A. No tocante à ação dos
Benfeitores Espirituais,
como interpretar o
ensino evangélico que
preceitua que "mais
recebe aquele que mais
dá"?
Ninguém jornadeia à
mercê do acaso, sujeito
a ocorrências de dor e
sombra sem que as
mereça. É fácil, pois,
compreender que os
credenciados pelo
esforço pessoal ao
serviço edificante
recolhem maior quota de
ajuda, conforme o ensino
evangélico de que "mais
recebe aquele que mais
dá". É por isso que os
Benfeitores
Espirituais,
interessados na ascensão
dos seus tutelados, não
os deixam à própria
sorte, quando
identificam as graves
teceduras das redes de
que se utilizam os maus.
Sabendo que toda aflição
bem recebida produz
conquista de relevo para
quem a aceita de bom
grado, reconhecem que a
dor defluente da obra
do amor propicia maior
soma de aquisições,
impulsionando a
sublimação dos
propósitos e a liberação
do passado. Os
Benfeitores alentam,
pois, os que com eles
sintonizam;
resguardam-nos do mal;
induzem-nos à
perseverança no trabalho
da autoiluminação;
sustentam-lhes a fé;
promovem encontros
circunstanciais
edificantes;
conduzem-nos a Esferas
de luz e a Escolas de
sabedoria, quando ocorre
o desprendimento
parcial pelo sono; dão
informações preciosas;
irrigam a mente de
ideias elevadas;
produzem euforia
interior... Não afastam,
porém, os problemas nem
as lutas, por saberem
que, através deles, as
pessoas melhormente se
purificam e elevam.
(Tramas do Destino, cap.
12, págs. 106 a 108.)
B. Existe também saudade
entre os Espíritos?
Evidentemente. E foi
isso que Adelaide disse
à sua filha Artêmis, ou
seja, que a saudade
também existe entre os
Espíritos; contudo, os
desencarnados que já
possuem responsabilidade
em face dos compromissos
não se deixam azorragar
pela amargura ou pela
rebeldia. "Aprendemos a
esperar em confiança e a
amar sem exigência ou
precipitação",
complementou Adelaide.
(Obra citada, cap. 12,
págs. 109 e 110.)
C. As enfermidades
físicas e psíquicas
enfrentadas pelos
Fergusons derivavam de
que fato?
As enfermidades físicas
e psíquicas que
acometeram Rafael e a
filha tinham suas
patogêneses nos recessos
da alma endividada, que
faculta, por desarmonia
vibratória, se
desenvolvam os agentes
mórbidos, favorecendo-os
com a fácil
proliferação, mediante
a ausência ou diminuição
das defesas orgânicas
que foram destruídas
pelo comportamento
moral-espiritual. Além
disso, o intercâmbio
psíquico com os
adversários do passado
agravava mais os
problemas, derivando daí
processos variados e
difíceis de solucionar,
a curto ou médio prazo.
(Obra citada, cap. 12,
págs. 113 e 114.)
Texto para leitura
46. Os Espíritos
também têm saudades
- Naquela noite, após um
longo momento de
meditação refazente e da
prece, Artêmis
recolheu-se ao leito,
logo adormecendo,
magnetizada por sua mãe,
ali presente,
responsável pelas
graças hauridas, que
criara a psicosfera
ambiente e a impregnara
de fluidos superiores, a
fim de ajudá-la a
transpor as barreiras e
as densas vibrações que
se interpõem entre o
mundo físico e o
espiritual. O
desprendimento superior
não era para Artêmis um
tentame novo. Vivendo
mais para o dever, para
o espírito, com débeis
fixações materiais,
fácil lhe era, durante o
repouso, afrouxar os
liames que retêm o
espírito ao corpo e
correr, célere, na busca
dos interesses da esfera
espiritual. Logo que se
desembaraçou das forças
densas da carne, Artêmis
defrontou a senhora
Adelaide, num recinto em
luz, florido e belo, não
sopitando as exclamações
de surpresa e
felicidade. Seguiu-se um
diálogo encantador, em
que a Entidade lhe
afirmou que elas jamais
estiveram separadas.
