DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP
(Brasil)
O que se deveria
entender
por “gozar a
vida”
Os que
experimentam o
viço da estação
da primavera
dizem: “o
negócio é gozar
a vida”, ao se
referir à
velhice seguida
do suposto fim
de todas as
possibilidades,
ou seja, a
morte. Muitos
entendem que a
prática de
certos prazeres
e más paixões
faz parte da
juventude, sem
cogitarem o
inverno, ou
derradeiro
recurso de tempo
para o serviço
imprescindível,
no qual, por
esse motivo,
sempre acontecem
lamentáveis e
profundas
tristezas.
Não aprendemos
ainda tirar
proveito da
progressão das
horas, dos dias,
dos anos,
colocando em
risco o nosso
futuro. Deus nos
faculta a grande
felicidade, ou
bem-aventurança,
confirmada pelo
maior modelo
oferecido ao
homem, Jesus
Cristo, a maior
luz descida à
Terra. Aproveita
o espaço de
tempo terreno
quem se vale do
ensejo de
“buscar” aquilo
que não possui
aspecto
exterior: o
“reino de Deus e
a sua justiça”
(Mateus, 6:33).
Aproveita a
existência quem
segue as
virtudes de
Jesus, as quais,
a propósito, não
consistem numa
aparência severa
e lúgubre.
Existência!
Abençoada chance
dada à Alma,
para que ela, ao
aproveitá-la,
usufrua no
futuro da
verdadeira
alegria e fulgor
santificante.
Não falta
orientação para
torná-la
favorável,
degrau que se
conquista com
esforço incomum
em prol da
reforma
imprescindível
do conjunto de
nossas
disposições
morais e
intelectuais.
Reforma de
caráter
— Reforma
íntima, ou de
caráter, quer
dizer
reconstrução do
íntimo,
assumidas
atitudes
positivas,
corretas. Tal
mudança tem de
ser sólida,
contínua, porque
não faltam
críticas e
impedimentos que
cerceiam a boa
vontade, pois
“quem procura o
bem, decerto que
há de sofrer as
arremetidas do
mal”, segundo o
Espírito André
Luiz. Atrai para
si o apoio do
próximo e, por
conseguinte, o
prestígio e
assistência dos
bondosos e
esclarecidos
Espíritos quem
compartilha
fraternalmente
de suas alegrias
ou tristezas.
Quem não
gostaria de
viver tranquilo?
Quem dispensaria
a segurança, o
conforto?
Ninguém.
Quaisquer seres
vivos
organizados de
certa
sensibilidade e
movimento tratam
de obter uma
maneira de
melhor dispor
dos recursos
oferecidos pela
Natureza.
Podemos afirmar
que até
organismos
portadores de
clorofila,
grupos de
diferente
condição
constitutiva
como organismos
unicelulares,
fungos e
bactérias, seres
rudimentares de
outro reino
procuram seguir
da melhor forma
possível
consoante
limites e
peculiaridades.
Não há uma
criatura desta
ou de outras
dimensões de
existência que
não tenda para
esse propósito.
Todos os seres
viventes do
Planeta, Deus os
talhou para que
se sentissem
ditosos,
vivessem em
segurança,
confortáveis. O
próprio Jesus,
ao Se encontrar
em uma
localidade junto
com os
discípulos
(Lucas, 11:11),
depois de lhes
ensinar aquela
sublime prece, a
Oração
Dominical,
respondeu uma
pergunta de um
deles com outra
pergunta: “Qual
dentre vós é o
pai que se o
filho lhe pedir
um peixe lhe dá
um
escorpião?”...
Logo, como já
dissemos, Deus
supriu todos nós
de modo que não
nos sentíssemos
desamparados,
isolados,
tristes.
Temos procurado
ser felizes, ver
concretizados os
nossos objetivos
desde que
saímos das mãos
do Criador. Nós,
os “reis da
Natureza”, por
conta disso, o
que fizemos em
prol da
consonância com
a bondade e a
misericórdia
divina? Não
precisamos
responder: é só
ligar o
televisor e
assistir ao
telejornal...
