WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 247 - 12 de Fevereiro de 2012

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 

Paz entre nações.
É possível por agora?

 
O espírito guerreiro ainda é forte entre os homens. Egressos que somos de memoráveis batalhas que enchem nossas histórias de fatos, heróis e conquistas, ainda insistimos pelo armamento como forma de manter ou expandir territórios. Às vezes observamos o universo com toda a sua harmonia e condescendência, com toda a sua estrutura organizacional, com todas as suas perspectivas de vida e avanços e vemos os homens quase se arrastando sobre seus cadáveres, sendo eles: pais, mães, esposos, esposas, filhos que foram mortos pelas guerras. Qual a mola que mantém tal atitude incoerente do homem da ciência e tecnologia do século XXI?

Setsuko Thurlow é uma sobrevivente do desastre que ocasionou a morte de milhares de pessoas em Hiroshima, Japão, numa estimativa de aproximadamente cento e quarenta mil pessoas. Os conflitos da segunda guerra mundial serviram para quê? Talvez tiremos a lição de que os tempos mudaram e que uma nação não pode, sozinha, tentar dominar o mundo como fez o Império Romano há séculos atrás. E, por que tanta sede de poder? Quem construiu este mundo e quem deu a ele condições de vida e colocou sobre seus solos espíritos humanos com o único intento de progredirem? Ser humano é tão-somente passar do estágio da irracionalidade para o estado de santificação espiritual que nos capacitará a penetrar as portas do Reino de Deus, aberto aos nossos olhares nas noites claras quando as estrelas cintilam convidativas. Isto sem contar os observatórios que captam informações do universo o tempo todo, oportunizando ao homem a proposta de decodificá-las para se inteirar com a grandeza do todo. Isto sem falarmos dos telescópios espaciais cada vez mais potentes e cada vez mais nos abrindo as janelas dos céus.

Setsuko estava com dez anos naquele seis de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco. "Eu me lembro da sensação de flutuar no ar. Quando recuperei a consciência na total escuridão e silêncio, vi que estava no meio do entulho”.  Certo é que não existem acasos. Este depoimento de Setsuko nos remonta a este enunciado, único capaz de nos acalentar um pouco o espírito. Aqueles habitantes de Hiroshima e Nagasáqui certamente estavam num processo de solução cármica. Era o escândalo que necessitava vir, porém fomos alertados sobre “ai daquele por quem o escândalo vier”.  Chegamos a um momento histórico em que os homens de ciência necessitam voltar seus olhares para um princípio lógico das coisas. Não basta trabalhar efeitos sobre efeitos. As descobertas até aqui catalogadas pela ciência são uma sequência interminável da interação entre os efeitos. Chegamos agora às partículas. E elas, de onde surgem?
 

Por não saber ou não querer ter consciência da presença Divina de Deus como criador de tudo o que existe, políticos e nações vivem em constante pé de guerra. Acreditam que com o armamento nuclear em alta escala conseguirão garantir a segurança dos seus territórios. Territórios estabelecidos pelas invasões, guerras ou acordos. O eurocentrismo provocou uma onda de penetração territorial sem precedentes na História. Com certeza que levaram conhecimentos e ajudaram muitas tribos a se soltarem dos seus estados de quase selvageria para a uma civilização pré-organizada. O que ficou também nos arquivos históricos foi que não o fizeram pela fraternidade de doar a outrem o que detinham em suas casas, em suas culturas. Ou seja, não levaram amistosamente os conhecimentos que possuíam. Ali chegaram e se estabeleceram para usufruir dos bens que aquelas casas conquistadas pudessem lhes oferecer. Não nos cabe hoje julgar. Cabe-nos o dever de trabalhar para consolidar entre nós a tal almejada paz entre as nações.
 

Israel e Palestinos estão em vias de selar uma paz, memorável paz, num território de tantas histórias e onde pisou o Mestre Jesus. O Dr. Avak Asadourian, arcebispo ortodoxo armênio de Bagadá, disse que “gostaria que a paz cristã fosse transmitida através do mundo. Lamento que outros líderes não estejam escutando”. É de conhecimento geral que durante os últimos 32 anos, o Iraque passou por três guerras e um embargo. Um embargo, por definição, é também um ato de guerra. Disse ainda o citado arcebispo que “Os cristãos no Iraque não são minorias, são parte importante da sociedade iraquiana. Estamos fazendo tudo o que podemos para a paz. Paz, nesse sentido, não é apenas a ausência de guerra. Paz é também igualdade”.  Isto nos leva a refletir sobre outra questão: a espiritualidade trabalha incansavelmente para que os homens se tornem coesos e fraternos tendo como bandeira a mensagem de Jesus.  A vice-diretora e cientista do Instituto de Monterey, Patrícia Lewis, dos EUA, disse com convicção que: “Militares e autoridades vão entender que as armas nucleares não têm quase nenhuma utilidade militar. Eles também irão perceber que não se pode cometer erros pequenos com armas nucleares”.
 

