Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do livro O
Espiritismo perante a
Ciência,
de Gabriel Delanne,
conforme
tradução da obra
francesa Le
Spiritisme devant la
science,
publicada originalmente
em Paris em 1885.
Questões preliminares
A. Qual é a distinção
entre um fenômeno sonoro
e um som musical?
O som musical é uma
alteração regular e
periódica de pressão, um
aumento e uma diminuição
alternativos de pressão
atmosférica, bastante
rápidos para serem
percebidos como som, e
reproduzindo-se por
períodos, com perfeita
regularidade. Algumas
vezes, os ruídos e os
sons musicais se
confundem. A duração, a
irregularidade, os
períodos mal separados
têm por efeito produzir
dissonâncias
complicadas, que um
ouvido não exercitado
não compreenderá e
tomará por um ruído.
(O Espiritismo perante a
ciência, Quinta Parte,
Cap. III – Médiuns
videntes e médiuns
auditivos.)
B. Em que consiste a
mediunidade tiptológica?
A mediunidade
tiptológica é a
faculdade que permite
obter, por meio de um
objeto qualquer, mesa ou
outro, comunicações
inteligentes, ou por
efeito de deslocamento,
ou por pancadas no
interior do objeto de
que se serve.
(Obra citada, Quinta
Parte, Cap. III –
Médiuns videntes e
médiuns auditivos.)
C. Como o Espiritismo
explica o fenômeno da
mesa que se move?
Segundo Allan Kardec,
para uma mesa mover-se
sem contato de um
encarnado, o Espírito
evocado combina parte do
fluido universal com o
fluido que o médium
desprende, satura com
ele a mesa, que é assim
penetrada de uma vida
fictícia. Preparada a
mesa, o Espírito a
impele e a move sob a
influência do seu
próprio fluido, que
desprende por sua
vontade. Quando a massa
que quer pôr em
movimento é muito
pesada, ele chama em seu
auxílio Espíritos nas
mesmas condições, e
combinando seus fluidos,
chegam ao resultado
desejado. Para que a
ação se produza, é
preciso, pois, que a
mesa, de alguma sorte,
seja animalizada.
(Obra citada, Quinta
Parte, Cap. III –
Médiuns videntes e
médiuns auditivos.)
Texto para leitura
898. Quando o barômetro
sobe, a pressão no
tímpano aumenta; quando
desce, a pressão
diminui. Suponhamos que
a pressão do ar cresça
ou diminua,
repentinamente, em um
quarto de minuto, e,
nesse curto espaço de
tempo, o mercúrio se
eleve de muitos
milímetros, para cair,
em seguida, com a mesma
rapidez. Percebemos a
mudança? Não; mas se a
variação barométrica for
de 5 a 10 centímetros,
em meio minuto, grande
número de pessoas a
perceberiam. Aliás, esta
afirmação não é teórica,
ela é confirmada pela
observação. Os que
descem em uma campânula
hidráulica experimentam
sensação idêntica à que
teriam, se o barômetro,
por uma causa
desconhecida, subisse,
em meio minuto, de 10 a
15 centímetros. Temos,
pois, a sensação da
pressão atmosférica, mas
nosso órgão não é
delicado o bastante para
permitir-nos perceber as
variações entre o máximo
e o mínimo do barômetro.
899. Quando se desce em
uma campânula
hidráulica, a mão não
sente as alterações da
pressão atmosférica; é
de outra forma que isso
se revela à nossa
sensibilidade. Atrás do
tímpano do ouvido existe
uma cavidade cheia de
ar. Uma pressão mais
forte dum lado que do
outro dessa membrana,
produz uma sensação
desagradável, que pode
mesmo, numa descida
brusca, produzir-lhe a
ruptura. Ouvir,
portanto, um som, é
perceber as mudanças
súbitas de pressão sobre
o tímpano, pressão que
se exerce em curto lapso
de tempo, e com força
assaz moderada, para não
determinar lesão ou
ruptura, mas que é
suficiente para
transmitir uma sensação
muito nítida ao nervo
auditivo.
