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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 5 - N° 249 - 26 de Fevereiro de 2012

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Tramas do Destino

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 3)

Damos continuidade ao estudo do livro Tramas do Destino, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. Que motivo levou Rafael Ferguson ao Sanatório? 

A causa da internação foi a hanseníase. Ao diagnosticar que Rafael era portador do "mal de Hansen", em grave fase de desenvolvimento, ameaçando a família e a comunidade em que circulava, o médico, conforme praxe na época, foi peremptório, encaminhando o enfermo, sem de nada o informar, ao Serviço de Lepra, com indicação expressa de internação pura e simples. (Tramas do Destino, cap. 3, págs. 40 e 41.)

B. Em face do sofrimento por que devemos passar, como agem os Benfeitores espirituais?  

Os Benfeitores amorosos não liberam seus tutelados da canga do so­frimento de que necessitam, por impositivo dos próprios erros, mas inspiram decisões felizes, evitam ciladas odientas, que aumentam o pa­decimento, impregnam-nos de forças superiores que decorrem da oração e do intercâmbio psíquico, induzem-nos ao bem, iluminam a consciência, amparam-nos moralmente e tornam-se faróis íntimos a apontarem o rumo na noite das provações santificadoras. (Obra citada, cap. 4, págs. 45 e 46.) 

C. Fortemente inspirada, a amiga de Artêmis confortou-a. Que palavras ela lhe disse naquele momento?  

Hermelinda a abraçou e, fortemente inspirada, confortou-a, dizendo: "Deus nos dará  forças para vencer a situação amarga. Jamais nos deixa órfãos o Supremo Pai, quando d'Ele mais necessitamos. Uniremos nossos esforços e lutaremos. Em verdade, nunca preencheremos a falta do ser querido, em casa; toda­via, o Senhor não nos deixará sem o pão, sem a luz da fé, nem o aga­salho da esperança. Sofreremos e cresceremos ante Seus olhos... Razão deve haver, que nos escapa, para que sejamos apanhados por este super­lativo sofrer, nos verdes dias dos nossos sonhos, ora tornados som­brios pesadelos. Não desanimaremos, apesar de a alma estar triturada, e tenho a certeza de que Ele, o Pai Zeloso, nos auxiliará a subir a difícil montanha da resignação e da confiança, conduzindo o fardo que nos cabe suportar". (Obra citada, cap. 4, págs. 47 e 48.)

D. Em sono profundo, Rafael viu cenas do seu passado espiritual. Como isso é possível a alguém que esteja encarnado?  

A razão disso é fácil de entender: os depósitos da "memória não cerebral" guar­dam os arquivos dos sucessos atuais e os pregressos, pertinentes às vidas anteriores. A memória dos fatos pretéritos radica-se no perispírito. (Obra citada, cap. 5, págs. 53 e 54.)

Texto para leitura 

14. Esquizofrenia - Não era atração de ordem física que imanava Rafael e Lisandra, mas a incoercível força procedente do passado espiritual de ambos. Apesar das tensões derivadas da preocupação com a saúde da filha, ele fez-se mais sociável e gentil com a esposa, no que colabo­rou também sua irmã Hermelinda, por quem nutria imenso respeito. Gil­berto, o primogênito, vivia num mundo à parte. Sisudo, não detestava a irmã, nem a amava; mas se apiedava dela quando a via cair nos demora­dos vágados ou durante as crises noturnas dolorosas. Com o tempo, tor­nou-se quase indiferente ao drama doméstico. Muitas pessoas aconselha­ram os Fergusons a procurarem a ajuda do Espiritismo para o tratamento da filha. O preconceito religioso não permitiu, porém, que eles o fi­zessem. Com a adolescência, Lisandra começou a apresentar sinais pe­riódicos que se assemelhavam à hebefrenia clássica, que já  se expres­sava como cargas obsessivas de grave teor espiritual, perturbante. Hebefrenia é uma variedade de esquizofrenia que se observa, em geral, nos adolescentes. Ela tornara-se distante da realidade, com péssimo aproveitamento no Liceu, embora se esforçasse por aprender e fosse pontual às aulas. Os pais não acreditavam pudesse a filha con­cluir o curso, mas anelavam prepará-la melhor culturalmente para en­frentar o futuro. (Cap. 3, págs. 39 e 40) 