Como espíritas também participamos do contexto social. Jesus ao caminhar entre a multidão, sentindo-lhes as presenças, curando, afagando, orientando, deu-nos a lição de que não devemos nos esconder em nossas casas físicas ou mentais. É necessário que, como Ele, caminhemos no mundo falando da paz. Para tal é preciso que a estabeleçamos em nós a partir daqueles que nos estão próximos, quer familiares, amigos, pessoal envolvido em nossos setores de trabalhos etc.. Sabemos que o mundo só será de paz à medida que as pessoas a consolidarem em si. Na primeira carta de Pedro à comunidade cristã, capítulo três, versos dez a doze, ele nos conclama a uma ação positiva e dinâmica a favor da paz: “Com efeito, aquele que ama a vida e deseja ver dias felizes, guarde sua língua do mal e seus lábios de proferir mentiras; afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz e siga-a; porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos estão atentos à sua prece, mas o rosto do Senhor se volta contra os que praticam o mal”. 

 

No livro Libertação, André Luiz, no cap. 1, anotou que: “a guerra será sempre o estado natural daqueles que perseveram na posição de indisciplina”.  A proposta de Jesus para o mundo é o do estabelecimento aqui do Seu Reino. Se estamos sendo chamados a esse trabalho, os esforços devem ser sempre para sermos escolhidos. Compete a todos um comprometimento eficaz com o projeto da paz. As nações são feitas por homens que formam suas sociedades. Muitas vezes aguardamos que políticos ou líderes outros encontrem soluções mágicas para todos os tipos de conflitos. Cuidemos de nos disciplinar pelos estudos. “O Livro dos Espíritos” nos informa que as causas que levam o homem à guerra é a “Predominância da natureza animal sobre a espiritual e saciedade de paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte; por isso a guerra, para eles, é um estado normal. À medida que o homem progride, a guerra se torna menos frequente, porque ele evita suas causas. E quando ela se torna necessária, ele sabe adicionar-lhe humanidade”. Ínsito na questão 742. E, na questão seguinte, Kardec ainda pergunta se a guerra desaparecerá um dia da face da terra, ao que eles respondem: “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então, todos os povos serão irmãos”.


Pode alguém perguntar pela ação dos religiosos.
Seria impossível listar exatamente todas as religiões que existem no mundo. Existem milhares ou milhões de crenças espalhadas pelo planeta, algumas dessas praticadas por apenas centenas de pessoas, tornando-se impossível a contagem das mesmas, conforme nos informam os itens das estatísticas das religiões. Esta multidiversidade de conceitos religiosos torna impraticável qualquer ação conjunta no sentido de unificar as pessoas dentro de um único pensamento de paz, dando assim que a paz deve ser iniciada em cada qual, aplacando seus tormentos pessoais e resolvendo seus conflitos. Em mil novecentos e sessenta e três, Edward Lorenz, matemático e filósofo estadunidense, propôs que o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. Apesar de ser apenas uma representação alegórica, contudo, os estudos mostram que os eventos se interconectam. O Dr. Stuart Hameroff, médico, professor e diretor do Centro de Estudos da Consciência, no Arizona, EUA, anotou o seguinte: “Penso que quando duas pessoas estão conversando, elas podem estar se comunicando em dois níveis diferentes: um nível clássico, e pode haver também alguma forma de interação não-localizada, devido a algum tipo de emaranhamento quântico, de coerência quântica entre as pessoas”. Podemos ainda citar o relato de Maria João de Deus, no livro Cartas de uma Morta, pisicografia de Chico Xavier, quando se referia à aura da Terra e a ligação da humanidade aos planos invisíveis. Diz ela: “Fixando atentamente notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem se confudirem. Não havia dois iguais e suas cores variavam do escuro ao claro. Alguns se apagavam, mas outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas particularidades”. O mentor que a acompanhava naquela expedição logo explicou do que se tratava: “Esses filamentos são os pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas; são reflexos cheios de vida, através dos quais podemos avaliar os cérebros que os tramitem”. Sim, estamos todos entrelaçados pelos fios dos pensamentos. E como semelhante atrai semelhante, se pensarmos juntos, praticando ações de paz, a paz vencerá a guerra. Vejam ainda o que disse o citado mentor à mãe de Chico Xavier: “Esses raros, que aí vês e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os emitidos pela virtude”.


