ANGÉLICA DOS
SANTOS SIMONE
angelssimone@gmail.com
São Paulo, SP
(Brasil)
Entendendo a
Parábola
do
Semeador
Para
compreendermos o
processo
evolutivo do
Espírito, as
lições morais
colocam-se como
companheiras
essenciais em
nossa jornada.
Apresentaremos
no seguinte
texto algumas
apreciações com
referência à
Parábola do
Semeador, ou
seja, como o
caminho da
preparação do
Espírito é
trilhado para
que ele
corresponda, de
acordo com seu
trabalho, às
sementes do
conhecimento que
são semeadas por
Jesus.
Da preparação do
terreno
Utilizaremos de
todos os
elementos que
compõem a
parábola,
trazendo-os à
luz da
compreensão para
acioná-los em
nosso dia-a-dia.
A Humildade tem
como fonte
etimológica o
latim húmus, que
significa terra.
Terra,
categoricamente,
é aquilo que
está embaixo de
todos os objetos
que compõem a
natureza, que
está fixo à
camada rochosa e
é a base onde
floresce a vida.
Humildade,
portanto, é o
momento da
terra. O humilde
(humilis) é
aquele que está
no chão, que não
se ergue. A
palavra homem
também possui a
mesma raiz
etimológica.
Faz-se
necessário
começar os
estudos pela
própria
compreensão da
estrutura
evolutiva das
palavras e como
seus usos e
significados
mudaram durante
a história.
Imaginemos então
a seguinte
situação:
Estamos em
frente a um
terreno que há
muito tempo não
é trabalhado,
pisamos em um
turrão de
terra. O solo
está muito
compactado
(acomodado) e
não há qualquer
vegetação. Temos
a intenção de
prepará-lo para
o cultivo. Qual
a primeira coisa
que se deve
fazer?
Primeiramente
devemos retirar
todo o material
desnecessário
que atrapalhe a
modelação dos
canteiros:
pedras, capins,
ervas daninhas
etc. Limpar o
terreno com as
mãos requer
muito tempo,
para isso temos
algumas
ferramentas que
poderão ajudar,
mesmo porque
depois
precisaremos
descompactar
(desacomodar) o
solo.
Nesta primeira
etapa, queremos
dizer que nós
permanecemos
estagnados
durante muito
tempo de nossas
vidas sem
qualquer
alteração de
nossas emoções,
condutas e
pensamentos, com
parcial ou total
indiferença em
relação ao mundo
e às pessoas que
nos rodeiam.
Talvez isso
ocorra por conta
da facilidade
que se tem ao
compactar as
emoções e os
pensamentos
(como fazemos
com nossas
roupas no
armário), pois
remexê-los
demandará
arrumá-los. Tal
situação gera um
gasto de energia
que nos
incomoda, pois
toda
transformação,
toda reforma
gera incômodo. É
uma sensação
biológica
natural.
Para tanto,
usaremos uma
ferramenta que
tem a mesma
função do
rastelo e se
chama
Resignação. Com
ela, iremos
desenraizar os
pensamentos
danosos, as
mágoas
empedradas, os
rancores
apodrecidos e
demais emoções
negativas que
criaram raízes
profundas em
nosso Espírito
com o passar do
tempo.
O rastelo da
resignação fez o
seu trabalho de
puxar tudo que é
inútil e
atravanca o
desenvolvimento
de nossas
plantinhas.
Agora podemos
empregar a
enxada da
Meditação; com
ela iremos
lavrar as
emoções mais
antigas e que
ainda insistem
em permanecerem
enraizadas, são
aquelas que de
tão antigas
produziram
outras e mais
outras, aquelas
onde as raízes
formam casulos e
que são mais
difíceis de
serem removidas.
Com isso, também
estaremos
descompactando o
solo, o turrão
em que
pisávamos, com
esta ferramenta,
será todo
remexido e
esmiuçado para
confirmar a
ausência de
qualquer
elemento que
atrapalhe a
nossa plantação.
Estamos com o
nosso solo
remexido, com as
ervas daninhas e
pedras
espalhadas na
superfície onde
o sol poderá
vê-los melhor.
Esta é a fase de
selecionarmos e
analisarmos o
histórico
emocional que
ora está
colocado para
fora na presença
da luz
(consciência),
de forma que
podemos melhor
analisá-los e
separá-los para
dar-lhes outra
destinação.
Assim, a pá do
Perdão começará
a averiguar cada
emoção, cada
pensamento
colocando-os no
monte ao lado do
canteiro onde se
agruparão os
erros cometidos
e que não
perdoamos. Neste
momento, o
processo de
meditação
precisa do
auxílio da
resignação, para
que as
lembranças não
gerem revoltas
e, do perdão,
para que
compreendamos
que somos
passíveis de
cometer erros.
Estamos no
processo da
Reforma Íntima.
Quando eu trago
as minhas
emoções,
sentimentos e
pensamentos para
a luz da
consciência, eu
consigo
enxergá-los mais
facilmente,
assim podendo
melhor
analisá-los e
tratá-los com o
devido respeito
e compreensão,
pois o lavrador
compreende o
solo e sabe que
para ele
oferecer o campo
ideal ao cultivo
precisa passar
por várias
etapas que
exigirão tempo,
o tempo do
Espírito, e este
tempo é
diferente para
cada pessoa,
assim como para
cada tipo de
solo.
Acima do tempo
dos homens está
o tempo de Deus,
e este é eterno
e ideal. Esta
fase é muito
delicada, pois
ainda não somos
humildes para
lidarmos com
nossas próprias
memórias.
Julgamo-nos
constantemente,
como se
existisse um
mestre invisível
cobrando-nos uma
conduta digna de
deuses, que em
sua perfeição
alcançaram-na
naturalmente e
não a passos
largos. O
retorno às
atividades não
cumpridas
(reencarnação) é
o resultado do
atalho que
escolhemos como
o caminho mais
fácil e rápido
para se chegar à
iluminação.
Desta maneira,
tal tarefa não
pode ser
cumprida por
outra pessoa.
Não há Espírito
neste universo
que possa lidar
com as nossas
memórias e com
os nossos
projetos que se
desviaram por um
momento. Apesar
de vivermos em
uma sociedade
hipócrita que
prega uma moral
a qual não
cumpre e que
também não
admite erros,
como primeiro
aprendizado, o
erro leva ao
acerto,
portanto, todo
erro admite uma
nova
oportunidade de
tentativa, a lei
da reencarnação.
Temos que saber
o que é do homem
(mutável) e o
que é de Deus
(imutável),
este, Jesus nos
explicou muito
bem.
O perdão passa a
ser, então, a
ferramenta
essencial que
possibilita um
recomeço, mas
para exercê-lo é
preciso ser
humilde, ou,
praticar a
humildade até
que ela seja
parte de nossas
virtudes, que
ela se enraíze
em nós. Assim
como o
sentimento de
amor, o perdão é
um estado mental
que emana suas
respectivas
ondas mentais de
proteção; tais
ondas cumprirão
a sua tarefa,
qual seja a de
romper, de
quebrar, de
furar todas as
energias
negativas
(geradas das
emoções),
estagnadas em
nós. Jesus nos
ensina a
controlarmos a
nossa mente
através da
paciência e da
resignação,
tranquilizando o
nosso Espírito e
aguardando as
orientações do
mais alto para
continuarmos com
a nossa jornada
no caminho da
luz.
Perdoar é,
portanto, limpar
o nosso terreno.
Este terreno,
após a sua
limpeza e
descompactação,
está aberto e
sensível aos
próximos passos
do lavrador.