WILSON CZERSKI
adepr@adepr.org.br
Curitiba, Paraná
(Brasil)
Alguns aspectos da fé
Para os materialistas a
fé é uma muleta
psicológica. Para os
religiosos é a alavanca
que move montanhas.
Falamos em quatro
diferentes tipos de fé:
a depositada em Deus, a
confiança na proteção de
entidades espirituais, a
que acredita nas
próprias possibilidades
e a praticada em relação
aos outros indivíduos.
Examinemos cada uma
delas.
Ter fé nas outras
pessoas significa
confiar nos seus bons
princípios e propósitos.
A própria legislação
penal prevê que se é
inocente até prova em
contrário. Desarmar
Espíritos e se despir de
preconceitos para
enxergar para além das
aparências. As palavras
e atitudes alheias devem
ser tomadas como
verdadeiras.
Naturalmente no mundo
atual não podemos ser
ingênuos e confiar
cegamente em qualquer um
que nos apareça à
frente, deixando-nos
ludibriar pelos
espertalhões, tanto os
“vivos” como os
desencarnados. Queremos
dizer que devemos usar o
bom senso e avaliar
racionalmente as
circunstâncias, dar uma
chance de que o outro
demonstre sua
sinceridade de
intenções.
Não podemos é ser
coniventes com o erro, a
desonestidade, a mentira
dos encarnados nem
aceitar sem exame
instruções ou conselhos
de Espíritos. Allan
Kardec sempre teve o
extremo cuidado de, ao
lidar com a mediunidade,
observar, inquirir,
analisar as comunicações
espirituais, sabedor de
que os comunicantes não
são possuidores de toda
a verdade. Mesmo os
bem-intencionados só
falam do que sabem. E há
os chamados “falsos
profetas” que
premeditadamente tentam
iludir e fraudar.
Exemplo: há os
verdadeiros necessitados
de esmola e os
profissionais da
mendicância. Como
distingui-los?
Conversando, despendendo
tempo com eles, usando
da paciência e da
caridade. Outra
situação: no ambiente de
trabalho ficar atento
para não ser envolvido
por colegas negligentes
ou desonestos, cuidando
para que a nossa amizade
sincera não obscureça a
razão.
Outro tipo de fé é a
capacidade de crer nas
próprias possibilidades.
Essencial para uma vida
de sucesso, mas deve ser
isenta da presunção que
faz crer superioridade a
tudo e todos. Humildade,
pois sem Deus nada é
possível. Incluímos
também as grandes
realizações coletivas,
científicas, sociais,
religiosas e políticas.
Sois deuses,
afirmou Jesus, porém
sempre subordinados à
vontade maior do Pai.
Além disso é preciso
respeitar os limites da
realidade atingível e as
injunções cármicas. Por
maior que seja o
otimismo e mesmo a fé em
Deus, nos outros e nos
Espíritos Benfeitores,
há experiências pelas
quais temos que passar
obrigatoriamente.
Reajustes programados
pela lei de Causa e
Efeito que materializa a
justiça divina. Erros do
passado, algumas vezes,
até podem ser
ressarcidos pela prática
do Bem, mas em outras só
a dor se faz o remédio
único que promoverá a
cura da alma. Por falar
em cura, lembramos a
declaração do Cristo à
mulher que sangrava há
doze anos: Tua fé te
curou. Mas porque
ela apresentava
merecimento ou sua
expiação já havia
chegado ao fim.
A fé em si mesmo realiza
os chamados sonhos
impossíveis e as
vitórias pessoais de
deficientes, o sucesso
nas paraolimpíadas. Ou
nas pesquisas
científicas que provam o
aumento da imunidade
orgânica contra as
doenças para aqueles que
praticam algum credo
religioso.
A fé nos seres
superiores passa também
pelos limites de leis.
Nem tudo eles têm
autorização para nos
conceder. Se não
conseguirmos o
solicitado, nada de
revolta. Eles indicam
caminhos, dão
orientações e estímulos
pelas inspirações, mas
não interferem em nosso
livre-arbítrio e
destino.
A fé em Deus deve ser
calma e paciente,
apoiada na inteligência.
Não pode ser estagnada,
morna ou só da boca para
fora; tem que ser
prática, dinâmica e
racional, baseada no
conhecimento e não em
dogmas irracionais.
“Creio porque sei e não
porque alguém impôs”. A
fluidoterapia é eficaz,
mas não faz milagres.
Possui bases morais e
científicas, não é um
ritual.
A fé cega leva ao
fanatismo, ao apego à
letra que mata, a
perseguições e lutas, ao
terrorismo; a fé
racional liberta. O
orgulho atrapalha.
Lembramos sábias lições.
Se tiverdes fé do
tamanho de um grão de
mostarda direis ao monte
‘muda-te daqui para
acolá e ele se mudará’.
Ou com o salmista: “Se o
Senhor está conosco,
quem poderá estar
contra?; nada me
faltará”. Talvez seja
mais correto dizer que
se nós estamos com o
Senhor, porque Deus é
onipresente e sempre
está conosco. Somos nós
que lhe barramos a
entrada, trancando as
portas do coração e da
mente. Criamos uma
carapaça de energias
negativas constituídas
pelo egoísmo, vícios,
mau pensar, mau sentir e
mau agir.
A fé é filha da
esperança, mãe da
caridade e irmã da
perseverança. Inspira a
caridade verdadeira e
desinteressada. É a base
para a eficácia da
oração. Pronunciar
Seja feita a tua vontade,
no “Pai Nosso”, requer
reflexão. Einstein: “A
religião sem a ciência é
cega e a ciência sem a
fé é manca”. Já para
Allan Kardec: “A fé
verdadeira é a que pode
encarar a razão face a
face em qualquer época
da humanidade”.