pp. 237 a 239.)
B. Como chegou à Mansão
a notícia relativa à
queda de um avião em que
faleceram 14 pessoas?
O apelo – que viera da
crosta – chegou à Mansão
em forma de sinais
semelhantes aos do
telégrafo de Morse que
se fizeram notar em
curioso aparelho. Druso
ligou, então, uma tomada
próxima e viu-se um
pequeno televisor em
ação a projetar imagens
movimentadas em tela
próxima, cuidadosamente
encaixada na parede, a
pequena distância. Qual
se acompanhassem curta
notícia em cinema
sonoro, André e os
demais contemplaram,
surpreendidos, a
paisagem terrestre.
Naquele quadro
inquietante, um ancião
desencarnado, de
semblante nobre e digno,
formulava requerimento
comovedor, rogando à
Mansão a remessa de
equipe adestrada para a
remoção de seis das 14
entidades desencarnadas
no sinistro. A cena
aflitiva parecia
desenrolar-se ali mesmo.
Oito dos desencarnados
jaziam em posição de
choque, algemados aos
corpos; quatro gemiam,
jungidos aos próprios
restos, e dois deles,
embora enfaixados às
formas físicas,
gritavam desesperados,
em crises de
inconsciência.
(Obra citada, cap. 18,
pp. 241 e 242.)
C. Por que pessoas
perecem em desastres de
grandes proporções, como
os acidentes com aviões?
As origens da provação
são inúmeras. No caso do
desastre aviatório cuja
notícia há pouco lhes
chegara, Druso disse que
havia entre as vítimas
delinquentes que, em
outras épocas, atiraram
irmãos indefesos do cimo
de torres altíssimas,
para que seus corpos se
espatifassem no chão;
companheiros que, em
outro tempo, cometeram
hediondos crimes sobre
o dorso do mar, pondo a
pique existências
preciosas, ou suicidas
que se despenharam de
arrojados edifícios ou
de picos agrestes, em
supremo atestado de
rebeldia. O dirigente
lembrou, contudo, que a
Lei nos permite melhorar
nossos créditos, todos
os dias. Quantos
romeiros terrenos são
amparados devidamente
para que a morte não
lhes assalte o corpo, em
razão dos atos louváveis
a que se afeiçoam!
Quantas intercessões da
prece ardente conquistam
moratórias oportunas
para pessoas que se
encontravam à beira do
túmulo! "Assim é que,
gerando novas causas com
o bem, praticado hoje,
podemos interferir nas
causas do mal, praticado
ontem, neutralizando-as
e reconquistando, com
isso, o nosso
equilíbrio", explicou o
diretor. Eis por que
devemos incentivar
sempre o serviço do
bem, através de todos os
recursos ao nosso
alcance. “A caridade e
o estudo nobre, a fé e o
bom ânimo, o otimismo e
o trabalho, a arte e a
meditação construtiva
constituem temas
renovadores, cujo
mérito não será lícito
esquecer, na
reabilitação de nossas
ideias e,
consequentemente, de
nossos destinos."
(Obra citada, cap. 18,
pp. 245 a 247.)
Texto para leitura
115. Leo desencarna
- Foi com o nome de Leo
que Ernesto retornou ao
campo físico carreando
na própria alma os
desequilíbrios que
assimilou além-túmulo,
com os quais renasceu
alienado mental, tendo
amargado todos os
infortúnios impostos a
seu irmão debilitado e
infeliz, sem faltar nem
mesmo as agruras da
profissão de
guarda-noturno e a
prisão num manicômio.
Sua humildade e
paciência lhe
permitiram, no entanto,
conquistar a felicidade
de encerrar em
definitivo o débito do
passado. Hilário quis
saber como Silas podia
ter certeza de que Leo
estava realmente quitado
do débito do pretérito.