15. A lepra - Por essa mesma ocasião, o chefe do lar foi vitimado por uma série de problemas orgânicos, que muito afligiram seus familiares. Em plena convalescença, deu-se conta de constantes cãibras nas mãos e nos pés, e passou a experimentar, periodicamente, sensações de perda do tato. Surgiram então algumas despigmentações cutâneas que o leva­ram, apreensivo, a conhecido dermatologista, que não titubeou no pronto diagnóstico. Rafael era portador do "mal de Hansen", em grave fase de desenvolvimento, ameaçando a família e a comunidade em que circulava. O especialista, conforme praxe na época, foi peremptório, encaminhando o enfermo, sem de nada o informar, ao Serviço de Lepra, com indicação expressa de internação pura e simples. Chegavam assim as excruciantes aflições que desabariam por longos anos sobre os Fergu­sons. Rafael nada sabia, mas, por intuição, antes de rumar ao consul­tório indicado, dirigiu-se ao lar. Experimentava profunda sensação de aniquilamento. Em silêncio, opresso, adentrou-se no lar e procurou fixar n'alma, indelevelmente, todas as cenas, que lhe seriam as remi­niscências futuras. Não teve coragem de oscular os familiares. Algo lhe dizia ser aquela uma despedida que o levaria à loucura surda e in­suportável. A esposa percebeu seu semblante marcado pela dor e inter­rogou-o preocupada. Naquele momento, ele deu-se conta de quanto a amava e desejou suplicar-lhe perdão e ajuda. Sopitou, porém, a vontade e dirigiu-se à clínica a que fora encaminhado. Sentia-se avançando para o matadouro. O médico usou de sinceridade absoluta: "Não há  dú­vida, o senhor é portador do mal de Hansen, de lepra, como é vulgar­mente conhecida a enfermidade. Não se fazem, sequer, necessários os exames para a confirmação do diagnóstico... Estes poderão ser provi­denciados após o internamento". A palavra e o diagnóstico desabaram sobre Rafael como o ruir de tudo, esmagando suas forças enfraquecidas. Ele recusava crer no que ouvia, mas o especialista prosseguiu: "Sou obrigado a interná-lo no Sanatório próprio. Sua vida, agora, pertence ao Estado, encarregado de zelar pela população. Não digo que o senhor seja uma ameaça, porém, convenhamos, é um perigo para a coletividade". Depois, dando curso à rude explicação, aconselhou ao enfermo ser de bom alvitre poupar seus familiares ao escândalo de ser levado à força, ou, o que é pior, ao contágio. (Cap. 3, págs. 40 e 41) 

16. No Lazareto - Após ouvir a cruel sentença, Rafael, sem conseguir articular a palavra, com a garganta túrgida e a alma em febre, assen­tiu com a cabeça, enquanto as lágrimas desataram-lhe em abundância. Dali mesmo, o enfermo foi transferido para o Lazareto, um casarão semi-abandonado, em que os réprobos do pretérito espiritual culposo ressarciam os débitos, na  áspera posição atual. Antes de despedir-se, informado de que a família seria notificada posteriormente, ele redi­giu com mão trêmula um recado à esposa, que a tudo ignorava, esclare­cendo-lhe a necessidade de uma viagem urgente, prometendo notícias pormenorizadas logo depois. O médico comprometeu-se a enviar o bilhete à destinatária, enquanto Rafael seguiu, sentenciado pela legislação divina incorruptível, para o cumprimento da pena impostergável. Na alma aturdida, em densa noite, o Sr. Ferguson, sem o amparo de uma fé luarizante, não possuía o socorro das estrelas morais que fulgem espe­rança no céu das aflições. Deixou-se, pois, sucumbir, sem raciocinar, impossibilitado de pensar ante a situação maceradora que o impelia à revolta em que mergulhou, sob o estrugir do ódio, em forma inicial de ira, que o dilaceraria, no futuro, como ácido a requeimá-lo por den­tro. (Cap. 3, págs. 42 e 43) 

17. A força da prece - Não houve despedida entre o enfermo e seus fa­miliares, nenhuma palavra que pudesse diminuir a inclemência do horror que se abateu sobre Artêmis, quando notificada do inditoso aconteci­mento. O ofício lacônico do órgão competente, sem mais amplos infor­mes, alcançou a finalidade, como um raio destruidor, atingindo débil floração de vida. Se Hermelinda não acudisse, Artêmis ter-se-ia ferido no solo, em virtude do desmaio que a venceu, ao ler o comunicado, que exigia também a presença de toda a família, no Posto de Saúde, para os exames que se impunham. Sem saberem como agir de imediato, foram as duas amigas inspiradas à oração pela genitora desencarnada de Artêmis. Naquele momento, Lisandra repousava, após mais uma crise angustiante, e Gilberto se encontrava no Liceu. As duas almas irmãs, trucidadas pelo sofrimento, recolheram-se então à oração lenificadora. Aos pou­cos, sob o beneplácito da oração que jamais se demora sem resposta, foram-se acalmando, atendidas pelo magnetismo dulcificador e reconfor­tante que lhes aplicavam os invisíveis Amigos Espirituais, responsá­veis pelo curso dos acontecimentos educativos em prol da sua redenção. Os Benfeitores amorosos não liberam os seus tutelados da canga do so­frimento de que necessitam, por impositivo dos próprios erros, mas inspiram decisões felizes, evitam ciladas odientas, que aumentam o pa­decimento, impregnam-nos de forças superiores que decorrem da oração e do intercâmbio psíquico, induzem-nos ao bem, iluminam a consciência, amparam-nos moralmente e tornam-se faróis íntimos a apontarem o rumo na noite das provações santificadoras. Refeitas, assim, do primeiro grande choque, as duas almas afins combinaram que não poderiam ocultar aos jovens o drama que pesava sobre o lar, mesmo porque todos deveriam submeter-se aos exames médicos inadiáveis. (Cap. 4, págs. 45 e 46) 

