Mãos
benditas
Maria Dolores
Escuta-nos, Senhor,
Na luz do Lar Celeste!
Desejamos, Jesus,
agradecer-te
As mãos benditas que nos
deste!
Aquelas mãos sublimes
Que nos entreteceram o
berço
Entre as forças do
mundo,
Que fizeram escolas,
Aquelas que tomaram
nossos dedos,
Revestidas por ti de
amor terno e profundo
A fim de penetrarmos nos
segredos
Das palavras e letras da
instrução...
As que encontramos no
caminho,
Quando a sombra da mágoa
nos alcança
E acendem para nós com
simpatia
O facho da esperança.
Aquelas que nos trazem,
Ao sol do dia-a-dia,
Exemplos de trabalho.
As que cavam a terra,
Muita vez suportando
espinhos agressores
E vibram de alegria
Ao vê-la transformar-se
em celeiro de flores!
As que fazem o pão,
As que costuram vestes
multiformes,
Cobertura e agasalho,
Aquelas que nos dão
A bênção da limpeza,
As que buscam nos dons
da Natureza,
Quantas vezes, cansadas
de lutar,
Os recursos da vida
Que nos erguem o lar...
As que socorrem os
doentes,
As que se inclinam para
os sofredores,
Em recintos de angústia,
lares e hospitais,
Que afagam companheiros
indigentes
Ou que protegem pobres
pequeninos
Revelando desvelos
maternais!
As que orientam para a
ordem,
Garantindo a justiça e a
segurança,
As que escrevem bondade,
educação, beleza,
Em que a estrada se
eleva e a mente se
aprimora,
Criando, mundo afora,
Ideias de otimismo,
reconforto,
Das quais se estende a
luz de surpresa em
surpresa...
Aquelas que se humilham
quais violetas
E, revolvendo o pó,
Levantam nosso irmão ou
nossa irmã
Caídos nas sarjetas
Ou no esgoto comum,
De coração dizendo a
cada um:
– “Você não está só”.
As que foram batidas
Por críticas mordazes
E prosseguem agindo como
fazes,
Retribuindo o mal com o
bem;
As que ajudam e passam
Sem ferir a ninguém...
Benditas sejam elas
Todas as mãos, Senhor,
que procuram servir,
– Exército de estrelas a
buscar-te,
Edificando, em toda
parte,
O Reino do Porvir.
E agradecendo-as,
rogo-te, Jesus:
Toma-me as mãos vazias,
Faze-me trabalhar
Em todos os meus dias!
E porque me conheça
Tão pobre quanto sou,
De revés em revés,
Sem nem mesmo poder
Aspirar, ante os séculos
futuros,
À sublime ventura,
Anseio conquistar a
posição
Da serva que se esqueça
Nas tarefas de amor que
o teu amor reparte.
E, a despeito de minha
imperfeição,
Frágil, errada e
inculta, quero dar-te
Meu próprio coração.
Do cap. 5 do livro
Diálogo dos Vivos,
obra de autoria de
Francisco Cândido
Xavier, J. Herculano
Pires e Espíritos
Diversos.
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