MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Evolução em Dois Mundos
André Luiz
(Parte
19)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Evolução em Dois Mundos,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1959 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Antes de ler as questões
e o texto indicado para
leitura, sugerimos ao
leitor que veja,
primeiro, as notas
constantes do glossário
pertinente ao estudo
desta semana.
Questões preliminares
A. Que significa a
expressão consciência
desperta?
Esta expressão é usada
na obra ora em estudo
para indicar uma nova
fase na evolução do
homem, quando este, após
incorporar a noção do
direito, passa a
entender que existe uma
relação de causa e
efeito nas coisas que
fazemos. A partir daí a
vida mental se lhe
revela
mais surpreendente e
mais rica e, assim,
retrata com relativa
segurança as ideias dos
Espíritos abnegados que
lhe custodiam a rota.
Desde então, não guarda
a existência
circunscrita à romagem
berço-túmulo, por
alongá-la, do ponto de
vista de causa e efeito,
para além do sepulcro em
que se lhe guarda o
invólucro anulado ou
imprestável.
Incorporando a
responsabilidade, a
consciência vibra
desperta e, pela
consciência desperta, os
princípios de ação e
reação funcionam, dentro
do próprio ser,
assegurando-lhe a
liberdade de escolha e
impondo-lhe,
mecanicamente, os
resultados respectivos,
tanto na esfera física
quanto no Mundo
Espiritual.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap. XI, pp. 80 e 81.)
B. Quando o inseto,
atendendo à lei
biológica, abandona o
casulo?
Ele o abandona somente
quando as ocorrências da
metamorfose se realizam.
É então que,
integralmente renovado,
sai do casulo,
revelando-se por falena
leve e ágil, com o
sistema bucal
transformado, como
acontece na borboleta de
tipo sugador. A
borboleta alada e
multicor é, todavia, o
mesmo indivíduo, que
soma em si as
experiências dos três
aspectos fundamentais de
sua existência de
larva-ninfa-inseto
adulto.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap.XI, pp.82 e 83.)
C. Que devemos entender
por histogênese
espiritual?
No ciclo de
cadaverização do corpo
material, sob o governo
dinâmico de seu corpo
espiritual, o homem
padece extremas
alterações que, na
essência, correspondem à
histólise das células
físicas, ao mesmo tempo
que elabora órgãos
novos. É a esse fenômeno
que o autor da obra ora
em estudo chama de
histogênese espiritual.
Segundo André Luiz, pela
histogênese espiritual,
os tecidos
citoplasmáticos se
desvencilham em
definitivo de alguns dos
característicos que lhes
são próprios, voltando
temporariamente, qual se
atendessem a processo
involutivo, à condição
de células embrionárias
multiformes que se
dividem, através da
cariocinese, plasmando,
em novas condições, a
forma do corpo
espiritual, segundo o
tipo imposto pela mente.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap. XI, pp. 83 a 85.)
Texto para leitura
73. Consciência
desperta – A
partir daí o homem
terreno, transformado,
interpreta sob novo
prisma a importância de
sua presença na Terra.
Não mais o seduzem a
despreocupação e o
nomadismo, do mesmo modo
que para o adulto é já
passado o ciclo da
infância. Ele sabe então
que o berço carnal se
reveste de significação
mais profunda.
Compreende, a pouco e
pouco, que a vida lhe
registra as contas
pessoais, porque aprende
que pode negar o braço
ao companheiro
necessitado de apoio,
sabendo, porém, que o
companheiro poderá
recusar-lhe o seu, no
momento em que o
desequilíbrio lhe bata à
porta. Entende que
dispõe de liberdade para
matar seu desafeto, mas
não ignora que o
desafeto pode
igualmente, a seu turno,
exterminar-lhe o corpo
ou amargar-lhe o
caminho. Percebe que
seus gestos e atitudes,
para com os outros,
criam nos outros
atitudes e gestos
semelhantes para com
ele. Com esse novo
cabedal de observação,
revela-se-lhe a vida
mental mais
surpreendente e mais
rica e, por essa mais
intensa vida íntima,
retrata com relativa
segurança as ideias dos
Espíritos abnegados que
lhe custodiam a rota.
Desde então, não guarda
a existência
circunscrita à romagem
berço-túmulo, por
alongá-la, do ponto de
vista de causa e efeito,
para além do sepulcro em
que se lhe guarda o
invólucro anulado ou
imprestável.
Incorporando a
responsabilidade, a
consciência vibra
desperta e, pela
consciência desperta, os
princípios de ação e
reação funcionam, dentro
do próprio ser,
assegurando-lhe a
liberdade de escolha e
impondo-lhe,
mecanicamente, os
resultados respectivos,
tanto na esfera física
quanto no Mundo
Espiritual. (Evolução
em dois Mundos, Primeira
Parte, cap. XI, pp. 80 e
81.)
74. A
larva e a criança
– Nesse sentido,
importa lembrar o símile
que a vida assinala –
guardadas as devidas
proporções – entre as
alterações da existência
para a alma humana e
para os insetos sujeitos
à metamorfose integral.
A larva que se afasta do
ovo ingressa em novo
período de
desenvolvimento, que
pode perdurar por muito
tempo, como ocorre entre
os efemerídeos,
mostrando, no começo, a
membrana do corpo ainda
amolecida e conservando
no tubo digestivo os
remanescentes de gema da
fase embrionária, para
iniciar, depois da
excreção, os processos
de alimentação e
digestão. A criança
recém-nascida retira-se
do útero e entra em nova
fase de evolução, que se
firma através de alguns
anos. A princípio, tenra
e frágil, retém na
própria organização os
recursos sanguíneos que
lhe foram doados, por
manutenção endosmótica,
no organismo materno,
para, somente depois,
eliminar, quanto
possível, esses mesmos
recursos, gerando os que
lhe são próprios.
Avançando na execução
dos programas traçados
para a sua existência, a
larva cresce e recorre a
matérias nutritivas que
lhe garantam o aumento
do corpo e, conforme a
espécie, promove por si
mesma a mudança da pele,
indispensável ao
condicionamento de seu
próprio volume. A
criança desenvolve-se,
tomando o alimento
preciso à expansão de
sua maquina orgânica,
passando a realizar por
si, isto é, ao comando
da mente, a renovação
celular dos tecidos e
órgãos que lhe
constituem o campo
somático, de maneira a
que se lhe ajuste a
forma física aos moldes
do corpo espiritual. (Evolução
em Dois Mundos, Primeira
Parte, cap.XI, pp. 81 e
82.)
75. Metamorfose do
inseto - A
larva dos insetos de
transformação completa
experimenta vários
períodos de renovação
para atingir a condição
de adulto. Em semelhante
estágio acusa
progressiva diminuição
de atividade, até que
não mais suporte a
alimentação.
Esvaziam-se-lhe os
intestinos e
paralisam-se-lhe os
movimentos. A larva
protege-se, então, no
solo ou na planta,
preparando a própria
liberação. Permanece,
desse modo, imóvel, e
não se alimenta do ponto
de vista fisiológico,
encrisalidando-se,
segundo a espécie, em
fios de seda por ela
própria constituídos com
a secreção das glândulas
salivares, agregadas a
pequeninos tratos de
terra ou a tecidos
vegetais, formando assim
o casulo em que repousa,
durante certo tempo,
fixado em alguns dias e
até meses. Na posição de
pupa, ao impacto das
vibrações de sua própria
organização, sofre
essencial modificação em
seu organismo,
modificação essa que, no
fundo, equivale a
verdadeiro aniquilamento
ou histólise, ao mesmo
tempo que elabora órgãos
novos pelo fenômeno da
histogênese, valendo-se
dos tecidos que
perduraram. A histólise,
que se efetua por ação
dos fermentos,
verifica-se notadamente
nos músculos, no
aparelho digestivo e nos
tubos de Malpighi, com
reduzida atuação no
sistema nervoso e
circulatório. Pela
histogênese, os
remanescente dos
músculos estriados
perdem, gradativamente,
a sua estriação, até que
se convertam, qual se
obedecessem a processo
involutivo, em células
embrionárias fusiformes,
com núcleo exclusivo, ou
mioblastos, que se
dividem por segmentação,
plasmando novos
elementos estriados para
a configuração dos
órgãos típicos. Somente
então, quando as
ocorrências da
metamorfose se realizam,
é que o inseto,
integralmente renovado,
abandona o casulo,
revelando-se por falena
leve e ágil, com o
sistema bucal
transformado, como
acontece na borboleta de
tipo sugador, na qual as
maxilas se alongam,
convertendo-se numa
trompa, enquanto o lábio
superior e as mandíbulas
se atrofiam. A borboleta
alada e multicor é,
todavia, o mesmo
indivíduo, que soma em
si as experiências dos
três aspectos
fundamentais de sua
existência de
larva-ninfa-inseto
adulto. (Evolução
em dois Mundos, Primeira
Parte, cap.XI, pp.82 e
83.)
76. Histogênese
espiritual – Do
mesmo modo, a criatura
humana, depois do
período infantil,
atravessa expressivas
etapas de renovação
interior, até alcançar a
madureza corpórea, não
obstante apresentar-se
com a mesma forma
exterior, porquanto
somente após o
esgotamento da força
vital no curso da vida,
através da senectude ou
da caquexia por
intervenção das
enfermidades, é que se
habilita à transformação
mais profunda. Nesse
período característico
da caducidade celular ou
da moléstia
irreversível, demonstra
gradativa diminuição de
atividade, não mais
tolerando a alimentação.
Suas atividades
fisiológicas declinam
pouco a pouco e a
inércia substitui-lhe os
movimentos. Protege-se
então no repouso
horizontal em decúbito,
quase sempre no leito,
preparando o trabalho
liberatório. Chega,
assim, o momento em que
se imobiliza na
cadaverização,
mumificando-se à feição
da crisálida, mas
envolve-se no imo do ser
com os fios dos próprios
pensamentos,
conservando-se neste
casulo de forças
mentais, tecido com as
sua próprias ideias
reflexas dominantes,
ou secreções de sua
própria mente,
durante um período que
pode variar entre
minutos, horas, dias,
meses ou decênios. No
ciclo de cadaverização
da forma somática, sob o
governo dinâmico de seu
corpo espiritual, padece
extremas alterações que,
na essência,
correspondem à histólise
das células físicas, ao
mesmo tempo que elabora
órgãos novos pelo
fenômeno que podemos
nomear, por falta de
termo equivalente, como
sendo histogênese
espiritual,
aproveitando os
elementos vivos,
desagregados do tecido
citoplasmático, que se
mantinham até então
ligados à colmeia
fisiológica entregue ao
desequilíbrio ou à
decomposição. A
histólise ou processo
destrutivo na
desencarnação resulta da
ação dos catalisadores
químicos ou de outros
recursos do mundo
orgânico que operam a
mortificação dos tecidos
e, do ponto de vista do
corpo espiritual, afetam
principalmente a
morfologia e os
aparelhos da nutrição,
com escassa influência
sobre os sistemas
nervoso e circulatório.
Pela histogênese
espiritual, os
tecidos citoplasmáticos
se desvencilham em
definitivo de alguns dos
característicos que lhes
são próprios, voltando
temporariamente, qual se
atendessem a processo
involutivo, à condição
de células embrionárias
multiformes que se
dividem, através da
cariocinese, plasmando,
em novas condições, a
forma do corpo
espiritual, segundo o
tipo imposto pela mente.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap. XI, pp. 83 a 85.)
