CLÁUDIO BUENO DA SILVA
klardec@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil)
Orar não é como apertar
um botão
Ouvi uma pessoa se
queixar de ter feito
orações e o dia não ter
transcorrido bem.
Provavelmente, não tendo
o hábito de orar e
desconhecendo os
mecanismos da prece,
criou expectativas em
torno daquele ato
esporádico, sem
convicção, achando que a
solução dos eventuais
problemas do dia estava
garantida. Pelo fato das
coisas não terem corrido
a seu gosto, concluiu,
um tanto revoltada, que
orar ou não, dá no
mesmo.
Orar bem implica
movimentar energias
interiores, irradiar o
pensamento com o impulso
da vontade e da fé
sinceras; pede também
concentração, apoiada no
silêncio e no
desligamento mental do
exterior. Dessa forma,
em alguns rápidos
minutos, pode-se
conversar com Deus, com
simplicidade e
eficiência. A oração
virá do coração, mesmo
que pobre de palavras,
mas rica de ideias e
sentimento.
No entanto, a prece
ansiosa, maquinalmente
decorada, não refletida,
carente de emoção, não
atingirá seus objetivos;
digamos, não chegará a
quem se destina.
A prece não muda os
principais lances da
vida do homem, não
altera as provas por que
tenha de passar, no
entanto, pode
abrandá-las; pode
redobrar as forças
interiores de
resistência do
indivíduo, fazendo-o
encarar situações graves
ou contrárias de forma
mais equilibrada e
racional. Além disso, o
feliz hábito de orar
metaboliza as energias
da calma, da paciência e
também da esperança.
Embora ninguém fique sem
auxílio, sem o amparo
das leis divinas, a
prece eventual não
imuniza a pessoa das
dificuldades do dia,
como se apertasse um
botão. Segundo o que
ensina o Espiritismo, a
justiça de Deus leva em
extrema conta a intenção
e o mérito de quem pede,
em oração. Os Espíritos
encarregados do
cumprimento das Suas
ordens, se chegarem a
receber a solicitação,
podem não atender ao que
a pessoa esteja pedindo
no momento, mas não
negam a análise
instantânea da sua
situação e possíveis
medidas posteriores. Em
muitas circunstâncias,
determinadas
experiências são
necessárias para o seu
aprendizado e os
Espíritos não julgam
útil favorecê-la, a fim
de não interferir no
curso normal das provas
que poderão
beneficiá-la.
Assim, a prece deve ser
compreendida como uma
busca, não de solução
imediata para problemas
e situações, mas de
forças de renovação; um
contato com energias
superiores na procura de
inspiração para a vida
interior e de relação
com o mundo.
Quando se faz um pedido
a Deus, o seu
atendimento estará
automaticamente ligado
ao mérito e à
necessidade de cada um.
Deus sabe de que
precisamos e atenderá
sempre, com justiça, ao
que for devido e
imprescindível à
criatura.