18. Deus jamais nos deixa órfãos - As horas agora pesavam no compasso da lentidão. A ausência do chefe da família se transformava num tipo de morte mais dorido do que o da desencarnação, a que se adicionavam as dificuldades financeiras derivadas de sua ausência, o que era mais uma sombra de dor para aquelas almas aflitas. Os Fergusons eram pessoas da classe média, conforme os padrões vigentes na Terra, que dependem das quotas do labor realizado, sem maiores economias que possam supor­tar um período largo de vicissitudes. Naquele tempo, o ingresso num Leprocômio significava uma viagem sem retorno. Acrescentava-se a isso o estigma que acompanhava as famílias em cujo seio surgia um hanse­niano, as quais inspiravam pavor e, em alguns lugares, perseguição im­placável. Muitas vezes, as pessoas ligadas a hansenianos viam-se obri­gadas a terrível silêncio, sem lograrem sequer uma palavra de conforto dos amigos ou dos parentes mais chegados. Artêmis somava, então, à ex­trema aflição de uma indébita viuvez com o esposo vivo-morto, toda a gama das próximas dificuldades financeiras e a carga dos preconceitos humanos. Após a prece lenificadora, Hermelinda abraçou a cunhada e, fortemente inspirada, confortou-a, dizendo: "Deus nos dará  forças para vencer a situação amarga. Jamais nos deixa órfãos o Supremo Pai, quando d'Ele mais necessitamos. Uniremos nossos esforços e lutaremos. Em verdade, nunca preencheremos a falta do ser querido, em casa; toda­via, o Senhor não nos deixará sem o pão, sem a luz da fé, nem o aga­salho da esperança. Sofreremos e cresceremos ante Seus olhos... Razão deve haver, que nos escapa, para que sejamos apanhados por este super­lativo sofrer, nos verdes dias dos nossos sonhos, ora tornados som­brios pesadelos. Não desanimaremos, apesar de a alma estar triturada, e tenho a certeza de que Ele, o Pai Zeloso, nos auxiliará a subir a difícil montanha da resignação e da confiança, conduzindo o fardo que nos cabe suportar". (Cap. 4, págs. 47 e 48) 

19. Uma noite de agonia - Hermelinda, semi-incorporada pela genitora de Artêmis, olhos brilhantes, concluiu: "Dia virá  em que veremos re­tornar o nosso Rafael, mutilado ou não, em outras circunstâncias, ao lar que o esperará por todo o sempre, onde foi impedido de permanecer, por enquanto, ao império da superior vontade de Deus". Após tais pa­lavras, uma atmosfera de paz saturou o ambiente, fazendo-o sutil, qual o clima que deveria ser, habitualmente, o de todos os lares da Terra. Naquela noite, reunindo suas forças claudicantes, após transcorrida a refeição e realizados os deveres escolares, Artêmis elucidou os filhos quanto ao ocorrido e, sem qualquer dramaticidade, expôs sobre os cui­dados que deveriam ter, a partir de então, em se referindo ao pai, bem como a respeito dos dias que viriam menos ditosos, encerrando a entre­vista com um toque superior de otimismo e esperança. Os jovens não pu­deram ocultar a angústia diante das consequências do ocorrido: o pade­cimento do pai, a desventura da mãe, a ameaça que pairava sobre todos quanto à hipótese de estarem também contaminados, e o futuro da famí­lia, que agora se tornava mais incerto. Aumentando a carga de deses­pero daquele lar, Lisandra, acoimada pelo choque, foi vencida de novo por demorado mergulho em dura crise epileptiforme, perdendo a cons­ciência. A jovem agitava-se balbuciando palavras inteligíveis, diver­sas da ocorrência tipicamente epiléptica, sem as convulsões caracte­rísticas. Inquieta, como se passeasse por lúgubres sítios que lhe cau­sassem horror e alucinação, expressava conexão nas palavras enunciadas com esgares. Eram as reminiscências da vida anterior, que produziam agora os desaires e as aflições que se impunham como medida salvadora para sua reabilitação pessoal e a dos implicados nas desditas passa­das. Aquela foi, para os Fergusons, uma demorada noite de agonia, até a quase total lassidão das resistências físicas e morais. (Cap. 4, págs. 48 e 49) 

