Diz Allan Kardec: “A questão
da identidade dos Espíritos
é uma das mais
controvertidas, mesmo entre
os adeptos do Espiritismo”
(O Livro dos Médiuns,
capítulo XXIV, item 255).
No mesmo capítulo, apresenta
o Codificador a diferença
entre a identificação de uma
comunicação de Espíritos
antigos e a de Espíritos
contemporâneos, assim
explicando: “A identidade do
Espírito de personagens
antigas é a mais difícil de
se constatar, com frequência
mesmo impossível, e se reduz
a uma apreciação puramente
moral... A identidade é
muito mais fácil de se
constatar quando se trata de
Espíritos contemporâneos,
dos quais se conhecem o
caráter e os hábitos, porque
são precisamente por esses
hábitos, dos quais ainda não
tiveram tempo de se
despojar, pelos quais se
fazem reconhecer, e dizemos,
em consequência, que aí está
um dos sinais mais certos de
identidade”.
No dia 17 de agosto de 1951,
dois grandes médiuns se
encontraram na casa do Sr.
Rômulo Joviano, então
diretor da Fazenda Modelo de
Pedro Leopoldo, onde Chico
trabalhava, pela Secretaria
de Agricultura do Estado de
Minas Gerais: Chico Xavier e
o professor Pietro Ubaldi,
médium do livro “A Grande
Síntese”, lançado em solo
italiano.
Quem descreve esse encontro
é Clóvis Tavares, que o
registra no seu livro
“Trinta Anos com Chico
Xavier”, editado pelo IDE,
de Araras, SP.
Vejamos o que Clóvis ali
relata:
“Às seis horas da tarde,
reunimo-nos em oração, numa
sala da residência do Dr.
Rômulo. Éramos vários
confrades paulistas,
fluminenses e mineiros,
entre os quais alguns
membros da Comissão
Pró-visita do Professor
Ubaldi ao Brasil.
Ao nos sentarmos em torno de
grande mesa, verificamos que
éramos doze os presentes...
Chico e o Prof. Ubaldi
começam a escrever...
Excelsas mensagens são
recebidas: uma, do
Pobrezinho de Assis, o
grande São Francisco,
através do lápis célere de
Chico. Outra, de “Sua Voz”,
pela caneta também
velocíssima do Missionário
de Gubbio.
Após a recepção e leitura
dos dois luminosos
documentos, como de hábito,
Chico passa a descrever, em
sua encantadora
simplicidade, os
acontecimentos por ele
percebidos no ambiente
psíquico que se formara
durante os serviços
espirituais da noite.
Declara o sensitivo mineiro
que dele se aproximou uma
Entidade Espiritual,
revelando chamar-se Lavínia
e haver sido mãe do Prof.
Ubaldi. Abraçou o filho,
carinhosamente, dizendo: -
Para Cristo ele é um
apóstolo, mas para mim será
sempre o meu ‘bambino’. E
entre expressões afetuosas
chamou-lhe: ‘Mio garofanino’.
O Prof. Ubaldi, muito feliz
e muito comovido, sentindo
igualmente a presença
maternal, comprova tudo,
declarando que era com esse
‘vezzeggiativo’ (espécie de
diminutivo de carinho) que
sua mãezinha o apelidava
ternamente, quando
pequenino: ‘mio garofanino’:
‘meu pequeno cravo’.”
Chico faz também um relato
do que foram aqueles
instantes extraordinários
que eles estavam vivendo.
Assim conta Clóvis o que
mais Chico descreve: “Era
uma grande luz que descia do
Alto sobre o recinto.
Sentiu-se transportado em
espírito para muito longe,
e, nesse voo, contempla na
Itália distante o túmulo de
São Francisco, em Assis,
junto ao qual vê o Prof.
Ubaldi despedir-se, antes de
sua viagem ao Brasil, do seu
grande amigo: o ‘Poverello’
de Assis. Este fato real,
depois narrado pelo próprio
Prof. Ubaldi em carta aos
amigos brasileiros, era
ainda desconhecido de F. C.
Xavier.”
“Finalmente, diz Clóvis,
ainda mais interessante, se
é possível assim dizer.
Chico registra a presença de
uma irmã do Prof. Pietro, já
desencarnada, que veio em
companhia de D. Lavínia
Alleori Ubaldi e de Franco,
seu filho. Afirma chamar-se
Maria. É aí que sobrevém
algo de duvidoso e inédito,
mas que veio a tornar-se um
fato probatório
extraordinário. O Professor
declara, humildemente, que,
de fato, tem uma irmã
chamada Maria, mas ainda
viva, na Itália, - Maria
Ubaldi Papparelli...
“Um momento abalador, de
hesitação geral, de
ansiedade, quase de choque,
ante o insólito
acontecimento. Mas, foi
questão de segundos, de
brevíssimos segundos: o
Espírito Maria esclarece o
Professor, afirmando que ela
fora também sua irmã,
homônima da que estava viva
na Itália, havendo morrido
há muito tempo, quando
Pietro Ubaldi era ainda bem
criança... O professor,
então, maravilhado, confessa
que só agora, após a
elucidação espiritual,
recordava que, de fato,
sabia haver tido uma irmã,
que não chegara a conhecer
pessoalmente, também chamada
Maria, tal qual a que ainda
se achava encarnada na
Europa... Foi uma prova
realmente maravilhosa,
singularíssima, da verdade
da sobrevivência
espiritual.”