FELINTO ELÍZIO
DUARTE CAMPELO
felintoelizio@gmail.com
Maceió, Alagoas
(Brasil)
Doação de órgãos
A ciência e a
tecnologia têm
alcançado um
desenvolvimento
marcante a
partir do século
XX.
A medicina, em
particular, vem
operando
verdadeiros “milagres”
na arte de
curar, minorar
sofrimentos,
erradicar
endemias, salvar
vidas.
Vive-se, desde
então, a era dos
transplantes, o
que vem
suscitando
polêmicas de
ordem legal,
moral e
religiosa quanto
à questão de
doação de
órgãos.
Há poucos dias,
fui interpelado
por um familiar
interessado em
conhecer a
posição do
Espiritismo ante
a problemática
cessão de parte
do próprio corpo
em vida ou
morto.
Não foi das
melhores a
escolha de minha
pessoa para
esclarecimento
do controvertido
tema tão em
moda. Não tenho
conhecimentos
aprofundados que
me autorizem
falar em nome da
Doutrina
Espírita.
Dou, entretanto,
a minha opinião,
sem
comprometimento
da Doutrina.
Antes, porém,
faz-se
necessário
mostrar, ainda
que em leves
pinceladas, o
que é o
Espiritismo.
A Doutrina dos
Espíritos é um
gigantesco
monumento
erguido sob a
égide de Jesus e
sustentado por
três colossais
pilares
¾
CIÊNCIA,
FILOSOFIA,
RELIGIÃO.
Como Ciência,
estuda e aplica
as leis que
regem o mundo
material, o
plano espiritual
e a
comunicabilidade
entre os dois
através da
mediunidade. Sua
essência está
nas relações que
se podem
estabelecer com
os Espíritos,
pesquisando os
fenômenos
paranormais por
meio de métodos
próprios e
adequados ao que
se propõe
investigar.
Em seu aspecto
filosófico, a
Doutrina examina
o princípio e as
causas e define
o porquê das
coisas, da vida,
da morte, da
reencarnação.
Interpreta a
natureza dos
fenômenos da
concepção do
mundo e de toda
a realidade em
consonância com
as novas
descobertas
científicas.
O seu conteúdo
religioso,
calcado na moral
evangélica, é a
revivescência do
primitivo
cristianismo
¾
simples, puro,
adogmático
¾,
é um repositório
de fé e de
esperança.
Conforta,
orienta,
ilumina. É a
consequência das
conclusões
filosóficas
fundamentadas
nas provas da
sobrevivência
humana após a
morte.
O Espiritismo
não é doutrina
estanque e sim
dinâmica, anda
de braços dados
com a ciência,
acompanhando
suas
descobertas,
suas conquistas,
seus progressos;
“É uma
Doutrina de amor
baseada no
Evangelho e na
Ciência”,
cujo lema “Fora
da caridade não
há salvação”
dá-lhe uma
conotação
abrangente,
fraterna,
cristã.
Entendo, pois,
que a doação de
órgãos é um ato
de amor, de
desprendimento,
de fraternidade
e de caridade.
Mister se faz,
contudo, que
haja uma ampla
divulgação e
preparação
psicológica,
espiritual e
religiosa do
futuro doador
para que, em seu
novo estado de
desencarnado,
seu Espírito não
venha
experimentar as
sensações de
mutilação.
Devidamente
conscientizado,
ao despertar no
outro lado da
vida, após o
decesso físico,
o Espírito de um
doador de órgãos
sentir-se-á
feliz em saber
que suas
córneas, que
inevitavelmente
seriam tragadas
pelos vermes na
sepultura, hoje
dão a
oportunidade da
visão a irmãos
que tateavam na
escuridão,
atormentados
pela cegueira.
Regozijar-se-á
ao sentir que o
seu coração
agora palpita em
outro peito
proporcionando
novas
perspectivas a
quem sofria de
males cardíacos.
Alegrar-se-á,
sem dúvida, em
constatar que
seus rins, ora
transplantados,
livram outras
pessoas das
incômodas
hemodiálises,
assegurando-lhes
uma vida normal.
No meu
entendimento, e
é uma opinião
muito íntima,
doar-se de corpo
e alma, em vida
ou depois de
falecido, em
benefício do
próximo é ser
cristão, é ser
abençoado
discípulo de
Jesus. Um
espírita sincero
e consciente não
terá escrúpulo
de ceder ao seu
semelhante os
órgãos que um
dia voltarão ao
pó da terra.