900. Se pudéssemos
perceber pelo ouvido uma
alta barométrica de um
milímetro, em um dia,
essa variação seria um
som. Mas como nosso
ouvido não é bastante
delicado para isso, não
podemos dizer que essa
mudança seja um som. Se
a diferença de pressão
sobreviesse bruscamente
e, por exemplo, o
barômetro variasse de um
milímetro em 1/100 de
segundo, nós a
ouviríamos, porque essa
variação repentina da
pressão atmosférica
produziria um som
análogo ao do choque de
nossas duas mãos.
901. Qual a distinção
entre um fenômeno sonoro
e um som musical? O som
musical é uma alteração
regular e periódica de
pressão, um aumento e
uma diminuição
alternativos de pressão
atmosférica, bastante
rápidos para serem
percebidos como som, e
reproduzindo-se por
períodos, com perfeita
regularidade. Algumas
vezes, os ruídos e os
sons musicais se
confundem. A duração, a
irregularidade, os
períodos mal separados
têm por efeito produzir
dissonâncias
complicadas, que um
ouvido não exercitado
não compreenderá e
tomará por um ruído.
902. O sentido da vista
poderia ser comparado ao
do ouvido, sendo ambos
causados por variações
rápidas de pressão.
Sabe-se com que
celeridade se devem
produzir as alternâncias
entre a pressão máxima e
a mínima, para dar o som
de uma nota musical. Se
o barômetro variar uma
vez em um minuto, não
perceberemos essa
variação como nota
musical; mas, se por uma
ação mecânica do ar, a
pressão mudar mais
rapidamente, essa
alteração, que o
mercúrio não pode
indicar com rapidez, o
ouvido a perceberá; se o
período reproduzir-se
20, 30, 40, 50 vezes por
segundo, ouvir-se-á uma
nota grave; se acelerar,
a nota elevar-se-á
gradualmente,
tornar-se-á cada vez
mais aguda; se atingir a
256 períodos por
segundo, teremos uma
nota que corresponde ao
dó grave de tenor.
903. Daí resulta que a
palavra, sendo uma
sucessão de sons, é
produzida por variações
de pressão atmosférica,
determinadas pelas
diferenças de volume da
garganta e da boca,
durante a emissão da
voz. Mas se os Espíritos
não têm garganta, o que
fazem para produzir
sons? Aqui ainda a
ciência nos põe no
caminho das explicações.
904. O ilustre inventor
do telefone, Graham
Bell, diz que,
fazendo-se cair um raio
luminoso intermitente
sobre um corpo sólido,
poder-se-á perceber um
som. Tyndall atribui
esse som à ação do calor
sobre o corpo, e pensou
que ele resultasse de
mudanças alternadas de
volumes, devidas a
variações da
temperatura. Se assim
fosse, os gases e os
vapores, dotados de
poder absorvente, deviam
dar sons muito fortes e
a intensidade do som
deveria fornecer o meio
de medir o poder
absorvente.
905. Foi o que se
verificou pela
experiência. Está,
portanto, demonstrado
hoje que se podem obter
sons variados, desde os
mais agudos até os mais
graves, fazendo agir
raios caloríficos sobre
certos vapores. Ora,
sabemos que, por sua
vontade, os Espíritos
agem sobre os fluidos e
já podemos imaginar por
que forma podem produzir
ruídos e palavras
articuladas. Em vez de
expelir o ar pela
garganta, projetam sobre
certos fluidos jatos
caloríficos, e as
vibrações desses fluidos
produzem os sons que o
médium percebe.
906. É evidente que
essas palavras não têm
necessidade de ser
pronunciadas com a força
que empregamos; o
ouvido, no estado
especial determinado
pela mediunidade, é um
instrumento extremamente
delicado, que apanha as
mais ligeiras alterações
de pressão. Mesmo em
estado normal, o ouvido
é suscetível de grande
sensibilidade.
907. Uma experiência
recente nos dá prova
disso. Podem-se fazer
transmissões telefônicas
sem receptor. Há bem
pouco tempo Giltay, por
meio de modificações
introduzidas na
construção do aparelho,
chegou a dispensar
completamente qualquer
condensador. Duas
pessoas seguram, cada
uma com uma das mãos, um
cabo; uma delas aplica
sua mão enluvada sobre o
ouvido da outra e esta
última ouve sair dessa
mão as palavras
pronunciadas sobre o
transmissor microfônico.
Giltay explicou esse
fato dizendo que a mão e
o ouvido constituem as
armaduras de um
condensador, de que a
luva representa a
substância isolante. A
experiência pode
fazer-se de maneira
ainda mais original; é
como ela foi executada
nas sessões da Sociedade
de Física. Os dois
experimentadores seguram
os cabos como
precedentemente e
aplicam suas mãos livres
sobre os ouvidos de uma
terceira pessoa. Nessas
condições, esta ouve
falar as mãos como se
elas tivessem receptores
ordinários.
908. O estado atual da
ciência não permite
esclarecer este modo de
transmissão da palavra
Esta é uma nova questão
a juntar aos pontos
obscuros que a telefonia
encerra. Tudo o que até
agora se pode concluir é
que o ouvido é um
instrumento de
incomparável delicadeza
e de fina sensibilidade,
pois que percebe
vibrações em que a
energia utilizada é de
extrema fraqueza. Isto
nos ajuda a compreender
como o médium audiente
ouve a voz dos
Espíritos, apesar de
estes não poderem
pronunciar as palavras e
fazer vibrar os fluidos
com a mesma intensidade
que nós, os encarnados.
909. Não podemos
furtar-nos a um legítimo
sentimento de admiração
ante as descobertas
maravilhosas da ciência
moderna; somos mormente
exaltados com essas
pesquisas, pois elas nos
permitem compreender a
ação dos Espíritos sobre
os encarnados e
enquadrar dentro das
leis naturais fenômenos
erradamente considerados
sobrenaturais. O
progresso afirma-se cada
vez mais e podemos dizer
que a posteridade ficará
espantada das coisas que
temos ignorado.
910. Passemos agora o
examinar o fenômeno
conhecido como
tiptologia. A
mediunidade tiptológica
é a faculdade que
permite obter, por meio
de um objeto qualquer,
mesa ou outro,
comunicações
inteligentes, ou por
efeito de deslocamento,
ou por pancadas no
interior do objeto de
que se serve.
911. A explicação desses
fatos é muito simples no
caso das pancadas.
Graham Bell no-la
indicou precedentemente.
Quando o Espírito quer
produzir um ruído na
mesa, por meio do fluido
nervoso do médium e do
seu fluido
perispiritual, ele forma
uma coluna fluídica que
lança sobre a superfície
da mesa. Ora, sabemos
que um raio calorífico
que incide de modo
intermitente sobre uma
substância sólida, aí
provoca sons; da mesma
forma se poderá
compreender a ação
espiritual dos Espíritos
na produção de pancadas.
912. Examinemos agora o
caso em que a mesa se
desloca sob as mãos do
médium para executar
movimentos variados. É
natural supor, quando se
sabe que os Espíritos
podem materializar-se,
que eles levantem o
móvel e o façam
deslocarem-se como nós.
Não é assim que as
coisas se passam e os
próprios Espíritos nos
vieram explicar como
operam.
913. Eis o que, a
respeito, ensina Allan
Kardec: “Quando a mesa
se move sob as vossas
mãos, o Espírito evocado
combina parte do fluido
universal com o que
desprende o médium,
satura com ele a mesa,
que é assim penetrada de
uma vida fictícia.
Preparada a mesa, o
Espírito a impele e a
move sob a influência do
seu próprio fluido, que
desprende por sua
vontade. Quando a massa
que quer pôr em
movimento é muito
pesada, ele chama em seu
auxílio Espíritos nas
mesmas condições, e
combinando seus fluidos,
chegam ao resultado
desejado.”
914. Para que a ação se
produza, é preciso,
pois, que a mesa, de
alguma sorte, seja
animalizada. Os fluidos
necessários são
fornecidos pelo Espírito
e pelo médium, porque
este é o reservatório do
fluido vital,
indispensável para
animar a mesa. Já
sabendo como o Espírito
manipula os fluidos,
essa questão nada mais
tem de obscuro para nós.