Silas esclareceu: "Pois
não veem? Qual Fernando,
que desencarnou com o
tórax perfurado por
lâmina assassina, Leo
igualmente se despede do
corpo com os pulmões em
frangalhos. Contudo,
pelo procedimento
correto que adotou
perante a Lei, atravessa
o mesmo suplício, mas no
leito, sem escândalos
destrutivos, embora
esteja vertendo o
próprio sangue pela
boca, tal qual sucedeu
ao mano espezinhado e
vencido. Cumpre-se o
aresto da Justiça,
apenas com a diferença
de que, em vez do gládio
de ferro, temos aqui
batalhões de bacilos
assassinos..." Diante
dos amigos surpresos,
Silas complementou:
"Quando a nossa dor não
gera novas dores e nossa
aflição não cria
aflições naqueles que
nos rodeiam, nossa
dívida está em processo
de encerramento. Muitas
vezes, o leito de
angústia entre os homens
é o altar bendito em que
conseguimos extinguir
compromissos ominosos,
pagando nossas contas,
sem que o nosso resgate
a ninguém mais
prejudique. Quando o
enfermo sabe acatar os
Celestes Desígnios,
entre a conformação e a
humildade, traz consigo
o sinal da dívida
expirante..." (N.R.:
Aresto: decisão de um
tribunal, acórdão.
Ominoso: nefasto,
funesto, execrável,
agourento, detestável.)
O Assistente não pôde
continuar, porque Leo,
em oração, debatia-se
nos estertores da
morte. Silas então o
enlaçou, rogando o
Amparo Divino, e Leo,
envolvido nas suaves
irradiações da prece,
adormeceu. André
imaginou que Silas o
transportaria de
imediato à Mansão, mas o
Assistente informou não
dispor de autoridade
para desligá-lo.
"Semelhante
responsabilidade não
nos compete",
acrescentou. (Cap. 17,
pp. 237 a 239)
116. Um desastre
aviatório - No
gabinete de Druso fora
registrado apelo urgente
da Terra em favor das
vítimas de um desastre
aviatório. Sinais algo
semelhantes aos do
telégrafo de Morse se
fizeram notados em
curioso aparelho. Druso
ligou tomada próxima e
viu-se um pequeno
televisor em ação, sob
vigorosa lente,
projetando imagens
movimentadas em tela
próxima, cuidadosamente
encaixada na parede, a
pequena distância. Qual
se acompanhassem curta
notícia em cinema
sonoro, André e os
demais contemplaram,
surpreendidos, a
paisagem terrestre. Sob
a crista de serra
alcantilada e selvagem,
destroços de grande
aeronave guardavam
consigo as vítimas do
acidente. Naquele quadro
inquietante, um ancião
desencarnado, de
semblante nobre e digno,
formulava requerimento
comovedor, rogando à
Mansão a remessa de
equipe adestrada para a
remoção de seis das 14
entidades desencarnadas
no sinistro. André e
Hilário olhavam
espantados o espetáculo
inédito para ambos.
(N.R.: Sua
última existência na
Terra fora anterior à
era da televisão.) A
cena aflitiva parecia
desenrolar-se ali mesmo.
Oito dos desencarnados
jaziam em posição de
choque, algemados aos
corpos; quatro gemiam,
jungidos aos próprios
restos, e dois deles,
embora enfaixados às
formas físicas,
gritavam desesperados,
em crises de
inconsciência. Ao lado
deles, amigos
espirituais, abnegados e
valorosos, velavam,
calmos e atentos.
Figurando-se cascata de
luz vertendo do Céu, o
auxílio do Alto vinha,
solícito, em abençoada
torrente de amor. O
quadro era tão real que
se podiam ouvir os
gemidos, as preces e as
conversações dos
enfermeiros... (Cap. 18,
pp. 241 e 242)
117. Morte física não
significa emancipação
espiritual - Em
instantes, diversos
trabalhadores da Mansão
puseram-se em marcha.
Hilário e André queriam
participar da obra de
socorro, mas Druso
explicou-lhes que o
trabalho era de natureza
especialíssima,
requisitando
colaboradores
rigorosamente treinados.
Com relação aos seis
desencarnados que seriam
recolhidos, Druso
explicou que o socorro
no avião sinistrado
seria distribuído
indistintamente, mas, se
o desastre era o mesmo
para todos, a morte era
diferente para cada um.
"No momento – informou o
diretor – serão
retirados da carne
tão-somente aqueles cuja
vida interior lhes
outorga a imediata
liberação. Quanto aos
outros, cuja situação
presente não lhes
favorece o afastamento
rápido da armadura
física, permanecerão
ligados, por mais tempo,
aos despojos que lhes
dizem respeito." A
duração dependeria do
grau de animalização dos
fluidos que lhes
retinham o Espírito à
atividade corpórea.
