Grilhões Partidos
Manoel Philomeno de
Miranda
(Parte
20)
Continuamos a apresentar
o
estudo do livro
Grilhões Partidos,
de Manoel Philomeno de
Miranda, obra
psicografada por Divaldo
P. Franco e publicada
inicialmente no
ano de 1974.
Questões preliminares
A. No dia em que a mãe
de Matias foi visitada
pelo Coronel Santamaria,
fazia quantos anos que o
ex-soldado morrera em
combate?
Quase dezessete anos
fazia que Matias tombara
em combate na Itália.
(Grilhões Partidos, cap.
23, pp. 221 a 223.)
B. Que Espíritos
estiveram presentes à
reunião realizada à
noite no lar da genitora
de Matias e que
resultado se obteve no
encontro?
Sob a direção do Dr.
Bezerra de Menezes
reuniram-se ali, naquela
noite, os Espíritos de
Josefa, Abigail, Coronel
Santamaria e Ester,
todos em desprendimento
durante o sono. Dentre
os desencarnados,
participaram do encontro
José Petitinga, Manoel
Philomeno e Melquíades,
além de muitos amigos
espirituais de Josefa e
D. Abigail, interessados
na tranquilidade de
ambas.
(Obra citada, cap. 23,
pp. 221 a 226.)
C. No dia seguinte ao da
reunião, como foi o
despertar de D. Abigail
e de sua filha?
D. Abigail despertara
muito cedo e, embora não
recordasse os
pormenores, tinha em
mente o sonho
agradável. Josefa
despertou, após o
sonho ditoso,
recordando-se com
surpreendente nitidez
da ocorrência
espiritual. O quarto
exíguo, nauseante,
sombrio e abafado, em
contraste com o dia de
sol claro, que convidava
à vida, amargurou-a
mais do que noutras
vezes. A jovem tremia
como varas verdes. Um
terror dominou-a. Temia,
com razão, o desforço
dos comparsas de ilusão.
Sentiu-se então
desvairar, a cabeça
rodopiou e as entidades
desencarnadas que a
vampirizavam tentaram
agredi-la. Bezerra de
Menezes e Manoel
Philomeno, que a tudo
assistiam, aguardavam a
decisão da jovem, em
respeito ao
livre-arbítrio de que
todos somos titulares.
Josefa, cercada dos
malfeitores que
escolhera por vontade
própria, atônita,
recordou-se do sonho
novamente e começou a
orar, apoiando-se ao
portal do quarto. A
prece ansiosa e
confiante envolveu-a em
vibrações diferentes. A
moça apelava, comovida,
necessitada, e, como
nenhum pedido aos Céus
se demora sem resposta,
o Benfeitor Espiritual
aproximou-se, expulsou
os parasitas
espirituais,
concentrou-se e
falou-lhe enérgico:
"Vem! Jesus está
aguardando por ti. Vem!
Agora, ou só muito
tarde..." Josefa não
registrou o chamado nos
seus ouvidos carnais,
mas na acústica da alma
a voz vigorosa de
Bezerra dava-lhe
forças. "Valei-me, Mãe
Santíssima! – ela
rogou, em lágrimas.
Socorrei-me, Senhora!"
E, adquirindo novo
alento, a jovem desceu
a escada, passou pelo
balcão da entrada e
saiu, em direção ao lar
materno, para nunca mais
regressar.
(Obra citada, cap. 24,
pp. 227 a 230.)
Texto para leitura
117. Um novo
encontro durante o sono
- Antes de regressar ao
hotel em que se
hospedara, o Coronel
Santamaria deixou com D.
Abigail um cartão do
referido
estabelecimento,
prometendo retornar no
dia seguinte, no mesmo
horário. Ele seguia
feliz e sensibilizado.
Ao homem rígido
sucedera o coração
afável que compreendia e
se comovia, e ele, em
sua tela mental, anteviu
os dias em que o
Evangelho conseguiria
triunfar nas criaturas
humanas... Durante a
noite, no lar da
genitora de Matias,
Bezerra de Menezes fez
com que se reunissem
Josefa, Abigail, o
Coronel Santamaria e
Ester, todos em
desprendimento durante o
sono. Fazia quase
dezessete anos que
Matias tombara em
combate e sua mãe, em
suas reflexões,
embevecida com o
singular encontro com o
antigo chefe de seu
filho, via naquele fato
o dedo do filho que
vinha do além-túmulo
para ajudá-la e à irmã.
Bezerra de Menezes e
Manoel Philomeno
buscaram o Espírito de
Josefa,
desembaraçando-o, em
caráter parcial, dos
densos fluidos da
organização física.
Depois, amigos
espirituais buscaram o
Coronel Santamaria. José
Petitinga formava também
na equipe espiritual que
ali trazia o Coronel.
