FRANCISCO ALTAMIR DA
CUNHA
falcun@ig.com.br
Natal, RN
(Brasil)
Caridade - expressão do
amor ao próximo
1 – Como interpretar
à luz da Doutrina
Espírita a afirmativa:
“Fora da Igreja não
há salvação”?
Encontramos uma grande
diferença quando
submetemos a uma análise
mais aprofundada as duas
afirmativas: ‘Fora da
Igreja não há salvação’,
e ‘Fora da caridade não
há salvação’.
Quando dizemos ‘Fora da
Igreja não há salvação’,
particularizamos; pois,
dessa forma são
excluídas as pessoas que
não frequentam a Igreja,
ou que não estão
vinculadas a uma
religião. No entanto,
quando afirmamos “Fora
da caridade não há
salvação”, desvinculamos
a salvação de uma
obrigatoriedade
religiosa, tornando-a
consequência da
solidariedade, da
prática do amor, que são
a essência da doutrina
de Jesus.
2 – Há um ponto de
doutrina em algumas
religiões, através do
qual somente a fé
salva; a caridade é
dispensável. Comente a
respeito.
Não há como aceitarmos
essa afirmativa quando
analisamos o que se
encontra registrado em
Mt. 25, 34-36: “[...]
Vinde benditos de meu
Pai, possuí por herança
o reino que vos está
preparado desde a
fundação do mundo;
porque tive fome e
destes-me de comer; tive
sede e destes-me de
beber [...]”, e também
em Tiago 2, 14-17: “Meus
irmãos, que aproveita se
alguém disser que tem
fé, e não tiver as
obras? Porventura a fé
pode salvá-lo? [...] A
fé, se não tiver as
obras, é morta em si
mesma”.
A fé, sem sombra de
dúvida, é importante;
mas é justamente pela
fé, que depositamos em
Jesus, que devemos
seguir seus preceitos,
cuja base é o amor. E o
amor em ação chama-se
caridade.
A expressão da fé
através da adoração e da
exaltação do nome de
Jesus é louvável, mas
não suficiente, pois ele
mesmo afirmou: “Nem
todos os que me dizem
‘Senhor! Senhor!’
entrarão no reino dos
céus; apenas entrará
aquele que faz a vontade
de meu Pai, que está nos
céus”.
(Mt. 7; 21)
3 – Quem é nosso
próximo, ao qual devemos
amar, conforme os
ensinamentos de Jesus?
Toda criatura no mundo é
o nosso próximo, ao qual
devemos amar como
extensão do amor a Deus.
A proximidade à qual
Jesus faz referência não
é exclusivamente
espacial. Nós nos
tornamos próximos pelo
laço espiritual que nos
une, através do qual,
formamos a grande
família universal. Somos
todos irmãos
independentes de crença,
nacionalidade ou
condição
sócio-econômica, porque
somos filhos de Deus. No
entanto, no que diz
respeito à prática da
caridade, o próximo será
sempre aquele que, de
forma direta ou
indireta, apresente-se
em nossa vida como
necessitado material ou
espiritual.