As
transformações
econômicas, sociais,
políticas e culturais,
ocorridas entre o final
do século XVIII e as
primeiras décadas do
século XIX, impuseram
modificações nas teorias
e práticas educacionais.
A proposta espírita,
essencialmente
educativa, busca
atender, em parte, às
exigências dessa
transformação,
enfatizando, contudo,
uma formação ética, sem
desprezo da formação
intelectual.
Análise de Marcus De Mario*
O autor,
licenciado em História
pela Universidade
Federal do Rio de
Janeiro e pós-graduado
pela Universidade
Cândido Mendes, informa
que o livro teve como
base o texto de sua
monografia do curso de
pós-graduação,
intitulada "A Educação
na Sociedade Industrial:
de Comenius a Rivail",
entregue em 2001. Para a
edição do livro, o autor
refez parte do texto e
ampliou o enfoque
genuinamente espírita. É
uma obra muito bem
fundamentada e ao mesmo
tempo escrita com leveza
e objetividade, passando
ao leitor um panorama do
contexto histórico e da
pedagogia moderna muito
útil, mesmo para o
leitor que não está
diretamente ligado à
educação. Após a
contextualização
histórica da educação, o
autor dedica um capítulo
para desdobrar a vida, a
obra e o pensamento de
três educadores muito
importantes, precursores
da pedagogia moderna:
Comenius, Rousseau e
Pestalozzi, este último
mestre de Allan Kardec,
fazendo uma ponte entre
esses educadores e o
pensamento educacional
espírita. A segunda
parte da obra, ou seja,
os capítulos 3 e 4, é
dedicada à pedagogia
espírita, primeiro com
Rivail/Kardec, e depois
com dedicação ao Brasil,
onde destaca os
educadores Anália
Franco, Eurípedes
Barsanulfo e Tomás
Novelino. Muito
interessante e
importante o estudo
feito dos pontos
principais da obra
"Plano Proposto para a
Melhoria da Educação
Pública", escrito por
Rivail em 1828, aos 24
anos de idade, onde o
autor encontra tanto a
influência dos três
grandes educadores
europeus citados acima,
e, principalmente, a
influência pestalozziana,
como também já vislumbra
a base do pensamento
posterior de Kardec,
ampliado pelos ensinos
dos Espíritos. Como já
dissemos, obra muito
útil, pois coloca a
educação como ação
primordial do homem para
sua renovação e a da
sociedade, esclarecendo
sem rodeios o que é
educação e sua prática,
tanto em termos
escolares como
familiais. Sentimos
apenas que o autor não
tenha se aprofundado
devidamente na questão
da educação moral, que
aborda, pois ela está
presente no pensamento
de Rivail, de Kardec e
dos Espíritos que
coordenaram a
codificação espírita,
mas não amplia, antes,
até minimiza, talvez
involuntariamente, ao
atrelar o pensamento de
Rivail/Kardec a uma
defesa dos interesses do
proletariado, e não mais
além disso. Será o fato
histórico, bem
desenvolvido, uma
espécie de camisa de
força ao pensamento do
codificador e, portanto,
à filosofia espírita?
Não cremos nisso, e não
nos parece, na leitura,
que o autor também assim
creia, mas o texto não
favorece interpretação
mais ampla. É oportuno
lançamento e
parabenizamos o autor e
a editora, pois é de
obras como "Os
Fundamentos Históricos
da Pedagogia Espírita"
que precisamos para
fazer entender que o
Espiritismo é doutrina
de educação do homem.
*Marcus
De Mario é educador e
escritor. É diretor do
Instituto Brasileiro de
Educação Moral e
colaborador do Centro
Espírita Humildade e
Amor, na cidade do Rio
de Janeiro. |