TÂNIA REGINA
REATO
taniareato@hotmail.com
São João da Boa
Vista, SP
(Brasil)
O torcedor
infantil
Desde cedo
nossos meninos
e, atualmente,
nossas meninas,
já recebem nos
primeiros anos
de vida; dos
seus pais,
familiares ou
amigos destes,
objetos de uso
pessoal como
roupas,
calçados,
produtos de
higiene e,
ainda,
brinquedos,
materiais
escolares e
outros, que
trazem em suas
embalagens ou
estampas os mais
diversos
emblemas de
times ou de
ídolos do
futebol.
Induzidos por
estes a optar
por este ou
aquele time,
observamos
nossos jovens
idolatrando de
modo fanático
esses jogadores
e respectivos
times que passam
a ser vistos
pelas imaturas
mentes, ainda
sem condições de
raciocínios
lógicos ou
sensatos que as
capacitem a
julgamentos que
as levem a
proceder e
analisar as
razões e
circunstâncias
que envolvem a
política
esportiva de
modo a não
separarem o
esporte e suas
implicações da
vida cotidiana.
Percebemos,
então, esses
ídolos serem
cultuados como
verdadeiros
“deuses”.
“Deuses” que
mudam de time a
qualquer tempo
de acordo com
contratos
milionários a
eles oferecidos
e negociados,
fora e dentro do
país. Logo nos
seus primeiros
anos de
existência, a
criança vai
aprendendo que
os valores de
fidelidade são
facilmente
substituídos
pelos valores
monetários
conforme as
conveniências do
interessado. Não
entende que seu
ídolo é apenas
um profissional
do futebol,
portanto, troca
a camisa de seu
time, tanto
quanto, um
profissional de
qualquer área
troca de empresa
de acordo com a
melhor oferta
que receba. Não
entende que para
o profissional
do futebol a
fidelidade ao
time pelo qual
presta o seu
serviço tem a
durabilidade
restrita ao
prazo contratual
estipulado entre
as partes.
Se não bem
orientada e
dirigida quanto
a este aspecto
por aqueles
adultos que a
induziram à
preferência
deste ou daquele
time, esta
criança poderá
entender o seu
ídolo como um
traidor do time
e da torcida,
como, não raro,
um inimigo que
merece ser
punido. Não é
difícil, em lhe
chegando a
puberdade; e em
se lhe
apresentando uma
ocasião
favorável à
desforra, ela e
seu grupo
atentem contra o
suposto
“traidor” e os
torcedores do
novo time ao
qual este tenha
se filiado,
sendo esta,
talvez, uma das
muitas causas
identificadas
como um dos
fatores que
podem alimentar
alguns tipos de
agressões no
meio estudantil.
Não percebem ou
não desejam
perceber que os
jogadores são
profissionais do
futebol e não o
“futebol ou o
time”. Aprendem
que o que conta
é o valor do
dinheiro em
detrimento de
demais valores,
entre eles, o da
fidelidade, onde
vê serem
facilmente
substituídos os
valores morais
pelos valores
que um contrato
polpudo pode
oferecer.
Acreditam que o
seu time tem que
ser o vencedor e
que a derrota
pertence aos
fracos, então,
quando seu time
perde para outro
time em disputa,
não se submetem
à derrota e,
novamente,
aflora o desejo
de desforra ou
de vingança. Em
contrapartida,
os torcedores
que vencem a
partida do jogo
se posicionam
como superiores
e fortes e saem
a menosprezar e
a denegrir a
imagem do
adversário e de
seus torcedores,
e estes, por sua
vez, respondem a
este menosprezo
com a violência
que,
infelizmente, já
nos habituamos a
assistir, quando
não, chegando a
ser vitimados
por ela. Para a
criança e,
posteriormente,
para o jovem
adulto, o amigo
ideal será
sempre aquele
que,
preferencialmente,
torce pelo mesmo
time; os demais
são seus
“adversários”,
portanto,
sujeitos a
sofrer
constrangimentos
a título de
piadinhas e
brincadeirinhas
de mau gosto que
costumam levar a
grandes
desentendimentos,
gerando
inimizades e
agressões de
todo tipo.
Analisada a
questão dessa
forma, se torna
possível lhe
prever as
consequências
traduzidas pelas
tais torcidas,
erroneamente
chamadas de
organizadas!
Não queremos com
tais colocações
dizer, ou sequer
insinuar, ser o
futebol ou os
seus integrantes
uma ameaça à paz
daqueles a quem
lhes são
simpatizantes,
mas, sim,
alertar quanto
ao estímulo
exagerado e,
muitas vezes,
imposto pelos
responsáveis
pela educação
desses
infanto-juvenis,
promovendo o
fanatismo nessas
ingênuas mentes
em formação de
valores que
carregarão por
toda a sua
existência.
Mesmo que não
intencional!
