CLÁUDIO BUENO DA SILVA
klardec@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil)
Alerta de Kardec
sobre as
publicações
espíritas
Parte apreciável
da obra que
compõe a
estruturação do
Espiritismo foi
escrita por
Allan Kardec. O
teor dos textos
que escreveu –
de alta moral –,
desenvolvendo
profundas
reflexões de
interesse para a
humanidade; seus
artigos,
refutações,
notas e
complementos
mostram a
pujança
intelectual do
mestre, sua
responsabilidade
com a verdade e
o sério
compromisso
assumido na
fundamentação e
divulgação da
doutrina
filosófica que
nascia.
Cuidando de tudo
com muito zelo,
organizou um
livro dedicado
especialmente às
questões
mediúnicas, “O
Livro dos
Médiuns”. Também
nas edições
mensais da
Revista
Espírita, tratou
fartamente da
mediunidade, no
sentido de bem
esclarecer e
orientar sobre
assunto tão
delicado e às
vezes até
perigoso. Não
faltaram a Allan
Kardec, a
avaliação, o
critério, o
método, próprios
da abordagem
científica, pois
ele mesmo
referiu-se a
esses estudos
como uma nova
ciência que
nascia.
Num de seus
textos, muito
conhecido pelos
que estudam a
Doutrina, que se
pode encontrar
na Revista
Espírita, ano de
1863, mês de
maio, com o
título “Exame
das comunicações
mediúnicas que
nos enviam”,
Allan Kardec
expõe os
cuidados que os
médiuns precisam
ter quanto à
divulgação do
que recebem via
mediúnica.
Diz, num certo
trecho: “que não
se publique
inconsideradamente
tudo quanto vem
dos Espíritos,
desde mensagens
curtas até
trabalhos de
maior volume”.
Sobre estes
últimos, Kardec
afirma:
“Resta-nos dizer
algumas palavras
sobre
manuscritos ou
trabalhos de
fôlego que nos
mandaram, entre
os quais, sobre
trinta,
encontramos
cinco ou seis de
real valor. No
mundo invisível
como na Terra,
não faltam
escritores, mas
os bons são
raros. Tal
Espírito é apto
a ditar uma boa
comunicação
isolada, a dar
excelente
conselho
particular, mas
incapaz de um
trabalho de
conjunto
completo, que
suporte um
exame”...
Mais adiante,
remata: “Eis por
que, ao lado de
alguns bons
pensamentos,
encontram-se,
por vezes,
ideias
excêntricas e os
traços menos
equívocos da
mais profunda
ignorância”.
Imaginemos uma
obra com alguns
conceitos não
bem filtrados,
que possam
causar dúvidas e
controvérsias,
circulando e
sendo lida por
milhares de
pessoas. E se
várias obras com
o mesmo problema
chegarem aos
hipermercados,
livrarias,
bibliotecas
etc.? Dá para
imaginar o
estrago. É
compreensível
que a grande
maioria das
pessoas,
atualmente mais
e mais atraídas
pelas ideias
espíritas, não
saiba separar o
joio do trigo, o
que nem sempre é
tão fácil assim.
Daí ser forçoso
lembrar a
conhecida frase
de Erasto,
Espírito:
“Melhor rejeitar
nove verdades do
que aceitar uma
só mentira”,
referindo-se aos
textos colhidos
mediunicamente,
mas não só a
eles.
Há ainda,
conforme Allan
Kardec, outra
coisa séria com
que os médiuns
precisam se
preocupar: “É
nestas espécies
de trabalhos
mediúnicos (as
psicografias
longas)* que
temos notado
mais sinais de
obsessão, dos
quais um dos
mais frequentes
é a injunção
(imposição)* da
parte do
Espírito de os
fazer
imprimir... É em
semelhante caso
que um exame
escrupuloso se
torna
necessário...
Todas as
precauções são
poucas para
evitar as
publicações
lamentáveis...
Em tais casos,
mais vale pecar
por excesso de
prudência, no
interesse da
causa”.
O final do texto
de Allan Kardec
serve de alerta
a todos nós:
...“publicando
comunicações
dignas de
interesse,
faz-se uma coisa
útil. Publicando
as que são
fracas,
insignificantes
ou más, faz-se
mais mal do que
bem”.
Nunca será
demais relembrar
os conselhos de
Allan Kardec.
* acréscimos do
autor.