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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 5 - N° 255 - 8 de Abril de 2012

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

Tramas do Destino

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 9)

Damos continuidade ao estudo do livro Tramas do Destino, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. No tocante à ação dos Benfeitores Espirituais, como interpretar o ensino evangélico que preceitua que "mais recebe aquele que mais dá"? 

Ninguém jornadeia à mercê do acaso, sujeito a ocorrências de dor e sombra sem que as mereça. É fácil, pois, compreender que os credenciados pelo esforço pessoal ao serviço edificante recolhem maior quota de ajuda, conforme o ensino evangélico de que "mais recebe aquele que mais dá". É por isso que os Benfeitores Espiri­tuais, interessados na ascensão dos seus tutelados, não os deixam à pró­pria sorte, quando identificam as graves teceduras das redes de que se utilizam os maus. Sabendo que toda aflição bem recebida produz conquista de relevo para quem a aceita de bom grado, reconhecem que a dor de­fluente da obra do amor propicia maior soma de aquisições, impulsionando a sublimação dos propósitos e a liberação do passado. Os Benfeitores alentam, pois, os que com eles sintonizam; resguardam-nos do mal; indu­zem-nos à perseverança no trabalho da autoiluminação; sustentam-lhes a fé; promovem encontros circunstanciais edificantes; conduzem-nos a Esfe­ras de luz e a Escolas de sabedoria, quando ocorre o desprendimento par­cial pelo sono; dão informações preciosas; irrigam a mente de ideias elevadas; produzem euforia interior... Não afastam, porém, os problemas nem as lutas, por saberem que, através deles, as pessoas melhormente se purificam e elevam. (Tramas do Destino, cap. 12, págs. 106 a 108.)

B. Existe também saudade entre os Espíritos?  

Evidentemente. E foi isso que Adelaide disse à sua filha Artêmis, ou seja, que a saudade também existe entre os Espíritos; contudo, os desencarnados que já  possuem responsabilidade em face dos compromissos não se deixam azorragar pela amargura ou pela re­beldia. "Aprendemos a esperar em confiança e a amar sem exigência ou precipitação", complementou Adelaide. (Obra citada, cap. 12, págs. 109 e 110.)

C. As enfermidades físi­cas e psíquicas enfrentadas pelos Fergusons derivavam de que fato?  

As enfermidades físi­cas e psíquicas que acometeram Rafael e a filha tinham suas patogêneses nos recessos da alma endividada, que faculta, por desarmonia vibratória, se desenvol­vam os agentes mórbidos, favorecendo-os com a fácil proliferação, me­diante a ausência ou diminuição das defesas orgânicas que foram destruí­das pelo comportamento moral-espiritual. Além disso, o intercâmbio psíquico com os adversários do passado agravava mais os problemas, derivando daí processos variados e difíceis de solu­cionar, a curto ou médio prazo. (Obra citada, cap. 12, págs. 113 e 114.) 

Texto para leitura 

46. Os Espíritos também têm saudades - Naquela noite, após um longo mo­mento de meditação refazente e da prece, Artêmis recolheu-se ao leito, logo adormecendo, magnetizada por sua mãe, ali presente, responsável pe­las graças hauridas, que criara a psicosfera ambiente e a impregnara de fluidos superiores, a fim de ajudá-la a transpor as barreiras e as den­sas vibrações que se interpõem entre o mundo físico e o espiritual. O desprendimento superior não era para Artêmis um tentame novo. Vivendo mais para o dever, para o espírito, com débeis fixações materiais, fácil lhe era, durante o repouso, afrouxar os liames que retêm o espírito ao corpo e correr, célere, na busca dos interesses da esfera espiritual. Logo que se desembaraçou das forças densas da carne, Artêmis defrontou a senhora Adelaide, num recinto em luz, florido e belo, não sopitando as exclamações de surpresa e felicidade. Seguiu-se um diálogo encantador, em que a Entidade lhe afirmou que elas jamais estiveram separadas. "Temos estado juntas, embora nem sempre te possas recordar", disse-lhe a veneranda senhora. Artêmis perguntou-lhe se no Céu, onde Adelaide se en­contrava, a saudade fazia morada. A mãe explicou-lhe: "Não nos encontra­mos no Céu, querida. Não o merecemos. Ainda estamos na Terra, e os Cír­culos de Luz onde muitos seres felizes operam, no ministério de ajuda aos homens, estão longe de ser o Paraíso, que nenhum de nós, por en­quanto, merece". Ela informou então que a saudade também existe entre os Espíritos; contudo, os desencarnados que já  possuem responsabilidade em face dos compromissos não se deixam azorragar pela amargura ou pela re­beldia. "Aprendemos a esperar em confiança e a amar sem exigência ou precipitação", complementou Adelaide. (Cap. 12, págs. 109 e 110) 