Os fatos se encadeiam. De forma que, se desejarmos mesmo a paz entre as nações, é necessário que emitamos pensamentos alvos formados pela cadeia das virtudes. Resta saber quem deseja agir assim. Quem está disposto a deixar seus achismos e acomodações, a quebrar paradigmas, a deixar para trás a velha carcaça do homem vencido, a unir-se a grupos virtuosos, mesmo que para isto tenha que deixar pai, mãe, filho, amigo. Jesus perguntou: “
Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? — E olhando para os que estavam sentados à roda de si: Eis aqui, lhes disse, minha mãe e  meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe. (Marcos, III: 20-21 e 31-35 – Mateus, XII: 46-50)”. E qual é a vontade de Deus? Que sejamos amorosos, justos e solidários. É preciso orar e vigiar e também renunciar. Desconectar neurônios que formam teias subversivas que alimentam as guerras particulares e coletivas.


A humanidade passa pelos conflitos prescritos por Jesus em Seu Sermão Profético. É tempo de apuração de valores. É tempo da verificação de como estamos no contexto da paz. A paz tem que ser um reflexo de sentimentos generalizados por efeito de esclarecimentos das consciências, como nos informa constantemente a espiritualidade.
Setsuko Thurlow, a sobrevivente da bomba de Hiroshima, deseja que nenhum ser humano tenha que repetir a experiência de desumanidade, ilegalidade, imoralidade e crueldade da guerra atômica. Um conflito hoje entre nações certamente o será pela guerra atômica. Lembro-me, confortado, do Prof. Pastorino quando disse que: “o homem jamais vai conseguir a derrocada de uma obra que não é sua”. Imaginamos aqueles que conviveram com Jesus. Certamente a Paz do Mestre os inundou de fé e esperança. Costumamos chamar aqueles que vivem em paz de acomodados, estáticos, sangue de barata e outras denominações mais, isto quando não os agredimos com ações permeadas da intolerância e de posturas radicais que ferem sobremodo o estabelecimento da harmonia. “Se as assembleias religiosas esperam causar impacto na busca de estancar a guerra e a proliferação de armas nucleares, elas devem ir além de documentos declarativos e partir para a ação”, enfatizou a vice-diretora do Instituto das Nações Unidas para Investigação sobre Desarmamento, Dra. Christiane Agboton-Johnson. Um estado de consciência superior parece estar permeando aqueles que lidam diretamente com as questões da guerra, no âmbito internacional, através das organizações de representatividades mundiais.


É possível sim a paz entre as nações através de um processo de aglutinação de valores psíquicos, emocionais e virtuosos. É até bem provável que muitos homens ainda preferem a guerra motivados por atavismos ancestrais, arquétipos ainda não sublimados, preferindo guerrear a dialogar, propor, reconhecer e até ceder. Nos compêndios da filosofia espírita da educação encontramos que: “A educação é uma ação exercida por um Espírito sobre outro. É um apelo que o Espírito já situado nas esferas superiores da existência dirige a outro que mais ou menos confusamente aspira a chegar”. É hora de pensarmos numa educação espiritual dos povos e nações que tenha por base a complementaridade do homem comum com o homem espiritual. A transcendência por ação.  Relembremos Pedro quando nos aconselhou a buscar a paz e segui-la. Da espiritualidade descem constantes eflúvios aliviando o homem das suas nuvens espessas formadas pelas dúvidas, maldades e crueldades com os outros e consigo mesmos. Daí propomos que a paz deva ter início em nossos corações e lares. No clube que frequentamos, na rua por onde transitamos, no carro que dirigimos, na associação religiosa que nos abriga, nas falas, nos atos, nas decisões. Ceder um pouco a favor da paz é sinal de grandeza. Pensemos assim. Contribuamos para o equilíbrio geral entre os povos e pelas igualdades sociais que selerão em definitivo o estabelecimento dos reinos da paz.

 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita