Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do livro O
Espiritismo perante a
Ciência,
de Gabriel Delanne,
conforme
tradução da obra
francesa Le
Spiritisme devant la
science,
publicada originalmente
em Paris em 1885.
Questões preliminares
A. As ações físicas
produzidas pelos
Espíritos exigem
dispêndio fluídico do
médium?
Sim. Nesse sentido, as
explicações de Crookes
comprovaram o que os
Espíritos disseram a
Allan Kardec a respeito
das manifestações
físicas. Com efeito, diz
O Livro dos Médiuns
que toda ação física
produzida pelos
Espíritos exige
dispêndio do fluido
nervoso do médium.
(O Espiritismo perante a
ciência, Quinta Parte,
Cap. III – Médiuns
videntes e médiuns
auditivos.)
B. É verdade que a
Sociedade Dialética de
Londres se ocupou da
verificação dos fatos
ditos espíritas?
É verdade. Criada com
esse objetivo em 11 de
fevereiro de 1869, uma
subcomissão constituída
pela Sociedade Dialética
de Londres realizou 40
sessões com vistas à
apuração da veracidade
dos aludidos fenômenos.
O relatório que
apresenta suas
conclusões foi
transcrito por Delanne
na obra ora em estudo.
(Obra citada, Quinta
Parte, Cap. III –
Médiuns videntes e
médiuns auditivos.)
C. Que conclusões a
subcomissão constituída
pela Sociedade Dialética
de Londres apresentou?
Ei-las:
1º. Sob certas
disposições de corpo ou
de espírito, em que se
achem uma ou mais
pessoas presentes,
produz-se uma força
suficiente para pôr em
movimento objetos
pesados, sem emprego de
nenhum esforço muscular,
sem contato material de
qualquer natureza entre
esses objetos e o corpo
das pessoas presentes.
2º. Essa força pode
produzir sons, que se
ouvem, distintamente, em
objetos materiais, sem
qualquer contato, nem
relação visível ou
material com o corpo das
pessoas presentes; ficou
demonstrado que os sons
provêm daqueles objetos,
pelas vibrações
perfeitamente sensíveis
ao tato.
3º. Essa força é
frequentemente dirigida
com inteligência.
(Obra citada, Quinta
Parte, Cap. III –
Médiuns videntes e
médiuns auditivos.)
Texto para leitura
919. As explicações de
Crookes comprovam o que
os Espíritos disseram a
Allan Kardec a respeito
das manifestações
físicas. Com efeito, diz
O Livro dos Médiuns
que toda ação física
produzida pelos
Espíritos exige
dispêndio do fluido
nervoso do médium.
920. É notória, no mundo
científico da
Inglaterra, a realidade
da força psíquica.
Poucos descobrimentos
suscitaram tantas
discussões e
experiências
contraditórias. Quando,
a priori, se ouve
negarem fenômenos
atestados pelas maiores
sumidades da Inglaterra,
da Alemanha e da
América, vê-se, com
espanto profundo, a que
aberrações a rotina e o
preconceito podem
conduzir.
921. A fim de que nossos
leitores sejam
inteiramente edificados
sobre o valor de nossa
crença, damos o
relatório do comitê da
Sociedade Dialética de
Londres sobre o
Espiritismo:
“Desde sua criação, em
11 de fevereiro de 1869,
esta subcomissão
realizou 40 sessões com
o fim de estabelecer
experiências e provas
rigorosas. Todas essas
reuniões se realizaram
nas casas particulares
dos membros da comissão,
a fim de excluir a
possibilidade de
mecanismos previamente
dispostos ou de qualquer
artifício. Os móveis com
que se fizeram as
experiências foram os
comuns. As mesas eram as
de jantar, pesadas, que
demandavam considerável
esforço para serem
postas em movimento. A
menor tinha 5 pés e 9
polegadas de comprimento
por 4 pés de largura; a
maior, 9 pés e 3
polegadas de comprimento
por 4 pés e meio de
largura; o peso estava
em proporção. Os
quartos, as mesas e
todos os móveis em geral
foram cuidadosamente
examinados muitas vezes,
antes das experiências,
durante e depois, para
certeza de que não
existia trapaça,
instrumento, ou qualquer
aparelho com o auxílio
dos quais pudessem ser
produzidos os movimentos
mencionados aqui
adiante. As experiências
foram feitas à luz do
gás, exceto em pequeno
número delas.”
