Quando os
familiares
adoecem
A vida na Terra,
caro leitor, não
permite muitas
reclamações. Uma
queixa aqui,
outra acolá,
tudo bem. Mas
viver reclamando
das vicissitudes
da existência é
contraproducente,
perda de tempo e
de energia.
O melhor é
aproveitar os
desafios
existenciais e
tentar
resolvê-los.
Se forem, porém,
insolúveis, daí
resta-nos a
resignação.
Já dizia mestre
Wanderlei
Luxemburgo: Problema
sem solução é
problema
resolvido!
Toda esta
introdução é
para contar-lhes
um fato.
Tenho uma tia
que está há 27
anos deitada
numa cama sem
conseguir mexer
qualquer membro.
Não fala, não
pede, não anda,
não gesticula...
Esta tia tem 3
filhos e o
marido que se
revezam em seus
cuidados.
Dão banho,
papinha, trocam
fralda,
ministram
remédio e tudo o
mais que alguém
enfermo
necessita.
O pessoal antes
reclamava, mas
depois de alguns
anos, já
vencidos pelo
cansaço,
resolveram
aceitar a vida
como ela é.
Bem, como eu
disse, ela não
faz nada, mas
está viva, ou,
melhor dizendo,
encarnada,
coração pulsando
e tudo mais.
Em casos assim,
é importante
lembrarmos que
embora o corpo
esteja baleado o
Espírito está
lúcido, vendo
tudo o que se
passa ao seu
redor.
Já pensou que
prisão, caro
leitor? Nem
direito a
saidinha ela
tem. Corrigindo:
tem sim, quando
nos momentos do
sono de seu
corpo físico.
Mas observe a
prisão em que
ela vive, 27
anos sem falar,
andar, cantar,
pular, dançar e,
o pior: sem
direito a
reclamação.
Mas de retorno
ao assunto e
reforçando o que
dissemos acima:
embora o corpo
esteja
danificado, o
seu Espírito
sente, ama,
emociona-se,
pois as emoções
residem no
espírito.
Você questionará
aonde quero
chegar com esse
papo.
Quero dizer aqui
que, não
obstante as
dificuldades e
limitações
físicas, os meus
primos a tratam
normalmente.
Conversam com
ela, colocam-na
a par das
novidades da
casa, se haverá
reforma ou não,
se brigaram com
a namorada, se
estão enfermos
ou com saúde.
Enfim, embora
ela não se mexa
e esteja
prostrada em uma
cama há quase
três décadas,
ela presta total
atenção no que
eles dizem. É
óbvio: seu
espírito está
ativo, sentindo,
amando,
vivendo...
Cientes da
realidade
imortal, não
podemos deixar
de tratar
familiares
doentes – aqui
quem os tiver –
como se não
existissem.
É importante
para seu
caminhar
evolutivo que
recebam a
atenção que
merecem. Ele não
responde? E daí?
São dificuldades
do corpo que
serão sanadas
com o tempo.
Contudo, a alma
está bem viva e
atenta.
Se você tem
alguém em casa
na situação
provisória de
invalidez física
– invalidez aqui
escrita para
efeitos de
entendimento sem
cairmos em
digressões
filosóficas
sobre o tema –,
não se limite
aos cuidados
básicos de
alimentação e
medicação. Vá
além. Converse,
beije, conte
seus problemas,
dê-lhe atenção.
Faça o ente
querido fazer
parte da
família. Pode
ser que agora
ele não responda
por conta da
limitação
física, mas
tenha a certeza
de que, no
reencontro na
Pátria
Espiritual,
quando liberto e
recuperado do
mal que o
acometeu, o
familiar
certamente lhe
agradecerá por
você não tê-lo
deixado alheio
aos
acontecimentos
por conta de
suas limitações
físicas.
Afinal, muito
pior do que a
dificuldade do
corpo é a
cegueira que
acomete a quem
não observa os
largos
horizontes do
Espírito
imortal.
Pensemos nisso!