CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Livres-pensadores
Liberdade.
Princípio, ou
dom divino?
Não é por acaso
que algumas das
nações mais
avançadas do
mundo tomaram
como legenda e
ideal – embora
por vezes
contraditoriamente,
no decorrer
histórico da
interação com o
restante do
mundo – este que
se
constitui no maior
legado humano,
acessível a cada
um disposto a
adotá-lo como
princípio e
direito
inalienáveis no
exercício de
suas diretrizes
de vida.
Embora nem
sempre pagando
um preço fácil.
Porque a mente
livre não se
corrompe. Não se
dobra às
pressões do
sistema, maiores
ou menores. Não
conhece temores,
e a única
limitação
inerente
à verdadeira
liberdade é o
reconhecimento,
no seu próximo,
dos mesmos
direitos à
liberdade de
pensamento e de
atitudes.
Mentes artistas,
via de regra,
são livres.
Porque a
liberdade é
intrínseca a
outro dos
maiores dons
divinos legados
ao homem – o da
criação! E o ser
realmente livre
cria o seu
destino, seja
sob quais
circunstâncias
forem, e por
mais limitadoras aparentem. Porque
a liberdade de
pensamento lhe
oferece
parâmetros
diferenciados de
consideração em
todas
as situações. E
foi exatamente a
isto que Jesus
se referiu ao
visitar João
Batista em seu
claustro, pouco
antes da sua
morte: "Vim
libertá-lo,
dentro do seu
aprisionamento".
"Um homem pode
ir e vir na hora
em que deseja;
mas ainda assim
não é livre,
porque coloca a
sua fé apenas na
sua espada."
–
acrescentou ao
centurião
responsável pela
guarda do
prisioneiro
inocente.
O espírita e
médium, doutra
feita, via de
regra é
portador de uma
índole
inerentemente
livre, liberta
de ideias
preconcebidas
por crenças e
ensinamentos
anteriores,
impostos pelo
sistema vigente,
porque, em
muitas das
vezes, nossos
assistentes e
amigos de outras
dimensões vêm
justamente para
nos recordar
outros ângulos
de percepção de
situações,
coisas e
pessoas, que
pairam acima das
limitações
rudes da
materialidade. E
em quantas vezes
estas revelações
não colocam por
terra todo o
edifício
enganoso, a
partir do qual
sedimentamos
referências de
vida e valores
já inócuos para
as
transformações
incessantes do
mundo, bem como
para as
modificações que
acontecem
diariamente, e
com
naturalidade, em
nós mesmos?
Como dito, em
várias ocasiões
a manutenção da
integridade
desta
diretriz impõe
sacrifícios,
que beiram o
isolamento. Mas
a compensação é
infinitamente
satisfatória.
Assim, alçamos
voo para além de
falsas
necessidades
impostas pelo
modus vivendi,
muitas vezes
frívolo da hora
que passa,
ditador às
massas
inconscientes de
múltiplas regras
e imposições
inúteis. A mente
livre é banhada
em luz. Porque
nutrida e
reconfortada na
fonte primeva da
Vida, se deleita
com as aragens
perfumadas da
primavera; com
as
inspirações fartas
oriundas do ir e
vir das ondas
marinhas;
extasia-se com a
tormenta vincada
por raios, e
se reconhece
verdadeiramente
rica, frente ao
pôr do sol e aos
espetáculos
gratuitos da
natureza,
desprezados por
muitos autoiludidos que
situam o seu
foco vital no
consumo
desenfreado e na
competitividade
selvagem, como
objetivos
únicos para se
viver.
É porque a mente
liberta anda em
sintonia com a
Fonte
criativa de
tudo. Exalta com
naturalidade, em
si mesma, este
dom supremo,
inerente ao
caráter divino
de todos os
seres e coisas
presentes na
Criação. Assim,
não se satisfaz
em apenas
copiar, decorar
e reproduzir o
já existente,
nem busca
provar, a partir
disso, a sua
supremacia sobre
os demais. Como
no exemplo
magnífico dos
naipes musicais
de uma
orquestra, com
cada
instrumentista
realizando o seu
melhor dentro de
um todo, ou no
ribombar das
ondas caudalosas
do mar nas
areias frescas,
onde a ausência
de uma só
gotícula talvez
que
desvirtuasse, de
algum modo, a
sinfonia
reconfortante
das águas, o ser
livre compreende
o seu papel na
vida. E cria
sobre isso, e o
exerce
graciosamente,
com total
inteireza.
Destoa, em
muitas ocasiões,
dos padrões
áridos ainda
vigentes neste
mundo de provas.
Porque provoca
estranheza,
quando não
aversão, em se
recusando a
repetir os
clichês
seculares
e inconscientes
das fórmulas que
não servem mais,
exigindo
renovações
saudáveis
em favor da
vida. Não
enxerga o seu
próximo como
alguém superior
ou inferior a si
próprio; mas,
idêntico a si,
como uma
expressão vital
original, sem
paralelos, e
detentor de
qualidades tão
exclusivas
quanto
importantes para
as engrenagens
mantenedoras da
existência.
Desconhece a
hipocrisia, dada
a sua
transparência de
alma
translúcida, e
empenhada no bem
e na verdade
maiores de cada
situação. Recusa
os jogos de
poder, já que
não se corrompe,
em nenhuma
possibilidade,
e, para uma tal
índole, são,
todos estes
jogos, de uma desimportância
definitiva nos
movimentos
constantes de
um universo que
nos oferece em
abundância, o
tempo todo,
retirando-nos
inexoravelmente,
de outra
feita, tudo o
que tínhamos
como dádivas
permanentes.
Assim,
o livre-pensador
não conhece
ganância. Se se
fecha uma
janela, cria.
Liberta-se!
Acolhe, de bom
grado, as
revelações boas
e os fatos
oportunos que
lhe servem de
ferramentas
úteis em prol do
embelezamento da
vida. Desfaz-se
deste modo,
com facilidade,
das teias
traiçoeiras
do apego e da
posse. E,
reconhecendo
a sua situação
de eterno
aprendiz, nunca
se deprecia em
importância diante
dos golpes da
perfídia
desfechados por
agentes das
sombras,
empenhados
constantemente
na subversão da
Luz no mundo.
Sejamos, pois,
livres-pensadores!
E, antes mesmo
das volições
vertiginosas nos
mundos e
dimensões etéreas,
haveremos de,
ainda aqui, voar
para o infinito,
e tocar os céus!