WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, SP
(Brasil)
Bater ou não
bater,
eis a questão
Com ou sem
palmada, educar
os filhos é a
missão
primordial dos
pais. Há os que
defendem a
palmada como
forma de educar,
alegando que as
receberam e são
pessoas de bem,
e há os que
defendem a
posição de que
para educar não
é preciso dar
palmadas. Eu,
por exemplo,
tomei
palmadinhas e
palmadões e
ainda assim fiz
muita besteira
nesta vida. Em
meu caso não sei
se as palmadas
resolveram muita
coisa.
A verdade é que
hoje as palmadas
estão saindo de
moda. Poucos
pais a utilizam
para educar. No
entanto, saiu a
palmada e entrou
em ação a
permissividade.
Tudo pode, tudo
vale. É proibido
proibir os
filhos.
Atualmente os
pais permitem
muito e cobram
pouco. E como
cobram pouco,
quando cobram,
geralmente os
filhos torcem o
nariz para
pagar. Óbvio,
não estão
acostumados.
A chamada
geração Z está
crescendo muito
mimada e sem
ideia de
responsabilidade,
entretanto, não
quero
generalizar. Se
você é um pai ou
mãe que consegue
impor limites
aos filhos,
ensiná-los a
como gastar, ou,
melhor dizendo,
a como não
gastar o seu
dinheiro, a
apreciar o
estudo e
respeitar o
semelhante está
no caminho
certo.
Outro dia
presenciei uma
cena muito
interessante do
Gustavo, um
velho amigo. A
filha, uma
adolescente de
15 anos, queria
ir a um baile
com as amigas. O
Gustavo, sempre
reticente quando
a questão se
refere a balada,
disse à filha
que ela não iria
ao baile. Mas
ela teimou,
insistiu, a mãe
entrou no meio
da conversa pra
negociar e, por
fim, chegou o
exército muito
bem armado: as
amigas da filha
do Gustavo,
implorando para
que ele deixasse
a garota ir ao
baile. “Deixa,
tio, por favor.” –
pediam as
meninas com
aquela voz
manhosa.
E após muita
conversa e
negociação ficou
decidido o
seguinte:
Gustavo cederia
e deixaria a
garota ir ao
baile, porém...
Ah, porém,
sempre ele no
meio; a filha
deveria
apresentar o
boletim no 4º.
bimestre (aquele
bimestre que
muitos alunos
costumam
desprezar por já
terem fechado as
notas) com a
média acima de
7,0. Caso isso
não ocorresse, a
garota passaria
toda a época de
férias sem poder
sair de casa, e
estudando... A
menina, com a
irreverência
própria dos
adolescentes,
afirmou
empolgada: “Tirar
7,0 na escola é
mamão com
açúcar! Puxa,
pai, o senhor
nem exigiu
muito!”. E
Gustavo
respondeu: “É
para você poder
pagar, minha
filha!”. Prevenido
como todo pai,
Gustavo escreveu
documento de
próprio punho
para que a filha
assinasse e
então selassem o
acordo. E assim
foi feito. Papel
assinado e
meninas
contentes. A
filha de Gustavo
saiu naquela
noite.
E os dias
transcorreram
tranquilamente
até que chegou o
momento de pagar
a fatura, ou
seja, de a filha
mostrar o
boletim ao pai.
Era uma
sexta-feira.
Gustavo pediu o
boletim e para
sua surpresa não
havia açúcar
naquele mamão,
mas, sim, sal. A
filha não
cumprira com o
combinado e as
notas estavam
bem abaixo do
medíocre 7,0
acertado dias
atrás. Em poucas
horas lá estavam
as amigas da
filha de Gustavo
pedindo a ele
para que cedesse
e deixasse a
garota ir ao
shopping. Ele
apenas retirou
de seu bolso o
documento
assinado pela
filha e o
mostrou para
todas elas
dizendo: “Eis
o documento; eu
cumpri com a
minha parte no
combinado,
agora, minha
filha, é a sua
vez!”.
A garota,
inconformada,
redarguiu: “Mas
pai, terei que
ficar em casa
estudando as
férias
inteiras?”. E
Gustavo
arrematou sem
palmadas: “Exatamente,
minha filha, o
que é combinado
não é caro”.
E, virando-se
para as amigas
de sua filha,
pediu licença
para que a sua
menina pudesse
começar em
breves minutos a
estudar
Geometria.
Gustavo não
bateu, mas
também não foi
permissivo. Será
que educou?