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Estudando a série André Luiz
Ano 5 - N° 232 - 23 de Outubro de 2011

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Ação e Reação

André Luiz

(Parte 32)

Damos continuidade nesta edição ao estudo da obra Ação e Reação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Quando é que, após experimentar o processo expiatório, um Espírito se encontra efetivamente quitado do débito do passado?

Silas respondeu a esta questão mencionando o caso de Leo, que atravessou o mesmo suplício que infligiu a seu irmão na existência anterior, mas em um leito de hospital, conformado, resignado e sem escânda­los destrutivos. "Quando a nossa dor não gera novas dores e nossa aflição não cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida está em processo de encerramento”, explicou Silas. “Muitas vezes, o leito de angústia entre os homens é o altar bendito em que conseguimos extinguir compro­missos ominosos, pagando nossas contas, sem que o nosso resgate a nin­guém mais prejudique. Quando o enfermo sabe acatar os Celestes Desíg­nios, entre a conformação e a humildade, traz consigo o sinal da dí­vida expirante..." (Ação e Reação, cap. 17, pp. 237 a 239.)

B. Como chegou à Mansão a notícia relativa à queda de um avião em que faleceram 14 pessoas?

O apelo – que viera da crosta – chegou à Mansão em forma de sinais semelhantes aos do telégrafo de Morse que se fizeram notar em curioso aparelho. Druso ligou, então, uma tomada próxima e viu-se um pequeno televisor em ação a projetar imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a pequena distân­cia. Qual se acompanhassem curta notícia em cinema sonoro, André e os demais contemplaram, surpreendidos, a paisagem terrestre. Naquele quadro inquietante, um an­cião desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a remo­ção de seis das 14 entidades desencarnadas no sinistro. A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali mesmo. Oito dos desencarnados ja­ziam em posição de choque, algemados aos corpos; quatro gemiam, jungi­dos aos próprios restos, e dois deles, embora enfaixados às formas fí­sicas, gritavam desesperados, em crises de inconsciência. (Obra citada, cap. 18, pp. 241 e 242.)

C. Por que pessoas perecem em desastres de grandes proporções, como os acidentes com aviões?

As origens da provação são inúmeras. No caso do desastre aviatório cuja notícia há pouco lhes chegara, Druso disse que havia entre as vítimas delinquentes que, em outras épo­cas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes so­bre o dorso do mar, pondo a pique exis­tências preciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifí­cios ou de picos agrestes, em su­premo atestado de rebeldia. O diri­gente lembrou, contudo, que a Lei nos permite melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos ro­meiros terrenos são amparados devi­damente para que a morte não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam! Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas que se encontravam à beira do túmulo! "Assim é que, gerando novas causas com o bem, pra­ticado hoje, podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio", ex­plicou o diretor. Eis por que devemos incen­tivar sempre o ser­viço do bem, através de todos os recursos ao nosso al­cance. “A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o oti­mismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renova­dores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de nossas ideias e, conse­quentemente, de nossos destinos." (Obra citada, cap. 18, pp. 245 a 247.) 

Texto para leitura

115. Leo desencarna - Foi com o nome de Leo que Ernesto retornou ao campo físico carreando na própria alma os desequilíbrios que assimilou além-túmulo, com os quais renasceu alienado mental, tendo amargado todos os infortúnios impostos a seu irmão debilitado e infeliz, sem faltar nem mesmo as agruras da profissão de guarda-no­turno e a prisão num manicômio. Sua humildade e paciência lhe permiti­ram, no entanto, conquistar a felicidade de encerrar em definitivo o débito do passado. Hilário quis saber como Silas podia ter certeza de que Leo estava realmente quitado do débito do pretérito. Silas escla­receu: "Pois não veem? Qual Fernando, que desencarnou com o tórax per­furado por lâmina assassina, Leo igualmente se despede do corpo com os pulmões em frangalhos. Contudo, pelo procedimento correto que adotou perante a Lei, atravessa o mesmo suplício, mas no leito, sem escânda­los destrutivos, embora esteja vertendo o próprio sangue pela boca, tal qual sucedeu ao mano espezinhado e vencido. Cumpre-se o aresto da Justiça, apenas com a diferença de que, em vez do gládio de ferro, te­mos aqui batalhões de bacilos assassinos..." Diante dos amigos surpre­sos, Silas complementou: "Quando a nossa dor não gera novas dores e nossa aflição não cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida está em processo de encerramento. Muitas vezes, o leito de angústia entre os homens é o altar bendito em que conseguimos extinguir compro­missos ominosos, pagando nossas contas, sem que o nosso resgate a nin­guém mais prejudique. Quando o enfermo sabe acatar os Celestes Desíg­nios, entre a conformação e a humildade, traz consigo o sinal da dí­vida expirante..." (N.R.: Aresto: decisão de um tribunal, acórdão. Ominoso: nefasto, funesto, execrável, agourento, detestável.) O Assis­tente não pôde continuar, porque Leo, em oração, debatia-se nos ester­tores da morte. Silas então o enlaçou, rogando o Amparo Divino, e Leo, envolvido nas suaves irradiações da prece, adormeceu. André imaginou que Silas o transportaria de imediato à Mansão, mas o Assistente in­formou não dispor de autoridade para desligá-lo. "Semelhante respon­sabilidade não nos compete", acrescentou. (Cap. 17, pp. 237 a 239) 

