LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
E os fins?
É necessário meditar no
bem, todavia, é
imprescindível
executá-lo
“Mas nem
todas as coisas edificam.”
– Paulo (I Coríntios,
10:23.)
Aprendemos com Kardec e
os Espíritos amigos que
não basta não fazer o
mal; é preciso fazer o
bem; e para fazer o bem
é necessário atitude
firme, vontade real de
pensar e agir, com
vistas à utilidade de
suas ações, em benefício
do próximo...
Todo discípulo sincero
do Evangelho compreende,
antes de tudo, as
obrigações que lhe são
devidas e que recolherá
aquilo que houver
semeado.
Afirma André Luiz,
estimado orientador
espiritual, no livro
Estude e Viva,
capítulo 21,
psicografado por Chico
Xavier, que não há vida
sem responsabilidade,
porque todo ser tem
direitos e obrigações;
que não há ação sem
testemunha, uma vez que
somos todos
participantes da Vida
Universal; reafirma ele
que não há bem ou mal
gerado espontaneamente,
pois todo ato surge após
o autor; como também não
há erro com razão,
porque só a verdade é
lógica.
Sob esse ponto de vista,
podemos dizer que sempre
existiram homens
indefiníveis, que se não
fizeram o mal a alguém,
também não beneficiaram
pessoa alguma. Por essa
razão, as coisas do
caminho precisam ser
analisadas com bom
senso, para que não se
percam na inutilidade.
Como Deus não cria nada
inútil, melhor será
revermos nossos pontos
de vista nas escolhas
que fazemos.
O apóstolo Paulo
lembra-nos que “nem
todas as coisas
edificam”. Assim, no
momento de repouso do
corpo, seria
interessante que cada um
de nós perguntasse a si
próprio, quanto à
qualidade de sua
colaboração no serviço,
nas palestras, nas
relações afetivas, nessa
ou naquela preocupação
da vida comum, do nosso
dia-a-dia...
A criatura necessita
indagar a si mesma o que
fez, o que deseja, a que
propósito atende e a que
finalidade se destina.
Faz-se indispensável
examinar-se, sair da
vida voltada somente
para interesses
materiais e erguer-se
para tomar conta, ser
dona, do próprio
caminho.
Compreendemos com
Emmanuel que é lícito ao
homem dedicar-se a este
ou àquele campo de
atividade. Por exemplo:
um homem pode “dedicar-se
à literatura ou aos
negócios honestos do
mundo, e ninguém poderá
contestar o caráter
nobre daqueles que
escolhem,
conscientemente, a linha
de ação individual no
serviço útil.” ¹
Entretanto, será justo
conhecer os fins daquele
que escreve e os
objetivos de quem
negocia. Esse
questionamento é válido,
porque nada adiantará
uma obra literária
repleta de belas
palavras, de entusiastas
teorias, se essas
palavras vierem vazias
de pensamentos
construtivos, que possam
elevar a alma de quem a
produz. De que adianta
uma obra literária ser
um sucesso se nada
acrescenta no
crescimento moral e
intelectual de quem a
lê? De que adianta o
cofre do negociante
estar repleto com
valores conquistados
honestamente se está
parado, aguardando as
disputa dos herdeiros?
Sabemos do quanto as
obras não edificantes
podem trazer de
desequilíbrios às mentes
mais frágeis!
Evidentemente, nesses
casos, as realizações
foram lícitas e ninguém
pode duvidar; mas, em
ambas as oportunidades,
seus autores perderam
tempo precioso,
esquecendo-se da
utilidade benéfica de
suas obras, porque ambos
só serão beneficiados
nos Céus se libertarem
os valores que
administram, em louvor
do trabalho que
dignifica, da educação
que eleva, da
beneficência que
restaura e da
fraternidade que
sublima.
“Ainda não se viu um
homem no mundo, cercado
de tesouros
infrutíferos, que se
livrasse, tão-somente
por isso, das leis que
regem o sofrimento e a
enfermidade, a velhice e
a morte”²,
recorda Emmanuel. E
alerta, ainda, para a
necessidade de
respeitarmos os
princípios divinos do
bem para todos; de
confiarmos trabalhando e
de caminharmos servindo,
porque o Senhor jamais
nos deixará ou nos
desamparará...
Todavia, sabedores dos
nossos deveres e atentos
às leis que regem nossas
livres escolhas,
estejamos certos de que
cada um de nós,
independentemente da
posição que ocupemos no
mundo – social,
profissional ou
econômica –, saberemos
aproveitar essa
liberdade. Aprenderemos,
com o tempo, a realizar
com dignidade,
honestidade e desvelo as
tarefas que nos foram
confiadas, sejam elas de
juízes, administradores
ou simples subalternos.
Assim, se respeitarmos o
outro na sua “tarefa
de progresso e ordem,
luz e bem, no lugar que
lhe é próprio”³,
também nós receberemos
da Providência divina as
possibilidades para
nossa evolução, e
entenderemos que se
formos aplicados nas
boas obras, estaremos
multiplicando nossos
talentos,
aproveitando as
infinitas oportunidades
das quais nos fizemos
responsáveis ante o Pai
Celestial.
Outro aspecto que
precisamos observar é
que existe o homem
bem-intencionado,
refletindo em melhores
caminhos, alimentando
ideias superiores,
inclinando-se à bondade
e à justiça. Porém se
essa boa intenção não se
ligar à esfera da
realização imediata, na
ação reta, não haverá
qualquer benefício para
si e para os outros,
porque as conquistas
enobrecidas que o
Espírito imortal houver
conquistado, ele
carregará para onde
for. São os
inalienáveis valores
morais que suavizarão
sua caminhada no futuro.
Por tudo isso, não
podemos nos esquecer das
doações da nossa esfera
íntima. Assim, é
importante perguntarmos
a nós mesmos: – Que
temos de nós próprios
para dar? Que
distribuímos com nossos
companheiros de luta
diária? Que espécie de
emoção estamos
comunicando aos outros?
Que reações provocamos
no próximo? Qual é o
estoque de nossos
sentimentos? Que tipo
de vibração espalhamos?!
É necessário meditar no
bem, todavia, é
imprescindível
executá-lo. Assim,
usando e abusando do
livre-arbítrio, do
direito de escolher seu
caminho de progresso
espiritual, vamos
colhendo derrotas
amargas ou vitórias, de
acordo com o grau de
experiência conquistada.
Por isso mesmo é
importante observarmos o
que estamos fazendo, não
nos esquecendo de
subordinar nossos
desejos a Deus, nas
tarefas que por algum
tempo nos foram
confiadas no mundo.
E a Misericórdia Divina
vai permitindo, dessa
forma, que todas essas
vivências venham para
enriquecer nossa
sensibilidade, aprimorar
nosso caráter, fazendo
desabrochar novas
faculdades, a fim de que
nossas alegrias,
conquistadas nas árduas
lutas evolutivas, se
dilatem, e conquistemos,
assim, nossa almejada
felicidade.
Bibliografia:
1 - EMMANUEL (Espírito).
“Pão Nosso” –
[psicografado por] F. C.
Xavier, 17ª ed. Edição -
FEB – RIO DE JANEIRO/RJ
– lição 28.
2 - “Palavras
de Vida Eterna” –
[psicografado por] F. C.
Xavier – 20ª ed., Edição
CEC, UBERABA/MG – 1995 –
lição 142.
3- EMMANUEL (Espírito).
“Fonte Viva” –
[psicografado por] F. C.
Xavier- 31ª ed., FEB –
RIO DE JANEIRO/RJ – 2005
- lição 60.
“Vinha de
Luz” – [psicografado
por F. C. Xavier – 14ª
ed., FEB – RIO DE
JANEIRO/RJ – 1996 –
lição 03.
CALLIGARIS, Rodolfo. “As
Leis Morais” – 6ª
ed., FEB, RIO DE
JANEIRO/RJ – p. 37.