Vale lembrar que
as crianças de
hoje se tornarão
o adulto de
amanhã,
frequentadores
das
arquibancadas
dos jogos
esportivos.
Chamar a atenção
daqueles que sem
o desejar podem
estar
incentivando a
participação de
seus filhos em
torcidas
organizadas é
dever de todos.
Independente do
esporte que se
simpatize.
Ingressar-se em
meio a estas
torcidas é,
antes de mais
nada, aceitar um
convite que mais
dia, menos dia,
poderá levá-los
à prática das
agressões mútuas
como as que
temos tido
notícias pelos
meios de
comunicação,
além de, em
casos mais
graves, levá-los
a praticar
crimes da mais
alta crueldade,
dando vazão a
revoltas talvez
trazidas da sua
infância
aparentemente
esquecida ou
superada.
Revolta sentida
pelo clube que
vendeu seu
“jogador-ídolo”
para o outro
clube que, na
sua concepção
imatura, é visto
como a um
inimigo em
potencial;
revolta pela
traição de um
ídolo; revolta
pela decepção
que vê estampada
nos rostos das
pessoas que ama
pela derrota que
seu time possa
ter sofrido e
tantas e mais
revoltas.
Diante das
atrocidades que
vemos surgir a
cada jogo de
times apelidados
de “timões”, já
passamos da hora
de verificar com
mais atenção o
comportamento e
a posição em que
nos colocamos
perante nossos
filhos e nossos
jovens com
relação ao
futebol. É
momento de
avaliarmos se
vale a pena
influenciar na
escolha do
esporte
preferido de
nossos jovens e
avaliarmos quais
os riscos
implicados nesta
escolha.
Uma vez
escolhido, por
eles, deveremos
orientá-los de
forma que
entendam que
este ou aquele
esporte tem a
única função e
objetivo de nos
entreter de modo
a nos trazer
lazer que
proporcione
ensinamentos
como os de
trabalho em
equipe; o valor
das amizades; o
exercício
físico; a noção
de disciplina e
ordem; o
desenvolvimento
de talentos etc.
Jamais o de
competição no
sentido de “quem
é o melhor” ou o
“de quem pode
mais”, em
detrimento do
outro.
Se você não quer
ver o seu filho
ou filha se
tornarem, num
futuro próximo,
um líder ou
participante de
uma dessas
torcidas
“organizadas”,
estando sujeitos
a sofrer e
também a
promover
sofrimentos
gerados pelas
violências
causadas por
este tipo de
fanatismo e de
idolatrias,
sugere-se que se
tome uma das
principais
providências que
é a de não
fanatizá-lo a
partir da
ingênua caneca
comprada no
comércio com o
emblema de seu
time favorito ou
o caderno
estampado com o
rosto “daquele”
jogador
idolatrado.
Este tipo de
marketing só
favorece os
patrocinadores e
os patrocinados,
porém, pode
“causar danos à
sua família”.
Vale lembrar e
refletir nas
palavras do
Evangelho
advindas do
maior educador
que este planeta
já teve notícia
e que inspirou
este tema.
“Deixai vir a
Mim os
Pequeninos.”
1.
Bem-aventurados
os puros de
coração, porque
eles verão a
Deus. (Mateus,
V: 8).
2. Então lhe
apresentaram uns
meninos para que
os tocasse; mas
os discípulos
ameaçavam os que
lhe
apresentavam. O
que, vendo
Jesus, levou-o
muito a mal, e
disse-lhes:
Deixai vir a mim
os pequeninos, e
não os
embaraceis,
porque o Reino
de Deus é
daqueles que
lhes assemelham.
Em verdade vos
digo que todo
aquele que não
receber o Reino
de Deus como uma
criança, não
entrará nele. E
abraçando-os, e
pondo as mãos
sobre eles, os
abençoava.
(Marcos, X:
13-16).
3. Mas se o
Espírito da
criança já
viveu, por que
não se
apresenta, ao
nascer, como ele
é?
– Tudo é sábio
nas obras de
Deus. A
criança
necessita de
cuidados
delicados,
que só a ternura
materna lhe pode
dispensar, e
essa ternura
aumenta diante
da fragilidade e
da
ingenuidade da
criança.
Para a mãe, seu
filho é sempre
um anjo...
A partir do
nascimento, suas
ideias retomam
gradualmente o
seu
desenvolvimento,
acompanhando o
crescimento do
corpo. Pode-se
assim dizer que,
nos primeiros
anos, o
Espírito é
realmente
criança,
pois as ideias
que formam o
fundo do seu
caráter estão
ainda
adormecidas.
“Durante o tempo
em que os seus
instintos
permanecem
latentes, ela é
mais dócil, e
por isso mesmo
mais
acessível às
impressões que
podem modificar
a sua natureza
e fazê-la
progredir, o que
facilita a
tarefa dos
pais...”
Pense nisso!