A ação é, aliás,
semelhante à que
produzimos todos os
dias. Quando desejamos
fazer mover um de nossos
membros, o braço, por
exemplo, o Espírito é,
antes de tudo, obrigado
a querer; a vibração
dessa vontade se
transmite ao fluido
nervoso e o braço
executa o movimento
prescrito por nossa
alma. Se por uma causa
qualquer o fluido
nervoso não circular
mais nos nervos que
terminam nessa parte do
corpo, a ação não poderá
exercitar-se.
915. No caso das
manifestações
tiptológicas, o Espírito
está ligado à mesa por
um cordão fluídico, que
faz o papel do sistema
nervoso, no homem; ambos
servem para transmitir a
vontade. É claro que os
fatos serão tanto mais
acentuados quanto mais
forte for o Espírito, e
os ditados inteligentes
estão em relação com o
grau de adiantamento da
alma que se comunica e
com sua aptidão para
servir-se dos fluidos.
916. Esses reparos
permitem-nos responder
aos incrédulos que se
espantam quando uma mesa
se move e nem sempre
lhes pode responder às
interrogações. Podemos
comparar o Espírito que
age em uma mesa a um
indivíduo que opera num
manipulador do telégrafo
de Morse. Se esse
operador não aprendeu o
alfabeto convencional de
que se serve, enviará
sinais ininteligíveis,
mas se for versado na
arte de telegrafar, o
receptor registrará
frases perfeitamente
claras. Não nos
admiremos, portanto, que
um Espírito seja inábil
a manifestar-se, às
primeiras vezes que o
evocam, e temos notado
que essa inaptidão cessa
muito rapidamente,
quando o mesmo Espírito
é chamado muitas vezes.
É preciso que o
desencarnado aprenda a
maneira de operar, e
nisso, como em tudo, é
preciso certo tempo.
917. O que dizemos para
a mediunidade
tiptológica aplica-se
indistintamente a todo
gênero de manifestações
de Espíritos. Vê-se que
tudo é simples e
compreensível em nossa
maneira de interpretar
os fatos. Sem ter ido
tão longe como nós, na
teoria, Crookes estudou
os fenômenos sob o ponto
de vista material e, na
espécie, chegou à
certeza absoluta.
918. Não podendo
reproduzir, in extenso,
a descrição de suas
pesquisas,
contentar-nos-emos com
os seguintes reparos
finais:
“Estas experiências
deixam fora de dúvida as
conclusões a que
cheguei, em precedente
memória, a saber: a
existência de uma força
associada, de maneira
ainda inexplicável, ao
organismo humano, e pela
qual um acréscimo de
peso pode ser levado a
corpos sólidos, sem
contato efetivo. No caso
de Home, esse poder
varia enormemente, não
só de semana em semana,
mas igualmente de uma
hora para outra; em
algumas ocasiões essa
força não pode ser
acusada pelos meus
aparelhos durante 1 hora
ou mesmo mais e depois
repentinamente ela
reaparece com grande
energia. Ela pode agir a
certa distância de Home,
mas é mais poderosa
perto dele.
Na firme convicção em
que estava de que um
gênero de força não
poderia manifestar-se,
sem o dispêndio
correspondente de outro
gênero de força, em vão
procurei, durante muito
tempo, a natureza da
força ou do poder
empregado para produzir
esses resultados. Mas
agora que já observei
melhor o Sr. Home, creio
descobrir o que essa
força física emprega
para desenvolver-se.
Servindo-me dos termos
força vital, energia
nervosa, sei que emprego
vocábulos que, para
muitos investigadores,
têm significações
diferentes; mas, depois
de ser testemunha do
penoso estado de
prostração nervosa, em
que algumas dessas
experiências deixaram
Home, depois de o ter
visto em estado de
desfalecimento quase
completo, estendido no
chão, pálido e sem voz,
não duvido que a emissão
da força psíquica seja
acompanhada de um
esgotamento
correspondente da força
vital.”
(Continua no próximo
número.)