JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
Eu sou o que
sou, porque eu
não posso ser o
que eu
não sou
De duas uma, ou
os teólogos
católicos
ignoram algumas
questões
doutrinárias, ou
eles ocultam-nas
aos seus fiéis.
Nunca se vê um
padre pregar
sobre o dogma da
Comunhão dos
Santos (não
aceito pelos
protestantes e
evangélicos),
que defende o
nosso contato
com os Espíritos
dos mortos, com
os de cá
ajudando os de
lá, que, por sua
vez, podem
ajudar os que
estão do lado de
cá, o que é uma
prática
espírita, que
não força também
o Espírito a se
manifestar.
Quem estuda a
Bíblia em
profundidade
nota uma grande
diferença entre
o Deus Pai de
Jesus e de todos
nós, e o Javé,
do Velho
Testamento. Para
a Doutrina dos
Espíritos, Javé
é um Deus, ou
seja, o Deus do
povo hebreu.
“Disse Deus a
Moisés: Eu Sou o
que Sou. Disse
mais: Assim
dirás aos filhos
de Israel:
Eu Sou quem me
enviou a vós
outros. Disse
Deus ainda mais
a Moisés:
Assim dirás aos
filhos de
Israel: O Senhor
– o Deus de
vossos pais, o
Deus de Abraão,
o Deus de Isaque
e o Deus de Jacó
– me enviou a
vós outros; este
é o meu nome
eternamente, e
assim serei
lembrado de
geração em
geração.” (Êxodo
3: 14 e 15).
Observe-se que o
texto deixa
claro que se
trata do Deus
dos hebreus ou
do Deus de
Abraão, do de
Isaque etc., e
não do Deus
absoluto, o Deus
de Jesus, o Deus
Pai, o Deus de
todos e de todo
o Universo.
Liguemos isso
com a frase
ouvida pela
médium vidente
de Lourdes: “Eu
sou a Imaculada
Conceição”. E
observe-se que o
texto bíblico
tem as duas
formas verbais –
“Eu Sou o que
Sou” – com as
iniciais
maiúsculas, por
se tratar do
nome com o qual
o Deus dos
hebreus quis ser
identificado, e
não como sendo o
Deus absoluto. É
como se Javé
dissesse: eu
existo e sou do
jeito que sou. E
lembremo-nos de
que o verbo ser
tem também o
sentido de
existir. Assim,
quando alguém
diz “eu sou”, é
como se dissesse
eu existo. E
nessa expressão
“Eu Sou o que
Sou” (em algumas
traduções lê-se
“Eu Sou Aquele
que Sou”), nós
temos os dois
sentidos de Javé,
que Ele existe e
de como Ele é.
À página 33, de
seu livro “O
Evangelho
Esotérico de São
João”, lançado
no Brasil pela
Ed. Pensamento,
SP, o pensador e
teólogo
esotérico
francês Paul Le
Cour diz que a
frase de
Descartes,
“Penso, logo
existo”, deveria
ser constituída
assim: “Sou
(existo), logo
penso” (sou um
pensante).
O
autoconhecimento,
o conhecimento
de si próprio, é
uma das coisas
mais difíceis de
nossa vida. Daí
aquela conhecida
advertência
evangélica:
“Você vê um
cisco no olho do
seu semelhante e
não vê uma trave
no seu!”. E o
excelso Mestre,
com essa
advertência,
mostrou para nós
o quanto é
deficiente de
fato o nosso
autoconhecimento
com relação às
nossas
imperfeições.
Realmente, o
nosso ego nos
deixa cegos para
as nossas
imperfeições e
para as
perfeições do
outro.
A expressão “Eu
sou o que Sou”
pode ser dita
também por todos
nós,
principalmente
quando já
tivermos um
conhecimento de
nós mesmos mais
avançado e
capaz, pois, de
nos fazer
enxergar mais as
nossas
imperfeições
que, por certo,
serão em número
maior do que o
das nossas
perfeições!