Pouco depois o irmão
Melquíades chegou
trazendo Ester. Tudo
fora organizado com
esmerada meticulosidade.
No Mundo Espiritual –
anotou Manoel Philomeno
– são programadas as
ocorrências boas ou
infelizes que irromperão
mais tarde, entre as
criaturas, em conexões
ditas casuais...
"Crimes, reabilitações,
tragédias, sacrifícios
são, inicialmente,
concertados cá...",
afirma Philomeno. (Cap.
23, pp. 221 a 223)
118. Eduardina se
vê face a face com Maria
do Socorro -
Muitos amigos
espirituais de Josefa e
D. Abigail ali
compareceram,
interessados, por sua
vez, na tranquilidade de
ambas. Bezerra de
Menezes, depois de
haver despertado os
convidados, pediu a José
Petitinga que fizesse a
oração. Em seguida, o
Benfeitor Espiritual
dirigiu-se a todos,
explicando o porquê
daquele encontro. Era
preciso, disse então,
liberar a alma das
reminiscências amargas e
dos ódios
injustificados. "O
passado é algema para
quem nele se fixa e asa
de luz para quantos o
transformam em
experiência bendita",
asseverou Bezerra. "A
aduana da consciência
cobra as taxas dos erros
de todos, mas não dispõe
de direitos para
alcançar a bagagem moral
do próximo, exigindo
tributos... Assim,
examinemo-nos para
acertar e ajudemos para
que nos ajudem...",
acrescentou o amorável
Instrutor. Referiu-se
então ao Monsenhor
Severo Augusto dos
Mártires, arrependido
dos erros do pretérito,
na figura do Coronel
Santamaria, que dava
início à sua redenção,
ao lado de D. Eduardina
Rosa de Montalvão do
Alcantilado, hoje sua
filha Ester, de quem se
fizera cúmplice em
ardilosos crimes. "O
amor que por ela nutria
e o desgovernava,
santifica-o hoje,
mediante o desvelo e a
ternura que lhe tem
dado", afirmou Bezerra.
Josefa (Maria do
Socorro) foi acometida
de um riso histérico e
daí passou ao desacato
verbal, quando ouviu o
nome de D. Eduardina e a
descrição de seus
sofrimentos atuais.
Maria do Socorro
recordava com nitidez o
que lhe sucedera: "Tia
infame e perversa!" –
pôs-se a imprecar. –
"Roubou-me o amante e
encarcerou-me,
desterrando meu filho...
Arrojou-me a uma `Casa
de Deus', na qual a
revolta e o desespero
fizeram-me odiá-lo...
Nunca soube do ser que
eu carregava comigo; nem
sequer me deixaram
vê-lo... Alegro-me por
saber que ela paga... E
Casimiro, onde se
encontra?... Diga-me,
alguém... Como o amo!"
(Cap. 23, pp. 223 e
224)
119. O ódio se
desintegra nas águas
claras do amor -
Bezerra de Menezes
respondeu a Maria do
Socorro: "Casimiro,
filha, como tu mesma,
retornou à Terra. Ouve:
a Justiça de Deus não
erra, nem tarda,
manifesta-se, não
conforme nosso agrado,
porém no momento
oportuno. Eduardina,
conforme informei,
ressurgiu no corpo da
filha do Monsenhor dos
Mártires; Casimiro
envergou as roupagens
físicas de Matias, teu
irmão, a quem te
apegavas e de quem
recebias as santas
carícias da
fraternidade; tua
filhinha, pois que fora
uma menina o teu
rebento, e que teve vida
efêmera, volveu na
condição de tua mãe, que
ora por ti se
sacrifica, qual tu
mesma fizeste, a fim de
conceder-lhe a bênção do
corpo..." E o Benfeitor
continuou: "Observa a
justeza e a sabedoria
das Leis Divinas. Nosso
Matias, em momento de
exacerbação, ergueu-se
como vingador, cobrando
a dona Eduardina o
débito que lhe não cabe
exigir... Graças, no
entanto, a essa
circunstância de que o
Celeste Amor se
utilizou, aqui estão os
algozes oferecendo
proteção às vítimas...
Não lhes negues o teu
concurso..." Josefa se
disse confusa, mas
Bezerra lhe assegurou
que o amor passaria à
sua porta, mais tarde,
sob outro aspecto. O
desvario do sexo não
aplaca a sede de quem
aspira ao amor. Os que
buscam na sofreguidão do
corpo o lenitivo para a
febre interior não sabem
que o desespero mais
produz ardência e
desgaste, alucinando a
razão. Pouco depois,
Ester acercou-se de
Josefa e abraçou-a.
Elas tinham
praticamente a mesma
idade. Ester então lhe
disse: "Como te
abandonei na condição
de tia, invigilante e
perdida, ajuda-me a
amparar-nos como irmãs
arrependidas, em
recuperação... Dá-me a
mão que desprezei... Eu
estava louca e não
sabia..." Josefa
abraçou-a também,
concordando com a
proposta. D. Abigail
aproveitou o ensejo e
afagou ambas as moças,
seguida pelo Coronel
Santamaria, que
estreitou as três
personagens em nobre
gesto de carinho,
informando: "Rogarei a
Deus tornar-me digno da
reabilitação a que nos
propomos todos. Tudo
farei por ser fiel ao
Pai, a vocês e à santa
fé que me infunde vida e
forças ao espírito
calceta". (Cap. 23, pp.
224 a 226)
120. Josefa volta
para casa - A
referência evangélica
que abre o último
capítulo deste livro
fala sobre o sacrifício
mais agradável ao
Senhor: antes de se
apresentar a Deus para
ser por ele perdoado,
precisa o homem haver
perdoado e reparado o
agravo que tenha feito a
algum de seus irmãos ("O
Evangelho segundo o
Espiritismo", cap. X,
item 8). Josefa
despertou, após o
sonho ditoso,
recordando-se com
surpreendente nitidez
da ocorrência
espiritual. O quarto
exíguo, nauseante,
sombrio e abafado, em
contraste com o dia de
sol claro, que convidava
à vida, amargurou-a
mais do que noutras
vezes. Teve súbito pavor
pelo recinto e por si
mesma, e, como estivesse
eletrizada por uma
decisão superior, reuniu
os escassos pertences,
saindo apressadamente. A
jovem tremia como varas
verdes. Um terror
dominou-a. Temia, com
razão, o desforço dos
comparsas de ilusão.
Sentiu-se então
desvairar, a cabeça
rodopiou e as entidades
desencarnadas que a
vampirizavam tentaram
agredi-la. Bezerra de
Menezes e Manoel
Philomeno, que a tudo
assistiam, aguardavam a
decisão da jovem, em
respeito ao
livre-arbítrio de que
todos somos titulares.
Josefa, cercada dos
malfeitores que
escolhera por vontade
própria, atônita,
recordou-se do sonho
novamente e começou a
orar, apoiando-se ao
portal do quarto. A
prece ansiosa e
confiante envolveu-a em
vibrações diferentes. A
moça apelava, comovida,
necessitada, e, como
nenhum pedido aos Céus
se demora sem resposta,
o Benfeitor Espiritual
aproximou-se, expulsou
os parasitas
espirituais,
concentrou-se e
falou-lhe enérgico:
"Vem! Jesus está
aguardando por ti. Vem!
Agora, ou só muito
tarde..." Josefa não
registrou o chamado nos
seus ouvidos carnais,
mas na acústica da alma
a voz vigorosa de
Bezerra dava-lhe
forças. "Valei-me, Mãe
Santíssima! – ela
rogou, em lágrimas.
Socorrei-me, Senhora!"
E, adquirindo novo
alento, a jovem desceu
a escada, passou pelo
balcão da entrada e
saiu, em direção ao lar
materno, para nunca mais
regressar. (Cap. 24, pp.
227 e 228)
121. Os fatos se
precipitam - D.
Abigail despertara
também muito cedo.
Embora não recordasse os
pormenores, tinha em
mente o sonho
agradável. Quando Josefa
chegou a casa, ela supôs
que a filha tinha
cometido algum delito.
Depois que Josefa lhe
narrou o sonho, a mãe
ficou calma e contou-lhe
sucintamente, com a
clareza possível, a
visita do Coronel
Santamaria e seu desejo
de ajudá-las. "Deus
existe, minha menina e
Ele nos irá ajudar!",
falou confiante D.
Abigail. Com receio do
desforço dos seus
exploradores, a filha
disse-lhe que não
poderia permanecer ali;
era preciso sair para
algum lugar onde não a
encontrassem. A mãe
deliberou então ir até
ao Hotel, passando antes
na casa de Teófilo,
presidente do Centro
Espírita, a quem
pediriam ajuda. Depois
de algumas providências
rápidas, elas seguiram
ao lar de Teófilo, que
as recebeu eufórico e,
após inteirar-se do
caso, dispôs-se a ir até
ao hotel à procura do
Coronel. A vida do irmão
Teófilo, já
septuagenário, se
transformara em viva
lição de fé e amor. Os
sofredores nele
encontravam um irmão
abnegado. Seu exemplo
constituía sua força.
Quando ele chegou ao
hotel, encontrou o
Coronel Santamaria que
se preparava para sair
em passeio pela orla
marítima da cidade.
(Cap. 24, pp. 229 e 230)
(Continua no próximo
número.)