Passamos pela
Idade da Pedra
Lascada, pela
Idade Antiga,
pela idade
Média, pela
Idade Moderna e
prosseguimos a
Contemporânea...
À proporção que
temos reentrado
em lugares
diversos do
âmbito de cada
período
histórico, fomos
tornando a
existência
melhor. Desde
que passamos a
ponderar ideias
gerais,
estabelecendo
relações lógicas
de conhecer,
compreender e
raciocinar,
passamos também,
com o tempo, a
ser muito mais
vítimas de nossa
própria
imprevidência em
detrimento da
espiritualidade
da qual
deveríamos
concomitantemente
nos pôr a
serviço.
Obtivemos
progresso
tecnológico-científico,
encurtamos
distâncias,
descobrimos
fórmulas...
Não sabemos
— Todavia, com
toda a
inteligência e
racionalidade
humana, ainda
assim, não
sabemos
valer-nos da
existência.
Muitos não
conseguem se pôr
a salvo das
teias enfermiças
da
intelectualidade
viciada ou do
peso do ouro,
presos aos
grilhões da
ambição
excessiva, do
egoísmo. Em
geral, preferem
supor que “gozar
a vida” é
satisfazer
apetites
grosseiros, ir
em busca de
repouso e
deleites
diuturnos,
afeiçoados ao
culto dos
abusos.
Demoramos na
incapacidade de
um olhar mais
adiante,
dando-nos por
satisfeitos ao
nutrir idílios
caprichosos.
Passa o tempo,
os costumes
mudam, as
gerações se
sucedem, e não
consideramos a
cultura da alma
que não se
aprende em
escolas de
concreto armado,
e sim pelos
ensinamentos dos
Instrutores
Espirituais que
permanecem no
educandário
humano em
socorro de
todos. Ainda é
muito forte
entre nós,
encarnados, a
ideia de que a
finalidade do
viver
consistiria
tão-somente na
busca incessante
de um turbilhão
de prazeres.
A generosa
ciência
pedagógica de
Jesus continua a
propor que se
busque
fundamentalmente
o reino de Deus.1
Entendamos aqui
por “reino de
Deus” a
espiritualidade
que devemos
possuir, cientes
de que ninguém a
obterá à custa
de sacerdotes
com ou sem veste
litúrgica, de
batismo, de
penitências ou
de quaisquer
outros processos
que não
impliquem a
mobilização de
nossas próprias
forças
intelecto-morais.
É inútil
escrever sobre
as virtudes de
Jesus, dizer que
O ama, ser
exímio
professor,
orador do
Evangelho, sem
lograr o reino
de Deus, ou
espiritualidade,
também
significando
pureza de
coração, força
moral.
Aproveitemos,
sim, os prazeres
salutares,
sejamos
sociáveis,
alegres, mas com
“a alegria de
uma boa
consciência e a
ventura do
herdeiro do céu
que conta os
dias que o
aproxima de sua
herança”.2
Vida? É somente
uma, e eterna.
Existência?...
Existências!
Em geral, são
muitas,
diferentes,
transitórias, o
que, para nós, é
o grande
corolário da
justiça e
misericórdia
divinas. Feliz,
ainda que neste
mundo, daquele
que combate as
suas más
tendências, daí
André Luiz ter
dito: “Se você
aproveitar o
tempo a fim de
melhorar-se, o
tempo
aproveitará você
para realizar
maravilhas”.
Outra
frase de André
que reforça
sobremodo a
anterior: “É
perigoso guardar
uma cabeça cheia
de sonhos, com
as mãos
desocupadas”.3
1 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo
o Espiritismo.
Tradução
Herculano Pires.
62. ed. São
Paulo: Lake
— Livraria Allan Kardec Editora, 2001. Cap. 25, questão 0000,
item 6 a 8, p.
291.
2.
Ibidem, capítulo
17, item 10, p.
230.
3 XAVIER, Francisco C. Sinal verde
(Espírito
Emmanuel). 20.
ed. Uberaba:
Comunhão
Espírita Cristã,
1987. Tema 21,
p. 52.
Visite
Pensamento&Espiritualidade:
http://pensesp.blogspot.com.