47. O encontro com Rafael - A Entidade explicou-lhe que, toda vez que ela, Artêmis, a chamava, a ouvia e misturava suas preces com as dela e as de Hermelinda, filha também pelo coração, suplicando a Jesus coragem, paciência e fé, para poderem prosseguir no dever até o momento final de conclusão da provação. A filha disse então quanto a presença de Herme­linda a seu lado era importante. Adelaide esclareceu que foi por isso que ela solicitara ao Senhor que encaminhasse a cunhada ao seu lar. Ar­têmis falou também sobre a saudade que sentia do esposo, impossibilitada que estava de vê-lo, em face da proibição feita pelo próprio marido. A genitora elucidou o delicado problema, dizendo: "A saudade incontida, que convertemos em dor resignada, procede de te encontrares na Terra, em exílio purificador, que solicitaste, a fim de liberares velhas dívidas junto àqueles que hoje te compartem o lar". Ela teria, contudo, naquela noite, uma grande surpresa... Naquele momento, graças à intercessão da generosa entidade, Rafael deu entrada na sala acolhedora, em parcial desdobramento pelo sono fisiológico. Conduzido a um assento confortável, os enfermeiros espirituais que o trouxeram aplicaram-lhe passes de des­pertamento. Correndo o olhar perplexo pela sala, o esposo de Artêmis não pôde esconder a alegria quase infantil quando identificou no recinto a sua esposa, igualmente em espírito, ao lado de Adelaide, que se lhe afi­gurava um ser angelical. Foi um encontro emocionante: "Artêmis! Minha adorada Artêmis, onde nos encontramos? Deus meu, quanta saudade, quanta dor!" A esposa, com a permissão da mãe, avançou e abraçou o companheiro em lágrimas de incontida alegria, e os dois, após o abraço mudo, demo­rado, interrogaram-se apressados, como se receassem a interrupção do mo­mento feliz, que pretendiam alongar indefinidamente. Rafael trazia no corpo espiritual as marcas da cruz redentora da hanseníase, em face da plasticidade do perispírito ainda encharcado das vibrações pesadas que experimentava. Em dado momento, ele perguntou por Lisandra, mas, antes que Artêmis dissesse algo, Adelaide informou que logo mais ela estaria ali, a fim de serem examinadas em conjunto as graves responsabilidades que lhes diziam respeito. "Somos jornaleiros de longos roteiros do tempo – esclareceu Adelaide –. Erramos e reencetamos o cometimento, caímos e tentamos o soerguimento, acumpliciando-nos com o crime e eis-nos reti­dos, aguardando resgate inadiável, a fim de avançarmos". (Cap. 12, págs. 111 a 113) 

