HUGO ALVARENGA NOVAES
hugo.an@uol.com.br
Santa Rita do Sapucaí, MG (Brasil)
Só se vê bem com o
coração. O essencial é
invisível aos olhos
Na profunda obra
literária “O Pequeno
Príncipe”, de autoria do
pensador, escritor, e
ilustrador francês
Antoine de Saint
Exupéry, (Lyon,
1900-1944), no singular
debate entre a raposa
(personagem do
supracitado volume) e o
monarca infantil, o
arguto canídeo revela ao
outro um segredo que, se
meditado e praticado,
pouparia ao ser humano
muitas desventuras; o
mencionado animal,
dialogando com “Le
Petit Prince”
(título francês), lhe
desvela o sigilo de que
“só se vê bem com o
coração”, e complementa
asseverando que “o
essencial é invisível
aos olhos”.
Na Parábola do Rico e
Lázaro (Lucas 16:19-31),
nos versículos 27 e 28,
o primeiro pede a Abraão
que o segundo possa ser
visto por seus 5 irmãos
que estão vivos e fale
para estes o que lhe
aconteceu; ao que o
patriarca dos hebreus
responde que tal ato não
adiantaria (v. 31). Em
outras palavras: no caso
em questão, seria
necessário que os
encarnados anteriormente
citados compreendessem
as causas do ocorrido e
não apenas vissem suas
consequências.
Igualmente fazendo
alusão à nossa visão,
encontramos no Novo
Testamento, em João
20:25, o apóstolo Tomé,
que já tinha ciência da
morte do Amado Rabi,
duvidar que o Divino
Jardineiro aparecera aos
seus companheiros de
apostolado cristão, fato
que deu origem
posteriormente a mais
uma bem-aventurança pelo
Excelso Pegureiro em
João 20:29, o qual, ao
dizer “que terão grande
felicidade aqueles que
acreditarem sem ser
necessário ver”,
corrobora a asserção
dita séculos depois pelo
escritor francês acima
descrito.
Encontramos ainda na
Bíblia, mais exatamente
em Atos 9:2-5, (livro
bíblico provavelmente
escrito por Lucas), o
médico evangelista
narrar a conversão do
jovem tarsense, o qual
se encontra às portas de
Damasco, fica cego por 3
dias com a luminosidade
de Jesus (Atos 9:9) e, a
partir daquele instante,
aceita e difunde o
Cristianismo. Caros
leitores, não há dúvida
de que a imagem do
Cristo teve a sua
importância, todavia, a
conscientização da
sublimidade, beleza e
profunda bondade das
palavras e atos do
Adorado Messias, pelo
doutor romano, tiveram
mais expressivo peso
para aquele que seria em
um futuro próximo o
maior disseminador do
Evangelho.
Já que falamos em Paulo
de Tarso, este, na
segunda epístola aos
Coríntios, no capítulo
4º, no 18º versículo,
também dá-nos uma dica
da referida aparente
contradição visual
mencionada pelo dito
inicialmente afamado
desenhista de
ilustrações lionês, ao
narrar que “as coisas
que vemos são efêmeras,
as demais, duradouras”.
O Apóstolo dos Gentios
faz-nos crer que é mais
importante interiorizar
e consequentemente
introjetar um
determinado fato, do que
simplesmente ver a sua
imagem.
A explicação a esse
fenômeno óptico nos é
claramente exposta, à
medida que atentarmos
para o conteúdo de “O
Evangelho segundo o
Espiritismo”. Vejamos o
que esse livro nos
mostra no capítulo VII
(BEM-AVENTURADOS OS
POBRES DE ESPÍRITO),
item 10:
“Não se veem todos os
dias criaturas que não
cedem nem à evidência,
chegando até a dizer:
"Ainda que eu visse, não
acreditaria, porque
sei que é
impossível"? Esses, se
se negam assim a
reconhecer a verdade é
que ainda não trazem
maduro o espírito para
compreendê-la, nem o
coração para senti-la.
O orgulho é a
catarata que lhes tolda
a visão. De que vale
apresentar a luz a um
cego? Necessário é que,
antes, se lhe destrua a
causa do mal. Daí vem
que, médico hábil, Deus
primeiramente corrige o
orgulho. Ele não deixa
ao abandono aqueles de
seus filhos que se acham
perdidos, porquanto sabe
que cedo ou tarde os
olhos se lhes abrirão”.
(KARDEC, 1996, p. 138.)
Novamente nesse livro,
agora no capítulo XVII
(SEDE PERFEITOS), no
tópico “O homem de bem”,
deparamo-nos com os
seguintes escritos: “Tem
fé no futuro, razão por
que coloca os bens
espirituais acima dos
bens temporais”.
(KARDEC, 1996, p. 272.)
Outra vez, na terceira
obra Kardeciana, no
capítulo XXV (BUSCAI E
ACHAREIS), no item 8,
notamos os dizeres:
"Não acumuleis tesouros
na Terra, pois que são
perecíveis; acumulai-os
no céu, onde são
eternos". Em outros
termos: não ligueis aos
bens materiais mais
importância do que aos
espirituais e sabei
sacrificar os primeiros
aos segundos. (Cap. XVI,
nº 7 e seguintes -
KARDEC, 1996, p. 359.)
Lemos também na Revista
Espírita de 1860, no mês
de outubro, a matéria
intitulada “Sobre o
Valor das Comunicações
Espíritas”; eis abaixo
um trecho desta:
“... o Espírito de
Verdade nos recomenda o
desprezo das coisas
terrenas, que não
podemos carregar, nem
assimilar, para só
pensarmos nos bens
espirituais e morais,
que nos acompanham e nos
servirão pela
eternidade, não só de
distração, mas como
degraus para nos
elevarmos
incessantemente na
grande escada de Jacó,
na incomensurável
hierarquia dos
Espíritos”. (KARDEC, sem
data de publicação, p.
455.)
Na sexta parte da
introdução de “O Livro
dos Espíritos”,
encontramos: “A alma é
um Espírito encarnado,
sendo o corpo apenas o
seu envoltório”.
(KARDEC, 1995, p. 23.)
Ainda na obra inaugural
do Espiritismo, a
questão 135, no capítulo
II, “Da Encarnação dos
Espíritos”, nos elucida
quanto ao “cordão
fluídico”, o qual liga a
alma ao corpo, sendo
que, nesse último,
encontramos 3 partes. De
acordo com esse livro,
vemos:
“1º - o corpo ou ser
material, análogo ao dos
animais e animado pelo
mesmo princípio vital;
2º - a alma, Espírito
encarnado que tem no
corpo a sua habitação;
3º - o princípio
intermediário, ou
perispírito,
substância semimaterial
que serve de primeiro
envoltório ao Espírito e
liga a alma ao corpo.
Tais, num fruto, o
gérmen, o perisperma e a
casca”. (KARDEC, 1995,
p. 104-105.)
Na pergunta seguinte os
Espíritos mostram-nos
que “O corpo não é mais
do que envoltório”.
(KARDEC, 1995, p. 105.)
Por tudo isso, lembramos
a filosófica frase de “O
Pequeno Príncipe”: “Só
se vê bem com o coração.
O essencial é invisível
para os olhos”. (EXUPÈRY,
p. 38.)
Referências
bibliográficas:
KARDEC, A. O
Evangelho segundo o
Espiritismo. Rio de
Janeiro: FEB, 1996,
(Arquivo PDF), download:
http://codificacaoespirita.wordpress.com.
KARDEC, A. Revista
Espírita - 1860.
Brasília: FEB, (sem data
de publicação), (Arquivo
PDF), download:
http://www.febnet.org.br/site/livros.php?SecPad=370&Sec=406.
KARDEC, A. O Livro
dos Espíritos. Rio
de Janeiro: FEB, 1995,
(Arquivo PDF), download:
http://codificacaoespirita.wordpress.com.
EXUPÉRY, A. S. O
Pequeno Príncipe.
(Arquivo PDF), download:
http://www.vassourando.com/2008/05/o-pequeno-prncipe-para-baixar.html.