GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Evolução
A
evolução
é tema complexo. A
compreensão
integral
da
marcha
evolutiva
do
Espírito
é
coisa
que nos
escapa, na fase
em que
nos encontramos. Sabemos que ela se dá e
é
conquista
de
cada
ser, mas nossa percepção
dessa
jornada
é
fragmentária.
Desconhecemos
nosso início, desde a
mônada
fundamental,
e os
passos
dados
por esse
princípio
inteligente,
na
esteira
dos
séculos,
até o estágio
atual. É
trajetória
fascinante que
um dia
haveremos de
compreender
na
sua
plenitude.
Sobre o
assunto,
encantam-nos os
sonetos abaixo transcritos, nos
quais os poetas,
realizando
sínteses
admiráveis,
expressam
com
beleza
e
rara
felicidade
os
passos
dessa
caminhada
do
Espírito.
JORNADA
(1)
Adelino da
Fontoura Chaves
Fui átomo,
vibrando entre
as forças do
Espaço,
Devorando
amplidões, em
longa e ansiosa
espera...
Partícula,
pousei...
Encarcerado, eu
era
Infusório do mar
em montões de
sargaço.
Por séculos fui
planta em
movimento
escasso,
Sofri no inverno
rude e amei na
primavera;
Depois, fui
animal, e no
instinto da fera
Achei a
inteligência e
avancei passo a
passo...
Guardei por
muito tempo a
expressão dos
gorilas,
Pondo mais fé
nas mãos e mais
luz nas pupilas,
A lutar e chorar
para, então,
compreendê-las!...
Agora, homem que
sou, pelo Foro
Divino,
Vivo de corpo em
corpo a forjar o
destino
Que me leve a
transpor o
clarão das
estrelas!...
EVOLUÇÃO
(2)
Antero de
Quental
(1842-1891)
Fui rocha, em
tempo, e fui, no
mundo antigo,
Tronco ou ramo
na incógnita
floresta...
Onda, espumei,
quebrando-me na
aresta
Do granito,
antiquíssimo
inimigo...
Rugi, fera
talvez, buscando
abrigo
Na caverna que
ensombra urze e
giesta;
Ou, monstro
primitivo, ergui
a testa
No limoso paul,
glauco pascigo...
Hoje sou homem —
e na sombra
enorme
Vejo, a meus
pés, a escada
multiforme,
Que desce, em
espirais, na
imensidade...
Interrogo o
infinito e às
vezes choro...
Mas, estendendo
as mãos no
vácuo, adoro
E aspiro
unicamente à
liberdade.
EVOLUÇÃO
(3)
Rubens C.
Romanelli
De muito longe
venho, em surtos
milenários;
Vivi na luz dos
sóis, vaguei por
mil esferas
E, preso ao
turbilhão dos
motos
planetários,
Fui lodo e fui
cristal, no
alvor de priscas
eras.
Mil formas
animei, nos
reinos
multifários:
Fui planta no
verdor de
frescas
primaveras
E, após sombrio
estágio entre os
protozoários,
Galguei novos
degraus: fui
fera dentre as
feras.
Depois que em
mim brilhou o
facho da razão,
Fui o íncola
feroz das tribos
primitivas
E como tal vivi,
por vidas
sucessivas.
E sempre na
espiral da
eterna evolução,
Um dia eu
transporei os
círculos do mal
E brilharei na
luz da Essência
Universal.
A
síntese, em tema complexo e de forma tão abrangente, sobretudo
vazada
em
soneto,
é
admirável.
Partem do
princípio
ao
puro
Espírito!
ADELINO da
FONTOURA
Chaves
nasceu
em
Axixá, Maranhão, em 30.03.1855 e desencarnou em
Lisboa,
Portugal,
em
02.05.1884.
Foi,
portanto, contemporâneo do poeta português, ANTERO Tarquínio de QUENTAL,
que
viveu de 1842 a
1891;
contudo,
o
soneto
de
sua
lavra
foi psicografado
neste
século, pelo médium Francisco C. Xavier, e
publicado
em
1962.
Teria o
Espírito conhecimento dos textos
do
vate
lusitano
e do
Professor
Romanelli? E
este
último conheceu os outros
dois sonetos?
Afinal, são
especulações
irrelevantes,
uma
vez
que
são criações
distintas,
enfocando o
mesmo assunto.
Quanto ao
Professor
Rubens Romanelli,
a
segunda edição de "O Primado
do
Espírito"
não
oferece
seus
dados
biográficos.
Indica
apenas datas de publicações de livros
e
discursos
de
sua
autoria, no
período
que
vai de 1940 a
1960, em Belo Horizonte, MG.
Sentimo-nos no
dever
de divulgar as três peças literárias, para compartilhar esses preciosos tesouros
com aqueles
que sabem apreciar
o
belo
e reconhecem a evolução como dádiva celeste!
Referências
bibliográficas:
1. XAVIER,
Francisco C.
Antologia
dos
Imortais.
2ª. ed.
Rio de
Janeiro:
FEB, 1983. 345p.
p. 33/4;
2.
MESQUITA, Ary (org.). O
Livro
de
Ouro da
Poesia
Universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 1988. 533p. p. 490;
3. ROMANELLI,
Rubens C. O Primado do Espírito.
2ª. ed.
Belo
Horizonte
- 1960 (Não
menciona Editora). O livro
"O
Primado
do
Espírito"
foi reeditado
por "Publicações
Lachâtre".