"Alguns serão detidos
por algumas horas,
outros, talvez, por
longos dias... Quem
sabe? Corpo inerte nem
sempre significa
libertação da alma. O
gênero de vida que
alimentamos no estágio
físico dita as
verdadeiras condições
de nossa morte",
asseverou Druso. "Quanto
mais chafurdamos o ser
nas correntes de baixas
ilusões, mais tempo
gastamos para esgotar as
energias vitais que nos
aprisionam à matéria
pesada... <...> E quanto
mais nos submetamos às
disciplinas do espírito,
que nos aconselham
equilíbrio e sublimação,
mais amplas facilidades
conquistaremos para a
exoneração da carne em
quaisquer emergências de
que não possamos fugir
por forças dos débitos
contraídos perante a
Lei." Por isso, "morte
física" não é o mesmo
que "emancipação
espiritual". Os outros
companheiros, embora
detidos na carne, seriam
também assistidos,
porque ninguém vive
desamparado e o amor
infinito de Deus abrange
o Universo, mas
poderiam ser atraídos
por elementos perversos
do plano espiritual, na
hipótese de serem surdos
ao bem... "No assunto,
entretanto, é preciso
considerar – explicou
Druso – que a tentação é
sempre uma sombra a
atormentar-nos a vida,
de dentro para fora. A
junção de nossas almas
com os poderes infernais
verifica-se em relação
com o inferno que já
trazemos dentro de nós."
(Cap. 18, pp. 243 e
244)
118. Causas dos
resgates coletivos -
Hilário perguntou
diretamente a Druso por
que ele e André não
poderiam colaborar nos
serviços de resgate. O
diretor da Mansão
informou: "É imperioso
observar <...> que vocês
coletam material
didático para
despertamento de nossos
irmãos encarnados,
quase todos eles em fase
importante de luta, no
acerto de contas com a
Justiça Divina.
Analisando os resgates
dessa ordem, vocês
fatalmente seriam
compelidos à autópsia de
situações e problemas
suscetíveis de plasmar
imagens destrutivas no
ânimo de muitos
daqueles que ambos se
propõem auxiliar".
Esboçando leve sorriso
em que deixava
transparecer a humildade
que lhe adornava o
Espírito, Druso aditou:
"Parece-me que não
seríamos capazes de
comentar um desastre de
grandes proporções, no
campo dos homens, sem
lhes insuflar o vírus do
medo, tanta vez
portador do desânimo e
da morte". A palavra do
diretor era
esclarecedora. De fato,
muitas pessoas há na
Terra carentes de ação
contínua para o
necessário reequilíbrio
e não seria justo
atormentá-las com
pensamentos de temor e
flagelação...
"Imaginemos – observou
Druso – que fossem
analisar as origens da
provação a que se
acolheram os acidentados
de hoje...
Surpreenderiam, decerto,
delinquentes que, em
outras épocas, atiraram
irmãos indefesos do cimo
de torres altíssimas,
para que seus corpos se
espatifassem no chão;
companheiros que, em
outro tempo, cometeram
hediondos crimes sobre
o dorso do mar, pondo a
pique existências
preciosas, ou suicidas
que se despenharam de
arrojados edifícios ou
de picos agrestes, em
supremo atestado de
rebeldia..." O
dirigente lembrou-lhes,
contudo, que a Lei nos
permite melhorar nossos
créditos, todos os dias.
Quantos romeiros
terrenos são amparados
devidamente para que a
morte não lhes assalte o
corpo, em razão dos atos
louváveis a que se
afeiçoam!... Quantas
intercessões da prece
ardente conquistam
moratórias oportunas
para pessoas que se
encontravam à beira do
túmulo!... "Assim é que,
gerando novas causas com
o bem, praticado hoje,
podemos interferir nas
causas do mal, praticado
ontem, neutralizando-as
e reconquistando, com
isso, o nosso
equilíbrio", explicou o
diretor. "Desse modo,
creio mais justo
incentivarmos o
serviço do bem, através
de todos os recursos ao
nosso alcance. A
caridade e o estudo
nobre, a fé e o bom
ânimo, o otimismo e o
trabalho, a arte e a
meditação construtiva
constituem temas
renovadores, cujo
mérito não será lícito
esquecer, na
reabilitação de nossas
ideias e,
consequentemente, de
nossos destinos." (Cap.
18, pp. 245 a 247)
(Continua no próximo
número.)