Veja o leitor a seguinte
construção: “João lutou
muito na vida e alfim
conseguiu vencer”.
Algumas pessoas, lendo o
texto acima, por certo
dirão que existe nele um
erro absurdo: não é “alfim”,
mas “ao fim”. Então o
texto correto seria:
“João lutou muito na
vida e ao fim conseguiu
vencer”.
De fato, modernamente, a
segunda construção é
mais frequente, mas a
primeira está igualmente
correta e é abonada por
ninguém menos que Camilo
Castelo Branco. O
escritor Fernando do Ó
também a utilizou várias
vezes no seu excelente
romance Alguém chorou
por mim, publicado
pela editora da FEB.
A palavra alfim
tem duplo significado.
Como advérbio,
significa: ao fim,
afinal, finalmente, ao
cabo.
Exemplo:
“Sobreviveram com
instâncias muito
afetuosas, e alfim
conseguiram removê-lo.”
(Camilo Castelo Branco,
A Enjeitada, p. 15.)
Alfim
pode exercer também a
função de substantivo e
como tal significa, no
jogo de xadrez, a peça
que representa o
elefante, equivalente ao
bispo na forma ocidental
moderna do jogo.
[Variantes: alfil, alfir,
arfil, arfir.]
*
As pessoas, sobretudo o
pessoal da imprensa,
utilizam de modo
equivocado as palavras
portenho e
carioca.
Carioca,
como substantivo, indica
o natural ou habitante
da cidade do Rio de
Janeiro. Como adjetivo,
diz respeito à cidade do
Rio de Janeiro, mas não
ao Estado do Rio de
Janeiro. O campeonato de
futebol disputado pelo
Flamengo é, portanto,
campeonato fluminense e
não campeonato carioca,
porque envolve clubes de
outras cidades do Estado
do Rio.
Portenho,
como substantivo, indica
o natural de Buenos
Aires, capital da
Argentina. Como
adjetivo, diz respeito a
Buenos Aires, mas não à
República Argentina.
Quando nossa seleção
joga com a seleção dos
hermanos, joga
com a seleção argentina
e não com a seleção
portenha.