VINÍCIUS LIMA
LOUSADA
vlousada@hotmail.com
Passo Fundo, RS
(Brasil)
Votos de
Ano-Novo
A vós, caros
espíritas,
irmãos e irmãs
conhecidos e
desconhecidos,
eu vos desejo
particularmente
um ano feliz,
porque
recebestes de
Deus, para a
vossa
peregrinação
terrena, um
grande apoio no
Espiritismo.
No número de
fevereiro de
1868 da Revista
Espírita, Kardec
brinda-nos com a
tradução e
publicação de um
cartão escrito,
impresso e
distribuído por
um espírita de
Leipzig, na
Alemanha, cujo
nome era Adolf,
portador do
título de conde
de Poninski. O
texto em questão
se intitula
“Meus votos de
feliz ano-novo a
todos os
espíritas e
espiritualistas
de Leipzig” e
parece-me que,
às portas de
2012, vale a
pena fazermos um
breve estudo a
respeito de seu
conteúdo.
Adolf inicia o
seu escrito
dirigindo-se aos
adeptos do
materialismo,
doutrina que
postula que “A
inteligência do
homem é uma
propriedade da
matéria; nasce e
morre com o
organismo. O
homem nada é
antes, nem
depois da vida
corporal”,
como elucidou
Kardec em texto
presente na
coleção de
manuscritos que,
organizados por
Leymarie,
fizeram parte do
livro Obras
Póstumas.
Justifica o
autor do texto
em análise a
razão de se
voltar apenas
aos espíritas e
aos
espiritualistas
por compreender
que os
materialistas
veriam seu ato
fraterno como
uma “ousadia”,
frente à
oposição
filosófica
evidente do
materialismo em
relação à
Doutrina
Espírita.
Refere-se,
posteriormente,
aos
espiritualistas
e espíritas
destacando, como
consequência
moral da crença
de ambos na
imortalidade da
alma, o fato de
que “reconhecem
em cada homem
uma alma irmã da
sua e, por isto,
me dão o direito
de lhes enviar
meus votos”.
Nesse sentido,
também a crença
na existência de
Deus levaria os
dois grupos à
postura íntima
de gratidão pelo
ano passado,
fomentaria o
sentimento de
esperança no
apoio divino
para o
enfrentamento
das provas
passíveis de
surgirem nos
dias infelizes
do calendário
vindouro e,
ainda, forças
para a superação
moral das más
paixões.
Mas ao se
dirigir
particularmente
aos espíritas,
desejando-lhes
um ano feliz,
Adolf destaca as
contribuições do
Espiritismo no
campo da fé dos
indivíduos,
chamando-nos a
todos ao
reconhecimento
do valor da
Doutrina como um
apoio na jornada
terrena.
Considera,
também, que
diante da
incredulidade,
do egoísmo e do
orgulho que
vinham
crescendo, a
Filosofia
Espírita é um
movimento de
ordem divina
para o bom
combate desses
três sicários da
emancipação
espiritual do
gênero humano.
Desse modo, a
Doutrina dos
Espíritos vem em
tempo oportuno
trazer a fé
raciocinada
baseada em fatos
rigorosamente
verificáveis no
campo da
comunicação com
os Espíritos e,
assim, dá-nos a
certeza
inabalável da
vida da alma
após a morte,
além de
consentir um
acurado e
racional olhar
sobre o mundo
espiritual,
preparando-nos
para a grande
viagem de
retorno à
realidade
original que nos
espera,
inexoravelmente,
um dia.
Igualmente,
mediante as
comunicações com
os Espíritos,
conforme as
lúcidas
recomendações de
Allan Kardec, o
Espiritismo nos
conduz ao
reconhecimento
da vaidade
infantil que
cerca as
felicidades
transitórias da
vida material e,
igualmente, a
solução
filosófica de
uma série de
problemas que
sem o seu
contributo
esclarecedor
levariam os
indivíduos
facilmente à
falta de fé.
Vejamos que o
Espiritismo
tirou o diálogo
com os
habitantes do
mundo invisível
do terreno do
sobrenatural
para
identificá-lo
como mecanismo
natural da vida
que, por sua
vez, merecia uma
investigação
científica capaz
de extrair as
suas
consequências
morais para o
progresso de
seus praticantes
e não para
especulações
significadas a
partir de
interesses
materiais ou
egoístas.
Assim, a
mediunidade,
tendo
conquistado o
seu sentido
educativo de
ensinar aos
indivíduos a sua
natureza
espiritual, sem
qualquer forma
de exploração
egoísta ou
misticismo,
estabeleceu-se
em bases
científicas para
confirmar, pelos
fatos que
apresenta, a
crença na
imortalidade da
alma, e acalmar
o coração
daqueles que
viveram a
experiência da
perda de seus
entes queridos.
Quanto aos
problemas
filosóficos
resolvidos pelo
Espiritismo,
remeto o leitor
à obra O que
é o Espiritismo,
de Allan
Kardec, em seu
último capítulo.
Ali encontramos
a argumentação
lúcida da
Filosofia
Espírita em
torno de temas
como a
pluralidade dos
mundos
habitados, a
alma e a
situação do
homem na vida
terrena e na
vida espiritual.
Vale a pena
conferir!
Contudo, eu
gostaria de me
reportar, então,
a outro aspecto
do texto de
Adolf. Agora,
refiro-me ao
destaque dado à
coerência entre
o Cristianismo e
a Doutrina
Espírita.
Examinemos essas
palavras do
autor:
É verdade que
ela [a Doutrina
Espírita] não
ensina nada de
novo proclamando
a vida da alma,
pois o Cristo já
falou dela; mas
o Espiritismo
levanta todas as
dúvidas e lança
uma nova luz
sobre esta
questão.
Entretanto,
guardemo-nos de
considerar como
inúteis os
ensinamentos do
Cristianismo, e
de os crer
substituídos
pelo
Espiritismo; ao
contrário,
fortifiquemo-nos
na fonte das
verdades
cristãs, para as
quais o
Espiritismo não
é senão um novo
facho, a fim de
que nossa
inteligência e
nosso orgulho
não nos
desencaminhem.
Observemos que a
vida da alma,
ensinada pelo
Cristo, é
reforçada pelo
pensamento
espírita e,
através do
esclarecimento
que presta,
identificando as
leis que regem a
vida espiritual
e os fenômenos
espíritas, dilui
de forma
racional
qualquer dúvida
sistemática em
relação a essa
verdade eterna.
Além disso, o
Espiritismo traz
nova luz na
compreensão dos
ensinamentos de
Jesus que
ficaram
obscurecidos
pelas doutrinas
enxertadas no
Cristianismo.
Recordemos que a
História permite
perceber que,
através de
dogmas e cultos
exteriores, o
povo foi sendo
gradativamente
afastado do que
era essencial e
puro no
Evangelho do
Divino Mestre.
Adiante, os
votos de
ano-novo de
Adolf são
encerrados com
uma bela prece,
uma verdadeira
rogativa pelo
bom
aproveitamento
dos diálogos que
podemos manter
com os Espíritos
nas reuniões
espíritas
sérias, onde se
comunicam os
Espíritos
elevados que “se
fazem reconhecer
por sua
linguagem, que é
a mesma em toda
parte, sempre de
acordo com o
Evangelho e a
razão humana”.
E, por fim, o
texto
recorda-nos o
papel dos Bons
Espíritos junto
de nós: ajudar
em nossos
esforços de
autoaprimoramento
e no
conhecimento da
vida espiritual,
a fim de
assimilarmos
esse saber à
vida atual, o
que deve
corresponder a
um viver mais
espiritualizado,
concernente com
a adoção dos
princípios da
Filosofia
Espírita.
Portanto,
meditemos nisso
tudo e tenhamos
um 2012 feliz,
cheio de
realizações
enobrecedoras na
direção de nossa
evolução
consciente.