Confissão
e prece
Maria Dolores
Senhor Jesus!...
Enquanto orava, ainda
hoje,
Pedindo auxílio e
inspiração,
Uma voz que vertia do
Mais Alto
Disse-me ao coração:
– Deus nos criou a fim
de que sejamos
Um templo vivo para o
amor sem fim,
Um pouso sempre assim
De portas para a luz e
abertas para o bem,
Que, momento a momento,
lhe arrecade
Os tesouros de paz e de
bondade
Para servir sem
perguntar a quem...
É por isto, Jesus, que
te venho rogar:
Reconstrói a minh’alma
pequenina...
Entre a luta que vem e
as lutas que se vão,
Assemelho-me à estreita
construção
Que o caruncho arruína.
Tão pobre qual me
encontro e qual me
aceitas,
Apresento-te o piso
esburacado,
As brechas do telhado,
As paredes lodosas e
imperfeitas...
Contempla em mim as
cargas do recinto
Atulhado de erros e de
enganos,
Na sucata infeliz de
meus dias insanos
Sobre o imenso pesar dos
remorsos que sinto.
Deixa que a dor me alije
o peso da amargura
E ensina-me, Senhor, a
recebê-la,
Qual a noite nublada
acolhendo uma estrela
Para fugir da treva em
que se desfigura.
Não importa minh’alma a
ralar-se esquecida
Aos golpes da aflição em
que me vejo.
Poda-me o coração,
alimpa-me o desejo,
Anseio renovar-me ao ar
puro da vida.
Que me atribule e sofra,
ante a luz que me
alcança,
Mas que eu seja contigo
e sempre em ti, Senhor,
Um canteiro de paz no
campo da esperança,
Um refúgio de fé e uma
bênção de amor.
Do cap. 15 do livro
Diálogo dos Vivos,
obra de Francisco
Cândido Xavier, J.
Herculano Pires e
Espíritos diversos.
|