116. Um desastre aviatório - No gabinete de Druso fora registrado apelo urgente da Terra em favor das vítimas de um desastre aviatório. Sinais algo semelhantes aos do telégrafo de Morse se fizeram notados em curioso aparelho. Druso ligou tomada próxima e viu-se um pequeno televisor em ação, sob vigorosa lente, projetando imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a pequena distân­cia. Qual se acompanhassem curta notícia em cinema sonoro, André e os demais contemplaram, surpreendidos, a paisagem terrestre. Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guarda­vam consigo as vítimas do acidente. Naquele quadro inquietante, um an­cião desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a remo­ção de seis das 14 entidades desencarnadas no sinistro. André e Hilá­rio olhavam espantados o espetáculo inédito para ambos. (N.R.: Sua úl­tima existência na Terra fora anterior à era da televisão.) A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali mesmo. Oito dos desencarnados ja­ziam em posição de choque, algemados aos corpos; quatro gemiam, jungi­dos aos próprios restos, e dois deles, embora enfaixados às formas fí­sicas, gritavam desesperados, em crises de inconsciência. Ao lado de­les, amigos espirituais, abnegados e valorosos, velavam, calmos e atentos. Figurando-se cascata de luz vertendo do Céu, o auxílio do Alto vinha, solícito, em abençoada torrente de amor. O quadro era tão real que se podiam ouvir os gemidos, as preces e as conversações dos enfermeiros... (Cap. 18, pp. 241 e 242) 

117. Morte física não significa emancipação espiritual - Em instan­tes, diversos trabalhadores da Mansão puseram-se em marcha. Hilário e André queriam participar da obra de socorro, mas Druso explicou-lhes que o trabalho era de natureza especialíssima, requisitando colabora­dores rigorosamente treinados. Com relação aos seis desencarnados que seriam recolhidos, Druso explicou que o socorro no avião sinistrado seria distribuído indistintamente, mas, se o desastre era o mesmo para todos, a morte era diferente para cada um. "No momento – informou o diretor – serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida in­terior lhes outorga a imediata liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura fí­sica, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes di­zem respeito." A duração dependeria do grau de animalização dos flui­dos que lhes retinham o Espírito à atividade corpórea. "Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias... Quem sabe? Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras con­dições de nossa morte", asseverou Druso. "Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada... <...> E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos acon­selham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possa­mos fugir por forças dos débitos contraídos perante a Lei." Por isso, "morte física" não é o mesmo que "emancipação espiritual". Os outros companheiros, embora detidos na carne, seriam também assistidos, por­que ninguém vive desamparado e o amor infinito de Deus abrange o Uni­verso, mas poderiam ser atraídos por elementos perversos do plano es­piritual, na hipótese de serem surdos ao bem... "No assunto, entre­tanto, é preciso considerar – explicou Druso – que a tentação é sem­pre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós." (Cap. 18, pp. 243 e 244) 

118. Causas dos resgates coletivos - Hilário perguntou diretamente a Druso por que ele e André não poderiam colaborar nos serviços de resgate. O di­retor da Mansão informou: "É imperioso observar <...> que vocês cole­tam material didático para despertamento de nossos ir­mãos encarnados, quase todos eles em fase importante de luta, no acerto de contas com a Justiça Divina. Analisando os resgates dessa ordem, vocês fatalmente seriam compelidos à autópsia de situações e problemas suscetíveis de plasmar imagens destrutivas no ânimo de mui­tos daqueles que ambos se propõem auxiliar". Esboçando leve sorriso em que deixava transparecer a humildade que lhe adornava o Espírito, Druso aditou: "Parece-me que não seríamos capazes de comentar um de­sastre de grandes proporções, no campo dos homens, sem lhes insuflar o vírus do medo, tanta vez porta­dor do desânimo e da morte". A palavra do diretor era esclarecedora. De fato, muitas pessoas há na Terra ca­rentes de ação contínua para o necessário reequilíbrio e não seria justo atormentá-las com pensamen­tos de temor e flagelação... "Imaginemos – observou Druso – que fos­sem analisar as origens da provação a que se acolheram os acidentados de hoje... Surpreenderiam, decerto, delinquentes que, em outras épo­cas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes so­bre o dorso do mar, pondo a pique exis­tências preciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifí­cios ou de picos agrestes, em su­premo atestado de rebeldia..." O diri­gente lembrou-lhes, contudo, que a Lei nos permite melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos ro­meiros terrenos são amparados devi­damente para que a morte não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam!... Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas que se encontravam à beira do túmulo!... "Assim é que, gerando novas causas com o bem, pra­ticado hoje, podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio", ex­plicou o diretor. "Desse modo, creio mais justo incen­tivarmos o ser­viço do bem, através de todos os recursos ao nosso al­cance. A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o oti­mismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renova­dores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de nossas ideias e, conse­quentemente, de nossos destinos." (Cap. 18, pp. 245 a 247) (Continua no próximo número.)



 


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