A. Que traço comum
ligava as pessoas
internadas no Lazareto?
Os que estagiavam no Lazareto constituíam a
massa de exploradores de
ontem, em si mesmos
vencidos, ao impacto do
ressarcimento, no campo
de lutas que preferiram
por livre escolha.
Alguém que malbarate os
valores da vida não
permanece de consciência
pacificada. O abuso da
força, do poder
econômico ou social, da
autoridade, da
inteligência, seja do
que for, produz a
desdita a que o mau
mordomo se arroja, em
demorada e aflitiva
recuperação. Todos os
valores positivos que
enflorescem a vida
humana exigem prestação
de contas, na qual são
examinados a aplicação,
o uso, os resultados do
investimento,
concedendo-se ao
usufrutuário o
respectivo salário,
adicionado aos juros de
que se faça credor. Na
ordem divina, Espírito
algum explora,
aproveita-se, perverte,
abusa do patrimônio do
Pai, sem ser chamado a
graves contas.
(Tramas do Destino, cap.
5, págs. 55 e 56.)
B. Em face da difícil
situação de Artêmis e
filhos, que atitude
tomaram seu pai e seus
irmãos?
Logo que souberam do fato, alguns irmãos de
Artêmis vieram,
pressurosos, oferecer
ajuda e propor-lhe
retorno para a Fazenda,
onde poderiam fruir de
vida regularmente
folgada e tranquila. Mas
Artêmis decidiu ficar na
Capital, para não
ampliar a distância
entre ela e o marido,
preocupada também com a
ignorada enfermidade de
Lisandra, motivo de
crescente e constante
preocupação. O pai e os
irmãos cotizaram-se,
então, com o objetivo de
assumirem os encargos
financeiros da família
em sofrimento.
(Obra citada, cap. 6,
págs. 58 a 60.)
C. De que fator decorre
o problema da
auto-obsessão?
O problema da auto-obsessão decorre da
necessidade que o
Espírito se impõe, no
processo reencarnatório,
de expungir crimes
perpetrados e que não
foram denunciados nem
justiçados a seu tempo.
A culpa insculpida nos
mecanismos do ser
consciente, nos recessos
da alma, é brasa viva a
requeimar, até que se
dilua pelo soerguimento
do defraudador da
justiça, quando se sinta
recuperado e quite,
desaparecendo, então,
os agentes causadores do
desequilíbrio. Depois de
identificar os erros,
ainda na erraticidade, o
Espírito reencarna com a
consciência do desacato
às Leis Divinas,
sabendo-se carente de
reeducação.
Permanecem-lhe
semiapagadas as
reminiscências que
procura esquecer no
mergulho carnal. No
entanto, o
arrependimento como o
remorso ressuscitam-nos,
dando-lhes mais vigor e
infundindo receios
profundos, graças à
lucidez adquirida quanto
à responsabilidade dos
mesmos delitos que devem
resgatar.
(Obra citada, cap. 7,
págs. 63 e 64.)
D. Onde se encontram as
raízes das enfermidades
mentais?
As síndromes das enfermidades mentais têm raízes
no Espírito endividado
e são recursos punitivos
e reeducadores de que se
utiliza a vida, em nome
da Divindade, para
lecionar justiça e
administrar evolução aos
que se negam à vivência
dentro das linhas do
amor, conforme o
ensinaram todos os
construtores éticos da
Humanidade,
especialmente Jesus, o
amor por excelência de
todas as criaturas.
(Obra citada, cap. 7,
págs. 64 e 65.)
Texto para leitura
22. A Justiça Divina é perfeita
- Os sofrimentos que
Rafael enfrentava agora
eram fruto de uma
existência perniciosa,
que deveria santificar
no amor e na
solidariedade,
considerando-se os bens
que usufruíra egoísta e
voluptuosamente. Alguém
que malbarate os valores
da vida não permanece de
consciência pacificada.
O abuso da força, do
poder econômico ou
social, da autoridade,
da inteligência, seja do
que for, produz a
desdita a que o mau
mordomo se arroja, em
demorada e aflitiva
recuperação. Todos os
valores positivos que
enflorescem a vida
humana exigem prestação
de contas, na qual são
examinados a aplicação,
o uso, os resultados do
investimento,
concedendo-se ao
usufrutuário o
respectivo salário,
adicionado aos juros de
que se faça credor. Na
ordem divina, espírito
algum explora,
aproveita-se, perverte,
abusa do patrimônio do
Pai, sem ser chamado a
graves contas. Os que
estagiavam, portanto, no
Lazareto, constituíam a
massa de exploradores de
ontem, em si mesmos
vencidos, ao impacto do
ressarcimento, no campo
de lutas que preferiram
por livre escolha. Daí
os pesadelos
semelhantes,
mencionados pelo
enfermeiro Cândido, que
ofereceu a Rafael um
vaso com água fresca,
tentando reconfortá-lo.
"A coisa não é tão má
como dizem – falou-lhe
Cândido. – Aqui também
se ama e se confia em
Deus. Isto não é um
presídio, mas um
hospital. O cerceamento
da convivência familiar
se justifica a benefício
de todos. Note bem: em
casa as pessoas
negligenciam os horários
para a medicação, que
deve obedecer a um
rigoroso esquema; não
resguardam, devidamente,
a família; são tentadas
à convivência social...
Ora, como não se sabe
exatamente como ou
quando ocorre o contágio
da doença, o Serviço de
Saúde isola o paciente e
nada mais. O restante
decorre da superstição e
da ignorância..." A
argumentação franca e
legal repercutiu
positivamente no
recém-chegado. E ele
prosseguiu, dizendo que
Rafael deveria agradecer
por ter os seus
familiares poupados e
ser cuidado por pessoas
especializadas, que não
se impressionavam com
seu estado, nem o
temiam. "Concorda
comigo?", indagou-lhe o
enfermeiro. Rafael
assentiu com a cabeça.
Cândido conclamou-o
então a sair da cama e
começar uma vida nova.
"Recusar-se um problema
não o anula, nem o
resolve, antes
agrava-o", asseverou o
atendente, que convidou
Rafael a conhecer a sua
nova casa. Ela era velha
e sombria, mas poderia
ser bela, se todos assim
o quisessem, aduziu o
enfermeiro. Rafael
encontrava ali seu
primeiro amigo, um
excelente amigo, quase
um benfeitor. (Cap. 5,
págs. 55 e 56)
23. Chega uma carta de Rafael -
Artêmis não conseguia
refazer-se dos
sucessivos choques.
Adicionava-se à angústia
decorrente da
enfermidade do esposo a
inquietação com a
problemática de
Lisandra. Por duas
noites e dois dias
ininterruptos, a jovem
ficou dominada pelas
"ausências",
assinaladas então por
distúrbios
incompreensíveis. Eram
monólogos, durante os
quais ela exteriorizava
expressões excruciantes
de horror, que
inspiravam profunda
compaixão, seguindo-se a
eles demorado período de
total alheamento da
realidade. Se recobrava
a lucidez, logo
prorrompia em demoradas
crises. O médico que a
tratava desde a infância
declarou-se impotente
para debelar o mal. O
facultativo inteirou-se
do drama que abalara a
família naqueles dias e
pôde compreender, assim,
que os acontecimentos
produziram em Lisandra
um trauma, acompanhado
de consequente
depressão moral, que,
segundo sua opinião,
seria de longo curso.
Receitou-lhe calmantes e
recomendou paciência e
vigilância, com o que o
problema seria superado,
a pouco e pouco. Artêmis
e Hermelinda não
dispunham, pois, do
necessário tempo para
reflexão, mas nos breves
momentos que se
permitiam entregavam-se
à oração, o que minorava
a ardência das aflições
que as venciam
inexoravelmente.
Gilberto, adolescente
ainda, aos quinze anos,
deu-se conta de todo o
dissabor e da gravidade
da hora. O sofrimento da
família precipitava-o às
responsabilidades, em
face da ausência
paterna. Assim é que ele
também procurava
confortar a mãe e a tia,
crescendo moralmente
junto às duas mulheres
crucificadas nas traves
do testemunho redentor.
Toda tempestade, por
maior que seja a sua
força, acaba amainando,
cedendo à força
pacificadora da bonança.
Com efeito, passada uma
semana de dores e
apreensões, o lar de
Lisandra readquiriu o
aspecto anterior, onde,
agora, a melancolia
substituía os poucos
sorrisos e a saudade
envolvia de tristeza os
corações. Foi quando
chegou a primeira carta
do querido ausente.
(Cap. 6, págs. 57 e 58)
24. Os exames nada acusam - A
carta não era portadora
de esperança ou
consolação. Ainda
traumatizado
profundamente, o esposo
e pai, embora
esforçando-se por
ocultar seu estado
íntimo, narrava as
ansiedades do coração e
a imensurável revolta
ante o golpe sofrido.
Declarava, ainda, que,
se soubesse que havia
contaminado algum dos
seus, não suportaria
essa infame desdita,
porque então se mataria.
No conteúdo de ácido e
fel havia o amor
corroído pelo desaire,
quando este poderia ser
o lenitivo para todos
os sofrimentos e o
sustentáculo para todas
as fraquezas. Algum
tempo depois, atendendo
à notificação do Serviço
de Saúde, a família
apresentou-se para os
exames de praxe. Ao
dermatologista causou
piedade o estado
físico e moral dos
Fergusons... Os jovens
afastaram-se das aulas,
enquanto aguardavam os
resultados dos exames. A
família de Artêmis foi
informada por esta,
vindo alguns irmãos
pressurosos oferecer
ajuda e propor retorno
para a Fazenda, onde
poderiam fruir de vida
regularmente folgada e
tranquila. Ela, todavia,
não desejava ampliar a
distância entre si e o
marido, considerando,
também, a ignorada
enfermidade de
Lisandra, motivo de
crescente e constante
preocupação. A
solidariedade do velho
pai e dos irmãos de
Artêmis atestou a
excelência dos valores
espirituais de
criaturas humanas que
eram. Artêmis decidiu,
portanto, permanecer
na Capital, cotizando-se
o pai e seus irmãos com
o objetivo de
assumirem os encargos
financeiros da família
em sofrimento. Gilberto
dispôs-se a trabalhar
de dia e estudar à
noite, e todos
aguardavam o futuro
conforme assim decidisse
a divina vontade, quando
saiu finalmente o
resultado dos exames.
Ninguém, ali, estava
contaminado e essa
notícia foi, depois da
noite escura, o primeiro
abençoado dia de sol que
clarificou aqueles
espíritos, colhidos na
luta evolutiva pelos
impositivos de erros do
passado. (Cap. 6, págs.
58 a 60)
25. Lisandra deixa a escola - Com
o tempo, o lar dos
Fergusons adaptou-se às
anteriores condições da
sobrevivência. Em
verdade, a família
submeteu-se às
contingências novas com
esforço hercúleo,
sopitando aspirações e
transferindo programas.
A felicidade
transformou-se em
resignação, e a alegria
tornou-se morna
tranquilidade superior,
que ocultava ebulição
facilmente perceptível,
em ritmo que
exterminaria as suas
vítimas a qualquer nova
sobrecarga. Gilberto
empregou-se numa casa
comercial, adquirindo
total consciência de
responsabilidade;
tornara-se, porém, mais
introspectivo, como um
fogoso corcel em brida
curta que a vontade
férrea manietava.
Lisandra descambava,
contudo, lenta e
continuamente, para um
doloroso processo de
alienação
auto-obsessiva. Privada,
por conselho médico, de
continuar os estudos,
deixava-se arrastar pelo
alheamento e pelas
crises periódicas, com
maior vigor nos dias do
fluxo menstrual.
Lisandra acalentava,
então, a autocompaixão,
fixando ainda mais o
desequilíbrio nas
tecelagens sensíveis do
perispírito. Intimamente
rebelde, sentindo a
ausência do pai que a
mimava e em quem
encontrava estímulos
oriundos da atividade
subjacente desde a
existência passada,
fugia psiquicamente à
realidade, permitindo
que os clichês mentais
ressurgissem nebulosos,
produzindo-lhe
inquietação em alguns
momentos e, noutros,
profunda melancolia.
Parecia recordar-se de
prazeres nos quais fora
personagem de relevo e
revia-se, mentalmente,
requestada, numa
sociedade ociosa em que
sobressaía pela beleza e
futilidade, pela posição
social e permissividade
disfarçada, que
usufruía. Nessa
situação, a memória
referta de sensações
orgíacas divagava e
Lisandra recolhia-se com
avidez à penetração,
cada vez mais ansiosa,
da paisagem íntima que a
agradava. Sua mãe nada
sabia dessas divagações
e ela mesma pensava,
talvez, que fosse tudo
imaginação, sem
entender direito as
ocorrências que a
deleitavam. Era esse o
seu "mundo feliz",
conforme imaginava,
exceto quando, em face
de qualquer problema
que a excitasse, fugia,
atendendo a poderoso
mecanismo que ela não
compreendia, para as
"ausências", nos
desmaios em que
sucumbia, o que ocorria
também quando a
regressão da memória em
devaneio defrontava os
episódios macabros de
que acreditava haver
participado, naquele
mundo mental, e que a
censura automática dos
centros da consciência
se negava revelar com
toda a força de sua
realidade. (Cap. 7,
págs. 61 a 63)
26. Causas da auto-obsessão - O
problema da
auto-obsessão decorre da
necessidade que o
Espírito se impõe, no
processo reencarnatório,
de expungir crimes
perpetrados e que não
foram denunciados, nem
justiçados a seu tempo.
A culpa insculpida nos
mecanismos do ser
consciente, nos recessos
da alma, é brasa viva a
requeimar, até que se
dilua pelo soerguimento
do defraudador da
justiça, quando se sinta
recuperado e quite,
desaparecendo, então,
os agentes causadores do
desequilíbrio. Depois de
identificar os erros,
quando na erraticidade,
o Espírito reencarna com
a consciência do
desacato às Leis
Divinas, sabendo-se
carente de reeducação.
Permanecem-lhe
semiapagadas as
reminiscências que
procura esquecer no
mergulho carnal. No
entanto, o
arrependimento como o
remorso ressuscitam-nos,
dando-lhes mais vigor e
infundindo receios
profundos, graças à
lucidez adquirida quanto
à responsabilidade dos
mesmos delitos que devem
resgatar. Durante a
reencarnação, em que as
lembranças transatas
normalmente se apagam,
as de natureza criminosa
desatrelam-se de permeio
com as construções
mentais do cotidiano,
gerando perturbações,
receios aparentemente
infundados para o
observador comum,
aumentando a pouco e
pouco sua liberação
quase total e
reincorporando-se à
personalidade, em forma
de pensamentos atuais,
tumultuados e
desconexos. O paciente
incurso em tal processo
concentra-se no obscuro
poço das recordações que
se acentuam e tomba em
alucinações e delírios,
porque são invadidos os
centros da consciência
pelas fortes impressões
desagradáveis e
trágicas, de que se
desejava libertar.
Desaparecem os contornos
das aquisições do
momento, enquanto
ressumam as experiências
arquivadas, que passam a
governar em desalinho
as reações da
emotividade do "eu"
consciente, produzindo
a alienação. Sua
reativação, mesmo por
processos indiretos, faz
que o enfermo se
autoapiede do que lhe
ocorre no mundo íntimo,
criando as
auto-obsessões,
geratrizes de psicoses
várias, quais a
maníaco-depressiva –
que se expressa, dentre
outra forma, pelas
tentativas de suicídio
com que o Espírito
reencarnado supõe
evadir-se novamente à
justiça de que
necessita – e as
perturbações mentais da
epilepsia, em que as
cenas horrendas
conduzem-no às
"ausências", às
convulsões, em face dos
desequilíbrios e das
consequências daqueles
mesmos delitos,
impressos como
distúrbios na
engrenagem encefálica,
pela presença das
infecções e das
disritmias, que são
parte expressiva das
psicoses endógenas,
estudadas pela
Psiquiatria moderna.
(Cap. 7, págs. 63 e 64)
27. Terapêutica da obsessão -
Vê-se, assim, por
ponderáveis razões, que
o esquecimento das vidas
anteriores é
misericórdia e sabedoria
divina para com os
homens. As síndromes
das enfermidades mentais
têm raízes no espírito
endividado e são
recursos punitivos e
reeducadores de que se
utiliza a vida, em nome
da Divindade, para
lecionar justiça e
administrar evolução aos
que se negam à vivência
dentro das linhas do
amor, conforme o
ensinaram todos os
construtores éticos da
Humanidade,
especialmente Jesus, o
amor por excelência de
todas as criaturas. Em
Lisandra, a crise
epiléptica resultava do
pavor que lhe inspiravam
as reminiscências
culposas, fazendo-a
fugir da organização
somática. Embora
reencarnada,
desligava-se
parcialmente do corpo,
induzida pelo medo,
quando, então,
defrontava os cúmplices
e as vítimas do passado
que a haviam
reencontrado, nela
produzindo os justos
horrores que a vingança
infeliz propicia.
Sacudido pelas altas
cargas energéticas que
procedem do espírito e
atuam no encéfalo, este
produzia as convulsões,
levando Lisandra a
automatismos
psicológicos, nos quais
se exteriorizava
verbalmente, com
palavras que retratavam
retalhos das
experiências pretéritas
que se negava aceitar.
Artêmis insistia com a
filha, tentando
arrancá-la à prostração,
e emulava-a às prendas
domésticas, cujo labor
lhe seria proveitoso,
com mínimos resultados.
O espírito viciado e
indolente instava por
cultivar infelicidade,
pessimismo, deixando-se
sofrer parasitariamente
e ensejando o
intercâmbio com os
inimigos desencarnados
que lhe aumentavam as
dores e receios, dando
curso à obsessão. Em
problemas dessa
natureza, a terapêutica
deve iniciar-se sempre
pela conscientização do
paciente,
reeducando-se-lhe a
vontade, disciplinando-o
e motivando-o à
aquisição de ideias
nobres, mediante o
exercício de leituras
salutares, diálogos
otimistas e positivos,
oração e reflexões
nobres, passando-se à
fluidoterapia ou
realizando-a
simultaneamente, pelo
processo dos passes, da
água fluidificada,
utilizando-se a
laborterapia e, em casos
mais graves, os
específicos da técnica
psiquiátrica. (Cap. 7,
págs. 64 e 65)
(Continua no próximo
número.)