De vez em quando
ouço que não
aparento a idade
que tenho. Sem
falsa modéstia,
nada embora o
lado humano
inevitavelmente
se sinta
envaidecido, me
pego olhando
quem fala assim,
meio intrigada,
pensando se é
mesmo. Mas,
depois de
escutar este
comentário
algumas vezes,
pus-me a
refletir, e
creio que me
veio, com
relativa
facilidade, a
compreensão
desta percepção
dos outros a meu
respeito, que
diz respeito às
dúvidas de
muitos sobre a
chamada
juventude
espiritual.
Não é nova a
assertiva de que
a fonte da
juventude reside
na mente. E,
disso, hoje,
guardo a
convicção mais
absoluta. Talvez
porque o
decorrer da vida
e dos desafios
me tenha
compelido com
espontaneidade a
esta conclusão
mais correta das
coisas
–
claro, na medida
em que tomemos a
devida
consciência
desta realidade,
reagindo de
acordo!
Com o passar do
tempo, por
exemplo,
senti-me
compelida a, da
melhor forma
possível,
realizar um
exercício de
distanciamento
de várias
modalidades de
desgastes
desnecessários
do universo
emocional.
Coisas do
cotidiano, como
todos
enfrentamos, em
ocasiões de
engarrafamentos
de trânsito
exasperantes,
nos quais me
situo com mais
tranquilidade e
sem ansiedade,
simplesmente
colocando para
ouvir um acervo
de mais de
trezentas
músicas
repousantes:
clássicas, new
ages, ou outras
do gênero...
Ponho, portanto,
os fones nos
ouvidos durante
as eventuais
viagens
prolongadas de
ônibus, e saio
voando! E ainda
em outras
situações: vai
ou não haver
reajuste de
salário?! Vou ou
não ceder à
compulsão da
qual muitos são
vítimas, de
gastar quase até
empenhar a alma
e a mãe, somente
para se poder
dizer à vaidade
egoica,
despótica, do
consumo, que já
possuo o último
modelo de tablet?!
Vou ou não me
entregar a uma
reação
descalibrada
porque minha
filha
–
ou meu filho
–
quebrou uma
garrafa d’água
no chão?!
A todos estes
dilemas diários
que deparamos,
queridos, e dos
quais somos em
muitas vezes
vítimas de
excessos
emocionais por
pura
invigilância, de
uns anos para cá
venho
simplesmente
adotando, contra
a sua tentativa
de domínio
insidioso, um
peremptório
não!
Saio voando com
a música; coloco
uma mordaça
inexpugnável na
boca, assim que
me percebo a
ponto de surtar
por causa de
algum
aborrecimento de
menor
importância...
Exclamo,
decidida, para
todos estes
diabretes que
aparentam ter
vida: não!
Esta, penso, é
uma parte do
método acertado
de se viver
poupando o
espírito de
sintonias com
vibrações
destrutivas; o
coração e o
corpo emocional
do desequilíbrio
que destrambelha
com a saúde
orgânica; e a
pele de várias
consequências
inevitáveis
destes fatores
determinantes de
"rachaduras"
íntimas, e
condutoras de um
envelhecimento
acelerado
–
interior e
exterior!
Todavia, outro
fator importante
na passagem do
tempo e das
vivências nos
demonstra ser
uma determinante
natural do se
aparentar nem
tanto juventude
–
mas um estado
permanente de
jovialidade,
que, em muitas
das vezes, nem
os mais jovens
em faixa etária
a têm. E este
fator é a
sintonia com a
fonte criativa
de tudo!
Quem possua o
privilégio de
atuação em áreas
da vida
associadas à
criatividade
talvez já
perceba o
fenômeno com
relativa
facilidade. Pois
é comum dizer-se
de atores, de
artistas,
portadores de
uma juventude
persistente,
natural.
Em determinada
ocasião, quando
ainda era
estudante de
nível médio,
tive o
privilégio de
compartilhar com
meu grupo uma
entrevista
inesquecível com
o saudoso Carlos
Drummond de
Andrade. E que
entrevista! Que
respostas sempre
jovens
–
brilhantes!
Criativas em
essência e em
realidade!
Cheias de
vitalidade e de
luz para todas
as épocas e
gerações! E,
entretanto,
Carlos Drummond,
naqueles anos,
já era um
respeitável
senhor!
Como vibramos,
eu e o nosso
grupo de
estudos, ainda
tão jovens,
diante daquele
exemplo digno de
jovem escritor,
criando sempre,
afinado em
letras e em
vivências com o
que existe de
mais inédito e
puro a partir da
própria Fonte da
Vida!
E hoje, como
escritora, e
também desperta
para a
compreensão
espiritual mais
plena da
existência,
entendo com
melhor percepção
o que acontece
com quem se
sintoniza com a
divina oitava da
Criação! Não é,
pois, de forma
alguma,
coincidência,
que obras como
as do Espírito
André Luiz,
dentre tantas
outras de
inquestionável
importância, nos
apontem que, nos
planos
espirituais,
comparecemos
sempre com
aquela aparência
que, por aqui,
fora a de maior
vitalidade, o
melhor de nós
mesmos! Porque,
nestas dimensões
mais reais da
vida, estamos
nada menos que
identificados de
forma mais
intensa com a
Fonte da qual
brota e emerge
tudo em sua
essência mais
aperfeiçoada e
mais genuína!
A criação,
qualquer que
seja, é sempre
inédita, fresca,
jovem! E quem se
vê em intimidade
maior com este
parâmetro
universal, e
naturalmente
agindo,
respirando,
convivendo e
reagindo em
sintonia,
externará,
também, e
naturalmente,
novidade;
frescor;
jovialidade.
Juventude! A
mais autêntica e
real!
O assunto me
recorda: uns
três anos após
sua
desencarnação,
meu avô me
surgiu em estado
de
desprendimento!
Nunca me
esquecerei da
minha
estupefação ao
deparar aquele
avô corado,
risonho, feliz,
robusto,
aparentando pelo
menos uns vinte
anos menos no
aspecto, ante as
lembranças
tristes que
então guardava
do velhinho
depauperado e
abatido ao
leito, após o
severo derrame
cerebral que o
vitimou após um
tombo!
Trazia-me
biscoitos que
afirmava ótimos,
do lugar onde
agora vivia
–
como fazia
sempre nas
nossas visitas,
quando ainda
entre nós!
Sorria E deu-me
uma notícia
antecipada da
minha avó que,
para meu
espanto, só fui
confirmar em
vigília, durante
o dia seguinte!
No dia em que a
humanidade
reencarnada
aprender a
conviver em
nível de
sintonia
criativa mais
apurado para com
a Fonte,
objetivando
melhorar sempre
as condições de
vida no mundo,
para o próximo e
para si mesma,
talvez que
externemos uma
qualidade muito
superior de
beleza interior
e exterior! De
jovialidade
perene, de
juventude feliz!