Glossário:
Cadaverização:
ato ou efeito de
cadaverizar, isto é,
reduzir a cadáver, de
extinguir a ação vital
de um órgão.
Caquexia:
enfraquecimento geral,
estado de debilidade
orgânica.
Cariocinese:
modo de multiplicação
das células, por divisão
indireta (mitose).
Casulo:
Invólucro construído por
larvas ou insetos.
Catalisador:
substância que produz
catálise (desencadeia
reação).
Citoplasmático:
Relativo ao citoplasma,
que é o protoplasma
(massa celular),
excluído o núcleo da
célula.
Crisálida:
analogia com o estado
intermediário por que
passam certos insetos
para se transformarem de
lagarta (larva) em
borboleta, durante o
qual se desenvolve no
casulo.
Custodiar:
manter sobre guarda ou
proteção, de modo de
assegurar o objetivo
visado.
Efemerídeo:
grupo de insetos de vida
curta que serve de
alimento para pequenos
peixes.
Endosmóstico:
relativo à endosmose,
corrente de fora para
dentro entre dois
líquidos de densidades
diversas, separados por
uma membrana ou placa
porosa.
Estriação:
formação de estrias,
sulcos finíssimos na
superfície de um corpo.
Excreção:
ação pela qual,
normalmente, se expelem
do corpo os resíduos
inúteis à economia
animal.
Falena:
nome comum a um grupo de
borboletas noturnas.
Fusiforme:
semelhante ao fuso, peça
roliça, adelgada
gradualmente do meio
para uma das
extremidades, usada para
fiar e enrolar fio.
Histogênese:
formação e
desenvolvimento dos
tecidos orgânicos.
Histólise:
destruição ou dissolução
de tecidos orgânicos.
Larva:
o primeiro estágio por
que passam certas
espécies animais antes
de atingirem a fase
adulta; lagarta (nos
insetos).
Metamorfose:
mudança de forma ou de
estrutura, como a
mudança que ocorre
durante as fases da vida
de alguns animais, como
os insetos e os
anfíbios.
Mioblasto:
célula do folheto
germinativo médio do
embrião, que se converte
em fibra muscular.
Mortificação:
paralisia parcial.
Ninfa:
forma intermediária
entre a larva e o inseto
adulto.
Nomadismo:
vida nômade ou errante,
em que há constantes
deslocamentos de uma
região para outra.
Núcleo da Célula:
parte essencial da
célula, que contém os
cromossomos, portadores
dos genes (pelos quais
se transmitem os
caracteres
hereditários).
Pupa:
estado intermediário
entre a larva e a forma
definitiva, nos insetos
que tem metamorfose
completa (com profundas
alterações), como, por
exemplo, na lagarta das
mariposas.
Segmentação:
divisão da célula
germinativa, que costuma
verificar-se
simetricamente.
Senectude:
decrepitude,
sensibilidade, velhice.
Sistema Circulatório:
sistema de movimentação
do sangue desde o
coração até as
diferentes partes do
corpo e destas ao
coração (grande
circulação), e do
coração ao pulmão e
deste ao coração
(pequena circulação).
Sistema Nervoso:
constitui o mecanismo
que permite ao animal um
contato permanente com o
meio. No homem, como nos
animais vertebrados, o
sistema nervoso
compreende o sistema
central e o sistema
periférico. O sistema
central é constituído do
eixo cérebro-espinhal,
formado pelo encéfalo
(parte contida na
cavidade do crânio) e a
medula espinhal.
Trompa:
órgão oco e alongado,
como o de inseto
sugador, e que serve
como órgão de sucção.
Tubo de Malpighi:
órgão de excreção do
inseto, o qual consiste
em longos e tortuosos
condutos que desembocam
no tubo digestivo, no
limite entre o intestino
médio e o posterior.
Nota:
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