2. A primeira trata da
mediunidade de efeitos
físicos conhecida pelo
nome de
transfiguração, que
ele estudou por meio da
coleta de casos
ocorridos com
determinados médiuns em
diversos países da
América e da Europa. A
transfiguração consiste
na mudança do aspecto do
corpo do médium, o que
significa imprimir em
sua matéria semelhanças
de fisionomia,
expressão, olhar e até
mesmo timbre de voz, que
varia de acordo com o
grau moral do espírito e
também do médium.
3. A segunda refere-se a
outro tipo de
mediunidade, a
parapirogenia,
manifestada em marcas e
impressões supranormais
de mãos de fogo. A
parapirogenia é um
fenômeno pelo qual
ocorre a combustão
espontânea, ou seja, a
queima inexplicável de
objetos ou pessoas.
4. A terceira monografia
trata dos diversos tipos
de casos que se
verificam nas
vizinhanças do fenômeno
da morte e durante a
crise de separação do
espírito e do organismo
somático, em que ocorre
a chamada "visão
panorâmica", pela
qual, numa sucessão
rápida e quase
instantânea, todos os
episódios da vida
terrestre do moribundo
se lhe apresentam. Esses
episódios desfilam em
ordem regular, seja em
sentido inverso, seja em
sentido direto,
começando então na
primeira juventude e
chegando aos últimos
dias da vida, e se
apresentam
objetivamente, em forma
"pictográfica".
5. O prefácio da obra é
assinado por Francisco
Klörs Werneck, que a
traduziu. Segundo ele,
Ernesto Bozzano escreveu
os trabalhos constantes
desta obra nos tempos
áureos do Espiritismo
Científico, isto é,
quando se procuravam
provas concretas da
sobrevivência da alma e
de sua comunicação com
os vivos da Terra.
6. Segundo o autor do
prefácio, atualmente,
particularmente no
Brasil, parece que se
bastam as obras
mediúnicas,
esquecendo-se de que há
ainda muita gente
incrédula, os Tomés de
todos os tempos, que
querem provas e, se as
sessões de efeitos
físicos rareiam, temos
estes admiráveis
trabalhos de Bozzano.
7. Explicando por que se
dedicou a traduzir
várias obras de Bozzano,
Francisco Klörs Werneck
escreveu: “Isto vimos
fazendo principalmente
porque, depois da II
Grande Guerra Mundial,
travada, em grande
parte, na Europa, o
Espiritismo, com as
Pesquisas Psíquicas,
devido a ditaduras
políticas e religiosas,
lá desapareceu quase por
completo, sendo mesmo
proibido em Portugal e
na Espanha, e, na
Itália, terra do grande
Bozzano, só pôde surgir
mais tarde apenas com o
nome de Metapsíquica.
Tivemos, por nossa vez,
um Espiritismo de
catacumbas, como os
primeiros cristãos. Já
na Inglaterra, por ser
um país protestante e
separado do continente,
sem a influência
católica (os perseguidos
transformados em
perseguidores), o
Espiritismo, lá chamado
de Espiritualismo por
não seguir ainda a
Codificação Kardecista,
continuou a ser pregado
e praticado,
tornando-se, graças a
Lorde Dowding, o
Marechal do Ar, que, com
os seus aviões, salvou a
Inglaterra do domínio
nazista, reconhecido
como religião em pé de
igualdade com as
demais.”
8. Abrindo a 1ª
monografia, sobre os
fenômenos de
transfiguração, Bozzano
diz que o primeiro a
tratar desses fenômenos
foi Allan Kardec, que,
no "Livro dos Médiuns"
(cap. VI, n° 122); assim
os define: "Os fenômenos
de transfiguração
consistem na mudança de
aspecto do corpo de um
vivo." Contudo, quase
sempre a mudança de
aspecto é circunscrita
aos traços do rosto do
médium, mudança que pode
consistir em uma
transfiguração do
semblante, por contração
e adaptação dos músculos
faciais, contração
determinada por uma
vontade qualquer,
subconsciente ou
extrínseca, como pode
resultar uma
transfiguração do
semblante, no qual já se
encontre um princípio de
materialização
ectoplásmica sob a forma
de barba, de bigodes, de
"sinais", de cicatrizes,
ou outros
característicos,
surgidos inesperadamente
sobre o rosto do médium
ou também de uma
completa máscara
sobreposta ao mesmo.
9. Os fenômenos de
"transfiguração"
existem, embora se
mostrem entre os mais
raros da casuística
metapsíquica e, por
isto, no momento,
apresentam escasso valor
científico, porquanto as
condições em que são
observados dependem
muito da perspicácia e
do estado de ânimo dos
observadores,
apresentando o flanco a
legítimas dúvidas e
cepticismos, ao menos na
maior parte dos casos.
10. Resulta daí que, até
que se consiga fixá-las
numa chapa fotográfica,
não é o caso de se falar
de sua investigação
científica. Todavia,
tais fenômenos existem
e, como em todos os
ramos do saber, a
observação espontânea
das manifestações que
lhe constituem o
material bruto precede
sempre a pesquisa
sistemática das mesmas
manifestações,
resultando de tal forma
o necessário incentivo à
intervenção científica.
11. Bozzano explicou que
os poucos exemplos
constantes desta obra
ele os retirou de
recentíssimos relatos do
gênero, abandonando os
de data antiga, com o
intuito de atenuar, até
onde possível, as
legítimas dúvidas
teóricas relativas a uma
classe de manifestações
muito dependentes da
perspicácia e do estado
emocional dos
observadores. Para dizer
a verdade, seria injusto
afirmar que os
observadores de setenta
anos passados fossem
mais impressionáveis que
os atuais, mas, de
qualquer maneira, existe
o hábito de preferir
sempre relatos de data
recente e é unicamente
por isto que ele
resolveu suprimir os
casos de data antiga.
12. O Caso 1 reporta-se
ao Rev. Walter Wynn,
que, na obra intitulada
Rupert lives
(Roberto vive), narra as
manifestações do seu
falecido filho, por meio
de diversos médiuns.
Walter Wynn assim se
refere a uma sessão com
a médium Srta. Mac
Creadie: "Há outros
espíritos em torno de
vós que desejam falar
convosco, continuou a
Srta. Mac Creadie". De
repente o médium parece
mudar-se em outra pessoa
e comecei a experimentar
uma sensação que até
esse momento jamais
conhecera e que não
desejo sentir de novo.
Digo com toda a
sinceridade, digo mesmo
com certa convicção, era
como se a Srta. Mac
Creadie tivesse tomado a
aparência de minha mãe.
A cabeça inclinada, a
tosse, a mão estendida
para mim, tudo isto
representava minha
progenitora com
perfeição; e ela me
disse: "Meu filho! Meu
filho! quero sempre ser
sua mãe!" Isto foi tão
inesperado que não
experimentei nenhuma
emoção. Eu estava
inteiramente calmo. A
visão durou muito pouco
tempo, depois
desapareceu."
13. Do prosseguimento da
narração se infere que o
Rev. Walter Wynn possui
faculdade mediúnica e,
assim sendo, ter-se-ia
que deduzir que a
desagradável sensação
experimentada durante o
desenvolvimento do
fenômeno provinha,
presumivelmente, do fato
de que ele contribuíra
com os seus próprios
fluidos para a
"transfiguração" do
médium em sua própria
mãe.
14. Do ponto de vista da
hipótese espírita,
poder-se-ia dizer que,
no episódio exposto, se
tratava de um fenômeno
de "possessão
mediúnica", a tal ponto
produzido que
determinara a
"transfiguração" do
rosto do médium,
combinada com as
atitudes mímicas
habituais em vida à
defunta comunicante.
(Continua na próxima
edição.)