Uma leitora de Brasília-DF,
em carta dirigida a esta
revista, diz sentir-se
confusa com a técnica
seguida pela Casa Espírita
de que participa, a qual
encaminha as pessoas
obsidiadas para passes
"especiais" desobsessivos de
níveis II e III. Os passes
“normais”, que são
ministrados após a palestra
pública, são considerados
“fracos” pela direção do
Centro. Por isso, os que
enfrentam processos
obsessivos têm de receber
aqueles outros.
As perguntas que a leitora
nos faz são estas: No
tocante aos passes, existe
essa diferenciação a nível
doutrinário? A obsessão,
caso constatada, deve ser
tratada através de passes
diferenciados?
O tratamento espírita da
obsessão é objeto de
inúmeras obras espíritas,
como O Livro dos Médiuns
e O Evangelho segundo o
Espiritismo, ambas de
Allan Kardec.
É claro que, no tocante ao
tema obsessão e a muitos
outros temas, não podemos
restringir-nos ao que Kardec
ensinou, mas todos os
autores, encarnados e
desencarnados, que trataram
até hoje do assunto
confirmam o que o
Codificador propôs, ou seja:
1.) a necessidade do
tratamento magnético; 2.) a
importância da chamada
doutrinação do agente
causador da obsessão; 3.) a
renovação de suas atitudes
por parte do enfermo.
Vê-se, pois, que no
tratamento das obsessões o
passe magnético é um dos
elementos componentes da
terapia, mas não é o único
nem o mais importante.
Esse entendimento pode ser
visto em diversas obras
espíritas que tratam do
assunto. Desobsessão,
de André Luiz, e
Obsessão/Desobsessão, de
Suely Caldas Schubert, são
duas delas. Há, ainda, os
estudos de Hermínio C.
Miranda e Manoel Philomeno
de Miranda.
Este último entende que o
melhor médico, em se
tratando do tratamento da
obsessão, será sempre o
enfermo, como Suely Caldas
Schubert mostra em sua obra,
acima citada, da qual
extraímos os seguintes
apontamentos:
1.) Esclarecer o paciente é
fazê-lo sentir quanto é
essencial sua participação
no tratamento; é orientá-lo,
dando-lhe uma visão
gradativa, cuidadosa, do que
representa em sua existência
aquele que é considerado o
obsessor; é levantar-lhe as
esperanças, se estiver
deprimido; é transmitir-lhe
a certeza de que existem
dentro dele recursos imensos
que precisam ser acionados
pela vontade firme, para que
venham a eclodir,
revelando-lhe facetas da
própria personalidade até
então desconhecidas dele
mesmo. É, enfim, ir aos
poucos conscientizando-o das
responsabilidades assumidas
no passado e que agora são
cobradas através do irmão
infeliz que se erigiu em
juiz, cobrador ou vingador.
(Obsessão/Desobsessão,
segunda parte, cap. 9, p.
114.)
2.) O obsidiado só se
libertará quando ele mesmo
se dispuser a promover a
autodesobsessão. O
Espiritismo não pode fazer
por ele o que ele não fizer
por si mesmo. Muito menos
ainda os médiuns, ou alguém
que lhe queira operar a
cura. É preciso compreender
que o tratamento da obsessão
não consiste na expulsão do
obsessor: alcançado isso, se
fosse possível, ele depois
voltaria, com forças
redobradas, à obra
interrompida. A terapia tem
em vista a reconciliação;
trata-se de uma conversão a
ser feita, tarefa que requer
do obsidiado uma ampla
cooperação, grandes esforços
e boa vontade. (Obra citada,
segunda parte, cap. 2.)
3.) A renovação moral é,
como já foi dito, fator
essencial ao tratamento
desobsessivo. Yvonne A.
Pereira, em seu livro
Recordações da Mediunidade,
é incisiva a tal respeito:
“O obsidiado, se não
procurar renovar-se
diariamente, num trabalho
perseverante de autodomínio
ou autoeducação, progredindo
em moral e edificação
espiritual, jamais deixará
de se sentir obsidiado,
ainda que o seu primitivo
obsessor se regenere. Sua
renovação moral, portanto,
será a principal
terapêutica, nos casos em
que ele possa agir”. (Obra
citada, segunda parte, cap.
2.)
*
Com relação aos passes
magnéticos é preciso
entender que eles não
resolvem tudo e apresentam
limitações muito claras,
conforme demonstra o
Especial intitulado “O passe
magnético e seus
limitações”, publicado na
edição 101 desta revista.
Eis o link:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/101/especial.html
A classificação dos passes a
que a leitora se refere é
algo superado na maioria das
casas espíritas. A eficácia
do passe não depende da
fórmula exterior, pois está
inteira na assistência
espiritual da pessoa que o
ministra.
José Herculano Pires foi
enfático no tocante ao
assunto ("Obsessão, o passe,
a doutrinação", editora
Paideia, págs. 35 a 37): "O
passe espírita é
simplesmente a imposição das
mãos, usada e ensinada por
Jesus, como se vê nos
Evangelhos. Origina-se das
práticas de cura do
Cristianismo Primitivo. Sua
fonte humana e divina são as
mãos de Jesus. O passe
espírita não comporta as
encenações e gesticulações
em que hoje o envolveram
alguns teóricos
improvisados, geralmente
ligados a antigas correntes
espiritualistas de origem
mágica ou feiticista. Todo o
poder e toda a eficácia do
passe espírita dependem do
espírito e não da matéria,
da assistência espiritual do
médium passista e não dele
mesmo. Os passes
padronizados e classificados
derivam de teorias e
práticas mesméricas,
magnéticas e hipnóticas de
um passado há muito
superado. Os Espíritos
realmente elevados não
aprovam nem ensinam essas
coisas, mas apenas a prece e
a imposição das mãos. Toda a
beleza espiritual do passe
espírita, que provém da fé
racional no poder
espiritual, desaparece ante
as ginásticas pretensiosas e
ridículas gesticulações”.
|
Para
esclarecer
suas
dúvidas,
preencha
e
envie
o
formulário
abaixo. |
|
Sua
pergunta
será
respondida
em
uma
de
nossas
futuras
edições. |
|
|
|
Simulador de configuracoes FORMMAIL
|
|
|