48. Causas das enfermidades na família - Adelaide fez um breve resumo com referência aos delitos cometidos no passado por Lisandra, Rafael e Gil­berto, reunidos no mesmo lar à impostergável reabilitação perante as leis soberanas que regem a vida. Informou-os também de que diversas ví­timas de suas arbitrariedades encontravam-se jungidas aos seus Espíri­tos, em razão dos impositivos crime-castigo, dívida-resgate que cada um elaborou para si mesmo. Elucidou, por fim, que Artêmis e Hermelinda se lhes vinculavam por processos menos danosos e se propuseram ajudá-los, com o que se liberavam de velhos e complexos dramas que carregavam n'alma, mas advertiu: "Vossas dores não alcançaram o clímax... Necessá­rio lograr o acume do monte para conseguir-se maior horizonte visual. Assim, também, é imprescindível alcançar o  ápice do sofrimento para po­der superar a complexidade dos gravames infelizes. As enfermidades físi­cas e psíquicas que vos avassalam têm as suas patogêneses nos recessos da alma endividada, que faculta, por desarmonia vibratória, se desenvol­vam os agentes mórbidos, favorecendo-os com a fácil proliferação, me­diante a ausência ou diminuição das defesas orgânicas que foram destruí­das pelo comportamento moral-espiritual..."  A Benfeitora esclareceu ainda que o intercâmbio psíquico com os adversários do passado agravava mais os problemas, derivando daí processos variados e difíceis de solu­cionar, a curto ou médio prazo. "Enquanto não se reabilitem os infra­tores, atestando a excelência dos seus propósitos, não diminui a sanha dos seus perseguidores", aduziu a veneranda senhora, com o que mostrava a importância da renovação espiritual de todos. (Cap. 12, págs. 113 e 114) 

49. Começa a desvendar-se o mistério - Artêmis e Rafael dilatavam o en­tendimento ante os oportunos esclarecimentos. O hanseniano, que já se iniciara no estudo do Espiritismo, lembrou-se de Cândido, evocando assim a figura generosa do enfermeiro. Adelaide percebeu-lhe o pensamento e informou que Cândido ali também se encontrava. Fora ele um dos enfermei­ros que ajudaram Rafael a chegar até aquele recinto. Nominalmente ci­tado, o enfermeiro pôs sua destra no ombro de Rafael, e este, erguendo a cabeça, deparou-se com o caridoso tutor e amigo, que lhe explicou ter sido Adelaide quem os aproximara e inspirava as suas conversações. A mentora prosseguiu, serena, convidando o casal a predispor-se ao ressar­cimento de suas dívidas com otimismo e resignada atitude perante os tes­temunhos que adviriam, cientes de que havia causas ponderáveis em suas dores atuais. Dito isso, deram entrada no recinto Hermelinda, que ampa­rava Lisandra meio inconsciente, e dedicado Benfeitor desencarnado que as conduzia. Rafael percebeu na filha os sinais da enfermidade devasta­dora e não se pôde conter: "Então, ela está contagiada?"  Adelaide res­pondeu: "Não por você, meu amigo, mas por ela mesma, pelos próprios atos. Observe, atentamente. Acalme-se e conclua por si mesmo". A jovem relanceou o olhar pela sala, atônita, sem reconhecer os circunstantes. "Quem me chama?", interpelou, com expressão perturbada. "Que quer de mim? Por que me chama de Annette? Quem? Ermínio Lopez? Onde está, onde? Não, deixe-me em paz, você morreu... Oh! que horror, ‚ você!?..."  Em seguida, tomada por invencível pavor, agitou-se e tombou numa perfeita convulsão epiléptica. Hermelinda sustentou-a, enquanto o vigilante Ben­feitor que a trouxe socorreu-a com passes. Rafael disse então, visivel­mente irritado, que conhecia Annette e Ermínio Lopez: "Eu os conheço, os desgraçados. Eles morreram..." Adelaide interveio, dizendo: "Ninguém mor­re, caro Rafael. Troca-se de trajo, muda-se de vibração, renasce-se em outra dimensão. Annette é Lisandra reencarnada". E esclareceu, ato contínuo, que Ermínio era o Espírito que a perseguia, cuja presença, as­sociada à consciência de culpa da jovem, era responsável pelas crises que Lisandra sofria. Rafael informou que não os perdoara, ainda, e, to­mado da mesma atitude temperamental antiga, vociferou, transtornado: "Traidores infames! Eu sabia, sim, que no meu amor por esta filha des­graçada um surdo ódio e uma terrível desconfiança me infelicitavam. Ban­didos!" Adelaide socorreu-o e levou-o ao sono, para que ele viesse a re­cordar daquele encontro apenas o que lhe fosse agradável. Depois, abra­çando Artêmis e Hermelinda, orou com unção, enquanto energias revigoran­tes restabeleciam o clima de paz e beleza espiritual do ambiente. (Cap. 12, págs. 115 a 117) (Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita