Grilhões Partidos
Manoel Philomeno de
Miranda
(Parte
18)
Continuamos a apresentar
o
estudo do livro
Grilhões Partidos,
de Manoel Philomeno de
Miranda, obra
psicografada por Divaldo
P. Franco e publicada
inicialmente no
ano de 1974.
Questões preliminares
A.
A ideia espírita de que
a existência terrena
nada mais é do que um
elo na sucessão de
nossas existências é
confirmada neste caso em
que Matias, Ester e
Constâncio se
comprometeram?
Sim. Por causa disso, as
leis da vida reúnem os
implicados nas tramas
dos destinos, para que
refaçam a vida, dispondo
de todos os recursos,
inclusive das
vinculações familiares,
de modo que as
dependências daí
derivadas criem os
vínculos para o
reajustamento e o
perdão, na pauta da
ascensão vitoriosa para
Deus. "Numa análise mais
profunda – asseverou
Bezerra – constataríamos
que o mesmo grupo
procede de outros tipos
de experiências, que
engendraram os
reencontros nos quais
fracassaram há pouco,
infelizmente."
(Grilhões Partidos, cap.
21, pp. 198 a 202.)
B. De que, segundo o Dr.
Bezerra de Menezes,
dependeriam a saúde e a
recuperação de Ester?
A saúde de Ester e sua
recuperação dependeriam
da diretriz que ela
viesse a imprimir à sua
vida. A mediunidade de
que ela era portadora
poderia ajudá-la a
converter-se em ponte de
misericórdia para
resgatar os sofredores
do desalento... O que
dividimos com o próximo
não diminui nossos
recursos, antes os
multiplica. Aquela era,
portanto, uma batalha na
qual não havia vencidos:
todos sairiam
triunfantes se lutassem
com as armas da caridade
e do bem.
(Obra citada, cap. 21,
pp. 202 a 204.)
C. Que ideia apresentou
o Coronel Santamaria com
relação à família de
Matias?
A ideia do Coronel era
ajudar os familiares de
Matias monetariamente,
com vistas a lhes
propiciar melhores
condições de vida e um
futuro mais promissor.
Foi-lhe dito então que
ele não agiria sozinho,
pois teria a cobertura
do plano espiritual aos
seus propósitos de
auxílio à família do
ex-soldado morto na
Itália.
(Obra citada, cap. 22,
pp. 205 a 209.)
Texto para leitura
107. Maria do
Socorro é internada num
Convento -
Matias, durante as
evocações, alternava
lágrimas com ameaças,
desespero com promessas
de vingança...
Despertado, sem que lhe
fossem censuradas as
recordações, permaneceu
sob a custódia fraternal
do enfermeiro
desencarnado. Em
seguida, o mesmo
recurso foi aplicado a
Ester. Sua mente
projetou na tela o
desforço contra a
sobrinha Maria de
Socorro, que foi
encaminhada a um
Convento de religiosas
que cuidava de jovens
equivocadas e iludidas.
Ali, as infelizes moças
viviam praticamente
sepultadas entre as
fortes paredes do
monastério-presídio, em
que o desespero as
alucinava e a revolta
lhes marcava os
espíritos por longos
períodos e até mesmo em
sucessivas
reencarnações. No
Convento das Religiosas
Reformadas de Nossa
Senhora da Conceição, em
Lisboa, fez-se mãe, não
voltando a ver a filha,
encaminhada a outra
instituição, que se
dedicava aos órfãos e
abandonados. Estavam
agora reencarnadas:
Maria do Socorro como
Josefa, irmã de Matias,
e sua filha, que ela não
chegou a ver, como a mãe
de Matias e sua própria
mãe. Na mente de Ester
novas imagens se
formavam, apresentando
nobre drama que a
acarinhava, do Mundo
Espiritual, e a quem
ela, tentando fixar
melhor, se dirigia
suplicando socorro...
Ester chorava
intensamente e, em
breve, os recursos
aplicados a trouxeram de
novo à atualidade. Com
passes ministrados em
todos os personagens da
trama descrita,
retomaram os três as
aparências da atual
jornada. Foi aí que Dona
Margarida percebeu que
era ela a mãe a que
Eduardina se referira em
suas súplicas, o que foi
confirmado por Bezerra
de Menezes. Pensamentos
de renovação e vontade
de ajudar na solução
daquele drama afloraram
à mente de Dona
Margarida e, sem que ela
soubesse, projetaram-se
também no aparelho
receptor, que lhe
registrava as
reflexões, acompanhadas
por todos, inclusive por
Matias, que,
surpreendido pela
nobreza daquela senhora,
se comoveu, sem dominar
a emotividade que lhe
aflorava superior pela
primeira vez nos
últimos anos de
angustiante
desassossego... (Cap.
21, pp. 198 a 200)
108. A
Lei sempre reúne os
litigantes
- Bezerra de Menezes,
quando disse a D.
Margarida que ela fora
também mãe de Ester na
última encarnação,
destacou a justeza das
Leis, que reúnem os
implicados nas tramas
dos destinos, para que
refaçam a vida, dispondo
de todos os recursos,
inclusive das
vinculações familiares,
de modo que as
dependências daí
derivadas criem os
vínculos para o
reajustamento e o
perdão, na pauta da
ascensão vitoriosa para
Deus. "Numa análise mais
profunda – asseverou
Bezerra – constataríamos
que o mesmo grupo
procede de outros tipos
de experiências, que
engendraram os
reencontros nos quais
fracassaram há pouco,
infelizmente". É por
isso que é longo o
caminho que deveremos
percorrer antes do
encontro com a
felicidade almejada.
"Nesse trilhar contínuo,
iremos – disse o Mentor
– desfazendo os erros e
gravames deixados à orla
da estrada,
simultaneamente semeando
flores de alegria e
plantando ações de
beneficência, que nos
servirão de fiadores
para os propósitos
acalentados de
santificação..." Na
sequência, Bezerra
esclareceu que as
impressões daquela noite
seriam, no dia seguinte,
diferentes, de acordo
com o grau evolutivo das
pessoas ali envolvidas.
E, por fim, voltando-se
para os membros do
processo obsessivo de
Ester, advertiu-os
dizendo que todos eles
eram responsáveis uns
pelos insucessos dos
outros. Não era
necessário que
solicitassem perdão
reciprocamente, mas
inadiável que se
ajudassem uns aos
outros, conforme a
recomendação de Jesus.
(Cap. 21, pp. 200 a 202)
109. Uma luta sem
vencidos -
Bezerra de Menezes
acrescentou: "A paz de
Matias será decorrência
da caridosa ajuda
fraternal do Coronel
Santamaria... Muito
justo que o destruidor
da esperança se converta
em edificador da
alegria". "Ninguém
fruirá, jamais, o júbilo
que não soube, ou não
quis outorgar, ou
repartir com o irmão em
pranto, nascido do
desazo de quem o
afligiu." A saúde de
Ester e sua recuperação
dependeriam da diretriz
que ela viesse a
imprimir à sua vida. A
mediunidade de que ela
era portadora poderia
ajudá-la a converter-se
em ponte de misericórdia
para resgatar os
sofredores do
desalento... O que
dividimos com o próximo
não diminui nossos
recursos, antes os
multiplica. Aquela era,
portanto, uma batalha na
qual não havia vencidos:
todos sairiam
triunfantes se lutassem
com as armas da caridade
e do bem. E ele então
concluiu: "Não
encerramos aqui os
nossos compromissos
espontâneos de
solidariedade fraternal.
Mudam-se, tão-somente,
os mecanismos e locais
de ação, para o
futuro..." (Cap. 21, pp.
202 a 204)
110. O sonho de
Ester - Abrindo
o cap. 22, vê-se o
ensino contido na
questão 410 d' O Livro
dos Espíritos, a
respeito das ideias que
nos surgem durante o
sono. Provêm elas da
liberdade do Espírito
que se emancipa e que,
emancipado, goza de suas
faculdades com maior
amplitude, mas decorrem
também, com frequência,
de conselhos que outros
Espíritos nos dão. No
dia seguinte, como fora
previsto por Bezerra de
Menezes, os
participantes da
reunião noturna
traduziam suas
impressões de maneira
diversa. Somente Joel
conservava lucidez quase
total das ocorrências
felizes. Os pais de
Ester não se lembravam
de nada, exceto que
participaram de uma
reunião. Seu estado de
ânimo era, contudo,
excelente. O Coronel
Sobreira despertara
animado por incomum
satisfação. Ele tinha a
impressão de haver
dialogado com Bezerra.
Rosângela despertou
pensando em Ester e,
por isso, ao chegar ao
Hospital, foi
incontinenti ao
Pavilhão onde a jovem
estava internada,
conseguindo permissão
para se aproximar da
enferma. Ester tinha os
olhos imersos em
lágrimas. Desaparecera
a expressão de
ferocidade e voltara a
ser uma jovem
assustada, arrojada a
singular local, sem
maiores explicações.
Dizia sentir-se melhor,
embora confusa, cansada
e com medo. Tudo aquilo
lhe parecia um
pesadelo... "Eu sairei
daqui?", indagou.
Rosângela afirmou-lhe
que sim, e que seria em
breve, mas para isso ela
necessitava cuidar-se,
alimentar-se, a fim de
alegrar seus pais.
"Tenho pais?" – inquiriu
Ester, algo surpresa.
"Se tenho, por que não
me visitam? Você os
conhece?" Em seguida,
contou que só se
lembrava de um homem que
desejava matá-la. Logo
depois ele se
transformava num mancebo
muito belo, que lutava
com um padre
perverso... Ester
guardava a impressão de
que iriam matá-la e
tinha medo... (Cap. 22,
pp. 205 a 207)
111. Os planos de
ajuda à mãe de Matias
- Rosângela buscou
acalmá-la,
sugerindo-lhe ideias
agradáveis. A auxiliar
de enfermagem não tinha
dúvida: Ester realmente
recobrava a lucidez. À
noite, após a reunião de
estudos no Centro, os
pais de Ester convidaram
os amigos de sempre para
um lanche em sua casa,
onde o Coronel pretendia
expor-lhes os planos de
ajuda à mãe e à irmã de
Matias. Ele pensava em
ajudá-las
monetariamente, mas
receava não ser bem
compreendido. Sobreira
disse-lhe que não se
afligisse. O essencial
eram os seus propósitos
de amizade e cooperação.
Joel também interveio:
"Forrados de intenções
superiores,
defendemo-nos das
arremetidas negativas de
qualquer procedência". E
lembrou-lhe que o
Coronel não agiria
sozinho, pois teria a
cobertura do plano
espiritual aos seus
propósitos de auxílio à
família do ex-soldado
morto na Itália.
Expostas as ideias, D.
Margarida indagou a Joel
se ele poderia
esclarecer algo a
respeito das ocorrências
da noite anterior. A
interrogação recebeu
apoio de todos, e o
médium, vivamente
inspirado por Bezerra de
Menezes, fez um resumo
feliz, apresentando
correlações nos fatos,
aclarando pontos
obscuros, narrando as
malogradas experiências
dos envolvidos na
questão supliciante. Por
fim, Rosângela relatou
seu encontro com Ester e
as melhoras que
percebeu na jovem
enferma, notícia essa
que levou seus pais às
lágrimas. (Cap. 22, pp.
207 a 209) (Continua no próximo
número.)