20. A reação de Rafael - Passado o primeiro momento, após a notícia desconcertante que lhe martelava a mente, Rafael não conseguia coorde­nar direito as ideias. Era-lhe inconcebível aceitar aquela contingên­cia, que se semelhava a grosseiro embuste do destino, de que se libe­raria mediante surpresa idêntica da fortuna. Ao anoitecer, defrontando a aspérrima realidade que encontrara no Hospital, não suportou a dor superlativa e entregou-se ao choro convulsivo, selvagem. Aquele era um mundo de mutilados, de sombras inditosas, purulentas, na escuridão de um inferno horrendo. Rafael sentia o recrudescer dos sentimentos infe­riores, dominando-o num ódio primitivo contra Deus, contra todos, con­tra ele mesmo. Fizera-se um vulcão em erupção. O odor nauseante da sala, as péssimas condições de higiene, a promiscuidade coletiva eram tão macerantes quanto a própria enfermidade. Na véspera – pensava – dormira no lar e agora... Não sopitou o desespero e foi acometido por um acesso nervoso. Enfermeiros e colegas de infortúnio acorreram e do­minaram-no. Aplicou-se-lhe medicação calmante, enquanto ele se debatia em fúria, negando-se a permanecer na jaula a que se sentia relegado. Blasfêmias espocaram-lhe pelos lábios febris, até à exaustão, quando se fez sentir o efeito do medicamento. Faltava, à época, maior compre­ensão em torno da hanseníase, de suas causas e de sua terapia, o que era agravado pela ignorância quanto à preparação psicológica dos en­fermos, a fim de submeter-se ao tratamento em clima de confiança, em­bora a pouca esperança de cura. Até os enfermeiros viviam isolados da sociedade, porque se temia a doença mais do que os criminosos portado­res de alta periculosidade. No dia seguinte, Rafael não teve forças para levantar-se, deixando-se ficar imerso na torva desesperação sem palavras. Negar-se-ia a viver – reflexionava, aturdido. Pensou também nos familiares e nos horrores que eles deveriam estar experimentando com a infausta notícia. Considerou-se então, naquele momento, um ser desprezível e desgraçado, um "imundo", como milenarmente se dizia acerca dos leprosos. (Cap. 5, págs. 51 e 52) 

21. Rafael vê cenas de seu passado - Rafael chorou, emocionado – não as lágrimas de ácido comburente, devastadoras, mas as que nascem nas fontes do sofrimento, que, enquanto são vertidas, acalmam, refrescam o ser, lenindo as ulcerações e prometendo cicatrizá-las. Perdera a noção do tempo e do espaço, e uma sensação desconhecida entorpeceu-o, le­vando-o a sono profundo, não obstante as horas do dia claro. No transe, sentiu-se recuar às contingências da vida atual, como se esti­vesse diante de uma tela de cinemascópio e se revisse em caráter re­trospectivo, desde o internamento até ao berço e daí, após uma larga faixa de sombras, paisagens passadas, em que se sentia viver. Destaca­vam-se, na visão colorida, cenas que retratavam poder e distinção so­cial em torno de um homem abastado e nobre, e bajulado, no qual se descobriu a si mesmo, embora alguns diferentes traços fisionômicos... Sentiu a arrogância e a prepotência daquele homem e a alta carga de paixões, que a custo dissimulava. A mente varrida por dramas sucessi­vos parecia deleitar-se em poder executá-los sinistramente. Sabia-se temido e odiado, no que se comprazia. Continuando a viagem de reminis­cências, encontrou-se numa ampla alcova, diante de bela mulher imóvel, que fitava aterrada a construção de uma parede. Ele parecia vingar-se de alguém... Os cenários depois se enevoaram, perderam os contornos e ele, voltando à posição anterior, passou a fugir em delírio, dese­quilibrado, açodado por implacável vingador que cavalgava em seu encalço, al­cançando-o e liberando-o, para novamente vencê-lo. Rafael pôs-se en­tão a gritar e, debatendo-se no leito humilde, despertou, banhado de suor, com expressão bestial. Um enfermeiro, de nome Cândido, acudiu, procurando acalmá-lo. “Era apenas um pesadelo”, disse-lhe o atendente, aduzindo que todos eram vítimas desses sonhos tenebrosos, quando davam ingresso ali; depois se acostumavam. Na verdade, o que Rafael vira fo­ram cenas de seu passado espiritual, no qual fixara as matrizes do so­frimento atual, porquanto os depósitos da "memória não cerebral" guar­dam os arquivos dos sucessos atuais e os pregressos, pertinentes às vidas anteriores. (Cap. 5, págs. 53 e 54)(Continua no próximo número.)



 


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