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Um minuto com Chico Xavier
Ano 5 - N° 238 - 4 de Dezembro de 2011
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

 

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente aos homens; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dele não possuem alguns rudimentos” – afirma Allan Kardec no item 159 de “O Livro dos Médiuns”.

Quantas vezes não temos a impressão de que alguém está a nos dizer: “Vá por aqui”, ou “Não vá por aí...!” Ou, ainda, uma vontade súbita de fazer algo surge dentro de nós e, quando passa o tempo, percebemos que o que fomos levados a fazer revestiu-se de profundo significado para nossas vidas.

O caso que vamos apresentar mostra bem um desses acontecimentos que viria a ser espontaneamente revelado por Chico Xavier vinte anos depois do ocorrido.

O fato é narrado por Ida Rossi Severino e encontra-se registrado no livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier nos 22 anos de Folha Espírita”, editado pela própria FE, editora jornalística Ltda.

Ouçamos a narrativa:

Transcorriam os anos difíceis da última guerra. Meu esposo é farmacêutico, formado pela Universidade de São Paulo. Tínhamos uma farmácia na pequena cidade de Severínia, na Araraquarense, e resolvemos transportá-la para Buritama, vilarejo da Noroeste, situada entre Birigui e Monte Aprazível.

Estávamos casados há uns dez anos e nossa família cada vez ficava mais numerosa. Como a cidadezinha não era dotada de energia elétrica, resolvemos nos abastecer de uma quantidade razoável de gasolina, para termos o combustível de reserva necessário para o Petromax e o querosene para as lamparinas.

Levávamos uma vida maravilhosa, eu e meu esposo: durante o dia o trabalho na botica e, à noite, as tarefas espirituais no Centro Espírita Discípulos de Jesus, dirigido pelo meu cunhado, Luiz Antônio Severino, atualmente inspetor de farmácia da Zona Sul de São Paulo.

Como mãe espírita, sempre fiz questão que meus filhos frequentassem o Centro, por isso aprontava-os com muito carinho para as reuniões, cuidando para que nós e a petizada não chegássemos atrasados. Em uma dessas noites, enquanto meu esposo saía com os pequenos, carregando ao colo o caçula de seis meses, fiquei com a incumbência de fechar a casa; mas, ao dar a volta na chave, ouço uma voz feminina, advertindo-me claramente: “Ida, cuidado com o fogo na tua casa”. Fiquei muito chocada com o aviso. Preveni meu companheiro e ele logo concluiu que se nós tivéssemos algum incêndio em casa seria por intermédio das lamparinas. Recomendou-me que as escondessem todas e, de fato, quando voltamos do Centro segui a orientação de Severino.

Durante sete dias consecutivos ouvi a mesma voz advertindo-me sobre o fogo. No oitavo dia, meu marido estranhou que eu não estivesse pronta para a reunião. Indagou qual era o motivo, pois eu nunca faltava. Não pude explicar, mas o fato é que eu estava muito preocupada. Comecei a passar a roupa e estranhei que meu filho Gamaliel tivesse me dito “boa-noite” sem vir me beijar, como fazia habitualmente.

Decorrido uns vinte minutos, Paulo, meu filho mais velho, havia terminado a tarefa escolar e, ao deitar-se, deparou com a cama do irmão pegando fogo: Liel colocara a lamparina acesa sobre a cama; esta entornara e o fogo já se alastrava por quase todo o leito.

Paulo voltou dizendo:

- Mamãe, vai ver o fogaréu que está lá no quarto.

Eu estava atendendo um senhor que desejava um colírio e pedi a ele que me auxiliasse a debelar o fogo. Agimos imediatamente e, graças a Deus, tudo não passou de um grande susto.

Como Severino previra, o fogo veio por intermédio da lamparina. E sabem os meus leitores onde se encontrava o combustível guardado em estoque? A uns dois metros distante do fogo.

Fiquei muito grata ao bom Deus por ter poupado, através da voz espiritual, a vida de meus filhos. Decorridos muitos anos, mudamos para São Paulo, instalando nossa botica no bairro de Vila Matilde. Quando Lenita, minha filha, terminou o vestibular, prestou exames na Faculdade de Medicina de Uberaba e lá permaneceu durante os seis anos de curso. Por ocasião de sua formatura, fomos até Uberaba, aproveitando para fazer uma visita a Chico Xavier, nosso bondoso médium. Na sexta-feira, dia 13 de dezembro de 1962, entreguei a ele uma torta feita por mim e que tem receita exclusiva de minha avó paterna. No dia seguinte, sábado, às despedidas, Chico perguntou-me se o recheio da torta eu havia adquirido nas grandes confeitarias de São Paulo. E eu lhe respondi que não, era receita de minha avó paterna. Imediatamente, ele virou-se para o lado e disse: É a vovó Maria Zerbini. Descreveu-a então com detalhes, acrescentando: Há muitos anos ela livrou seu lar de um pavoroso incêndio!

Fiquei emocionada com a revelação. Vinte anos depois, eu vim a saber que a voz feminina que eu não conseguira identificar, e que nos salvara na pequenina Buritama, era a de minha inesquecível avó.

Voltei muito feliz para casa, abençoando a Doutrina Espírita – o verdadeiro Consolador prometido por Jesus!


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita