Escolha de uma
mãe
Uma senhora de
58 anos,que veio
até nós
chamou-nos a
atenção pela
linguagem muito
correta e pelo
porte distinto.
Estava
simplesmente
vestida, mas, ao
mesmo tempo,
elegantemente
vestida.
Isso não é
comum, na
periferia onde
trabalhamos.
Pensamos até
tratar-se de uma
senhora de
classe social
mais elevada.
Enquanto
conversávamos,
ela mencionou
uma dor nas
costas que a
estava
incomodando
muito,
provavelmente
fruto dos anos
em que ela, para
ajudar a
família,
trabalhou duro
como faxineira.
Nunca imaginara
no passado que
aqueles esforços
na faxina iriam
prejudicá-la
tanto, a ponto
de não poder
mais carregar
peso, tamanha a
dor que sente.
Surpreendida,
dissemos que,
sem desmerecer a
profissão, que
achamos muito
digna, ja-mais
imaginaríamos,
pela sua
linguagem
impecável e
incomum, que ela
tivesse sido
faxinei-ra.
Pensamos que
fosse
professora.
“Esse era meu
sonho, estudar
geografia e dar
aulas”,
disse-nos ela.
“Tive, no
entanto, de
optar. Tive
quatro filhos,
todos homens.
Meu marido
precisava de
ajuda e meus
filhos tam-bém.
Escolhi ser
faxineira para
comandar meus
horários,
escolher quais
horários eu
podia trabalhar,
para dar atenção
aos meus filhos
e educá-los. Não
me arrependi.
Meus quatro
filhos são
homens
excelentes,
educados,
gentis, honestos
e carinhosos. Os
três mais
ve-lhos são
casados e já têm
filhos. O mais
novo, de 24 anos
, trabalha, mas
ainda mora
co-migo. É meu
amigo,
respeita-me
muito. Com a
idade que tem,
como mora em
minha casa até
hoje, quando vai
sair, me
pergunta se pode
ir, se não me
incomodo, enfim,
se eu dei-xo. Se
deseja levar
alguém em casa
pergunta se eu
permito. Outro
dia, saindo, eu
disse a ele num
tom mais alto:
Volte até as
onze da noite,
está bem? Ele
falou: oh! Mãe!
Voltou, me
beijou e abraçou
dando risada e
disse: Não fale
tão alto! Quer
que os vizinhos
todos escutem? E
saiu. Voltou às
onze da noite.
Não me arrependo
de ter desistido
de uma car-reira
com que sonhava,
pelos meus
filhos. Posso
dizer que valeu
a pena, sou
feliz, vendo os
homens que meus
filhos se
tornaram. Eu
tinha o sonho de
fazer
geografia.”
Agora a senhora
pode. Nunca é
tarde demais,
dissemos a ela.
“Sabe que sua
conversa está me
tentando? Vou
pensar
seriamente no
caso. Agora eu
pos-so!”
Ficamos pensando
nessa mãe, que
renunciou aos
seus desejos por
amor a seus
filhos, que hoje
são homens de
bem. Poderia ter
escolhido uma
profissão que
fizesse jus à
sua capaci-dade,
mas fez a melhor
escolha: seus
filhos. Hoje ela
é feliz.
Temos falado
bastante com as
mães sobre a
melhor escolha.
Muitas estão
escolhendo ter
coisas , dar
coisas. Querem
dar tudo o que
nunca tiveram e
se esquecem de
que hoje são o
que são porque
tiveram o
principal: suas
mães.
Temos tido
muitas mães
chorando,
descobrindo
tarde que o que
seus filhos
queriam eram
elas, sua
presença, seu
amor, sua
educação. Uma
dessas chorou
contando o que
sucedeu com a
filha. Sempre
sozinha a
menina, sem
afeto, sem
carinho, ela
trabalhando
demais para
comprar coisas
para a filha. A
menina se
desequilibrou
tanto, ainda aos
8 anos de ida-de,
que tivemos de
encaminhá-la
para socorro
espiritual,
homeopatia e
psiquiatria
infantil, para
tentar ajudá-la,
pois seu
comportamento
está assustando
a escola toda e
também à própria
mãe, que, diante
do fato, percebe
que o dinheiro
agora é o menos
importante. O
importante é a
criança ficar
bem. Pelo quadro
que está
apresentando,
será difícil.
Ficamos nos
perguntando se
isso teria
acontecido caso
a menina tivesse
a couraça do
amor para
protegê-la.
Talvez o fato
não ocorresse,
pois não existe
poder maior que
o amor.
Trabalhar é
bendita oficina
de aprendizado e
socorro. A
oportunidade de
trabalhar é
aben-çoada e
ajuda o ser no
processo de
crescimento
espiritual. O
que lamentamos é
o excesso, o
abandono. Como
um Espírito
encarnado
aprenderá a amar
se aqueles aos
quais Deus o
confiou estão
esquecendo
disso?
O comportamento
de muitas
crianças desta
geração está
mostrando, como
num grito de
socorro, que os
pais despertem,
que as mães
vejam a grandeza
do seu papel e
cuidem, amem,
eduquem. Que
trabalhem fora,
mas não só isso.
Enxerguem a
criança ao lado,
ensi-nem-lhe o
amor ao próximo,
a piedade. Quem
tem compaixão
não faz mal a
ninguém, ao
contrário,
torna-se foco de
luz por onde
passa, o que
consola a dor e
acende nas almas
tristes a
esperança.
A escolha dessa
mãe faxineira
foi uma renúncia
aos seus desejos
pessoais por
amor aos filhos.
Preferiu um
trabalho mais
humilde, mas que
lhe permitiu
tempo para
educá-los.
Quando os filhos
estão
esquecidos, o
egoísmo grassa e
a dor aumenta
pelas ações de
de-sequilíbrio.
Dizem os
Espíritos, na
questão 915 de O
Livro dos
Espíritos: “É
certo que o
ego-ísmo é o
vosso mal maior,
mas ele se liga
à inferioridade
do Espíritos
encarnados na
Terra e não à
humanidade em si
mesma. Ora, os
espíritos se
purificam nas
encarnações
sucessi-vas,
perdendo o
egoísmo, assim
como perdem as
outras
impurezas. Não
tendes na Terra
algum homem
destituído do
egoísmo e
praticante da
caridade?
Existem em maior
número do que
julgais, mas
conheceis poucos
porque a virtude
não se procura
fazer notar. E
se há um, por
que não haverá
dez? Se há dez
por que não
haverá mil, e
assim por
diante?”
Como essa mãe
faxineira, há
dez, há mil, há
milhares que
estão zelando
por seus filhos,
ensinando-os a
amar, a serem
homens de bem no
futuro, aqueles
que farão a
diferença para
um amanhã
melhor.
Mantenhamos,
pois, nossas
esperanças num
mundo melhor
amanhã. Jesus
está no leme e a
Terra sob seu
comando. Às
mães, força,
coragem, para
fazerem de seus
filhos os
cristãos do
presente, os que
honram Jesus, os
que o amam,
amando os
homens, seus
irmãos.
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