"Temos estado juntas,
embora nem sempre te
possas recordar",
disse-lhe a veneranda
senhora. Artêmis
perguntou-lhe se no Céu,
onde Adelaide se
encontrava, a saudade
fazia morada. A mãe
explicou-lhe: "Não nos
encontramos no Céu,
querida. Não o
merecemos. Ainda estamos
na Terra, e os Círculos
de Luz onde muitos seres
felizes operam, no
ministério de ajuda aos
homens, estão longe de
ser o Paraíso, que
nenhum de nós, por
enquanto, merece". Ela
informou então que a
saudade também existe
entre os Espíritos;
contudo, os
desencarnados que já
possuem responsabilidade
em face dos compromissos
não se deixam azorragar
pela amargura ou pela
rebeldia. "Aprendemos a
esperar em confiança e a
amar sem exigência ou
precipitação",
complementou Adelaide.
(Cap. 12, págs. 109 e
110)
47. O encontro com
Rafael - A
Entidade explicou-lhe
que, toda vez que ela,
Artêmis, a chamava, a
ouvia e misturava suas
preces com as dela e as
de Hermelinda, filha
também pelo coração,
suplicando a Jesus
coragem, paciência e fé,
para poderem prosseguir
no dever até o momento
final de conclusão da
provação. A filha disse
então quanto a presença
de Hermelinda a seu
lado era importante.
Adelaide esclareceu que
foi por isso que ela
solicitara ao Senhor que
encaminhasse a cunhada
ao seu lar. Artêmis
falou também sobre a
saudade que sentia do
esposo, impossibilitada
que estava de vê-lo, em
face da proibição feita
pelo próprio marido. A
genitora elucidou o
delicado problema,
dizendo: "A saudade
incontida, que
convertemos em dor
resignada, procede de te
encontrares na Terra, em
exílio purificador, que
solicitaste, a fim de
liberares velhas dívidas
junto àqueles que hoje
te compartem o lar". Ela
teria, contudo, naquela
noite, uma grande
surpresa... Naquele
momento, graças à
intercessão da generosa
entidade, Rafael deu
entrada na sala
acolhedora, em parcial
desdobramento pelo sono
fisiológico. Conduzido a
um assento confortável,
os enfermeiros
espirituais que o
trouxeram aplicaram-lhe
passes de
despertamento. Correndo
o olhar perplexo pela
sala, o esposo de
Artêmis não pôde
esconder a alegria quase
infantil quando
identificou no recinto a
sua esposa, igualmente
em espírito, ao lado de
Adelaide, que se lhe
afigurava um ser
angelical. Foi um
encontro emocionante:
"Artêmis! Minha adorada
Artêmis, onde nos
encontramos? Deus meu,
quanta saudade, quanta
dor!" A esposa, com a
permissão da mãe,
avançou e abraçou o
companheiro em lágrimas
de incontida alegria, e
os dois, após o abraço
mudo, demorado,
interrogaram-se
apressados, como se
receassem a interrupção
do momento feliz, que
pretendiam alongar
indefinidamente. Rafael
trazia no corpo
espiritual as marcas da
cruz redentora da
hanseníase, em face da
plasticidade do
perispírito ainda
encharcado das vibrações
pesadas que
experimentava. Em dado
momento, ele perguntou
por Lisandra, mas, antes
que Artêmis dissesse
algo, Adelaide informou
que logo mais ela
estaria ali, a fim de
serem examinadas em
conjunto as graves
responsabilidades que
lhes diziam respeito.
"Somos jornaleiros de
longos roteiros do tempo
– esclareceu Adelaide –.
Erramos e reencetamos o
cometimento, caímos e
tentamos o soerguimento,
acumpliciando-nos com o
crime e eis-nos
retidos, aguardando
resgate inadiável, a fim
de avançarmos". (Cap.
12, págs. 111 a 113)
48. Causas das
enfermidades na família
- Adelaide fez um breve
resumo com referência
aos delitos cometidos no
passado por Lisandra,
Rafael e Gilberto,
reunidos no mesmo lar à
impostergável
reabilitação perante as
leis soberanas que regem
a vida. Informou-os
também de que diversas
vítimas de suas
arbitrariedades
encontravam-se jungidas
aos seus Espíritos, em
razão dos impositivos
crime-castigo,
dívida-resgate que cada
um elaborou para si
mesmo. Elucidou, por
fim, que Artêmis e
Hermelinda se lhes
vinculavam por processos
menos danosos e se
propuseram ajudá-los,
com o que se liberavam
de velhos e complexos
dramas que carregavam n'alma,
mas advertiu: "Vossas
dores não alcançaram o
clímax... Necessário
lograr o acume do monte
para conseguir-se maior
horizonte visual. Assim,
também, é imprescindível
alcançar o ápice do
sofrimento para poder
superar a complexidade
dos gravames infelizes.
As enfermidades físicas
e psíquicas que vos
avassalam têm as suas
patogêneses nos recessos
da alma endividada, que
faculta, por desarmonia
vibratória, se
desenvolvam os agentes
mórbidos, favorecendo-os
com a fácil
proliferação, mediante
a ausência ou diminuição
das defesas orgânicas
que foram destruídas
pelo comportamento
moral-espiritual..." A
Benfeitora esclareceu
ainda que o intercâmbio
psíquico com os
adversários do passado
agravava mais os
problemas, derivando daí
processos variados e
difíceis de solucionar,
a curto ou médio prazo.
"Enquanto não se
reabilitem os
infratores, atestando a
excelência dos seus
propósitos, não diminui
a sanha dos seus
perseguidores", aduziu a
veneranda senhora, com o
que mostrava a
importância da renovação
espiritual de todos.
(Cap. 12, págs. 113 e
114)
49. Começa a
desvendar-se o mistério
- Artêmis e Rafael
dilatavam o
entendimento ante os
oportunos
esclarecimentos. O
hanseniano, que já se
iniciara no estudo do
Espiritismo, lembrou-se
de Cândido, evocando
assim a figura generosa
do enfermeiro. Adelaide
percebeu-lhe o
pensamento e informou
que Cândido ali também
se encontrava. Fora ele
um dos enfermeiros que
ajudaram Rafael a chegar
até aquele recinto.
Nominalmente citado, o
enfermeiro pôs sua
destra no ombro de
Rafael, e este, erguendo
a cabeça, deparou-se com
o caridoso tutor e
amigo, que lhe explicou
ter sido Adelaide quem
os aproximara e
inspirava as suas
conversações. A mentora
prosseguiu, serena,
convidando o casal a
predispor-se ao
ressarcimento de suas
dívidas com otimismo e
resignada atitude
perante os testemunhos
que adviriam, cientes de
que havia causas
ponderáveis em suas
dores atuais. Dito isso,
deram entrada no recinto
Hermelinda, que
amparava Lisandra meio
inconsciente, e dedicado
Benfeitor desencarnado
que as conduzia. Rafael
percebeu na filha os
sinais da enfermidade
devastadora e não se
pôde conter: "Então, ela
está contagiada?"
Adelaide respondeu:
"Não por você, meu
amigo, mas por ela
mesma, pelos próprios
atos. Observe,
atentamente. Acalme-se e
conclua por si mesmo". A
jovem relanceou o olhar
pela sala, atônita, sem
reconhecer os
circunstantes. "Quem me
chama?", interpelou, com
expressão perturbada.
"Que quer de mim? Por
que me chama de Annette?
Quem? Ermínio Lopez?
Onde está, onde? Não,
deixe-me em paz, você
morreu... Oh! que
horror, ‚ você!?..." Em
seguida, tomada por
invencível pavor,
agitou-se e tombou numa
perfeita convulsão
epiléptica. Hermelinda
sustentou-a, enquanto o
vigilante Benfeitor que
a trouxe socorreu-a com
passes. Rafael disse
então, visivelmente
irritado, que conhecia
Annette e Ermínio Lopez:
"Eu os conheço, os
desgraçados. Eles
morreram..." Adelaide
interveio, dizendo:
"Ninguém morre, caro
Rafael. Troca-se de
trajo, muda-se de
vibração, renasce-se em
outra dimensão. Annette
é Lisandra reencarnada".
E esclareceu, ato
contínuo, que Ermínio
era o Espírito que a
perseguia, cuja
presença, associada à
consciência de culpa da
jovem, era responsável
pelas crises que
Lisandra sofria. Rafael
informou que não os
perdoara, ainda, e,
tomado da mesma atitude
temperamental antiga,
vociferou, transtornado:
"Traidores infames! Eu
sabia, sim, que no meu
amor por esta filha
desgraçada um surdo
ódio e uma terrível
desconfiança me
infelicitavam.
Bandidos!" Adelaide
socorreu-o e levou-o ao
sono, para que ele
viesse a recordar
daquele encontro apenas
o que lhe fosse
agradável. Depois,
abraçando Artêmis e
Hermelinda, orou com
unção, enquanto energias
revigorantes
restabeleciam o clima de
paz e beleza espiritual
do ambiente. (Cap. 12,
págs. 115 a 117) (Continua no próximo
número.)