O Reino de Deus
dentro
de nós
A excelsa
Doutrina
Espírita ensina
que vivemos em
um planeta
denominado de
provas e
expiações,
correspondente a
uma estância
importantíssima,
destinada ao
nosso
aprimoramento e
aprendizado
espiritual, já
que nos
encontramos em
uma fase
incipiente na
evolução do
Espírito,
transitando
essencialmente
pelas trilhas da
ignorância,
presos ainda às
algemas do
desamor, cativos
da
insensibilidade
e subjugados à
tirania do
egoísmo
avassalador.
Como prepotentes
e orgulhosos,
nos julgamos
proprietários
contumazes do
planeta,
parecendo
desconhecer que
a nossa morada
se apresenta
insignificante
diante da
grandeza do
universo. É
importante
considerar que a
Terra é um ponto
minúsculo em
nossa galáxia,
comparado a um
pequeníssimo
grão de areia no
deserto, sabendo
que a Via Láctea
contém cerca de
200 bilhões de
estrelas. Ao
mesmo tempo, a
nossa galáxia,
igualmente, se
revela modesta
diante da
imensidade
cósmica,
constituída de
125 bilhões de
galáxias.
Em verdade, o
universo
espelha, em sua
complexidade,
beleza e
harmonia, a
existência de
uma
“inteligência”
que não pode ser
atribuída ao
nada, ao acaso.
Na realidade, a
presença da
Divindade
Superior é
imanente a todos
nós,
considerando-A
como causa
inteligente de
todas as coisas.
Um Mestre, já
possuindo a
plenitude
cósmica, disse
que somos também
deuses (João,
10:34) e que o
reino de Deus
está dentro de
nós (Lucas
17:21). Denomina
Deus de “Meu
Pai” e afirma
que na casa de
Seu Pai
(universo) há
muitas moradas
(João 14:2).
Portanto, como
filhos do
Altíssimo e
coirmãos de
Jesus, somos
herdeiros desse
grandioso oceano
de estrelas,
responsável pela
vida que pulula
nos mundos
incalculáveis
que circulam no
espaço infinito.
Como
conquistaremos o
universo? Pelas
vias físicas é
impossível,
desde que, se
fosse possível
viajar de um
extremo a outro
de nossa
galáxia, na
velocidade da
luz, levaríamos
100.000 anos.
Para chegarmos
apenas à
Andrômeda, a
galáxia mais
perto da Via
Láctea,
gastaríamos mais
de 2 milhões de
anos cruzando o
espaço sideral.
Jesus afirmou
que o seu reino
não é deste
mundo (João
18:33). Para
compreender e
habitar o
universo,
necessário se
torna galgar os
degraus da
evolução
espiritual,
através das
inúmeras
oportunidades
que a
reencarnação nos
proporciona.
O Novo
Testamento diz
que “Deus é
Amor”. Para nos
elevar
espiritualmente,
é preciso
praticar sempre
o bem,
cultivando o
amor nas terras
áridas do nosso
interior. Paulo
afirmou com
muita
propriedade:
“Ainda que eu
tenha o dom de
profetizar e
conheça todos os
mistérios e toda
a ciência, ainda
que eu tenha
tamanha fé a
ponto de
transportar
montes, se não
tiver caridade
(amor em ação)
nada serei” (1ª
Co. 13:2).
O Cristo
ressaltou que o
óbolo da viúva
foi ofertado com
seu próprio
sacrifício, já
que sua dádiva
foi retirada do
seu sustento e
lhe faria falta
(Lucas 21:4). O
Mestre reafirmou
que o bem que
façamos a outrem
deve ser
realizado em
segredo, isto é,
sem ostentação:
“Quando derdes
esmola, não
saiba a vossa
mão esquerda o
que faz a vossa
mão direita”
(Mateus 6:4).
Jesus também
considerou que,
além de amarmos
o Pai,
deveríamos amar
o nosso próximo,
assim como a nós
mesmos (Mateus
22:38-39).
O passaporte que
nos levará ao
conhecimento
pleno de nós
mesmos é o amor,
alavanca a nos
impulsionar
degraus acima da
evolução
espiritual.
Exercitando-nos
cada vez mais na
prática do amor,
teremos a
capacidade de
vivenciar o amor
incondicional do
Nosso Pai,
descortinando o
universo
existente em
nós. Começamos
como um
princípio
espiritual que,
em milênios,
evoluiu,
alcançando a
individualidade,
depois de
vivificar formas
vegetais e
animais bem
inferiores.
Já na fase
hominal, o
raciocínio e a
intelecção serão
as bases seguras
para o
despertamento da
razão, advindo,
então, a
responsabilidade
e todo o
contingente de
elementos
morais.
Avançando na
evolução, a
razão
intelectual cede
lugar à
intuição,
expressão mais
pura do “Eu
Superior” ou
“Centelha Divina
em nós”. Uma
faculdade que
suplanta ou
transcende o
intelecto, já
que este busca a
verdade mediante
a análise,
enquanto a
intuição a
percebe,
interiormente,
através da
síntese.
Por intermédio
da intuição,
“Deus em nós” se
corresponde com
“Deus em tudo”,
penetrando na
essência dos
fatos e das
realidades,
chegando,
inclusive, a
superar a
barreira do
tempo,
vislumbrando o
futuro. A mente
individual,
integrando-se na
mente universal,
buscando a
verdade imanente
na criação,
desde que somos
partículas vivas
de Deus,
trazendo em
forma potencial
e latente, a
perfeição.
Mateus cita uma
passagem
evangélica
significativa,
na qual Jesus
suscita o
afloramento da
faculdade
intuitiva dos
discípulos,
perguntando-lhes:
“Quem diz o povo
ser o filho do
homem?” E eles
responderam:
“Uns dizem: João
Batista; outros:
Elias; e outros:
Jeremias ou
algum dos
profetas”. “Mas
vós, continuou
ele, quem dizeis
que eu sou?”
Respondendo
Simão Pedro,
disse: “Tu és o
Cristo, o filho
do Deus vivo”.
Então Jesus lhe
afirmou:
“Bem-aventurado
és, Simão
Barjonas, porque
não foi carne e
sangue quem to
revelou, mas meu
Pai que está nos
céus”.
Naquele momento,
em Pedro
manifestava-se a
intuição. O “Eu
Interior” ou
“Reino de Deus”
do discípulo
exteriorizava-se,
testemunhando a
realidade da
presença do
“Ungido”, o
Messias
prometido, no
seio terreno.
O Mestre
confirmou a
revelação
intuitiva e
acrescentou:
“Também eu te
digo que tu és
Pedro e sobre
esta pedra
edificarei a
minha igreja...”
(Mateus 16:18).
Com essas
palavras Jesus
reafirma que o
Cristianismo
seria por
excelência a
religião da fé e
da intuição,
alicerçada na
pedra, símbolo
da presença viva
do Cristo no
íntimo de cada
ser. Por sua vez
o termo
“ecclesia”
(convocação) foi
traduzido
erroneamente
como igreja, já
que as primeiras
comunidades
cristãs não
tinham
semelhanças com
as religiões
organizadas: não
possuíam
templos, nem
pompa, nem
rituais, nem
dogmas, nem
sacerdócio
remunerado.
O Evangelho
segundo Lucas,
capítulo 2,
versículos 25 a
35, cita um
episódio,
ocorrido no
interior do
Templo de
Jerusalém, no
qual um homem,
portador de
mediunidade -
“Um santo
Espírito estava
com ele” - foi
levado por seu
guia espiritual
- “movido pelo
Espírito” - ao
encontro com o
menino Jesus e
seus pais.
Ao tomar o
Mestre nos seus
braços, Simeão
atinge os
píncaros da
intuição,
louvando a Deus,
em um cântico,
dizendo que já
poderia morrer
em paz,
porquanto seus
olhos
“contemplaram a
salvação de
todos os povos,
luz para
revelação dos
gentios e glória
de Israel”.
Voltando-se para
Maria, diz:
“este menino
está destinado
para a queda e
para
levantamento de
muitos em
Israel, e para
ser alvo de
contradição”.
Acrescenta a
seguir que “uma
espada de dor
transpassará o
coração da mãe
de Jesus”.
Simeão, em
profundo êxtase,
expande sua
consciência,
rompendo as
fronteiras do
tempo e do
espaço, trazendo
para o presente
um fato que
aconteceria
muito tempo
depois.
Carl Gustav
Jung, eminente
psicanalista,
discípulo de
Freud, ao ser
entrevistado
pela BBC de
Londres, já
idoso, exibe
diante de todos
os ouvintes sua
marcante
faculdade
intuitiva.
Foi-lhe
perguntado se
acreditava em
Deus e o insigne
cientista do
psiquismo
afirmara: “Eu
não acredito em
Deus. Eu sei!”.
Sabemos que
acreditar é uma
coisa, já saber
é outra bem
diferente. Jung
tinha certeza da
existência da
Divindade porque
ele a sentia
dentro de si
mesmo, de
antemão
conquistara o
“Reino de Deus”
que está dentro
de nós.
Felizes são as
criaturas que,
em decorrência
da evolução
espiritual,
através das
sucessivas
reencarnações,
apresentam, com
maior
felicidade,
lampejos do
“inconsciente
puro” ou zona
mais interna do
psiquismo.
Paulo de Tarso,
o grande
apóstolo dos
gentios, na
Primeira
Epístola aos
Coríntios,
capítulo 6,
versículo19,
arremata: “Acaso
não sabeis que o
vosso corpo é
santuário do
Espírito Santo
que está em vós,
o qual tendes da
parte de Deus, e
que não sois de
vós mesmos?”.
Nota do Autor:
Dedico este
artigo ao
querido amigo e
confrade Luiz
Antônio Millecco
Filho, já
liberto dos
liames
terrestres, a
quem sempre
respeitei e
admirei.