ANGÉLICA DOS
SANTOS SIMONE
angelssimone@gmail.com
São Paulo, SP
(Brasil)
A Parábola do
Semeador
e o
solo fértil
Para que a
reforma íntima
seja completa, a
etapa seguinte
refere-se ao
descanso da
terra, pois todo
solo necessita
do pousio.(1)
Como nada na
natureza é
passível de
eterna
movimentação,
tudo que existe,
esteja ou não em
processo de
configuração, de
transformação ou
de criação,
necessita de um
momento de
calmaria para
que as
partículas
aquietem-se,
tranquilizem-se
para se
preocuparem
somente em
assimilarem todo
este processo.
Estamos
sensíveis e
temos
esparadrapos por
todo o corpo, o
coração está
inquieto, mas
aliviado, apenas
necessita de
silêncio.
Precisamos, em
dados momentos
de nossas vidas,
de paz, de
tranquilidade,
reduzir a
velocidade,
manter-se em
silêncio. Isso
não significa
que me
ausentarei de
meus
compromissos e
de minhas
atividades
diárias, somos
seres em
constante
atividade
(lembremo-nos do
pensamento), é
difícil não
pensar. Quando o
lavrador cumpriu
a sua parte,
quando completou
todas as etapas
incumbidas a ele
no preparo da
terra, ela
carece então, do
devido descanso
para receber as
sementes que
virão.
Recordaremos que
tal processo não
é uma reta
ascendente, pois
diante de toda
decisão, mudança
e aprendizado,
eu devo
disciplinar a
mansidão de meu
Espírito para
que ele esteja
sempre em paz.
Só alcançarei a
paz em mim se eu
me disciplinar
na postura
diária de
análise de minha
conduta mental.
Um terreno
humilde (aquele
que contém
húmus, adubo)
poderá receber
as sementes que
se
desenvolverão,
pois ele possui
os elementos
exigidos para
tal fase. Quando
nos encontramos
em meio a uma
tempestade, não
é possível
enxergarmos o
que está à nossa
frente, assim, é
nossa função nos
acalmarmos e
termos paciência
em aguardar as
nuvens
dissiparem-se e
então podermos
observar o que
nos é mostrado.
Da mesma maneira
acontece com o
terreno. O seu
estado de
agitação é
resultado de um
incômodo gerado
por uma reação
àquilo que não
queremos aceitar
ou que não
queremos
corrigir em nós,
em outras
palavras, é
resultado do
Orgulho. O
orgulho
apresenta-se
latente em nós,
perceptível
somente quando
as situações nos
envolvem e
quando, através
da ansiedade,
manifestamos as
nossas opiniões
irrevogáveis.
Como não nos
conhecemos, não
consentimos que
nós sejamos
seres
orgulhosos,
mesmo que em
baixo grau, mas
a sua existência
é suficiente
para defini-lo.
É necessário
humildade para
admitir o nosso
orgulho.
Diante das
experiências, o
homem orgulhoso
produz uma
movimentação
energética
sempre que suas
afirmações são
questionadas.
Certa feita, um
aprendiz
perguntou a
Gandhi quantas
vezes ele havia
perdoado em sua
vida, ao que
Gandhi
respondeu:
- Nenhuma!
Esta resposta
foi uma surpresa
para o seu
seguidor.
Gandhi,
compreendendo a
reação de seu
interlocutor,
explicou:
– Nunca me senti
ofendido, por
isso nunca senti
a necessidade de
perdoar.
Como um terreno
fértil, Gandhi
não se sentiu
ofendido, ou
seja, a sua paz
não foi afetada
pelas forças
externas
dirigidas a ele.
Algo semelhante
ocorreria se as
águas de um lago
não formassem
ondas quando
atirássemos
alguma pedra em
sua superfície.
A emoção é
resultado ou
produto do
orgulho. Por
conta disso, ela
se mostra
confusa,
transitória,
intensa, mutável
e incômoda,
donde advém um
mal-estar, pois
sempre surge a
ansiedade. Uma
força causou a
perturbação no
meio; se este
meio fosse
possuidor de
alguns
atributos, tal
perturbação
geraria uma
resposta
diferente, o
lago teria a
capacidade de
lapidar a pedra
arremessada,
respondendo com
um lindo
cristal.
Somos reatores
nucleares,
reagimos em
intensidade e em
proporção às
forças que nos
perturbam,
geramos emoções
que são capazes
de destruir o
nosso sistema
orgânico e
mental e não nos
atentamos para
esses detalhes
que fazem parte
de nosso
cotidiano, de
dia em dia os
anos podem ser
fatigantes.
Quando
alcançarmos a
compreensão do
“ser humilde” e
para isso é
necessário o
conhecimento,
saberemos que a
única maneira de
neutralizar as
reações
(2)
será produzindo
(e não
re-produzir)
Amor. Esta
produção inicial
será utilizada
para resguardar
o nosso
organismo físico
e mental e gerar
uma capa
protetora em
volta de nosso
campo
energético, de
modo que
qualquer
emanação
imprópria
direcionada ou
assimilada por
nós, não nos
afetará.
Lembremos que o
amor é uma força
capaz de
dissolver
qualquer
construção
contrária à
proposta de Deus
para nossas
vidas.
Após cuidarmos
de nosso templo,
o amor produzido
será emanado,
transmitido para
outrem, pois
assim ocorre
quando
utilizamos a
enxada em nosso
terreno e
encontramos uma
pedra preciosa.
O avarento
deixá-la-á
enterrada ou
escondê-la-á em
qualquer outro
lugar, mas o
humilde vai
trazê-la para a
superfície e
compartilhá-la-á
com todos. O
amor é esta
pedra preciosa.
Durante o
pousio, o nosso
solo está
assimilando tudo
que foi feito
nele e
preservando os
elementos
necessários e
dispondo-os de
modo que a
semente se sinta
aconchegada
quando for
lançada pelo
semeador. Desta
maneira age o
amor em nosso
interior; ele
organiza cada
elemento
orgânico e
mental com o
intuito de que
ambos trabalhem
na fertilidade
constante do
solo e para que
ele sempre
esteja pronto
nos momentos de
enfrentamento
das intempéries
que o atingirão
enquanto ocorre
a germinação. O
semeador passará
uma vez,
arremessará a
sua melhor
semente,
retornará depois
de um tempo para
ver como está o
canteiro e
reclamará ao
lavrador se algo
provocar o
comprometimento
de uma colheita
saudável.
Lembrará ao
lavrador que,
cada vez que ele
vier semear, o
solo deve estar
adequado para
receber sementes
diferentes, pois
cada semente
exige os
recursos e
elementos
apropriados para
sua germinação.
Cada ensinamento
transmitido por
Jesus só é
aproveitado
pelos Espíritos
que se propõem a
manter constante
vigília de seus
pensamentos e
atos, cultivando
o amor e a prece
para se
protegerem
contra as
intempéries e
ervas daninhas,
mantendo a fé na
evolução e
regando a
humildade para
que sua árvore
possa oferecer
deliciosos
frutos!
(1)
Interrupção do
cultivo da terra
por um ou mais
anos.
(2)
Toda reação é
produto de uma
ação impensada,
movida pelo
instinto, ao
passo que toda
ação é movimento
raciocinado,
pois nasce em
mim e exige um
mínimo de
reflexão para eu
colocá-la em
prática.