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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 246 - 5 de Fevereiro de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


O Espiritismo perante a Ciência

 Gabriel Delanne

(Parte 39)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro O Espiritismo perante a Ciência, de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la science, publicada originalmente em Paris em 1885.

Questões preliminares

A. Qual é a melhor garantia contra o charlatanismo? 

Segundo o Codificador do Espiritismo, o mais absoluto desinteresse é a melhor garantia contra o charlatanismo. Se ele nem sempre assegura a excelência das comunicações inteligentes, priva, contudo, os maus Espíritos de um poderoso meio de ação e fecha a boca a certos detratores. (O Espiritismo perante a ciência, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns videntes e médiuns auditivos.)

B. Pode ser fotografado um Espírito que ninguém esteja vendo no recinto? 

Sim. A fotografia é possível estando o Espírito tangível, como nas experiências de William Crookes com a médium Florence Cook, bem como nos casos em que o Espírito se encontra invisível para as pessoas presentes. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns videntes e médiuns auditivos.) 

C. Em que consiste a mediunidade auditiva? 

A mediunidade auditiva consiste na faculdade de ouvir certos ruídos, certas palavras pronunciadas pelos Espíritos e que não impressionam o ouvido nas condições ordinárias da vida. É preciso distinguir, para essa faculdade, dois casos: 1º. a intuição; 2º. a audição real. A intuição se dá de alma para alma; é uma transmissão de pensamentos que se opera sem o socorro dos sentidos, uma voz íntima que ressoa no foro íntimo; embora os pensamentos recebidos sejam claros, não são eles articulados por meio de palavras e nada têm de material. Na audição, pelo contrário, as palavras são pronunciadas de maneira a serem ouvidas pelo médium, como se uma pessoa lhe falasse ao lado. (Obra citada, Quinta Parte, Cap. III – Médiuns videntes e médiuns auditivos.)

Texto para leitura 

877. Falando a respeito da mediunidade de efeitos físicos, Allan Kardec diz que o médium de efeitos físicos, do mesmo modo que o de comunicações inteligentes, não recebeu para seu gozo a faculdade que possui. Teve-a sob a condição de fazer dela bom uso; se, portanto, abusa, pode dar-se que lhe seja retirada, ou que redunde em detrimento seu, porque, afinal, os Espíritos inferiores estão subordinados aos Espíritos superiores.

878. Segundo o Codificador do Espiritismo, o mais absoluto desinteresse é a melhor garantia contra o charlatanismo. Se ele nem sempre assegura a excelência das comunicações inteligentes, priva, contudo, os maus Espíritos de um poderoso meio de ação e fecha a boca a certos detratores.

879. Fechando suas observações sobre o tema, Kardec aduziu: “Somos, antes de tudo, pessoas honestas e declaramos formalmente que nada temos de comum com as pessoas, quaisquer que elas sejam, que fazem profissão de sua faculdade e assim desonram por sua conduta a doutrina que pretendem sustentar. Nada conhecemos que seja tão repugnante quanto as fraudes que teriam por fim profanar o que de mais sagrado há no mundo: o túmulo dos mortos. É por isso que desacreditamos o senhor Buguet como ele merece e exortamos todos os espíritas a não se deixarem atrair por belas promessas, sempre que estiver em jogo um interesse puramente material”.

880. Retornando ao tema fotografia dos Espíritos, afirmamos que isso é possível, uma vez que Crookes a obteve, mas as condições ordinárias em que nos colocamos não são as mesmas do ilustre químico.

881. Nas experiências com Miss Cook, o Espírito fica completamente materializado, adquire a mesma tangibilidade de uma pessoa viva e não há então admirar que se lhe possa tirar o retrato. Na fotografia de que tratamos não se vê o Espírito e, no entanto, sua imagem é reproduzida. Isso se pode explicar do seguinte modo: Sabemos que o médium vidente possui um aparelho visual, tornado mais sensível por meio da ação fluídica exercida pelo Espírito que se quer manifestar. O olho do médium é uma câmara escura que adquire, nesse momento, um poder considerável, registra vibrações que não podem ser percebidas por nós, no estado habitual, daí sua propriedade de ver Espíritos. Pois bem, a placa de colódio representa, no caso, o mesmo papel, não que seja, então, mais sensível, mas o Espírito toma fluidos ao médium e se materializa suficientemente para que seu invólucro reflita os raios ultravioleta que não vemos, e é graças a essa irradiação que se pode obter a imagem não percebida pelos nossos olhos.

