VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, SP
(Brasil)
Reflexos de
humildade
Muito se fala
desse
substantivo. Na
verdade, é um
dos ícones para
se alcançar a
suprema glória,
ladeado pela
caridade, tão
bem explicitada
pelo Divino
Amigo.
Mas, se por um
lado é muito
fácil falar dela
ou sobre ela,
por outro,
percebemos que
muitos dos que a
abordam, não
agem de
conformidade com
o ensino que
transmitem.
Isso nos faz
lembrar uma
historieta muito
difundida no
meio espírita, a
respeito de um
indivíduo que
frequentava
regularmente
determinado
Centro. Como se
preocupava com
os ensinos que
eram passados,
mostrava-se
presente já nos
primeiros
lugares, para
não perder um só
segundo de
instrução.
E assim foi por
muito tempo. O
instrutor, com
toda a
experiência e
prática na vida
e no meio
doutrinário,
usando dos
recursos que lhe
eram próprios,
empregando
frases e
palavras sempre
diferentes, de
forma a exibir
seu amplo
conhecimento e,
do outro lado,
como assistente,
e na condição de
instruendo,
aquele que não
faltava às
aulas, por nada,
nem em dias de
frio ou chuva.
Passado certo
tempo o
instrutor foi
visitado pela
morte. Sem que
houvesse
simultaneidade,
aquele
frequentador
assíduo da Casa
Espírita também
voltou à sua
antiga morada.
Não se
encontraram de
imediato.
Alguns meses
transcorreram,
sem que se
vissem.
Um belo dia,
estando ambos
acomodados em
certo salão,
onde se
aguardava
personalidade de
plano mais
elevado para
discorrer sobre
importante
assunto, eis que
o antigo
instrutor depara
com seu velho
“discípulo” e,
algo
entusiasmado,
manifesta-se:
- “Como vai
você, meu amigo,
faz muito tempo
que não o vejo!”
e o surpreende
com um forte e
fraterno abraço
e uma outra
pergunta:
- “Como pode
você,
frequentador por
muitos anos de
nosso Centro na
Terra, embora
sempre na
condição de
aprendiz,
apresentar-se
com essa luz tão
intensa?”
Muito surpreso
com aquele
momento e por
constatar que
seu antigo
expositor se
exibia de forma
apagada, sem
qualquer indício
de domínio
ambiental, em
relação à aura
que o envolvia,
preferiu nada
dizer. Porém,
dado à
insistência a
que era
compelido,
embora
constrangido com
a opacidade de
seu
interlocutor,
disse:
- “Meu amigo,
fiz tudo
conforme você
nos ensinava; a
cada nova lição
acrescentada, eu
percebia a
mudança, dia
após dia. Não
perdi um momento
sequer”.
De fato, a
diferença está
em fazer ou
deixar de fazer.
Por isso mesmo
reconhecemos que
é fácil falar de
humildade ou
sobre humildade.
O difícil é
praticá-la.
Exemplos,
naturalmente,
não faltam para
ilustrar
qualquer fato
que implique nas
questões ligadas
à humildade.
Lacordaire, em
trecho de uma de
suas mensagens a
Kardec,
enfatiza:
“Despertai, meus
irmãos, meus
amigos! Sede
generosos e
caridosos, sem
ostentação.
Fazei o bem com
humildade. Cada
um vá demolindo,
aos poucos, os
altares elevados
ao orgulho”.
Para finalizar
essa linha de
raciocínio
simplista,
buscamos a
figura histórica
de Cornélia,
filha de Cipião,
‘o Africano’,
de ilustre
família patrícia
da Roma antiga,
pelo ano 200
a.C.
Tendo ficado
viúva e com doze
filhos, a morte
a visitou
inúmeras vezes,
levando nove
deles,
restando-lhe, ao
final, apenas
três, sendo dois
homens e uma
mulher. De
caráter forte e
Espírito culto,
educou seus
filhos com o
maior esmero,
inspirando-lhes
o amor e
respeito aos
bens públicos e
ao povo.
Tanta era sua
ventura em
relação aos
filhos, que, às
vezes,
perguntava se
sempre a
chamariam “a
filha de Cipião”
e não “a mãe
dos Gracos”,
como gostaria,
numa referência
ao sobrenome.
Um dia, uma rica
patrícia romana,
mostrando-lhe as
suas exuberantes
e fartas joias,
pediu para ver
as de Cornélia,
que não titubeou
e apresentou-lhe
seus filhos,
dizendo: “Eis
as minhas joias
e adornos
preciosos”.