922. Segundo se lê no
relatório mencionado, a
comissão evitou
servir-se de médiuns de
profissão, ou pagos; o
médium utilizado era um
dos membros da
subcomissão, pessoa
colocada em alta posição
social, perfeitamente
íntegra, sem nenhum
proveito pecuniário em
vista e que nenhuma
vantagem poderia tirar
de uma fraude. Cerca de
quatro quintos dos
membros da comissão
principiou as
investigações com o mais
completo ceticismo,
crentes de que os
fenômenos eram o
resultado da impostura,
da ilusão ou de uma ação
involuntária dos
músculos. Somente depois
de irresistível
evidência, em condições
que excluíam aquelas
hipóteses e depois de
experiências e provas
rigorosas, muitas vezes
repetidas, é que os
membros mais céticos,
muito a contragosto,
ficaram convencidos de
que os fenômenos
produzidos durante esse
longo inquérito eram
fatos verdadeiros.
923. Eis as conclusões
obtidas, conforme o
relatório a que nos
referimos:
1º. Sob certas
disposições de corpo ou
de espírito, em que se
achem uma ou mais
pessoas presentes,
produz-se uma força
suficiente para pôr em
movimento objetos
pesados, sem emprego de
nenhum esforço muscular,
sem contato material de
qualquer natureza entre
esses objetos e o corpo
das pessoas presentes.
2º. Essa força pode
produzir sons, que se
ouvem, distintamente, em
objetos materiais, sem
qualquer contato, nem
relação visível ou
material com o corpo das
pessoas presentes; ficou
demonstrado que os sons
provêm daqueles objetos,
pelas vibrações
perfeitamente sensíveis
ao tato. (Isso serviu de
advertência aos senhores
Bersot, Julei Soury e à
Academia das Ciências,
que admitiam como única
causa do fenômeno o
músculo rangedor.)
3º. Essa força é
frequentemente dirigida
com inteligência.
924. Ressalte-se que em
todas essas experiências
a hipótese de um meio
mecânico ou qualquer
outro foi completamente
afastada, porque os
movimentos se fizeram em
várias direções, ora dum
lado, ora doutro, ora
para cima, ora para
baixo.
925. Esses movimentos
teriam exigido a
cooperação de grande
número de mãos e pés e,
em razão do volume
considerável e do peso
das mesas, não se
poderiam produzir sem o
emprego visível de um
esforço muscular. Mãos e
pés eram perfeitamente
visíveis e nenhum deles
se poderia ter mexido,
sem que fossem logo
percebidos. A ideia de
ilusão foi posta de
lado. Os movimentos se
realizaram em direções
diferentes e as pessoas
presentes foram deles
simultaneamente
testemunhas. Era um caso
de medição e nunca de
opinião ou imaginação.
926. Esses movimentos se
reproduziram tantas
vezes, em condições tão
numerosas e tão
diversas, com tantas
garantias contra o erro
e o embuste e com tão
seguros resultados, que
os membros da
subcomissão, céticos no
princípio das
investigações, ficaram
convencidos de que
existe uma força capaz
de mover corpos pesados,
sem contato material,
força essa que depende,
de maneira desconhecida,
da presença de seres
humanos.
927. Em resumo, o
parecer final da
comissão foi no sentido
de que um fato físico
importante se achava
assim demonstrado, a
saber: que se podem
produzir movimentos de
corpos sólidos, sem
contato material, por
uma força desconhecida
até agora, que age a uma
distância indefinida do
organismo humano e é
inteiramente
independente da ação
muscular.
928. Vê-se, pois, à
vista dos fatos
narrados, que a Ciência
reconhece os fenômenos
espíritas. Crookes,
levando mais longe a
investigação, demonstrou
que a força psíquica é
governada por uma
inteligência, que não a
dos assistentes; além
disso, uma dessas
inteligências reveste
temporariamente um
corpo, diz que é a alma
de pessoa que já viveu
na Terra, e lhe faz
fotografar a imagem. É o
caso de Katie King.
929. Se tais fatos não
induzem à crença, cumpre
renunciar a convencer os
homens, porque nada mais
positivo, mais tangível,
foi apresentado nos
ramos dos conhecimentos
humanos, em favor de uma
teoria.
930. A despeito dos
senhores Lélut, Luys,
Moleschott, Büchner,
Cari Vogt e outros
materialistas, não
aceitaremos, no futuro,
em nossas discussões,
senão fatos
estabelecidos
cientificamente, não
desejando mais disputar
hoje, que possuímos
certezas, contra
hipóteses sem
fundamento. Não são mais
visionários, cérebros
ocos, que proclamam a
autenticidade das nossas
manifestações; é a
ciência oficial da
Inglaterra. Opunham-nos
outrora Chevreul,
Babinet, Faraday. Agora
nós apresentamos
Crookes, Varley, Oxon,
de Morgan, A. Wallace e
toda a sociedade
dialética. Demonstrem
nossos contraditores que
esses homens ilustres
estão em erro e nós
acreditaremos; mas
enquanto esperamos que o
façam, deixamos o
público julgar para
decidir de que lado
estão a boa-fé, a
ciência e a verdade.
(Continua no próximo
número.)