882. Não temos consciência das vibrações luminosas que vão além do violeta e do vermelho; elas, porém, existem, impressionam os sais de prata e são refletidas pelo perispírito da entidade que se quer manifestar. Podemos supor que o fluido nervoso tomado ao médium substitui o vidro de urânio para os raios ultravioleta do espectro, diminui o movimento perispiritual, condensa, de alguma sorte, os fluidos de modo a torná-los capazes de refletir as radiações ectênicas.

883. Essa maneira de ver é tanto mais justa quanto as experiências tentadas por Thomas Slater, ótico, em Londres, demonstram que a luz ordinária não intervém nesse fenômeno. Disse este pesquisador: “Eu mesmo obtive fotografias espíritas por meio de um instrumento feito com vidros de um azul muito escuro, de modo que seria impossível impressionar a chapa, a menos que uma luz forte fosse projetada sobre a pessoa retratada; provava-se destarte que a luz lançada pelos Espíritos está completamente fora dos raios luminosos de nosso espectro, que são muito fortes, posto que os Espíritos nos sejam invisíveis”.

884. Em Bruxelas, um engenheiro químico, Bayard, obteve em seu laboratório fotografias de Espíritos. Apresenta ele minucioso relatório no livro Procès des Spirites, páginas 122 a 124. Finalmente, na América se conseguiram fotografias espíritas e o fenômeno não é mais contestado.

885. A despeito dos tribunais, é preciso reconhecer que o fato se pode produzir e, por estranhável que seja, nada tem de sobrenatural. Desde que se demonstra que os Espíritos existem, que têm um corpo fluídico que se pode condensar, em certas condições, é fácil compreender que possa ser fotografado, pois que se materializa até à tangibilidade, como o provaram as experiências de Crookes.

886. Tomamos o seguinte exemplo na Revue Spirite, de Allan Kardec, de 1864. É um dos seus amigos quem fala: “Habitava – diz ele – uma casa em Montrouge; estávamos no verão; o Sol dardejante entrava pela janela; achava-se na mesa uma garrafa cheia d'água e sob a garrafa uma pequena esteira; de repente, a esteira pegou fogo. Se ninguém estivesse ali, podia haver um incêndio, sem que se lhe soubesse a causa. Procurei centenas de vezes produzir o mesmo resultado e nunca o consegui”.

887. A causa física da inflamação é bem conhecida; a garrafa representou o papel de lente; mas por que não se pôde reiterar a experiência? É que, independente da garrafa e da água, havia um concurso de circunstâncias que, de maneira excepcional, fizeram a concentração dos raios solares. Talvez o estado da atmosfera, dos vapores, as qualidades da água, a eletricidade, e tudo isso, provavelmente, em certas proporções. Daí a dificuldade de encontrar as condições precisas, e a inutilidade das tentativas para produzir um efeito semelhante.

888. Eis, pois, um fenômeno inteiramente do domínio da física, cujo princípio se conhece e que, entretanto, não pode ser repetido à vontade. Poderá o mais endurecido cético negar o fato? Por certo que não. Mas por que os mesmos céticos negam a realidade dos fenômenos espíritas, em virtude de os não poder manipular a seu bel-prazer? Não admitir, fora do conhecido, agentes novos, regidos por leis especiais, negar esses agentes, porque não obedecem às leis que conhecemos, é, em verdade, dar demonstração de pouca lógica e mostrar um espírito bem estreito.

889. Por mais assombrosa que seja a fotografia dos Espíritos, eis uma amostra de fotografia natural mais extraordinária ainda, atestada, em 1858, pelo conhecido sábio Jobard:

“O Sr. Badet, morto a 12 de novembro último, depois de uma doença de três meses, tinha o hábito – diz a Union Bourguignonne de Dijon – de colocar-se a uma janela do primeiro andar, sempre que suas forças o permitiam, e aí ficava, com a cabeça voltada para a rua, a fim de distrair-se com a vista dos transeuntes. Há alguns dias, a Sra. Peltret, cuja casa fica em frente à da viúva Badet, notou, na vidraça da janela dessa casa, o próprio Badet, com seu boné de algodão, sua figura emagrecida, tal como o tinha visto durante a doença. Grande foi a sua emoção. Ela chamou, não só os vizinhos, cujo testemunho podia ser suspeito, mas ainda os homens graves, que perceberam, distintamente, a imagem de Badet no vidro da janela, onde costumava colocar-se. Mostraram essas imagens à família do defunto, que fez, imediatamente, desaparecer a vidraça. Ficou, entretanto, confirmado, que a vidraça se havia impregnado com a figura do doente, que aí ficou daguerreotipada (1), fenômeno que se poderia explicar se, do lado oposto à janela, houvesse uma outra por onde os raios solares pudessem chegar ao Sr. Badet. Mas o quarto só tinha uma janela. Tal é a verdade inteira sobre o extraordinário fato, cuja explicação convém deixar aos sábios.”

890. Não é inútil dizer que não houve explicação nenhuma, o que nada tem de surpreendente, visto que o vidro foi destruído e não pôde ser analisado. O que queremos mostrar, nessa história, é a possibilidade da fotografia espontânea, e que, longe de ser ridículo, os espiritistas são pesquisadores conscienciosos, que caminham a par da Ciência, e que, quanto mais se estenderem os conhecimentos, tanto mais facilmente explicarão os fatos, que, a princípio, parecem sobrenaturais.

891. Falemos agora sobre a mediunidade auditiva, que consiste na faculdade de ouvir certos ruídos, certas palavras pronunciadas pelos Espíritos e que não impressionam o ouvido nas condições ordinárias da vida.

892. É preciso distinguir, para essa faculdade, dois casos: 1º. a intuição; 2º. a audição real. A intuição se dá de alma para alma; é uma transmissão de pensamentos que se opera sem o socorro dos sentidos, uma voz íntima que ressoa no foro íntimo; embora os pensamentos recebidos sejam claros, não são eles articulados por meio de palavras e nada têm de material. Na audição, pelo contrário, as palavras são pronunciadas de maneira a serem ouvidas pelo médium, como se uma pessoa lhe falasse ao lado.

893. Allan Kardec, o grande iniciador, que quiseram fazer passar por impostor, protesta energicamente contra os espiritistas crédulos que pretendem atribuir os fenômenos mais comuns da vida à ação dos Espíritos. Ele recomenda a maior circunspeção na análise dos fatos e não cessa de dar conselhos, a fim de premunir seus adeptos contra os erros, as alucinações, as falsas interpretações.

894. Eis o que ele escreveu a propósito da mediunidade auditiva:

“É bem preciso abster-se de tomar por vozes ocultas todos os sons que não tenham causa conhecida, ou simples tinidos de ouvidos, e sobretudo de acreditar que haja qualquer parcela de verdade na crença vulgar de que o ouvido que tine está nos advertindo que em alguma parte se fala de nós. Estes tinidos, cuja causa é puramente fisiológica, não têm, aliás, qualquer sentido, enquanto os sons pneumatofônicos exprimem pensamentos e é somente por esse caráter que se pode reconhecer que são devidos a um causa inteligente e não acidental. Pode-se estabelecer, em princípio, que os efeitos notoriamente inteligentes são os únicos que podem atestar a intervenção dos Espíritos; quanto aos outros, há pelo menos cem probabilidades contra uma de que sejam devidos a causas fortuitas.

Acontece com bastante frequência que no estado de modorra ouvem-se distintamente pronunciar palavras, nomes, algumas vezes até frases inteiras, e isto com bastante força para nos despertar em sobressalto. Embora possa acontecer que em certos casos se trate realmente de uma manifestação, esse fenômeno nada tem de bastante positivo que impeça de se lhe atribuir uma causa qualquer, tal como a alucinação. O que se ouve por esse modo não tem, de resto, sequência alguma; não acontece o mesmo quando se está completamente acordado, porque então, se é um Espírito que se faz ouvir, pode-se quase sempre trocar pensamentos com ele e travar uma conversação regular.”

895. Procuremos, agora, compreender como podem proceder os Espíritos para nos fazerem ouvir palavras e por que meios produzem sons. Para este estudo é preciso ter um conhecimento da natureza do som. Sir William Thomson fez ultimamente notável conferência sobre o assunto.

896. Mostremos suas principais observações. Quais são as nossas percepções no sentido do ouvido? E em primeiro lugar, que é ouvir? Ouvir é perceber pelo ouvido; mas perceber o quê? Há coisas que nós podemos ouvir sem o ouvido. Beethoven, atacado de surdez, durante grande parte da vida, não percebia nada pelo ouvido. Compunha as mais notáveis obras sem poder percebê-las pela audição. Ele se conservava, diz-se, perto de um piano, com um bastão, o qual tinha uma extremidade no instrumento e a outra em seus dentes, e era dessa forma que ouvia os sons emitidos.

897. A percepção dos sons não tem, pois, o ouvido como único órgão, e daí já se pode compreender que um médium escute sons sem se servir do ouvido. Mas queremos determinar a natureza da percepção habitual num homem em posse de todos os órgãos dos sentidos. É uma sensação de variação de pressão. (Continua no próximo número.)

 

(1) Daguerreotipada significa retratada ou fotografada. Essa palavra tem sua origem no nome de Daguerre, que em 1839 inventou um aparelho que permitia obter, de forma rudimentar, o que hoje chamamos fotografia.

 


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita